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  • Por que torcer pela seleção brasileira? Porque o golpe não pode roubar nossas paixões.

    Por que torcer pela seleção brasileira? Porque o golpe não pode roubar nossas paixões.

    O país vive uma crise política sem precedentes. A presidência foi aviltada por um corrupto notório que, não se explica porquê, é blindado das acusações comprovadas que lhe são feitas há quase dois anos. A economia não se recuperou. O desemprego não caiu. As garantias do estado democrático de direito estão longe de serem realidade. O candidato que o povo quer ver na presidência está preso e os esforços dos golpistas para impedir sua candidatura são flagrantes.

    E vai começar a Copa do Mundo. Cujo nome oficial é “Copa do Mundo da FIFA”, que vai ser transmitida pela Rede Globo, maior apoiadora de todos os nosso golpes, que vai ser disputada pela Seleção Brasileira de Futebol, liderada por Neymar, acusado de sonegação de impostos e que tirou foto com Aécio Neves, coordenada pela CBF, afogada na lama da corrupção e de denúncias internacionais, patrocinada pelo Itaú, que lucra com todas as nossas crises, e que veste a camisa amarela, da cor do pato, oficialmente adotada pelos paneleiros em seu surto coletivo de ignorância.

    Eu sei de tudo isso.

    Mas eu ando pela cidade e vejo bandeirolas verde e amarelas penduradas nas ruas, a bandeira do Brasil pintada no asfalto. Não foi Michel Temer que mandou pintar. Vejo o trabalhador no boteco na hora do almoço comentando animadamente os esquemas táticos, melhores atacantes, maiores perigos de cada equipe. Escuto sem querer no ponto de ônibus o pessoal mandando aquele audio do zap combinando o churrasco que vai fazer no dia 17 para assistir à estréia do Brasil.

    Nada disso é motivo para pensar que essas pessoas estão deixando os seus problemas de lado, que estão se esquecendo da luta diária, dos embates políticos que precisam travar. Quem não gosta de futebol tem todo o direito de ignorar o mundial, mas a conversa de que torcer pela seleção é prenúncio de alienação é mais velha que andar pra frente. A cada quatro anos a Copa do Mundo se transforma na origem de todo os males da população brasileira.

    Não adianta, porque o povo brasileiro gosta de futebol. É uma paixão genuína e histórica, como o samba, como o carnaval. Nós já perdemos espaço político para o golpe, mas não podemos deixar os paneleiros nos roubarem essa paixão, não podemos lhes dar o monopólio da cor amarela. É muito arrogante e elitista achar que o povo brasileiro é incapaz de separar o desempenho da seleção do cenário político nacional. Que é incapaz de separar o belo gol de Neymar dos seus posicionamentos infelizes e das falcatruas dos seus contratos milionários. Não foram as vitórias de 58 e 62 que levaram ao golpe de 64, não foi a vitória de 70 que deu poder a Médici. Não foi a derrota honrosa de 82 que proporcionou a redemocratização. Não foi Romário que elegeu FHC em 94. Não foi Ronaldo que elegeu Lula em 2002.

    No fundo, é comum a elite desacreditar o mundial porque na falsa preocupação com a alienação do povo está o desprezo pelos gostos populares. A frase mais repetida é aquela que diz “Enquanto você grita gol, o Brasil vai pro buraco!”. Pois é, o Brasil está realmente num caminho sombrio, mas ele continua nesse caminho sombrio enquanto você almoça, enquanto você aprecia uma cerveja artesanal, enquanto você lê Brecht, enquanto você faz psicanálise, enquanto você tira um tarô, enquanto você vai ao teatro, enquanto você ouve Beyoncée, enquanto você dança, enquanto você faz xixi. Nada disso desautoriza ninguém. Todo mundo tem direito aos seus divertimentos. Não tentem azedar a alegria do povo de estar junto e curtir a copa, até porque não vão conseguir, só vão azedar ainda mais a si próprios.

    Então eu vou assistir os jogos do Brasil, torcendo muito. E continuo na luta. Porque a copa é a cada 4 anos, a luta é todo dia.

  • Mineira cria camisa da Seleção vermelha

    Mineira cria camisa da Seleção vermelha

    Se você está preocupado(a) em torcer para o Brasil na Copa trajando uma camisa amarela, temendo em ser confundido(a) com um(a) coxinha, o seu problema está resolvido. A arquiteta e designer Luísa dos Anjos Cardoso, de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, acaba de criar a camisa vermelha da Seleção. “Ela é destinada para quem têm medo de ser confundido(a) com algum pato paneleiro”, explicou no Facebook.

    A ideia surgiu a partir do momento em que Luísa viu uma postagem de sua amiga Marcela Sathler no Twitter. Era um comentário sobre a notícia que mostrava algumas pessoas com camisas amarelas limpando a calçada do prédio da ministra do STF Carmen Lúcia, em Belo Horizonte, cuja fachada recebeu tinta vermelha durante um escracho na véspera. “Por favor alguém cria uma camiseta da CBF vermelha? Não quero usar a amarela na Copa”, escreveu a amiga.

    Dito e feito, Luísa deu asas à imaginação e nessa segunda-feira já mostrava a nova camisa da Seleção. Sua criação virou um sucesso nas redes sociais tão logo foi noticiada. E sua ideia é muita própria de alguém da esquerda: no lado direito do peito, em vez da logomarca da Nike a camiseta vermelha mostra uma foice e um martelo. E para não arrumar encrenca com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Luísa usa o escudo da extinta CBD, a Confederação Brasileira de Desportos, que originou da CBF.

    A camisa começa a ser comercializada nas próximas semanas ao preço de R$ 40 ou R$ 45, esta personalizada com o nome da pessoa nas costas.

    A camisa pode ser personalizada com o nome da pessoa
    Luísa deu asas à imaginação e acabou atendendo ao pedido de uma amiga
  • CBF é o grande símbolo de combate à corrupção em manifestação

    Camisa da Confederação Brasileira de Futebol é eleita o look do dia por manifestantes

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    O Brasil parecer ser mesmo o país das contradições neste momento. Entre tantos pluralismos e incongruências, um saltou aos olhos dos observadores atentos: milhares de manifestantes vestiram a camisa da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para bradar contra a corrupção.

    Apontada internacionalmente como uma das organizações esportivas mais corruptas do mundo, a CBF teve hoje seu dia de glória e redenção. Sua camisa foi o uniforme dos que foram à Avenida Paulista, domingo, 15/3, protestar contra a corrupção. A entidade é a mesma cuja a sede foi invadida por manifestantes, em 2013, no Rio de Janeiro, revoltados por causa de denúncias de… vejam bem…corrupção.

    Segundo informações divulgadas pelo jornal eletrônico francês Mediapart como parte de uma investigação conduzida pelo banco Pache, o ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira, teria 30 milhões de euros (cerca de R$ 100 milhões) em uma conta secreta, em Mônaco. O caso estaria sendo investigado pelas autoridades do principado por lavagem de dinheiro, em um processo conduzido pelo juiz Pierre Kuentz. No Brasil, o mesmo tema foi alvo de CPI, em 2007.

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    O britânico Andrew Jennings, um dos maiores jornalistas investigativos do mundo na área do futebol, descobriu e divulgou milionárias propinas recebidas por Ricardo Teixeira e João Havelange ao longo de muitos anos, pelas mãos de uma falecida empresa de marketing esportivo chamada ISL, que levaram á renúncia de Havelange da presidência da Federação Internacional de Futebol (FIFA).

    A vestimenta contraditória foi adotada até pelo presidente nacional do PSDB, o senador mineiro Aécio Neves. O candidato derrotado nas últimas eleições gravou uma declaração conclamado a população a comparecer no protesto, mas passou o domingo em seu apartamento na Avenida Vieira Souto, orla do Rio de Janeiro, em Ipanema.

    Aécio inclusive não apareceu na manifestação em Copacabana, a poucos quilômetros de distância de sua casa. Mas foi visto na janela, vestindo uma camisa amarela da seleção brasileira e falando ao telefone. Coerência para o quê mesmo? O importante é exigir o fim da corrupção.

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