Por Gustavo Medrado / Para de Graça (https://www.youtube.com/channel/UCGL9-12RzBWLlqkhvWzKXKw) Especial para os Jornalistas Livres
No final da manhã dessa segunda-feira, 13 de fevereiro, um grupo de servidores do município ocupou o plenário da Câmara Municipal de Uberlândia, em protesto contra o não pagamento do salário de dezembro. Os manifestantes tomaram essa decisão após seguidas tentativas de negociação sem solução com o prefeito, Odelmo Leão, do PP, que assumiu em janeiro a cadeira ocupada nos últimos quatro anos por Gilmar Machado, do PT. Outro fato que contribuiu para as manifestações foi a recente proibição de acompanhamento das sessões pela população nos assentos do plenário. Somente a galeria superior está liberada para os cidadãos.
Os servidores convivem com atrasos nos pagamentos desde a gestão passada, mas nunca tinham ficado sem os salários. Leão alega que Machado não deixou dinheiro em caixa para essa despesa, o que é contestado pelo antecessor. Segundo o petista, os valores reservados foram usados para o pagamento de janeiro. A Prefeitura de Uberlândia diz está trabalhando para encontrar uma solução rápida para não prejudicar a população com os serviços públicos. Por enquanto a única categoria paralisada por essa questão é a dos professores.
Márcia Tannús, docente da educação básica, afirma que os manifestantes não são ligados a nenhum partido específico e não estão fazendo protestos de caráter político. “Nós somos do movimento SSS, Servidores Sem Salário,” brincou. Eles reforçam essa afirmação no intuito de refutar as boatarias que circulam pela cidade, relacionando-os com militantes partidários e baderneiros.
Segundo eles, enquanto o salário não for pago, seguirão acampados dentro do plenário para pressionar o executivo e o legislativo. Nessa terça, no entanto, os vereadores conseguiram realizar uma sessão no salão nobre do prédio. O vereador Adriano Zago, PMDB, se recusou “em respeito aos servidores” a participar da sessão por não estar aberta ao público, ferindo o regimento interno. O presidente da casa, Alexandre Nogueira, PSD, refutou a afirmação dizendo que a imprensa e os assessores parlamentares autorizados estavam presentes, o que não ocorre em sessões secretas. Os manifestantes pretendem bloquear também outras salas a partir dessa quarta e pedir a anulação das deliberações de ontem.
Do lado de fora
Logo pela manhã de terça, em apoio aos ocupantes, mais de 300 servidores se juntaram nos arredores do Paço Municipal e ecoaram gritos de guerra. Além disso, eles marcharam Câmara adentro e permaneceram na praça interna em protesto por alguns minutos. Ao meio-dia, se dirigiram aos prédios da Prefeitura de Uberlândia e repetiram lá a ação. “Sem salário, sem trabalho”, “Odelmo, cadê você, eu vim aqui pra receber”, “Servidor unido jamais será vencido” e outras frases, compuseram o repertório que os manifestantes fizeram ecoar pelos arredores.
Nas duas últimas noites também houve vigílias do lado de fora da Câmara em apoio aos ocupantes com música e poesia. A segurança da Casa está impedindo o livre acesso ao plenário. Quem está dentro pode sair, mas ninguém mais entra. Cerca de 60 servidores permanecem acampados na sala. Nessa quarta já estão acontecendo ações semelhantes. No início da tarde, a Comissão de Direitos Humanos, presidida por Zago, se reuniu a pedido dos servidores que cobram uma postura sobre atos que consideram arbitrários por parte da presidência da Câmara. Os ocupantes desejam exercer o direito de ir e vir ao plenário e, ainda, a permissão de acesso a alimentos, água e o religamento da energia elétrica. A Comissão enviou um memorando ao presidente solicitando o cumprimento desses direitos fundamentais. Até o momento, o prefeito não se manifestou oficialmente sobre o movimento e nem definiu uma data ou calendário para os pagamentos.