Jornalistas Livres

Tag: Belo Horizonte

  • Ativistas protestam contra Governo Bolsonaro em praça tradicional de BH

    Ativistas protestam contra Governo Bolsonaro em praça tradicional de BH

    Em protesto aos recuos, deslizes e retrocessos do presidente e seus ministros, Belo Horizonte ganhou uma manifestação festiva nesse sábado, 12/01/2019. A “Praia da Estação” consiste em uma performance já tradicional na cidade em que ativistas e pedestres brincam e se banham nas fontes da Praça da Estação, principal espaço público da capital mineira, como forma de protestar e reivindicar seu direito à cidade.

    Com uma história de oito anos, a Praia da Estação foi palco de várias lutas políticas e foi a principal responsável pela restituição do Carnaval de Belo Horizonte, hoje um dos maiores do país.

    Essa edição inaugura 2019 como um ano de forte resistência na cidade, que não perderá os ânimos nem o senso de humor contra o regime fascista do clã Bolsonaro. Intitulada “A Nova Era: Meninos vão de Azul e Meninas vão de Rosa “, o ato foi documentado pelos fotógrafos dos Jornalistas Livres, Maxwell Vilela e Cadu Passos.

     

  • Ativista pelo Direito à Moradia toma posse como vereadora em BH

    Ativista pelo Direito à Moradia toma posse como vereadora em BH

    A cientista política Bella Gonçalves assumiu ontem, 13/11, como suplente o cargo de vereadora na Câmara Municipal de Belo Horizonte pelo PSOL. Lésbica feminista, Gonçalves tem trajetória nas lutas pelo direito à cidade e por uma Reforma Urbana popular. Atua nas Brigadas Populares, movimento social presente em ocupações urbanas, vilas e favelas e em diálogo com diversos segmentos de trabalhadores informais. Ela ocupará o cargo deixado por Áurea Carolina, que irá para Brasília representar Minas Gerais como Deputada Federal.

    “Um salve às ocupações, aos camelôs, às LBGTs, a todas as lutadoras e lutadores da cidade” disse em seu discurso de posse. “Sou Bella Gonçalves, mulher lésbica, dos movimentos sociais e urbanos.”

    Em 2016, Belo Horizonte elegeu duas vereadoras mulheres com uma campanha coletiva realizada pela movimentação Muitas.  Formada por um conjunto de ativistas que decidiram concorrer sob uma mesma plataforma as eleições para vereador; a Muitas é composta por representantes da luta por moradia, de mulheres, de LGBTs, antirracista, entre outras frentes populares. Comprometidas em construir mandatos coletivos, transparentes, representativos e dedicados à inclusão de mulheres, negros e LGBTs, o grupo elegeu a cientista política Áurea Carolina, uma das candidatas mais votadas da história de Belo Horizonte, ao lado da dramaturga Cida Falabella, ativista pelo direito à cultura.

    Bella Gonçalves também participou da campanha coletiva, tendo uma votação muito próxima à de Falabella. Apesar de não se eleger, ela foi convidada para construir uma proposta de covereança, experiência inédita de mandato compartilhado que ajudou a tornar o Direito à Cidade um de seus eixos prioritários, ao lado de Direitos Humanos e Cultura e Educação.

    Movimentação Muitas na posse de Bella Goncalves na Câmara Municipal de Belo Horizonte. Foto: Gabinetona.

    Juntas escolheram gabinetes um lado do outro no prédio da Câmara, e pediram que a parede que os separava fosse removida. A partir daí passaram a administrar coletivamente o mandato, em parceria com diversos movimentos sociais e todo o restante da plataforma que participou na campanha. Elas passaram a chamar seu gabinete unificado de “Gabinetona”.

    Dois anos depois, as Muitas repetiu a experiência, lançando candidaturas comprometidas com a ampliação de seu projeto nas esferas estadual e federal. Mais uma vez foram bem sucedidas: Áurea Carolina conseguiu multiplicar sua votação em Belo Horizonte, sendo a primeira candidata eleita deputada federal pelo PSOL de Minas. A advogada popular da periferia da capital, Andréia de Jesus, também foi eleita como deputada estadual pela mesma campanha.

    “A Gabinetona, hoje, inicia a sua expansão. Duas mulheres negras vão a frente. Áurea Carolina no Congresso Nacional e Andreia de Jesus na Assembleia Legislativa. Junto com Cida Falabella, continuaremos a luta na Câmara Municipal.” continua Bella Gonçalves em seu discurso. Agora, inauguram a experiência de um mandato coletivo em três esferas: a Gabinetona passará a contar com 4 parlamentares, todas mulheres, todas de perspectiva horizontalista, coletiva e democrática.

    As quatro parlamentares da Muitas, da esquerda para a direita: a vereadora Cida Falabella; a deputada estadual Andreia de Jesus; a vereadora Bella Gonçalves e a deputada federal Áurea Carolina. Foto: Fernando Olze.
  • Democracia dá mais um passo rumo à vitória em Belo Horizonte

    Democracia dá mais um passo rumo à vitória em Belo Horizonte

    Em apoio à candidatura de Fernando Haddad e Manuela D’Ávila, que disputam a presidência pelo Partido dos Trabalhadores, milhares de pessoas saíram às ruas por todo o país, e houveram até manifestações internacionais.

    Confira as fotos:

    Foto: Agatha Azevedo | Jornalistas Livres
    Foto: Agatha Azevedo | Jornalistas Livres
    Foto: Agatha Azevedo | Jornalistas Livres
    Foto: Agatha Azevedo | Jornalistas Livres
    Foto: Agatha Azevedo | Jornalistas Livres
    Foto: Agatha Azevedo | Jornalistas Livres
    Foto: Agatha Azevedo | Jornalistas Livres
    Foto: Agatha Azevedo | Jornalistas Livres
    Foto: Agatha Azevedo | Jornalistas Livres
    Foto: Agatha Azevedo | Jornalistas Livres
    Foto: Agatha Azevedo | Jornalistas Livres
    Foto: Agatha Azevedo | Jornalistas Livres
    Foto: Agatha Azevedo | Jornalistas Livres
    Foto: Agatha Azevedo | Jornalistas Livres
    Foto: Agatha Azevedo | Jornalistas Livres
    Foto: Agatha Azevedo | Jornalistas Livres
    Foto: Agatha Azevedo | Jornalistas Livres
    Foto: Agatha Azevedo | Jornalistas Livres
    Foto: Agatha Azevedo | Jornalistas Livres
  • Colégio da PM não quer alunas com trança ‘box braid’

    Colégio da PM não quer alunas com trança ‘box braid’

     

    E eis, que, de repente, as alunas do Colégio Tiradentes, mantido pela Polícia Militar no bairro Santa Tereza, em Belo Horizonte, estão sendo impedidas de usar tranças tipo ‘box braid’, atingindo de cheio as mulheres negras, que reclamam de racismo. Diante disso, nessa quarta-feira as estudantes realizaram um ato de protesto para denunciar o problema (Confira o vídeo abaixo). Curiosamente, o jornal “O Tempo”, um dos maiores de Minas, e um dos raros veículos a noticiar o fato, omitiu na longa reportagem que o colégio pertence à PM.

    Tudo começou quando, na terça-feira, as alunas foram chamadas para ter uma conversa sobre a padronização de penteados, quando foram orientadas a não usarem as tranças ‘box braids’ usadas por várias delas. A proibição fez com que uma delas desabafasse: “Agora me perguntam o motivo das fotos chorando, meu amigos, foram ANOS de aceitação, ANOS que demorei para aceitar minha cor, meu cabelo, minha ancestralidade”, escreveu na postagem que viralizou. “Dói em mim, em  pleno 2018, época em que todo dia vejo histórias de preconceito, um lugar onde deveria propagar o respeito às diferenças entre raças me manda ocultar quem sou de verdade”, acrescentou a aluna nas redes sociais. “Querem obrigar as meninas a tirar suas tranças, qual o problema ter tranças? Pode parecer besteira, asneira, mas não é. Algumas pessoas não sabem o que isso significa pra nós, meninas negras” desabafou a garota no Facebook. 

    Outra aluna contou que estava na aula quando foi chamada por um assistente de turno, junto com uma colega de turma que também usa tranças, para ir ao auditório. Quando chegaram lá, um grupo de meninas com penteados semelhantes estava no local aguardando para conversar com uma major, identificada como Lylian, e com a vice-diretora, Cláudia Boldoni. “A major e a vice-diretora estavam conversando com as meninas falando que o nosso cabelo não está no padrão da escola. Comecei a chorar, já tinha medo de isso acontecer há um tempo. Depois que falaram isso, algumas alunas foram liberadas e outras ficaram”, contou ao portal BHZ.

    “A major, o tempo todo, falou que fazer trança estraga o cabelo, não sei de onde ela tirou isso. Disse que as tranças estragam a raiz do cabelo e eu expliquei que era até por uma questão de autoestima. Aí ela perguntou se eu já tinha alisado o cabelo. Uma outra menina respondeu por mim ‘é o cabelo dela, não vai alisar’ e a major disse que estava conversando comigo e não com ela”, contou a estudante. Voltei para a sala e comecei a chorar”, acrescentou. 

    Punição

    Caso não cumpram a determinação de mudar o modelo das tranças até o próximo dia 22, quando termina o recesso escolar, as alunas poderão ser penalizadas com um Formulário de Registro Disciplinar (FRD). O acúmulo de FRD’s pode gerar suspensões e até mesmo a expulsão do colégio.

    “Eu uso trança desde abril do ano passado e nunca reclamaram assim. Já falaram para prender o cabelo e reclamaram do tamanho. Eu uso porque melhora minha autoestima, não me sinto bem sem as tranças e não quero voltar a alisar o cabelo”, disse uma adolescente. “Eu estava pensando em falar com a vice-diretoria para que a nova regra fosse colocada para o ano que vem, por exemplo. Tem uma menina que colocou no fim de semana, custa no mínimo R$ 180, e, do nada, falam para tirar? Penso até em sair do colégio. As tranças fazem bem para a autoestima”, ressaltou a estudante, que tem o apoio da família para manter o penteado.  “O cabelo é a autoestima dela, ela sempre sofreu bullying e, quando encontramos algo que a faça feliz, vem isso. Tem que olhar se a nota é boa, se é bem educada. Minha filha está arrasada, com o olho inchado”, disse a mãe da jovem.

    O pior é que após a reunião, as meninas passaram a ser alvo de racistas. Em um áudio enviado pelo WhatsApp, um garoto se refere a elas como “macacas”. “Sai fora, suas macacas. Vocês não querem aceitar as regras, sai fora do colégio”, disse. No status do WhatsApp, outra manifestação discriminatória: “A interpretação das negrinha: ‘Colégio Machista opressor! #mimimi”, escreveu um estudante em tom pejorativo.

    Regulamento

    A direção do Colégio Tiradentes alega que não apenas as alunas que usam tranças foram chamadas, mas estudantes com cabelos tonalizados, topetes e outros fora do padrão imposto pelo regimento. “Diversos alunos foram chamados para falar sobre a adequação dos penteados, não só as meninas que usam tranças. Existe um regulamento que deve ser seguido. Então, se o cabelo está fora do padrão, que tem a ver com os valores da instituição, a mudança é necessária”, explicou a tenente-coronel Lívia Azevedo ao BHZ, sem explicar por que só agora o colégio está se preocupando com o penteado das alunas.

    Quanto às manifestações racistas, a tenente-coronel disse que já tem uma equipe responsável pela identificação dos autores. “Ao serem Identificados, os alunos serão punidos conforme o código de ética do colégio. Trata-se de uma questão disciplinar”, afirmou.

    Na manhã de terça-feira, estudantes de diferentes turmas se reuniram em um ato de apoio às colegas que usam trança, quando foram para a quadra, durante o intervalo, e deram as mãos. Após uma contagem regressiva, gritaram: “Uma por todas e todas por uma”, “Somos todas tranças!”. Em seguida, deram as costas e revelaram estar todas de trança, um modelo de penteado bastante usado por elas.

     

  • A importância da discussão LGBT na agroecologia

    A importância da discussão LGBT na agroecologia

    Por Patrícia Adriely
    Há pelo menos quatro décadas, lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais lutam contra o preconceito e empenham-se pelo seu reconhecimento na sociedade brasileira. A Parada do Orgulho LGBT, realizada anualmente em São Paulo, por exemplo, é uma das maiores celebrações da diversidade do mundo. No campo, essa luta também é importante. Por isso, o movimento agroecológico busca discutir e evidenciar essa pauta.

    “Agroecologia e LGBTfobia não combinam. Por isso que as gays, as bi, as trans e as sapatão estão todas organizadas para construir um projeto agroecológico feminista, colorido e antirracista. Discutir democracia e agroecologia sem discutir a sexualidade e as subjetividades de nossos povos, nós não conseguiremos avançar”, disse Luiz Filho, integrante do GT de Juventudes da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA).
    O assunto foi uma das pautas na Plenária das Juventudes, promovida durante o IV Encontro Nacional de Agroecologia (ENA), realizado entre os dias 31 de maio a 3 de junho no Parque Municipal, no centro de Belo Horizonte. Dê Silva, estudante da Universidade Federal de Mato Grosso, saiu do encontro muito satisfeita com as discussões. “Nessa plenária a gente conseguiu ter vários debates importantes na perspectiva de que a agroecologia compreende toda a diversidade. Defender esse projeto da agroecologia é defender as mulheres, os LGBTs, os negros, como seres que compõem todo esse universo”, declarou.

     
    Essa reflexão é importante porque o sujeito LGBT do campo ainda é invisível dentro do movimento agroecológico, conforme afirmou Alexandre Bezerra Pires, que também participou da plenária. “A gente precisa aprender a se desafiar, a dizer que no mundo rural também há gays, lésbicas, trans e bissexuais que estão vivendo lá e que também constroem agroecologia”, disse. Segundo ele, muitos jovens sofrem preconceito até mesmo na própria família, o que faz com eles deixem o campo para ir para a cidade grande, espaço em que há maior aceitação.

    Assim, a partir dessa constatação, o GT de Juventudes assumiu a questão como uma bandeira importante para abrir espaço para que o LGBT do campo afirme sua identidade, assim como outros grupos que se fortalecem dentro da agroecologia.
  • IV ENA: um encontro construído por mãos feministas

    IV ENA: um encontro construído por mãos feministas

    Por Patrícia Adriely e Pedro Lovisi

    O IV Encontro Nacional de Agroecologia (ENA), realizado entre os dias 31 de maio a 03 de junho em Belo Horizonte, reuniu agricultores, agricultoras e ativistas de diversas regiões brasileiras. O evento, que ocorreu principalmente no Parque Municipal Américo Renné Giannetti, teve como tema central “Agroecologia e democracia unindo campo e cidade”. Entretanto, ao longo dos debates, uma questão específica se mostrou extremamente forte: o feminismo. Onde quer que olhássemos, víamos mulheres – jovens, senhoras, negras e brancas. Porém, essa constatação ia além de um público notório e massivamente feminino. Naquele espaço de discussão, um lema era crucial: “Sem feminismo, não há agroecologia”.

    Fotografia por Lucas Bois / Jornalistas Livres

    Para que o IV ENA se tornasse realidade, um batalhão feminino colocou a “mão na massa” e assumiu posições de liderança, conforme explicou Leninha de Souza, que faz parte do núcleo executivo da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) e atuou em diversas comissões para realização do ENA. “A organização foi composta por mais de 50% de mulheres. Na comissão organizadora local, 70% do grupo era feminino. Em todas as frentes de organização, elas estavam no comando”.

    Fotografia por Lucas Bois / Jornalistas Livres

    Para a secretária executiva da Articulação Mineira de Agroecologia (AMA), Anna Cristina Alvarenga, que trabalhou na articulação política do encontro, “isso significa que as mulheres não estão vendo um protagonismo apenas em quantidade, mas em qualidade, e estão assumindo o seu papel de protagonistas nas construções políticas da agroecologia no Brasil”.

    Anna também ressaltou o trabalho feito para estimular a participação feminina no evento. Segundo ela, houve uma atuação para que os grupos participantes do ENA fossem compostos por 50% de mulheres, no mínimo. “Pensamos as delegações a partir de um processo político, para garantir a participação efetiva das mulheres do campo”.

    Segundo Lorena Anahí, que atuou na comissão de metodologia e na comissão executiva nacional, esse fato é uma marca do encontro. “Ficou muito claro a força das mulheres e que sem feminismo não há agroecologia. Elas estiveram em todos os espaços de construção do ENA. Assim como comer é um ato político, a nossa prática cotidiana é um ato político”.

    A programação do encontro contou com diversas atividades com foco nas mulheres. Logo no primeiro dia, foi realizada uma plenária destinada a elas. Além disso, o Grupo de Trabalho Mulheres da ANA comandou um seminário com o tema “Sem feminismo, não há agroecologia”.

     

     

    Fotografia por Lucas Bois / Jornalistas Livres