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Negras Marços Negras: Os Ecos do 08 de Março!

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Mais, um 08  de Março, dia Internacional da Mulher, para mulheres negras, indígenas,  esta data vem marcar mais uma vez a importância da resistência e a contínua reexistencia de mulheres negras, indígenas e pobres. 

Para nós mulheres negras, é a importância de mais uma vez, reconfigurar o espaço de reconhecimento das mulheres negras na sociedade brasileira, que sempre foi para mulheres indígenas e negras um grande desafio. 

Reconfigurar, o espaço tem sido um desafio importante, principalmente no que se refere a políticas públicas no Brasil. Ainda que, por mais e denunciem as práticas do racismo, machismo, sexismos, tais políticas públicas após a Constituinte de 1988, mesmo após, inúmeras conferências nacionais das mulheres, ainda, não houve a sensibilidade necessária, para que sejam implantadas distintas políticas públicas, que atendam as necessidades das meninas e mulheres negras e indígenas.

Estamos vivendo, os retrocessos, é importante destacar alguns aspectos dentre as quais, a necessidade de romper com a extrema desigualdade econômica e social provocadas pela escravidão, que marcou e marca a  nossa história enquanto mulheres negras, jovens negras, meninas negras, a necessidade de “reparações” para os descendentes das vítimas da maior tragédia contra a dignidade humana que foi a “escravidão”.

 Entre uma das formas, de se reparar os impactos nefastos deste processo que perdurou por 300 anos e desumanizou, homens mulheres, meninas e crianças, urge, a necessidade de implementar políticas públicas, que sejam significativas  na vida das mulheres negras, pois t torna-se fundamenta, principalmente nos âmbitos da moradia, saúde, educação, trabalho.

As mulheres negras e as mulheres indígenas, elevaram sua participação em todos os setores; procuram intervir mais intensamente na implementação de políticas de acesso à educação, em especial à educação superior as mulheres negras ganham cada vez mais espaços, principalmente quando tem a oportunidade de realizar programas de qualificação profissional;  e as mulheres das regiões rurais, quilombolas, quanto tem a oportunidade da ampliação do crédito para a produção agrícola.

Para mulheres negras, o grande desafio, é o rompimento do racismo estrutural, que se perpetua com a violência do estado, com intervenções truculentas na periferia, para mulheres negras, romper com  a desigualdade de gênero no Brasil, também, significa romper, de forma simultânea, a desigualdade racial.

Vivemos, a insustentável, persistência da defasagem salarial entre mulheres brancas, e homens brancos,  ainda as mulheres negras, não ocupam locais de visibilidade nas grandes empresas, nos bancos, não são gerentes, as grandes empresas, impedem de forma, sutil porém eficaz, a ascensão de mulheres negras, a cargos de destaque.

Cada vez mais, fica demonstrado  que é indispensável aprofundar as políticas de promoção das mulheres negra  no mundo do trabalho; é fundamental estimular mudanças nos padrões tradicionais de critérios para ocupação de cargos, onde o racismo estrutural encontram se presença.

Ainda temos que aprofundar a discussão e eliminar a sobrecarga das mulheres negras, com as responsabilidades cotidianas e familiares urge promover a efetivação   com relação às trabalhadoras domésticas, bem como fortalecer a ruptura com as relações de discriminação preconceito, contra mulheres lésbicas, trans em diversos espaços.

Feminicídio nosso de cada dia.

Ainda, é fundamental, discutir políticas de enfrentamento à violência contra as mulheres principalmente mulheres negras e jovens,  uma vez que a cor da pele, além de serem solenemente huipersexualizadas, o fato de ser mulher e negra.

Primeiro, cabe lembrar do processo histórico em que se construiu o Brasil, após a invasão insisto sempre neste processo histórico, pois considero crucial para analisarmos o que estamos vivendo quando falamos de feminicídio.  Quando falamos de Violência Contra as Mulheres, temos que lembrar, que as mulheres indígenas foram as primeiras que tiveram contato com a brutalidade do colonizador, seu corpo foi vilipendiado na sua essência, seguido de práticas de torturas, maus tratos e morte.

Assim, uma das formas mais contundentes de violência no Brasil foi o processo da escravidão o marco em que os corpos são “cargas, mercadorias”. Mulheres africanas foram seviciadas, torturadas, estupradas e também mortas, bico de seios, extirpados, olhos, dentes, dedos amputados, grilhões no pescoço máscara de ferro presa ao rosto, fome, chicotadas… o ritual de dor como forma de disciplinar corpos insurgentes…

Ou seja, a violência extrema sempre fez parte do cotidiano das mulheres negras . A perversidade do racismo e suas manifestações, profundamente enraizado e estruturante da sociedade brasileira, produz extremas e persistentes desigualdades.

Também devemos considerar que o mercado da violência cresce quando cresce o desemprego e a exclusão social, cultural e racial. As mulheres negras, base da pirâmide social, maioria entre os mais pobres e miseráveis, maioria entre desempregados, a quem se pagam os mais baixos salários, estas morrem mais, são assassinadas por homens doentes, que ao longo de sua vida nada tiveram além de uma família (ou expectativa de constituí-la) e, com o rompimento do relacionamento, perdem a posse sobre elas e matam.

Mas, essas mortes de mulheres demonstraram que estamos diante de uma sociedade violenta e também doente, em que os homens precisam ser tratados. Acredito que os dados oficiais apontam para um problema de saúde pública gravíssimo.

 Muitos homens se encontram sem lugar na sociedade brasileira, sem função, muitos se consideram despossuídos do papel de provedor.  Não atendem às necessidades impostas pelo patriarcado machista e sexista.

A forma que encontram de se afirmar é a de eliminar as companheiras, que são vistas como concorrentes, mesmo após o término do relacionamento.

 Mata-se em nome da manutenção de algum poder, sobre a vida e a morte das mulheres.

Trata-se de uma epidemia, e um dos meios de contágio é a voz pública que governa o país. A voz que legitima e enaltece assassinatos como a “eliminação de baratas”.

 A voz que estimula o extermínio, que propagandeia o resgate do patriarcado ameaçado por uma suposta “inversão de valores” que deve ser combatida com firmeza e intransigência. E essa voz se alastra pelos canais de comunicação com incrível capilaridade.

É por isso que, entre outros fatores a serem analisados, compreender as engrenagens da espetacularização da violência é fundamental.

Esse fenômeno nos meios de comunicação, a busca da audiência a qualquer custo, ainda que sobre o desrespeito ao luto das famílias, tem sido um absoluto desserviço e ecoa a voz patriarcal que governa.

As mulheres temem, temem pela vida e são assassinadas. Então, elas continuam expostas por mais sete dias nos programas jornalecos em busca de audiência. Pouco tempo depois, o que temos? Mais uma mulher assassinada nos mesmo moldes.

Cabe destacar que se for definitivamente aprovada  a liberação de posse de armas de fogo, supostamente para legítima defesa, ocorrerá um outro grave problema para as mulheres, principalmente para as mulheres negras, pois mesmo que seja provado o uso para a “suposta defesa”  poderá ocorrer o risco de ser vinculada o uso da sua armar a associação ao tráfico de drogas, destaco ainda que o comércio de armas de fogo é o segundo mercado mais lucrativo do mundo, depois do petróleo. Sem contar que as mulheres que trabalham e estudam não terão tempo suficiente para realizarem as aulas de tiro necessárias.

Fortalecimento Organização e Reconhecimento

E  fundamental o fortalecimento e organização das mulheres negras,  principalmente no que se refere no enfrentamento à violência urbana e doméstica,  é necessário buscar e criar ampliar , redes de serviços de atenção e prevenção, a violência contra mulher, também na esfera institucional, me refiro a mulheres que encontram-se  nas prisões vítimas da Tortura e Maus Tratos e o Racismo Institucional, principalmente no processo da seletividade do sistema de justiça, onde a cor da pele é um definidor entre a inocência e a culpa.

            O mesmo quadro se apresenta no que se refere às jovens adolescentes em cumprimento de medidas sócio educativas, na sua maioria negra, onde muitas vezes o Pai está preso, irmãos, mães encontram-se presas. Recaindo sobre a avó, tias, os cuidados, em geral são mulheres que são chefes de família, com inúmeras necessidades, em geral sendo expostas a violência urbana.

A necessidade de se realizar mudanças profundas, sabemos que nos últimos quinze anos, foi fortalecido o protagonismo das mulheres negras,   onde o principal ponto de pauta das mulheres negras, foi a exigência de romper com as desigualdades e a discriminação contra as mulheres negras lesbicas trans, o preconceito e a discriminação é  que é marca a sociedade brasileira.

Se faz mais que necessário, um olhar abrangente de gerações, voltado também para as mulheres negras com idade avançada, já  idosas, o reconhecimento de mulheres negras que fizeram a diferença no movimento de mulheres negras contemporâneo, buscando a reinvenção de caminhos, principalmente para as jovens mulheres negras , ativistas ou não, porém, que  abraçam as ideias do feminismo negro, pela igualdade, entre mulheres e homens, pela liberdade e autonomia na vida cotidiana e o enfrentamento ao racismo.

As mulheres das zonas rurais, ribeirinhas, quilombolas, quebradeiras de coco trabalhadoras de diversas categorias nas zonas rurais,  são estas, estas mulheres, dos mais longínquos lugares que devemos valorizar, seus saberes, vivências, escrevivências, que reconstroem, a todo o momento os caminhos para romperem com a violência estrutural do racismo e a discriminação.   Reconhecer o papel das mulheres quilombolas, benzedeiras, mães de santo, que formam um grande

A Intolerância Religiosa  Guardiãs do Sagrado!

Estamos acompanhando o desenvolvimento da perseguição às religiões de matrizes africanas, a intolerância religiosa contra seguidores de religiões de matriz africana está imbricadamente atrelada a discriminação e ao  racismo, são os desdobramentos de relações sócio históricas do Brasil, que se transformam-se a todo tempo, através do avanço do movimento neopentecostal nas últimas décadas. 

As mulheres negras, lutam incansavelmente contra a prática da intolerância com um poder ideológico similar aos tempos coloniais, que na época os colonizadores vinham com a Espada, chicote e a bíblia, atualmente chegam, com o Fuzil, e a bíblia, em nome de “Deus” invadem e destroem os terreiros de Matriz Africana  é a herança dos primeiros séculos de formação do país.

A intolerância religiosa, está  se fortalecendo é velada, sob a manutenção da ordem social.

Mulheres Negras entre o Asfalto a Floresta,

São inúmeras mulheres negras, envolvidas em diversos movimentos e organizações sociais, tais como, domésticas, operárias, professoras, bancárias, comerciárias, funcionárias públicas de diversas áreas, estudantes, sindicalistas, estudantes, negras feministas.

 Inúmeras, que deram e dão um demonstração diária em busca da unidade na luta contra a opressão patriarcal , buscando a  superação várias formas o combate a discriminação, propondo uma da plataforma política das mulheres negras.

As mulheres negras, buscam  inserção nas redes da vida cotidiana de diferentes segmentos sociais, buscam  a representatividade, pluralidade, diversidade de mulheres negras de realidades diversas, voltada a uma convergência que garanta a justiça, autonomia, igualdade e liberdade, um marco na história de luta contra a desigualdades desta e de futuras gerações.

As mulheres negras buscam, e lutam pela manutenção da, terra, água, trabalho, renda, educação não sexista,machista e racista, lutam pelo direito a saúde por direitos reprodutivos, buscam a autonomia econômica, poder, participação.

Mulheres Negras na política

As mulheres negras, estão cada vez mais buscando ocupar lutar no cenário político no Brasil, este ano teremos eleições municipais  para prefeitura e câmara dos vereadores, as mulheres negras, estão se organizando, buscando o enfrentamento a estrutura racista interna nos partidos, a busca com toda força de pressão contra o sistema institucional  bem como os padrões, dominantes, contrários aos princípios éticos que assegurem a participação das mulheres negras, na disputa eleitoral, as mulheres negras estão se organizando cada vez, mais, as candidaturas buscam,  também protestar, contra a fome, a pobreza e todas as formas de violência, exploração, discriminação e dominação, e o extermínio da juventude negra

.  As mulheres negras, candidatas a vereadores e prefeita em 2020, estas mulheres, buscam, o fim da injustiça, lutam contra o padrão socioeconômico que encontra-se enraizada na estrutura político-econômica da sociedade brasileira, que está arraigada em  padrões sociais de representação política, sempre branca, classe média, constituída por “bem nascidos”, que se materializa e corporifica, o racismo e a discriminação um modelo capitalista e patriarcal.

Mulheres Negras no Cenário da Necropolítica.

 

A política em curso que tem como público alvo a juventude negra, não se reduz apenas, em tirar vidas, ela é potencializada com a falta de políticas públicas voltadas para a população negra, que atingem preferencialmente as mulheres negras e suas famílias.  Nestes meses de Janeiro, Fevereiro encontrando-se com as águas de Março, as chuvas torrenciais, provocaram inundações, enchentes, desmoronamentos de terras, soterram destruíram inúmeras famílias negras, destruindo suas residências, principalmente nos Estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo. 

Não é o primeiro verão e nem o último que as chuvas chegaram com força, devido as alterações climáticas, as chuvas vieram com força, a natureza se rebelou.   Por outro lado, a ausência de política públicas voltadas para a moradia, está cada vez mais escassa. As famílias negras, estão com poucos espaços adequados para morar, e condições financeiras dignas para alugar ou comprar um imóvel em áreas seguras.

O fato de ocorre há mais de um século,   a desordenada ocupação de áreas de risco, as pessoas acabam  construindo casas em locais inadequados, pela ausência de programas de casas populares, tendo como público alvo, a população negra, em destaque  voltada para mulheres, chefes de família e vítimas de violência doméstica. 

A não opção por local de moradia seguro, tem levado, inúmeras famílias negras, como ao longo da história pós abolição, se instalarem em áreas de risco. Estas famílias, quando são chefiadas por mulheres, parte de seus membros, encontra-se desempregada ou ficaram a pouco tempo desempregado, tendo muitas vezes que se mudar para outra região, construir, seu “barraco” muitas vezes embaixo das encostas, próximo aos rios, muitas vezes com pouco ou nenhum espaço, expostos a riscos de desastres ambientais e vivem em situação de vulnerabilidade, onde o fator “risco” está entre viver ou viver. Vivem, em total situação de precariedade principalmente no que se refere ao mercado de trabalho onde muitas vivem da informalidade.

 Observamos a interferência direta, de ações como desmatamento, mineração, ocupações de planícies e costeiras, instalação de indústria, extração de minérios,  a interferência sobre o solos.

 Observamos por parte dos grandes conglomerados de empresas, indústrias mineradoras, ausência de fiscalização, incluindo a capacidade do governo local, promover   desapropriação de áreas para a construção de casas populares em áreas seguras. Vimos, deslizamentos e famílias, negras, destruídas, com a perda de entes queridos.  Estamos vivenciando a escolha da política pública mais perversa para a população negra, opção feita pelos gestores públicos, que definem o ato de escolher quem vive e quem morre, a sentença decretada por ser negro e pobres.

As chuvas, trazem impactos terríveis principalmente para as famílias, que perderam tudo, ou melhor nada nunca tiveram, encontrando-se em situação vulnerável, do que nunca abrigadas em escolas, dependo da solidariedade alheia.

Afirmo que a política de Extermínio não se reduz apenas, a violência de estado, a esta população se perpetuar, na política nacional de saúde, para população negra, que já possui 10 anos e não é uma realidade para a população negra, na área de saúde pública.

Vivemos uma política de morte, está lenta gradual e segura,  doenças como anemia falciforme, diabetes tipo II, câncer do útero, estabelece, a relação em que vive as mulheres negras, expostas,  a política pública conhecida, para a população negra, pobre, que vive na periferia da constituição federal, são as inserções policiais, nas vielas, conjuntos habitacionais, morros, favelas, que vivem em condições precarizadas, locais sem saneamento básico, transporte, escolas equipadas, postos de saúdes.

Assim vivem inúmeras mulheres negras, vivenciando o espetáculo de morte, da separação dos filhos ,e entes queridos, o mesmo cruel processo dos tempos da escravidão,  vivem em condições, que se materializa a política pública que define quem e como vivem, quem deve viver quem deve morrer.  

As mulheres negras, vivenciam a violência obstétrica, a morte o feminicídio nosso de cada dia,  são vários os mecanismos de extermínio em curso para as mulheres negras, são aperfeiçoados na atualidade, reforçados, pelos meios de comunicação.  A micropolítica em curso. As mulheres negras, estão se organizando cada vez para definir, nas urnas, um futuro digno para que possam viver e existir em plenitude.

Nota: Matéria originalmente publicada no Jornal Empoderado e reproduzida na íntegra aqui. Boa leitura.

Deise Benedito é Graduada em Direito, Especialista em Relações de Gênero Raça Direitos Humanos Segurança Pública e Sistema Prisional – Ex- Perita do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate a Tortura. Mestre em Direito e Criminologia- UnB

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Nota da ABI – Bolsonaro mente na ONU e envergonha o Brasil

No seu discurso na manhã desta terça-feira na Assembléia Geral das Nações Unidas, o presidente Jair Bolsonaro contribuiu para que o Brasil caminhe para se tornar um pária internacional.

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No seu discurso na manhã desta terça-feira na Assembléia Geral das Nações Unidas, o presidente Jair Bolsonaro contribuiu para que o Brasil caminhe para se tornar um pária internacional.
Sem qualquer compromisso com a verdade, o presidente afirmou que seu governo pagou um auxílio emergencial no valor de mil dólares para 65 milhões de brasileiros carentes, durante a pandemia. O auxílio foi de 600 reais.
Bolsonaro mentiu
O presidente responsabilizou, ainda, índios e caboclos pelos incêndios na Amazônia e no Pantanal, que alcançam níveis nunca antes vistos no País. Todas as investigações, inclusive de órgãos oficiais, indicam que fazendeiros estão na origem das queimadas.
Como se vê, de novo Bolsonaro mentiu.
O presidente transferiu a responsabilidade para governadores e prefeitos pelos quase 140 mil mortos vítimas do coronavírus. Todo o país é testemunha de sua leviandade, ao classificar a pandemia de “gripezinha” e ir na contramão dos procedimentos defendidos pelas autoridades de Saúde.
Assim, mais uma vez Bolsonaro mentiu.
A ABI, com a autoridade de seus 112 anos de existência em defesa da democracia, dos direitos humanos e da soberania nacional, repudia esse comportamento que vem se tornando recorrente e conclama o povo brasileiro a não aceitar o verdadeiro retrocesso civilizatório que o governo está impondo ao País.
Paulo Jeronimo – Presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI)

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Sem papas na língua. Juliano Medeiros no Dialogando de hoje

Quais interesses políticos estão por detrás da próxima disputa eleitoral? Tudo isso e um pouco mais, sem papas na língua, como diz o Pastor Fábio. Vem!

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Quais interesses políticos estão por detrás da próxima disputa eleitoral? No Programa Dialogando desse domingo (26/07), 18h, o Pastor Fábio recebe Juliano Medeiros, presidente do PSOL para um papo sobre eleições e aprendizados da pandemia que passa por uma das fases mais críticas do momento, onde prefeituras e governos de vários Estados do país programam reabertura de mais uma parcela considerável de setores, enquanto isso, a mídia normaliza as curvas ascendentes do número de infectados pelo Coronavírus.

Outra pergunta que precisa ser respondida é qual é o sentido das eleições serem realizadas ainda neste ano? Quais interesses políticos estão por detrás da próxima disputa eleitoral? Tudo isso e um pouco mais, sem papas na língua, como diz o Pastor Fábio. Vem!

Assista, compartilhe. comente e mande perguntas no Facebook.

Juliano Medeiros é um jovem dirigente político da esquerda brasileira e desde janeiro de 2018 ocupa a presidência do Partido Socialismo e Liberdade. Historiador e Mestre em História pela Universidade de Brasília, é Doutor em Ciências Políticas pela mesma instituição.

Co-autor e organizador de Um Mundo a Ganhar e Outros Ensaios (Multifoco, 2013), Um Partido Necessário – 10 anos do PSOL (Fundação Lauro Campos, 2015) e Cinco Mil Dias: o Brasil na era do lulismo (Boitempo, 2017), colabora com sites, jornais e revistas no Brasil e exterior.[2]

Em 2018 coordenou a campanha de Guilherme Boulos à Presidência da República pelo PSOL[3] e, no segundo turno, após decisão do partido, passou a integrar a coordenação da campanha de Fernando Haddad[4]. Desde a vitória de Jair Bolsonaro, participa do Fórum dos Presidentes de Partidos de Oposição[5].

Durante mais de uma década Juliano Medeiros foi dirigente da corrente interna Ação Popular Socialista – Corrente Comunista do PSOL. Em Junho de 2019, a APS-CC se fundiu com o Coletivo Rosa Zumbi e mais oito coletivos regionais para fundar a Primavera Socialista, atualmente maior tendência do PSOL, da qual Juliano também é dirigente.[6]

Fábio Bezerril Cardoso é Pastor, cientista social, ativista social e Cofundador & Coordenador da Escola Comum e atualmente apresenta o Programa Dialogando, todos os domingos, às 18h. É um dos pastores progressistas que têm lutado pela defesa dos povos periféricos e costuma não ter papas na língua para falar sobre a realidade desses lugares. A produção é de Katia Passos, com arte de Sato do Brasil.

Conheça mais sobre a atuação do Pastor Fábio https://www.facebook.com/fabio.bezerrilhttps://www.facebook.com/fabio.bezerril

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Hilário Ab Reta Awe Predzaw e a história de um povo, historicamente, moído pelo ódio ou indiferença

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Por Diane Valdez, professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Goiás, militante do Movimento de Meninos(as) de Rua e Comitê de Direitos Humanos Dom Tomás Balduíno

 

 

Hilário Ab Reta Awe Predzaw, 43 anos, morador da Aldeia Xavante N. S. de Guadalupe, em Barra do Garças, Mato Grosso, morreu na madrugada de 18 de junho de 2020, vítima do descaso governamental que permitiu a chegada do Coronavírus em sua comunidade. Era aluno do 5º período do curso de Pedagogia da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Goiás. Sua tia morreu há pouco mais de uma semana vítima do mesmo descaso, a mãe e seus dois irmãos, seguem contaminado pelo vírus, assim como outros Xavantes e outras pessoas de etnias indígenas de todo o Brasil.

Hilário entrou na UFG, pelo sistema de cota para indígenas, no ano de 2018. Chegou com o já conhecido atraso histórico de acesso dos povos originários no ensino superior, ainda que a UFG seja uma das universidades públicas que tem buscado cumprir com o direito de povos indígenas ao ensino universal, o acesso e a permanência ainda sofrem de fragilidade.

A trajetória de Hilário, na UFG, não se limitou às dificuldades ocasionadas pela pobreza, como muitos de nossas/os alunas/os enfrentam. A academia era um outro mundo, distante de sua comunidade, não só em quilômetros, como também em movimentos culturais, sociais e políticos. Talvez essa distância, o fazia um aluno reservado e observador, sem abrir mão da seriedade e interesse pelo conhecimento.

Era umas das lideranças de seu povo, portanto, sabia da responsabilidade que assumia frente a comunidade, ele seria um professor, um educador de seu chão, de sua gente. Hilário trabalhava em uma escola, com o formato de um Tatu Bola, na sua aldeia, trabalhava na área de serviços gerais, em breve voltaria como Professor!

No primeiro ano de curso, Hilário, na desconfiança de seu silêncio indígena, que não significava submissão, tentava se inserir no mundo acadêmico. Veio um tempo, que largou tudo e voltou para a aldeia, não por opção dele, mas por opção deste desgoverno que é incansável na destruição de direitos dos povos originários.

O Ministério da Educação e Cultura, suspendeu todas as bolsas de permanência para a população indígena e quilombola. Um grupo de alunas e professoras se juntaram, arrecadaram dinheiro e o trouxeram de volta para a Faculdade. Foi feita uma mobilização de docentes e discentes sensibilizados e a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis da UFG, cumprindo seu importante papel, disponibilizou uma bolsa e outros auxílios emergenciais.

Nessa ocasião, quando perguntado sobre o porquê de não falar nada dos problemas para colegas, e voltar para sua comunidade, Hilário disse que achava que ninguém sentiria falta dele.

No segundo ano, trouxe seu curumim para estudar em Goiânia, começou a trabalhar como intérprete na escola, acompanhando seu filho na dificuldade com a lingua. Era visível seu orgulho de exercer a função de intérprete. Lutou e enfrentou as diferenças que separavam as culturas e, como muitos, guerreou como seus ancestrais, para não perder seu lugar de legítima conquista.

No início da Pandemia, que começou junto com o semestre letivo, Hilário resistiu em voltar para sua comunidade, tinha medo das aulas retornarem e ele não estar presente na Faculdade, isso aponta o lugar que a UFG ocupava em sua vida. Quando percebeu que seu povo não estava acreditando na letalidade do vírus, retornou para alertar todos sobre o perigo. A UFG, cumprindo seu papel de instituição pública, providenciou o transporte para seu retorno no Mato Grosso.

Em maio, informou para duas amigas, que sua comunidade precisava de cobertores, pois fazia muito frio, e seu povo estava adoecendo. Elas mobilizaram, imediatamente, uma Vakinha On Line, onde arrecadou-se pouco mais de três mil reais, no entanto, como o total da arrecadação demora para ser liberado, emprestaram dinheiro e compraram os cobertores de forma mais hábil, enviando-os dia seguinte.

Os sintomas que atingia a comunidade, febre, falta de ar etc. já indicavam que era Coronavírus, no entanto, isso não foi motivo de interesse governamental, que poderia ter evitado o alastramento do vírus.

Ao apresentar os sintomas da doença, Hilário mostrou-se resistente em ir para o hospital, tinha dificuldade de aceitar o tratamento “dos brancos”. Acreditava nos rituais de seu povo, no tratamento natural que conhecia há tempos. Por outro lado, a histórica resistência dele, fazia todo sentido, pois sabemos como os povos indígenas são tratados neste país tão indígena que não se reconhece como indígena. Foi convencido a ir para o hospital e, na última conversa com as amigas em chamada por vídeo, estava muito escuro, e a família arrumou uma lanterna para as meninas verem o rosto dele, que disse para elas, em lágrimas, que estava somente suado, quando perguntado se estava com medo, disse que sim, que estava com muito medo…

A ida para o hospital foi acompanhado de longe pelas amigas, falavam sempre com a Assistente Social que afirmava que Hilário estava se recuperando, que receberia alta a qualquer momento. Nessa madrugada, ao pedirem informações sobre o amigo no hospital, alguém disse que alguém havia morrido, mas não sabia o nome. O nome de mais um número morto é Hilário Ab Reta Awe Predzaw, que deixou a mulher, filhos e todo seu povo Xavante.

O acesso dos povos indígenas ao ensino superior é recente, no entanto, é marcado por extrema coragem e resistência, pois o mundo acadêmico não é de todo um espaço acolhedor. Ainda que a dureza prevaleça na universidade, Hilário encontrou solidariedade e amizade na Faculdade de Educação, ainda que não seja uma solidariedade coletiva, foi construído uma rede de apoio, tanto de alunas/os, como também de docentes, isso pode ter aliviado sua dura estrada longe de seu chão.

Hilário não morreu porque “chegou a hora dele”, morreu por não ter o direito de ser mais um indígena, digno de necessários cuidados. Hilário, era um homem parte do “povo indígena”, um povo invisibilizado, injustiçado, espezinhado, humilhado e, odiado por este desgoverno.

Um povo com suas terras ameaçadas e roubadas pelo latifúndio, mortos por pistoleiros do agronegócio, ironizado e menosprezado por representantes deste desgoverno, ignorado por gente nativa que se acha descendente de europeus, machucados por todos que acham que universidade não é lugar de indígenas.

Não sei falar de fé, nem de ‘destino’, nem de coragem para aliviar o cansaço de um tempo incansavelmente dolorido. Ironicamente, para não dizer, funestamente, o tal ministro da educação, que afirmou odiar a expressão “povos indígenas”, ampliando seu descaso com a educação, revogou hoje [H OJ E], (19/06) a portaria assinada pelo ex-ministro de educação, Aluísio Mercadante, que estabelecia a política de cotas para negros, indígenas e pessoas com deficiência em cursos de pós-graduação. Hilário, estaria fora da pós-graduação, se dependesse deste ser desumano.

Quando lanternas começaram a iluminar caminhos de direitos para esta população, no interior de nossas universidades públicas, ainda que timidamente, um furacão de perversidade em formato de governo, dá pontapés e pisa, moendo, as possibilidades de justiça. Feito bandeirantes, grupos genocidas a frente das decisões da nação, estimulam a morte em todos os formatos. Deixar que o coronavírus atue, sem controle, é a proposta de morte atual para os povos originários.

Como Hilário, temos medo, muito medo, mas agarremos as lanternas, e assumimos nosso lugar na defesa dos povos indígenas, não os condenando a escuridão, como muitos fazem.

Hilário Ab Reta Awe Predzaw presente!

Este texto foi escrito com informações coletadas com as alunas, companheiras de Hilário, da turma do quinto período de Pedagogia da Faculdade de Educação/UFG, Dorany Mendes Rosa e Raysa Carvalho.

A elas e a toda turma, meu carinho e solidariedade.

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