Familiares de mortos e desaparecidos divulgam Carta de Brasília

Após encontro histórico que durou dois dias em Brasília, familiares de 72 pessoas mortas e desaparecidas políticas, reunidos com membros e colaboradores da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP) divulgaram uma carta pública  em que reiteram seus compromissos com a luta por verdade e justiça.
Durante o evento, os participantes manifestaram preocupação com a continuidade dos trabalhos  e os avanços conquistados pela Comissão desde que foi criada, ainda no governo Fernando Henrique, em 1995.
O encontro que reuniu mais de 130 familiares, foi promovido pelo CEMDP com o apoio  parceria do Ministério dos Direitos Humanos (MDH), a Prefeitura de São Paulo, a Procuradoria dos Direitos do Cidadão (PFDC) e a Escola Superior do Ministério Público da União (ESMPU).
Entre as atividades que aconteceram nos últimos dias 3 e 4, o Grupo de Trabalho do Cemitério de Perus informou em primeira mão a identificação do corpo do bancário Aluízio Palhano Pedreira Ferreira assassinado pela Ditadura entre as mais de mil ossadas encontradas na vala clandestina descoberta na cidade de São Paulo.
Palhano era sindicalista e militante da Vanguarda Popular Revolucionária e estava desaparecido desde 1971. (Leia mais aqui: https://jornalistaslivres.org/bancario-assassinado-na-ditadura-e-identificado-na-vala-de-perus/ )
                                      CARTA DE BRASÍLIA
Nós, familiares de pessoas mortas e desaparecidas vítimas da
repressão política da ditadura militar brasileira (1964/1985), presentes
no I Encontro Nacional de Familiares promovido em Brasília – DF, pela
Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP)
instituída pela Lei 9.140/95, reunidos com membros e colaboradores/as
dessa Comissão, nos dias 03 e 04 de dezembro de 2018, vimos a público:
– REITERAR o nosso direito inalienável de conhecer as circunstâncias de
desaparecimento e morte de nossos entes queridos e de receber os restos
mortais que ainda não foram localizados para sepultamento digno;
– REIVINDICAR a efetiva implementação das 29 (vinte e nove)
recomendações do Relatório Final da Comissão Nacional da Verdade,
publicado em 10 de dezembro de 2014;
– REAFIRMAR a necessidade de preservação de todos os arquivos
relativos ao período da ditadura militar, bem como a reconstituição de
autos e de procedimentos eventualmente destruídos ou, de qualquer
modo, extraviados;
– DEMANDAR políticas públicas de implementação e manutenção de
espaços e marcos de memória relativos às ações de repressão da ditadura
militar e de resistência à violência e ao arbítrio daquele período;
– DEFENDER, de maneira intransigente, a continuidade dos trabalhos
em termos plenos e a autonomia da Comissão Especial sobre Mortos e
Desaparecidos Políticos;
– REQUERER a realização anual, a partir de 2019, de encontros nacionais
de familiares nos moldes do presente evento.
Nesses termos, reafirmamos o compromisso com a luta de nossos
antepassados pela defesa da justiça social, da liberdade e da democracia.
Brasília, 4 de dezembro de 2018. 

 

COMENTÁRIOS

Uma resposta

  1. Comissão de qual “verdade”?É os crimes dos comunistas também serão expostos?Sou pela segregação. ..deveriam haver dois Brasil. ..um para a esquerda e outro para a direita. O problema é que como nas Alemanha da guerra fria milhares de pessoas da esquerda estariam fugindo para a direita e dificilmente ao contrário. Exemplo de Cuba…

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