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Tag: Bolsonaro é um perigo

  • Árvore, índio e avião

    Árvore, índio e avião

    En Santa María del Tule, Oaxaca, se yergue un árbol espectacular que tiene, por cierto, el tronco más ancho el mundo. Se trata de un precioso ahuehuete que, según estimaciones, tiene más de 2,000 años de edad. Su tronco tiene 14 metros de diámetro y se necesitarían a unas 30 personas agarradas de las manos para envolverlo en un precioso abrazo.

     

    Há no México uma árvore extensa, gulosa, tão antiga como o tempo da vida na Terra, chão de indígenas. Não há muito o que dizer de uma árvore. Uma árvore é uma árvore, e isso basta. Imagens nos libertam das palavras, dispensam letras, construções difíceis da língua.

     

    Escrever tem suas complicações. Incautos preferem falas fáceis, param o carro e pronunciam loucuras, não sabem muito escrever. Gente assim confunde substantivo com adjetivo, dão qualidades tresloucadas aos seres, dispersam prazeres entre obsessão.

     

    Tende piedade, não sabem o que dizem. Tão raso o que veem. 

     

    Quando criança, recordo-me, meus avós de roça diziam que a árvore era coisa boa. Mandavam-me com os primos para lá, lugar de sombra, manga, balanço, passarinhos.

    Fascinava-nos o tamanho das árvores a desafiarem sempre escaladas, travessuras, novos horizontes, conquista. Subir na árvore era uma honra, bravura, nos sentíamos como índios, tão livres. Sem árvores não haveria honra ou passarinhos, assim entendi o mundo quando pequeno. Era como andar de avião, imaginação de criança, ver o mundo por cima. Descer, pousar, era outra questão ou machucados, tudo nos fazia crescer.

     

    Cinquenta anos depois, ouço o presidente da nação mais verde dizer que árvore é porra, palavra que encerra todo prazer, palavra abjeta nesse momento. Gente assim deve ter brincado com estilingue, espingarda de chumbinhos, aniquilando qualquer movimento alegre no mato quando criança. Melhor matar que se aventurar, creio, brincavam assim os valentões de hoje.

     

    Enfim, devo citar poesia. Desaforo é coisa de poderes, prefiro a mata virgem.

    “ÁRVORE”

     

                            ( MANOEL DE BARROS )

     

    Um passarinho pediu a meu irmão para ser uma árvore.

    meu irmão aceitou de ser a árvore daquele passarinho.

    No estágio de ser essa árvore, meu irmão aprendeu de sol,

    de céu e de lua mais do que na escola.

    No estágio de ser árvore meu irmão aprendeu para santo

    mais do que os padres lhes ensinavam no internato.

    Aprendeu com a natureza o perfume de Deus.

    Seu olho no estágio de ser árvore, aprendeu melhor o azul.

    E descobriu que uma casa vazia de cigarra, esquecida no tronco das árvores só serve para poesia.

    No estágio de ser árvore meu irmão descobriu que as árvores

    são vaidosas. Que justamente aquela árvore na qual meu irmão

    se transformara, envaidecia-se quando era nomeada para o

    entardecer dos pássaros e tinha ciúmes da brancura que os

    lírios deixavam nos brejos.

    Meu irmão agradecia a Deus aquela permanência em árvore

    porque fez amizade com as borboletas.

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

    Pequenos aviões e pistas  de pouso, terra firme entre roçados, antigas fazendas ou aldeias indígenas, sempre traziam fortes emoções. Pousar era sempre uma vitória da liberdade de voar. Até a década de 70 era bem arriscado descer numa pista nas terras de Mato Grosso, muitas vezes se arremetia o pequeno avião, por haver um bando de veados pastando na pista, um boi arredio.

     

     

    Hoje não tem mais problema, tá tudo dominado.

    Tão raro será árvore, plana, voa.

  • Kriptonita

    Kriptonita

     

    A Kriptonita é uma rocha imaginária, de outro planeta, verde, que ao aproximar-se do Superman, começa a brilhar e atinge os poderes dele, enfraquecendo seus super poderes. Rocha assim padece em solo americano, coisa das Amërika, states. 

     

     

    O pensamento mágico é sempre o cumprimento rigoroso de uma regra, submissão à uma lei, obtenção de alguma recompensa. Vem do Wikipédia boa argumentação:

     

    Em psicologia clínica, o pensamento mágico é uma condição que faz com que o paciente experimente medo  irracional de realizar certos atos ou ter certos pensamentos, porque ele assume uma relação entre suas ações e calamidades ameaçadoras.

    O pensamento mágico inclui todos os sistemas de magia , pois inclui a ideia de causalidade mental, ou seja, a possibilidade da mente ter um efeito direto sobre o mundo físico.

    Na psicologia junguiana , o pensamento mágico é descrito em termos de sincronicidade , uma abordagem que não foca na causalidade, mas no significado da co-ocorrência de certos eventos.

     

    https://www.facebook.com/jornalistaslivres/videos/2041427539246847/

     

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    O presidente do Brasil fala da kriptonita, em café da manhã com seletos jornalistas, entre bela arrumação de mesa e taças, em dia de greve geral.

     

    Estarreço.

     

    Quando um cabra, homem idoso já, maduro, sente-se o Super-Homem, herói fortuito na infância de muitos, me dá coceiras.

     

    Será que é esse o verde que teme, e por isso desentende o que é meio ambiente, teme tudo que reluz e harmoniza em diversidade? Ou bichos do mato, ou tanta gente que pensa diferente e sente o mundo belo e possível, mata atlântica; Amazônia, o inferno verde, e santo?

     

    O presidente diz também que é um equívoco o Supremo Tribunal entender que atos preconceituosos contra homossexuais e transexuais, devam ser enquadrados no crime de racismo.

     

    Ele diz que teme o desemprego deles!

     

    Quer equilibrar, aprumar o pêndulo da justiça com um ministro evangélico na suprema corte, e que tal ministro sente em processos assim.

     

    Fóbico presidente, filhos mimados, perversos,  perde-se em linhas de crença, fé, preconceito, pífia ideologia.

     

    Será outro clube do Bolinha ou minha alma sem guru que vaga?

     

    Presidente, não é triste informá-lo, mas é redondo o planeta,  e, também, não é o caminho reto. Sim, é curvo, circular, complexo apenas.

     

    Inevitável, óbvio.

     

    O curso dos fatos cavuca, corrói, aplana.

     

  • Como era verde meu canto

    Como era verde meu canto

    O que substituirá o toque, o pólen, a planta, o cheiro?

    Será artificial o tato, a mente, o sabor? 

    Mesmo inteligente, artificial

    pensa?

     

     

    Noções assim, legiões que incham, fermentam

    nação.

     

    Abala, finda.

     

    Nem serei encanto entre tantos

    fins.

    A Sovetskoe Foto (Soviet Photography), ou Советское фото.  Edição iniciada em 1926.

     

    Nem recomeço.

     

    Tudo pranto seco. Seco, nano partícula, lama, micro plástico.

    Advento, ventania.

     

    Montagem através de imagem de Douglas Magno©, em Brumadinho/MG.

     

    É o homem que segue, caga.

    Antiga lenda reza

    ser rei quem um olho tem. Herege, maldito.

     

     

    A peste.

     

    Resta-nos a pauta, colapso.

    Empurra, empurra.

    De tudo resta.

    Helio Carlos Mello©

     

    Serei plástico, prático

    um dia.

     

    por Adenor Gondim©

     

  • Em 3 meses, Mais Médicos tem 1.052 desistências de médicos brasileiros

    Em 3 meses, Mais Médicos tem 1.052 desistências de médicos brasileiros

    E o desgoverno Bolsonaro não para de causar estragos na vida dos mais pobres e vulneráveis. Em novembro do ano passado, após declarações ofensivas e ameaçadoras de Bolsonaro, Cuba determinou que médicos cubanos deveriam deixar o Brasil. Depois de tomar posse, Bolsonaro disse que os médicos cubanos seriam substituídos por médicos brasileiros.

    Criado em 2013, no governo de Dilma Rousseff, o Mais Médicos levou 15 mil médicos para as áreas onde faltavam profissionais. O programa chegou a ter, até  2017, 18.240 médicos, garantindo acesso a 63 milhões de pessoas em 4.058 municípios. O formato da “importação” de médicos de outros países foi alvo de duras críticas de associações representativas da categoria, sociedade civil e estudantes da área da saúde, que alegaram que médicos estrangeiros precisavam fazer o Revalida (Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos), uma forma de avaliar a qualidade de médicos estrangeiros que querem trabalhar no país (como se sabe, Cuba tem índices de países desenvolvidos na saúde, apesar dos embargo econômico que sofre há décadas). Como medida emergencial para atender rapidamente os municípios mais carentes, o governo Dilma determinou que os médicos estrangeiros deveriam passar três semanas em uma universidade brasileira, antes de começarem a atender pelo Mais Médicos, o que desagradou o Conselho Federal de Medicina e a Associação Médica Brasileira.

    Antes do Mais Médicos, o Brasil possuía  cerca de dois médicos para cada mil habitantes – índice considerado bom,  mas havia no país uma distribuição desigual de médicos por região: 22 estados possuíam um índice inferior à média nacional e apenas 8% dos médicos estavam em municípios com população inferior a 50 000 habitantes, que somam 90% das cidades brasileiras. Depois de tomar posse em janeiro deste ano, o governo cumpriu sua promessa de colocar médicos brasileiros no lugar dos cubanos: anunciou a abertura de novas vagas para o Mais Médicos. No entanto, em três meses, cerca de 1052 dos novos médicos desistiram da vaga; a maioria foi para cidades maiores ou retornou ao seu lugar de origem. O resultado dessas desistências é que vários municípios carentes estão sem médicos no momento.

    Nota: Em novembro de 2018, a Associação Brasileira de Municípios divulgou nota pedindo a Jair Bolsonaro ações imediatas para reverter a decisão do Ministério da Saúde Pública de Cuba de se retirar do Programa Mais Médicos.

  • Bolsonaro é um “perigo real”, afirma bispo brasileiro

    Bolsonaro é um “perigo real”, afirma bispo brasileiro

    REVISTA IHU ON-LINE

    eleição de Jair Bolsonaro para a presidência do Brasil representaria um perigo real para o país, avaliaO bispo de Ruy Barbosa, no Estado da Bahia, lamenta o excesso de prudência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB “que conheceu períodos mais proféticos que hoje”

    A reportagem é de Jacques Berst, publicada por cath.ch, agência católica da Suíça, 19-10-2018. A tradução é de IHU On-Line.

    D. André de Witte, bispo belga que vive no Brasil desde 1976, falou de seus temores no no dia 18 de outubro de 2018, em Genebra. Ele testemunhou na ONU a realidade brasileira a convite da “Franciscans International”, uma ONG que tem o estatuto de consultora junto à ONU. Ela faz um trabalho de ‘advocacy’ em favor dos direitos humanos, pela promoção da justiça, da paz e da proteção da criação. D. de Witte foi ameaçado de morte, nas redes sociais, por partidários de Bolsonaro.

    “A parte podre da Igreja católica”

    Mas ele não é o único alvo: até a muito prudente CNBB foi chamada, juntamente com o Conselho Indigenista Missionário – CIMI, pelo  favorito da eleição presidencial, de “ser a parte podre da Igreja católica”. Há vários dias, circula nas redes sociais um vídeo onde o ‘caudilho’ do Partido Social Liberal insulta a Conferência Episcopal Brasileira com linguagem vulgar, como é seu costume.

    Nostálgico da ditadura que ensanguentou o Brasil de 1964 a 1985, com seu cortejo de militantes e de simples civis torturados, assassinados ou exilados, Bolsonaro demonstrou, no curso da sua longa carreira política, sua hostilidade aberta contra a Igreja católica.

    O antigo militar visa sobretudo os setores mais comprometidos com as causas sociais e os direitos dos mais pobres. Ele não hesitou, certa vez, de na tribuna do Congresso Nacional, dizer que o cardeal Paulo Evaristo Arns, um dos grandes opositores da ditadura militar, era um homem “sem honestidade” e um “aproveitador”.

    O papa Francisco também foi tratado de “comunista”

    Há muito tempo que “o populista Bolsonaro nos insulta, lamenta D. André de Witte, pois ele não suporta nosso compromisso social, nossa vontade de participar na construção de uma sociedade justa e solidária… Nós somos qualificados de ‘comunistas’ quando nós perguntamos porque há tanta pobreza, quando nós buscamos as causas. O papa Francisco sofreu os mesmos ataques… É o caminho do Cristo!”

    Frente aos ataques, D. André de Witte lamenta, com palavras cuidadosas, o excesso de prudência da CNBB: “numerosos são os bispos que têm medo de falar francamente. Falta uma mensagem imediata e clara. O povo se ressente desta falta”.

    Para o bispo de Ruy Barbosa, não se trata de atacar uma pessoa, mas de analisar seu projeto político, pois o que está em jogo é, de qualquer maneira, a alternativa entre um “projeto de vida” e um “projeto de morte”. “Bolsonaro tem um discurso racista, prega a discriminação contra as populações negrascontra as mulheres, quer suprimir a demarcação das terras indígenas na Amazônia”, afirma o presidente da CPT, pois os povos autóctones são considerados como um obstáculo para o desenvolvimento.

    “Bandido bom é bandido morto…”

    “Sua atitude é perigosa: ele prega a violência armada, afirmando que bandido bom é bandido morto… Ele quer mais repressão e até recompensar os policiais que saem atirando nos delinquentes. Ele quer mais prisões e menos recursos para a educação. Ele quer reforçar a segurança sem analisar os problemas sociais que são, em grande parte, a raiz da ‘insegurança”, detalha D. André de Witte. O candidato à presidência se deixa fotografar, ao lado de crianças, com armas de fogo: “mostrando para as crianças a maneira de manejar um fuzil… Ele incita à violência contra o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra – MST, apoiando os grandes proprietários de terra. É um programa perigoso para a sociedade”.

    Apoiado por evangélicos conservadores, entre os quais o ‘bispo’ Edir Macedo, líder da multinacional “Igreja Universal do Reino de Deus” – IURD e proprietário do Grupo Record e da Rede Record, a segunda maior do Brasil, Bolsonaro se beneficia do poderoso instrumento de propaganda. Ele manipula setores da Igreja católica se dizendo a favor da vida, contra o aborto e partidário da família tradicional contra o casamento de gays.

    “Mas não é mais que um discurso”, diz D. André de Witte, lamentando que a campanha eleitoral não contribuiu para a reflexão. Trata-se, antes de tudo, de uma atitude antissistema: “não se quer mais o Partido dos Trabalhadores, o PT, que é acusado de todos os males, principalmente de fazer propaganda nas escolas em favor da homossexualidade. Os partidários de Bolsonaro difundem nas redes sociais uma multidão de ‘fake news’, de informações falsas, como, por exemplo, a distribuição de um kit gay nas escolas. Este kit nunca existiu!”

    O bispo de Ruy Barbosa lamenta que os grandes meios de comunicação, como a Rede Globo, não fazem corretamente o seu trabalho. “Não temos meios de comunicação que informem corretamente, que analisem, que coloquem os temas em perspectiva, formem as consciências, alertando para o risco dos perigos que estão por vir. Talvez não seja algo voluntário, mas uma omissão que, no entanto, pode se tornar uma cumplicidade. Ainda espero, antes que seja tarde, que toda a sociedade acorde face ao grande perigo que se anuncia!”.

    Foto: REUTERS/Adriano Machado