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  • Prefeitura de SP ameaça com despejo 40 famílias na zona sul

    Prefeitura de SP ameaça com despejo 40 famílias na zona sul

    Apesar de diversos movimentos e campanhas de #DESPEJOZERO durante a pandemia, a Prefeitura de Bruno Covas, age de forma acelerada, burocrática e jurídica, com cerca de 160 pessoas, que moram há 3 anos num prédio na zona sul. Mesmo sem que a ação de despejo esteja decretada, estão ameaçando as famílias de despejo em 48 horas, e pressionando-as a assinarem um termo de acordo para sair do imóvel, ou nem vão pagar o o valor de auxílio definido no processo, ainda em curso.

    40 famílias que vivem há 3 anos, no Condomínio Guarapiranga, que fica entre o Atacadão e terminal Guarapiranga, na Zona Sul de São Paulo, estão sendo ameaçadas de ir pra rua nas próximas 24 horas. Pelo menos 25 crianças que ocupam este imóvel há 3 anos podem ir pra rua, com seus familiares com um valor de R$ 2.400,00 que corresponderia à um “valor de custo”, mediante a assinatura de um acordo de desocupação.

    Representantes da Prefeitura, da subprefeitura e da SEAHB (Secretaria Municipal de Habitação) ligaram ontem (quarta-feira 27.08.2020) para alguns moradores, alegando que se eles não assinassem esse termo, não receberiam o dinheiro, e seriam despejados de qualquer forma. Nas palavras do agente público:

    “Melhor vocês receberem os R$ 2.500,00 do que nada. E depois ter que brigar por isso na justiça”


    O fato é que não existe uma ordem de despejo decretada pela justiça, mas segundo a advogada ela pode ser emitida a qualquer momento. Com o intuito de dividir e confundir os moradores, os agentes da prefeitura tem feito as ligações e as ameaças.

    O processo está sendo acompanhado, desde outubro de 2019 pelo escritório Gaspar Garcia, encaminhado via convênio com a Defensoria Pública. Segundo a advogada, já havia um liminar condicionando a prefeitura ao atendimento das famílias, ou com auxílio aluguel, ou com “outro atendimento provisório”. Com base nesse termo “outro atendimento provisório” a prefeitura vem recorrendo judicialmente, derrubou o auxílio aluguel, e vem tentando pagar o mínimo possível para essas famílias deixarem o imóvel, inclusive reduzindo o valor desse apoio de custo. Agora eles pressionam as famílias com um ultimato ameaçador, dizendo que nem esse valor eles vão receber.

    A espera de uma solução, Marco (nome fictício) comenta a dificuldade que vai ser sair sem tempo de arrumar um lugar pra ir, e com apenas R$ 2.500,00 por família:

    “Não vamos sobreviver nem 1 mês”

    O papel da Prefeitura no despejo dos Pobres

    Essa seria uma rotina normal de litígio judicial, entre os que são chamados “ocupantes irregulares” em imóveis na cidade de São Paulo, não fosse esse um prédio em terreno da prefeitura, e se não estivéssemos em meio a uma das maiores crises sanitárias.

    O então Secretário da Habitação João Faria, no dia 03 de Agosto, segundo a advogada, havia afirmado que ia aguardar a decisão judicial. Depois da notificações a advogada entrou em contato com o setor de conflitos da Sehab eles disseram que em função da mudança do novo Secretário, Orlando Faria, não vão mais aguardar a decisão judicial, e vão acatar as orientações do setor jurídico, e por isso determinaram esse prazo de 48 horas, que é um prazo interno administrativo.

    De acordo com o Observatório de Remoções, projeto desenvolvido por laboratórios da USP e da Universidade Federal do ABC, apenas no estado de São Paulo, mais de 1.900 famílias foram atingidas por remoções durante a pandemia.

    A pergunta que fica é: Porquê da celeridade de um processo em meio a pandemia. Ainda mais partindo da própria prefeitura. Isso é no mínimo uma crueldade por parte do poder público municipal.

    A prefeitura acrescentou um laudo técnico ao processo, alegando que o imóvel está em risco. Mas os moradores afirmam que nunca receberam a visita de um técnico ou perito no local. A equipe da SEHAB está tentando acessar os moradores, mas até a final da tarde de ontem só havia contado metade deles. 

    O co deputado estadual Fernando Ferrari da Bancada Ativista PSOL, está acompanhando o caso junto a SEHAB, e os Jornalistas Livres seguem acompanhando o caso.

    Entenda mais sobre a campanha nacional pelo #DESPEJOZERO neste LINK

  • #DESPEJOZERO – Prefeitura de SP despeja pobres de seus barracos bem no meio da pandemia

    #DESPEJOZERO – Prefeitura de SP despeja pobres de seus barracos bem no meio da pandemia

    No dia 06 de agosto, em plena pandemia provocada pelo novo coronavírus, a Prefeitura de São Paulo, com auxílio da Polícia Militar e Guarda Civil Metropolitana, promoveu uma tentativa  de despejo e destruição de moradias de famílias que atualmente ocupam uma área livre na Avenida Pedro Bueno, na confluência com a Rua Josué de Castro. Nessa área está a Operação Urbana Consorciada Água Espraiada, localizada entre as subprefeituras Jabaquara e Santo Amaro.

    A subprefeitura do Jabaquara denominou pomposamente a ação de “desfazimento”, mas para as famílias atingidas trata-se mesmo de “destruição de moradias pobres com o que tiver dentro”. Por isso, as famílias resistiram e pediram apoios. A Prefeitura de São Paulo, diante da mobilização, recuou por trinta dias.

    Contudo, o prazo final se aproxima perigosamente e, com ele, a pressão das subprefeituras e da polícia militar, sem que alternativas reais e adequadas sejam apresentadas. A gestão pública diz que ali é uma área de risco e que haveria pessoas inescrupulosas fingindo morar no lugar para receber auxílios do governo. Fomos ao local e o que vimos foram famílias reais, de carne e osso, insistindo em defender suas moradias humildes e também reais, com móveis, geladeira, fogão, e outros equipamentos domésticos. São pessoas que lutam desesperadamente por um teto porque já não aguentam mais ser removidas de um canto para o outro.

    https://youtu.be/YKxp5U9JRgc

    Essa é a posição de Jacira, Maiara, Bruno e outras tantas famílias removidas das áreas no entorno da operação urbana. A Rocinha Paulistana, uma das últimas comunidades removidas, espalhou famílias sem alternativas habitacionais e uma parte de seus moradores se instalou nos precários barracos, agora sob risco de sofrerem um novo despejo. Outra parte está diante de um dilema terrível porque o orçamento doméstico é curto: ou compra alimentos, ou paga aluguel.

    Essas famílias se juntam a uma demanda de mais de 10 mil famílias removidas ao longo da avenida Roberto Marinho e adjacências, contando também as favelas incendiadas. Entre estas há cerca de 3 mil famílias inscritas em programas de aluguel aguardando atendimento habitacional, conforme dados do Observatório de Remoções.

    Mas a Prefeitura de São Paulo não entregou nem sequer 20% das habitações de interesse social prometidas às famílias removidas no âmbito da operação urbana Água Espraiada, que destaca-se, foi sucesso financeiro em venda de potenciais construtivos, tendo criado uma nova centralidade e uma elite imobiliária em todo entorno da Avenida Roberto Marinho e construído, com a venda de potenciais construtivos,  marcos monumentais como a Ponte Estaiada, que custou a remoção de famílias que ocupavam a área do Jardim Edith. Bem na frente da sede paulistana da TV Globo, aliás.

    Na Prefeitura de São Paulo, o conflito fundiário ­­– no meio da pandemia e por isso incrementado de crueldade – não é conhecido como “Novo Chuvisco”, nome que se destacou no último dia 06 de agosto. Esse conflito se territorializa na administração pública como Água Espraiada –  Rua Josué de Castro. O que pensaria Josué de Castro, autor de um clássico das ciências sociais “Geografia da Fome” publicado em 1946,  ao ver-se nominado num conflito fundiário territorial?

    Finalmente, o conflito fundiário Água Espraiada –  Rua Josué de Castro não é deflagrado a partir de uma ordem judicial, como tantos outros que vêm sendo noticiados, sobretudo pela campanha Despejo Zero, lançada no último dia 23 de julho. Esse conflito localiza-se no campo do poder de polícia administrativo, e como a própria prefeitura informa, no “desfazimento”. Ação de truculência muito comum na região da operação urbana consorciada Água Espraiada, muito rica no volume de recursos movimentados, mas também muito miserável ao sabor das nossas elites imobiliárias, na medida em que a paisagem é mais importante que a vida.

    https://youtu.be/RFRqV5KUMhc
  • Prefeitura de SP aproveita-se da pandemia para “limpar” a Cracolândia

    Prefeitura de SP aproveita-se da pandemia para “limpar” a Cracolândia

    Por Laura Capriglione e Katia Passos

     

    A Prefeitura de São Paulo, sob o comando de Bruno Covas, desfechou hoje mais uma ação com o propósito de “limpar” a região conhecida como Cracolândia da presença miserável dos usuários de crack. Assim, cerca de 160 seres humanos paupérrimos, muitos idosos, vários não-dependentes químicos, foram tangidos como animais para dentro de três ônibus e despachados para a baixada do Glicério, na várzea do rio Tamanduateí. Outras 50 pessoas preferiram ir a pé, seguindo para o mesmo endereço dos primeiros: Rua Prefeito Passos, 25, em um dos bairros mais degradados da cidade, região de cortiços, alta concentração de moradores de rua, de imigrantes e refugiados. O Glicério fica a dois quilômetros de distância da atual Cracolândia.

     

    Acabar com o constrangedor desfile dos usuários de drogas envoltos em cobertores imundos, sempre em busca das pedras de crack, tem sido uma obsessão de vários prefeitos e governadores do PSDB em São Paulo. O atual governador João Doria Jr, ainda na condição de prefeito da cidade, protagonizou em 2017 cena desastrada que por pouco não se transformou em tragédia. Deu-se que, para posar de destemido adversário do crack, Doria ordenou a derrubada de casas na região. Quase matou por soterramento três pessoas que moravam em uma delas e que ficaram feridas. Covas aproveita-se do fato de todos estarem focados na pandemia de Covid-19 para tentar mais uma vez.

    Chama-se “gentrificação” o processo de transformação de centros urbanos através da mudança dos grupos sociais ali existentes. A idéia é expulsar a população de baixa renda e substituí-la por moradores de camadas mais ricas. É isso o que está em curso no centro de São Paulo: Gen-tri-fi-ca-ção.

    Único lugar a prover meios de higiene, alimentação e descanso para moradores em situação de rua, o Atende-2 foi fechado hoje
    Único lugar a prover meios de higiene, alimentação e descanso para moradores em situação de rua, o Atende-2 foi fechado hoje – Foto de Lina Marinelli

    Para acabar de uma vez com a Cracolândia, a idéia dos “geniais” urbanistas que trabalham para a Prefeitura foi simples: retiraram de lá o único equipamento ainda existente para acolhimento, higiene, alimentação e encaminhamento médico para dependentes químicos vivendo em situação de rua no centro da cidade. Era chamado de Atende-2, e ficava na rua Helvétia, epicentro dos usuários de crack.

    Crueldade das crueldades, fecharam o Atende-2, que atendia 185 pessoas, e fizeram isso em plena pandemia de Covid-19. Nem uma pia restou para lavar as mãos naquele pedaço. Segundo a Prefeitura, o mesmo serviço que era feito pelo Atende-2 será oferecido na Baixada do Glicério, agora rebatizado de Siat 2 (Serviço Integrado de Acolhida Terapêutica).

    Resta saber se o tráfico de drogas, que acontece hoje nas barbas das polícias Civil e Militar, da Guarda Civil Metropolitana e do Corpo de Bombeiros, todos com bases no território da Cracolândia, topará também migrar seu negócio milionário para o Glicério. Se não topar, se continuar havendo oferta de drogas baratas nas ruas da Cracolândia, o fluxo de usuários certamente voltará para lá –agora, sem banho, sem lugar para dormir, sem pia, sem médicos. E isso em plena pandemia, quando se sabe que se trata de população que já é ultra-vulnerável: 9,5% têm tuberculose, 6,3% têm HIV e quase 10%, sífilis. Será morticínio certo.

    Se o tráfico topar mudar o rolê para o Glicério, haverá alguma chance de que se torne realidade o sonho tucano de restaurar um pouco que seja do brilho quatrocentão do antigo bairro dos Campos Elíseos, onde viveu boa parte da elite paulistana até meados no século passado, e que é o território onde hoje se situa a Cracolândia.

    Nesse caso, o bairro tentará esquecer seus dias de miséria e dará lugar a novíssimas torres de prédios, que farão a festa das empreiteiras, incorporadoras e bancos. Doria e Covas poderão usar a imagem daquelas ruas (antes, com o comércio de drogas a céu aberto, e depois, “limpinhas”) em suas propagandas eleitorais, que os apresentará como “vencedores”.

    A venda e o consumo de crack, entretanto, continuarão com antes. Só terão mudado de endereço. Em vez do Centro, a várzea invisível. Mais do que Doria e Covas gostariam de admitir, o futuro do território onde está a Cracolândia depende muito mais do tráfico de drogas do que do poder público. E é o tráfico o próximo a jogar os dados…

    EM TEMPO:

    Quando essa reportagem estava concluída, a juíza Celina Kiyomi Toyoshima decidiu liminarmente impedir o fechamento da unidade Atende-2, situada na rua Helvétia. Ela determinou o restabelecimento das atividades na unidade fechada. A Prefeitura ainda pode pedir a revisão dessa decisão.

    Aqui a decisão da juíza:

    “Tendo em vista que o estabelecimento em questão é o único ponto de atendimento na região central da cidade, que concentra uma grande parte de pessoas vulneráveis, e tendo em vista o perigo da demora, já que a medida está prevista para a data de hoje, defiro por ora a liminar, para que não sejam tomadas quaisquer medidas visando o fechamento da unidade ATENDE, localizado na Rua Helvétia, nº 57.
    Caso já tenha se iniciado o fechamento, as atividades deverão ser, por ora, reestabelecidas.
    Oficie-se.
    Após a vinda da contestação, a medida poderá ser revista.”

     

    Leia também:

    Governo ameaça fechar o ATENDE 2, último equipamento público na Cracolândia

    O amor em tempos de crack

    Como a linda Adélia Batista Xavier, morta na Cracolândia, de vítima transformou-se em bandida

     

  • Indígenas Guarani M’Bya resistem no Jaraguá contra despejo

    Indígenas Guarani M’Bya resistem no Jaraguá contra despejo

    Por Laura Capriglione, Lucas Martins e Fernando Sato | Jornalistas Livres

    Ao lado da aldeia do Jaraguá, na zona norte de São Paulo, fica uma das poucas áreas de Mata Atlântica preservada. É no Jaraguá que os indígenas Guaranis M’Bya têm sua terra sagrada, terra de seus ancestrais. Mas é nessa terra que a empreiteira Tenda pretende construir um conjunto de apartamentos com vista direta para o pico do Jaraguá. A construtora Tenda tem entre seus acionistas o bilionário Jorge Paulo Lemann, dono da Ambev, e fundos de investimentos administrados pelo Banco Itaú. Os guaranis resistem à devastação e estão ocupando a sua terra ancestral, enquanto a PM observa, a postos para reprimir o povo que, desde a conquista da América pelos europeus, há 520 anos, segue sendo massacrado pelos interesses capitalistas.

    https://www.facebook.com/jornalistaslivres/videos/197805758169088/

     

    Autoridades, parlamentares e representantes dos indígenas Guaranis conversaram com o Coronel Alexander Bento, da Polícia Militar, que comanda a operação da reintegração de posse no terreno no Jaraguá, zona noroeste de SP.

    Os indígenas exigem a presença do prefeito Bruno Covas para que saiam do terreno. Os Guaranis não oferecem nenhuma ação violenta. Seguem pacíficos aguardando Bruno Covas. A presença do prefeito traria uma possibilidade de diálogo sobre a importância do debate de demarcação de terras, da preservação e cuidados com o meio ambiente no local.

    A palavra dos Guaranis é uma só, se as autoridades cumprem com o pedido, os indígenas saem do terreno. Mas não, sem antes, explicarem ao prefeito os males que podem ocorrer no local com a construção de torres de prédios.

    https://www.facebook.com/jornalistaslivres/videos/2609103059370678/?v=2609103059370678

     

    Veja a resistência logo nas primeiras horas da manhã de hoje (10)

    https://www.facebook.com/jornalistaslivres/videos/660432661394948/

     

    ATUALIZAÇÃO: 12:40

    A Juíza Estadual Maria Cláudia Bedotti já disse aos vereadores presentes que não vai rever a reintegração de posse. Apenas a construtora Tenda pode reverter a reintegração de posse. Os Guarani seguem resistindo em defesa do resto de Mata AtlÂntica que há no terreno entorno do seu território.

    Uma comissão de vereadores, com Eduardo Suplicy, Juliana Cardoso, Eliseu Gabriel e Gilberto Natalini, foi encontrar com o prefeito Bruno Covas, que pode intermediar a negociação. A justiça federal é quem vai dizer o que pode ou não pode fazer. Pela justiça Federal, a obra está embargada, e é preciso esperar 40 dias.

    Mas os Guarani precisam de mais garantias para sair do terreno onde a construtora Tenda já cortou cerca de 500 árvores nativas, e matou vários espécimes de aves e mamíferos.

    Os Guarani estão ocupando para garantir a defesa da natureza e de sua cultura, já que propõem que ali seja construído um parque público destinado a preservar a sabedoria e as tradições guaranis, além das fontes de água e a biodiversidade da região.

     

    Nota do Banco Itaú, enviada aos Jornalistas Livres no dia 11/03/2020

     

    “O Itaú Unibanco não detém participação proprietária na construtora Tenda. A participação do banco na empresa se dá por meio de fundos de investimento distribuídos a clientes, que são indexados a índices da B3 e incluem diversas outras companhias de diferentes setores. O banco esclarece, ainda, que não aportou recursos no empreendimento em questão, seja por meio de financiamento ou de qualquer outro instrumento financeiro.”

  • Favela escondida no meio de prédios de luxo é removida sem que ninguém perceba

    Favela escondida no meio de prédios de luxo é removida sem que ninguém perceba

    Por Martha Raquel e Lucas Martins
    No meio de um dos metros quadrados mais caros da cidade – ao lado do shopping JK Iguatemi – a pequena comunidade do Coliseu sobrevivia entre os prédios espelhados da Vila Olímpia. Hoje, depois de mais de 5 décadas de resistência, as 272 famílias sofreram um despejo. Por meio da Operação Urbana Consorciada Faria Lima, a Secretaria Municipal de Habitação (SEHAB) promete construir habitações para todas as famílias no mesmo local.

     Favela escondida no meio de prédios de luxo é removida sem que ninguém perceba
    Entrada da comunidade, durante ação de despejo
    Foto Lucas Martins / Jornalistas Livres

    Os moradores conseguiram, dias antes, contato com o comandante da Polícia Militar que realizaria o despejo e garantiram assim que a ação não aconteceria de forma truculenta. Porém no ultimo dia 15, quarta-feira, durante a noite policias atacaram os moradores com bombas de gás lacrimogêneo. Os moradores afirmam que ação começou quando policiais da ROCAM (Ronda Ostensiva Com Apoio de Motocicletas) entraram na rua e airaram duas bombas, seguidos por outro efetivo policial. A corporação afirma que agiu quando abordaram um homem na entrada da favela e ele resistiu à abordagem. Ninguém explicou o porquê o homem foi abordado.
    Ana Cecília Gomes Vieira, da associação Sou Coliseu, conta que além de sair do terreno onde sua família a criou, o preço do aluguem e os novos arranjos para acomodar a família não estão certos. Monique Amorim, outra moradora da favela, explica que o auxilio da prefeitura de R$ 500,00 não é o suficiente par pagar o aluguel de R$ 800 da casa que conseguiu encontrar para não ficar sem teto. Marizete Maria dos Santos, que viveu no Coliseu por 56 anos, também não sabe como vai lidar com o aluguel e acrescenta que muitas das pessoas da comunidade trabalham na região “nós todos trabalhamos na Vila Olímpia. Vai ser duro pagar condução para vir trabalhar”.

     Favela escondida no meio de prédios de luxo é removida sem que ninguém perceba
    Policiais durante ação de despejo
    Foto Lucas Martins / Jornalistas Livres

    A ação de despejo, ocorreu de forma tranquila, mas o momento é estanho. Três anos atrás já houve uma outra tentativa de reintegração, que retirou alguns moradores, mas não foi finalizada. O plano do poder público usar a área é antigo, já tendo sido discutido em gestões passadas, desde Paulo Maluf ate a gestão de João Doria, mas nunca saiu do papel. Agora na gestão de Bruno Covas (PSDB), que é um possível candidato para a reeleição municipal, realizou o despejo.
    Uma moradora que preferiu não se identificar conta que por mais que a relação com o bairro fosse complicado ainda sim não estava feliz em sair de lá, “tudo de ruim que acontecia nas redondezas era nossa culpa. O pessoal acha que só tem gente ruim, dava para falar que o Fernandinho Beira-mar era daqui, quase, do jeito que associavam as coisas com a comunidade”, mas a mudança para o Capão Redondo, onde conseguiu uma casa iria atrapalhar sua vida, principalmente as atividades dos filhos que iam a escola na região. Perguntada se iria mantê-lo na unidade respondeu “não dá. É muito longe”.

     Favela escondida no meio de prédios de luxo é removida sem que ninguém perceba
    Monique mostra a foto do time em que o pai jogava
    Foto Lucas martins / Jornalistas Livres

    A pequena viela com pouco mais de 130 metros de extensão, foi lar de várias famílias por gerações. Monique encontrou, no meio dos barracos destruídos, uma foto do time que o pai montou nas várzeas do Rio Pinheiros, nos anos 80, quando ele ainda vivia na comunidade. O time, com direito a hino, chamava Funchal, por conta da rua da qual sai a viela. Alguns dos moradores adotam o nome de comunidade Funchal, no lugar de Coliseu.
    Juscelino Pereira, assessor de imprensa da SEHAB contou esteve no local e informou que todos as famílias receberão o auxílio aluguel por tempo indeterminado até que possam retornar para o local. Ana Cecília conta que os moradores irão continuar acompanhando e cobrando a Secretaria para que ela de certeza da destinação do terreno para as moradias populares.

  • EXCLUSIVO: Prefeitura de SP usa veneno vencido no “combate” ao Aedes Aegypti

    EXCLUSIVO: Prefeitura de SP usa veneno vencido no “combate” ao Aedes Aegypti

    Segundo denúncias feitas por trabalhadores do serviço público municipal das Unidades de Vigilância em Saúde (UVIS), os frascos de Deltametrina que estavam sendo utilizados nas nebulizações (também chamado fumacê), estão desde maio com validade vencida e foram usados por semanas após o vencimento.

    O Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública e Autarquias no Município de São Paulo (SINDSEP) denuncia que não é de agora que se usa material vencido. O inseticida anteriormente usado, Malathion, segundo os trabalhadores também estavam vencidos antes de esgotarem no estoque do Divisão de Vigilância de Zoonoses – DVZ (antigo Centro de Controle de Zoonoses – CCZ). Conforme os trabalhadores os inseticidas tinham “forte cheiro de podre”.

    Há também relatos de que o material vencido estava causando entupimentos e danificando os equipamentos de nebulização.

    Kits de sorologia da Dengue em falta

    Os dados sobre o aumento de casos de dengue na cidade não param de crescer. Um trabalhador de uma UVIS chegou a relatar ao SINDSEP que numa região da Zona Sul foram registrados mais de 300 casos de dengue nos últimos meses. O aumento foi tão significativo que há 20 dias, as Unidades de Saúde da Prefeitura esgotaram os kits de sorologia da Dengue, que confirmam ou não os casos suspeitos. A ausência de confirmação inviabiliza as ações ostensivas de combate aos focos do mosquito transmissor.

    Servidores passam mal

    A introdução da Deltametrina como inseticida nas operações de combate à dengue não foi acompanhada de orientações para os servidores, afirma o sindicato. Isso só ocorreu após casos em que trabalhadores passaram mal com utilização do material.

    Outros problemas graves

    A denúncia ainda traz outros relatos sobre problemas graves nas atividades das Unidades de Vigilância em Saúde (UVIS) como a falta de combustível para as viaturas de trabalho por atrasos no crédito dos cartões de voucher para combustível. Houve UVIS em que as equipes chegaram a ficar 30 dias sem uso dos carros no combate ao Aedes Aegypti.

    Também há relatos de dificuldade na manutenção dos veículos da Prefeitura, as “Denguinhas”, os carros do município destinados ao combate do mosquito transmissor da Dengue, Chikungunya e Febre Amarela. As picapes S10 disponibilizadas recentemente possuem a orientação de não serem utilizadas para carregar equipamentos.

    Foram feitas reclamações da execução de ações de combate à dengue fora do protocolo. O uso do inseticida exige o cumprimento de uma série de regras e protocolos de utilização. Esses protocolos são relativos a saúde dos trabalhadores e a eficácia do enfrentamento à epidemia.

    A nebulização em dias de sol, chuva ou garoa perde boa parte da sua eficiência. No entanto, há relatos de que estaria sendo realizada para “bater metas”, mesmo sendo operações irregulares frente ao protocolo orientado.

    Denúncia formalizada

    O SINDSEP protocolou junto a Prefeitura ofícios formalizando a denúncia no dia 24 de junho e irá reunir os representantes sindicais das UVIS para discutir a situação. O sindicato também está debatendo ações para proteger os trabalhadores e defender o serviço público frente a atitude irresponsável da administração municipal na gestão Bruno Covas.