Cerca de 100 mil pessoas — de acordo com os organizadores da manifestação — tomaram as ruas da capital para pedir a reforma política, protestar contra os ajustes fiscais e defender a Petrobras e a democracia diante do acirramento dos movimentos golpistas
São Paulo ficou mais vermelha na tarde desta sexta-feira (13). Convocado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), com o apoio do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e outros movimentos sociais, a manifestação contra o levante golpista que vem se acirrando no país reuniu, de acordo com os organizadores do protesto, cerca de 100 mil pessoas (a Polícia Militar fala em 12 mil, número que é facilmente desconstruído com os registros do evento).
Foto: Mídia NINJA
Recado contra o impeachment
A ideia do ato não foi necessariamente apoiar o governo de Dilma Rousseff, e sim protestar contra os recentes ajustes fiscais promovidos pela presidenta e que têm afetado os direitos dos trabalhadores. Diferentemente daqueles que pretendem ir às ruas no próximo domingo (15), no entanto, a manifestação dos movimentos sociais teve como mote, também a defesa da Petrobras e da democracia.
“Quem está achando que é um ato de guerra está muito enganado. Tem uma parcela querendo dividir o Brasil. Nós queremos unificar. Quem quer derrotar o governo, que o faça daqui a quatro anos, na próxima eleição”, afirmou o presidente da CUT, Vagner Freitas, salientando ainda que os movimentos vão “apresentar propostas de política econômica para ajudar o país a voltar a crescer”.
Foto: Mídia NINJA
Adilson Araujo, presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), foi além: “Não podemos vacilar. Há uma onda golpista e conservadora querendo se aproveitar do momento. Além disso, essa onda conservadora está no Congresso e coloca em risco os direitos da classe trabalhadora”, afirmou.
Em um trajeto que foi do prédio da Petrobras na avenida Paulista até a Praça da República, no cento da capital, as milhares de pessoas presentes resistiram à forte chuva e, aos gritos de “Democracia, democracia” ou palavras de ordem contra o retrocesso nas políticas sociais, mostraram que estão dispostos a cobrar o governo federal sem se render à onda conservadora que pede o impeachment de Dilma Rousseff.
Adriano Digo, ex-deputado estadual pelo PT, enalteceu o fato das pessoas estarem se mobilizando conta o golpe que, na sua opinião, já está armado. O petista ainda fez críticas ao governo por permitir que esse tipo de movimento — o que pede volta dos militares ou impeachment — cresça de maneira tão exponencial.
“Os caras estão preparando esse golpe desde a Copa e ninguém está fazendo nada, nada, nada! Parece que está pedindo pra tomar um golpe. O PSDB financiando reunião, organização de manifestação de direita e o PT parado, nós não fazemos nada. Como deixam armar um golpe desse jeito? É loucura total. Ainda bem que hoje há essa mobilização, é hora de ragir!”, disse.
O ex-senador Eduardo Suplicy e atual secretário de Direitos Humanos de São Paulo, Eduardo Suplicy, também esteve presente e saiu em defesa da manutenção do atual governo.
“Em 2014, foi a sétima eleição livre e direta que tivemos. Felizmente, a presidenta Dilma venceu, e isso precisa ser respeitado e apoiado. Eu apoio a presidenta Dilma, apoio a democracia e não quero saber de nenhum tipo de golpismo. Estou aqui em solidariedade aos trabalhadores e ao povo de São Paulo, que mostra sua vontade em respeitar a democracia”, afirmou.
Revoltados ignorados
Depois de prometer fazer um ato no mesmo local que a manifestação dos movimentos sociais, os membros dos “Revoltados Online”, grupo que vem puxando mobilizações em prol do impeachment, bem que tentaram chamar atenção, mas foram completamente ignorados pelos presentes.
Na última quinta-feira (12), um de seus líderes, Marcello Reis, havia informado que esperava confronto com os trabalhadores da CUT e os defensores do governo mas não foi exatamente isso o que aconteceu.
Ainda no início da manifestação, quando os movimentos estavam concentrados em frente ao prédio da Petrobras, três membros que se disseram “simpatizantes” dos Revoltados Online estavam presentes entre os trabalhadores. Facilmente identificáveis por suas bandeiras do Brasil, eles selecionavam os militantes que passavam nas proximidades para gritar jargões do tipo “Fora Dilma”, “Viva o Brasil” ou abrir cartazes com ofensas ao governo.
“Esses caras são todos comprados, todos recebem Bolsa Família”, diziam, intercalando algumas vezes com um “Domingo tamo junto!”, em um claro tom provocativo.
Bem que tentaram seguir os objetivos de Marcello Reis e incitar o confronto, mas não adiantou. Completamente ignorados, os manifestantes pró impeachment serviram, nesse dia, apenas para integrar as cerca de 50 pessoas que ficaram no local depois que a manifestação da CUT seguiu para a Praça da República.
Só a chuva, que inflamou a manifestação dos movimentos sociais, foi o suficiente para acabar com o “esquenta” dos revoltados.e
Independente da repercussão do protesto convocado para o dia 15, os movimentos sociais, por sua vez, prometem ocupar as ruas inúmeras outras vezes para cobrar mudanças e defender a manutenção da democracia.
*Jornalistas Livres é uma rede de comunicadores independentes espalhada pelo Brasil que nasceu com o intuito de construir novas narrativas diante da cobertura da imprensa tradicional para com o cenário político.
Marcha do que ? DAS VADIAS! Mas isso é xingamento! Sim… assim como puta, piranha, biscate ou “novinha”. Se as mulheres são seres marcados e oprimidos pela sociedade machista e patriarcal, que elas possam se remarcar e ser o que quiserem ser: bela, recatada, do lar (aff)! Mas também puta, da rua, da luta.
E não é não!
E marcharemos. Marcharemos até que todas sejamos livres.
A Marcha das Vadias surgiu em 2011, depois que o policial – segurança de uma universidade em Toronto, no Canadá, disse “para as vadias se comportarem para não ser atacadas”. Ele se referia à onda de estupros que estava ocorrendo lá. As vadias eram as mulheres vítimas dos ataques. O caso indignou as mulheres, que criaram a Marcha das Vadias para denunciar a Cultura do Estupro. Ela existe, não adianta negar. Assim como o machismo, e precisa ser extinta. A pauta é das mais urgentes.
A cada minuto uma mulher é violentada no Brasil. Os dados são do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada) e são assustadores. No mês seguinte ao caso de Toronto, as mulheres no Brasil passaram a marchar também. Em vários países elas marcham contra a Cultura do Estupro.
O ato começou espremido na Praça da Estação, pois o prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, alugou a praça pública e assim “ela é privada hoje e não pública”, como disse o funcionário que ajudava na desmontagem da estrutura que havia no local. Na saída da Marcha das Vadias, o batuque do Bloco Bruta Flor e Tambores de Luta foi abafado por um som ligado bem na hora na tal estrutura. Estávamos ali há mais de uma hora e nada de som até ali. Coincidência não?
Mas marchamos.
Marchamos por respeito a vida de todas as mulheres.
Marchamos pelo fim da Cultura do estupro. Pela legalização do aborto. Pela igualdade. Pela maternidade como escolha, e não imposição. Pela vida de todas as mulheres. Marchamos contra o golpe em curso e em repúdio a políticos corruptos, machistas e homofóbicos:”Ei Temer, não sou da sua laia. Fora Cunha, Bolsonaro e Malafaia”.
E marchamos. Denunciamos. Brigamos. Piadas machistas não podem mais ser toleradas. É preciso revidar. Um homem não pode afirmar que uma mulher gosta de “piroca”. Isso é invasão, é desrespeito, é a cultura do estupro no seu sentido mais “desenhado”. E não, você não diz o que a novinha quer, só ela sabe e o querer é dela.
Tinha mulher vestida de todo jeito, e inclusive com pouca roupa. E não era um convite. “Tô de minissaia. Não te devo nada!”. A marcha terminou na Rua Guaicurus, no centro de Belo Horizonte. Local conhecido por abrigar muitas casas de prostituição, havia muitos homens ali, e foi ali que rolou olhares furtivos e piadas machistas. A marcha das vadias também é pelas putas. É por todas as Mulheres.
O domingo (26) na cidade de Campinas teve suas ruas tomada de cores, pessoas, alegria, música e protesto. A 16ª edição da Parada do Orgulho LGBT de Campinas, neste ano, tem como tema “Diga sim à educação e não à transfobia. Intolerância: o vírus mais assassino. Contra qualquer forma de opressão” . O tema, segundo Douglas Holanda, um dos organizadores é um alerta a todo e qualquer tipo de intolerância”.
A luta contra a incompreensão do segmento LGBT sofre no seu dia-a-dia se estendeu aos órgãos públicos. A Polícia Militar e o Ministério Público aconselharam a Prefeitura a não apoiar a Parada por falta de segurança. A Prefeitura também já havia sinalizado a insuficiência de recursos para colaborar com a Parada, assim como vem fazendo há alguns anos. O impasse aconteceu na semana passada, faltando poucos dias para o evento.
Segundo Lúcia Costa, integrante do Aos Brados e da Comissão da Parada LGBT de Campinas: “A Prefeitura nos desrespeitou ao acatar o Ministério Público, não lutou por nós, não pensou em nós. Ela se negou a dar banheiros químicos, segurança para as pessoas se recusando a pagar horas extras para a Guarda Municipal e Saúde. É um retrocesso e desrespeito ao movimento. É um movimento pacífico que leva grande número de pessoas, não há uma agressão. É menos violento que qualquer dérbi. O ato mais agressivo é um travesti retocando seu batom”.
Mesmo com a falta do apoio público, a Organização da Parada se articulou e conseguiu ajuda para que acontecesse a 16ª edição da Parada do Orgulho LGBT de Campinas. Mais de 20 mil pessoas acompanharam os dois trios elétricos, durante o trajeto pelas ruas centrais da cidade com muita animação.
Várias pessoas residentes, na área central, acompanharam a Parada das janelas dos apartamentos, algumas acenavam para os Trios Elétricos, na Avenida Francisco Glicério houve chuva de papel picado vinda dos prédios.
Encerrando o trajeto, a multidão que acompanhava lotou as praças do Largo do Rosário e Guilherme de Almeida (Praça do Fórum).
Este ano a concentração da 16ª edição da Parada foi ao lado do Fórum, na Avenida Dr. Campos Sales. De lá, a multidão subiu a Avenida Francisco Glicério até Dr. Moraes Sales, seguiu até o cruzamento com a Rua Irmã Serafina, continuando pela Avenida Anchieta até a Avenida Benjamin Constant. Ao retornarem à Avenida Francisco Glicério, o grupo seguiu até o Largo do Rosário.
A manifestação transcorreu pacífica até por volta das 20h, quando, segundo relatos a Polícia Militar quis dispersar as pessoas que ainda estavam pelo centro da cidade. A concentração era na Praça Bento Quirino, um local habitualmente frequentado pela comunidade LGBTQ+. Ainda segundo os relatos, a PM usou gás de pimenta, bombas de efeito moral e balas de borrachas para dispersar as pessoas. Algumas pessoas ficaram feridas e foram socorridas por populares durante a ação truculenta da Polícia.
Campinas amanhece com faixas de denúncia contra governo de Jonas Donizette espalhadas pela cidade.
Nesta quinta-feira (30/06), mesmo dia em que a prefeitura inaugura a conclusão das obras da avenida Francisco Glicério, agentes culturais espalharam pela cidade faixas com uma série de críticas à gestão de Jonas Donizette (PSB).
Faixas laranjas foram fixadas em pontilhões e passarelas localizados em pontos de intensa circulação e fluxo de pessoas. A má gestão dos recursos, o atraso de pagamentos, a terceirização de serviços públicos que prejudica o atendimento à população, o descaso em relação à criação do conselho municipal de cultura, cuja lei não foi encaminhada à câmara e está parada há dois anos, e a recente repressão ao movimento LGBT ocorrida no final de semana, foram temas criticados pelas faixas.
Assim como no dia 8 de junho, em que faixas semelhantes foram estendidas das janelas do 15º andar da prefeitura, onde se localiza a Secretaria de Cultura, as faixas espalhadas pelos viadutos e passarelas na manhã de hoje trouxeram como assinatura apenas o termo “#cultura”, e até o momento a autoria não foi assumida por nenhum movimento específico da cidade.