Segmentos da igreja evangélica decidiram priorizar como causa a derrubada de um partido político, que fez um estrago na nossa nação. Para isso, entretanto, fizeram associação acrítica do cristianismo a pauta política que contraria os princípios morais mais basilares ensinados pelo Novo Testamento.
Quem é o candidato que a igreja apoia? Alguém que faz elogio desinibido a regime de exceção. Em seu currículo, constam declarações que vão de encontro ao processo civilizatório, e que ameaçam nossos valores mais caros: “uma arma de fogo em cada lar brasileiro”, “temos de terminar o que o regime militar não fez, matar mais uns 30 mil, a começar pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso”, “eu colocaria fulano no pau de arara”, “você sabe que eu sou a favor da tortura”, “em memória do coronel Ustra” (torturador do regime militar), “eu não te estupraria”, declarou ao se dirigir a uma parlamentar; “eu usava aquele apartamento para comer gente”, disse numa entrevista ao ser perguntado sobre uso que fazia de verba pública.
Recentemente, ele pegou um tripé de uma câmera de filmar, fez dele um fuzil, e bradou, “vamos metralhar a petralhada”.
Você consegue agradecer a Deus por isso? Por favor, responda, isso é comportamento compatível com o desejo de assumir o mais alto posto da República?
O resultado final é aquilo que a Bíblia chama de “fazer o pequenino tropeçar”. Milhões de não cristãos não sabem mais em qual espécie de Deus a igreja crê. Muitos, na verdade, sentindo náusea. Jovens evangélicos em crise com seus pastores e igrejas.
A questão não é política, mas sim teológica. Uma opção foi feita, que lançou a credibilidade da igreja no lixo. O evangelho foi trivializado.
Antônio Carlos da Costa é teólogo, jurista e fundador da ONG Rio de Paz (texto extraído da página do autor) https://www.facebook.com/jornalistaslivres/videos/736857489992617/