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Categoria: Negras e Negros

  • ELISA LUCINDA: A mão que balança o berço

    ELISA LUCINDA: A mão que balança o berço

    Aprendizado na natureza: Kaianaku dos Kamaiurá ensina sua neta a alimentar o pássaro. 📷 @callanga, Xingu, 26/10/2016
    Aprendizado na natureza: Kaianaku dos Kamaiurá ensina sua neta a alimentar o pássaro. 📷 @callanga, Xingu, 26/10/2016

    Um passarinho vem cantar no meu ouvido. Logo logo fica claro que o que chamamos civilização caminha galopante em torno do dinheiro como maior significante de tudo. Este objeto, aquele, este pedaço de papel impresso capaz de justificar mortes, homicídios, separações, rupturas de sócios, fins de amizades, falcatruas, impedimentos de relações, e ainda determinar categorias, valores, qualidades e tipos de gente. Tal poder contaminou um tanto de cidadãos, outro de políticos, outro tanto do judiciário, a ponto de ir lá balangar pros lados do privilégio e da ganância a Balança tão bem quista da Justiça! Bem quista pelo imaginário dos românticos. Dos que se negam a reverenciar o dindin como poder superior aos seus criadores e acreditam numa justiça de Xangô, digamos, pura.

    O que o passarinho continuou a soprar-me com seu canto alegre e preciso era da ordem das riquezas que não têm valor aparente no rol das fortunas, mas que são outras qualidades delas. Hilda Hilst bradava em lírica profunda: “É de outro amarelo que vos falo.” isso pra se referir ao ouro que não vemos mas que é. Brilha. É raro. É jóia. É tesouro. A diferença é que não se compra, ninguém rouba e nenhum dinheiro no mundo sabe como ou onde encontrar. Seu caminho em mapas, assim, desses de filmes, não se encontra planejado. Creio que haja uma outra cartografia. Mas não de simples decifração ou leitura, nem é coisa da qual se pode ter, antes da prova, acesso ao gabarito. Não há caminho explícito descrito em receita.

    Por isso talvez eu venha insistindo tanto na necessidade de as crianças estarem em conexão com a NATUREZA o mais que puderem, brincando com folhas secas, sementes, terra, caroços, chuva, lama, praia, areia, concha, árvore, águas de rio, cachoeiras e, não lobotomizadas pelos tablets e celulares, antes mesmo de conhecerem uma árvore. Babando ali nas telas, sem se relacionar no mundo real, sem gastar energia física com a vida, tudo leva ao seu adoecimento repleto de doenças não-infantis. Se somos nós os adultos que lhes mostramos os primeiros elementos logo cedo, nós que lhes dizemos os nomes do que é estrela, planeta, água, estação, então segue sendo igualmente importante também aula de contato imediato com a lua e suas fases, com o ciclo dos alimentos e NATUREZA, a grande escritura da humanidade. Dos búzios ao I Ching, a mãe NATUREZA sempre foi e é referência. Fora dela nos fudemos. Não há outra palavra, “cara” leitora ou leitor. A NATUREZA é berço da humanidade. Ponto.

    O resultado desta grave enfermidade materialista consumista em detrimento do conhecimento de nosso planeta, é que, quando se propõe, por exemplo, um simples jogo de “amigo oculto” sem que seja com presente comprado, tem gente que se sente perdido, impedido de inventar no afeto. Funcionar nestes valores. “Era mais fácil comprar um”, dizem alguns. E olha que a brincadeira é valendo de um tudo: vale um passeio, uma comida, um batida de tarô, um cinema, um banho de rio, uma música, uma piada, uma parábola, uma filosofia, um poema, um verso, um beijo, um abraço demorado, um trecho de livro, uma folha, uma fruta, uma flor do pé. Sem a referência do dinheiro ficamos sem rumo. Que doido. Há inclusive os miseráveis de amor e ricos de dinheiro que não encontram outra graça neste viver. Pode ser por outros ouros nossa corrida. E mais devagar. Claro que há quem tenha dinheiro e dê também muito amor. Mas meu alerta é para quem relativizou o amor por dedicar ao dinheiro um lugar acima de tudo. Um lugar de Deus.

    O LINDO VALOR DA AMIZADE 

    Agora mesmo, perto do fim da gostosa temporada do “Parem de falar mal da rotina”, no teatro João Caetano no Rio, tive que cancelar a sessão, embora contrariada, porque passei mal grande parte do dia, só vomitando. Estava sozinha neste dia. Tudo ruim, ôca de tanto esvair-me em bílis. Estava fraca. Quando depois de falar com meu produtor, liguei pro Eduardo Brandão, meu fiel camareiro há dez anos, avisando que não haveria espetáculo, sua mãe resolveu, preparou e mandou por ele, uma panela de pressão quente, enrolada na toalha, contendo uma sensacional, completa e cheirosíssima canja de galinha! Veio do Méier pra Copacabana. Cheia de amor de mãe. Acolheu minha orfandade. Veio do Méier pra mim! Quantas vezes isso acontece numa vida hoje na cidade grande? Quando chegou, comecei a chorar. Era exuberante aquela beleza. Ardia nos olhos. Brilhava. Diamante, pedra preciosa, riqueza. Fortuna. Representava também o brilho das cooperações, do coletivo. Comi. O mensageiro do feitiço estava ao meu lado. Cuidando. Anjo. Fiquei boa na hora. Com a canja veio a saúde, voltou a força, bebi sua maternidade sobre mim. A saúde voltou. Fiquei de pé de novo. Janice, autora da obra culinária, cientista e alquimista da milagrosa mistura, me contou depois ao telefone as iluminuras que desejou pra mim enquanto preparava a poção com os temperos decisivos do lindo amor da amizade.

    Como são abstratos, é difícil achar uma balança de comprovação de peso, uma lupa que enxergue tais bens. Crianças tendem a encontrar essas fortunas naturalmente: “ô mamãnhê, guarda meu galhinho?” É bom que identifiquem essas “joias caras” da vida antes de conhecerem o dinheiro, enquanto são livres pra reconhecer grande valor num graveto. Mas, milhares de vezes, quem cuida delas as obriga a terem cofrinhos aos quatro anos e, o que é pior a quebrarem o porquinho lindo que guarda as moedas dentro. Mas o porquinho estava fazendo o papel do porco na brincadeira de fazendinha de animais de plástico e é muito bonitinho ele. É difícil querer quebrá-lo por motivo de moeda!!!! Por que será mais importante a moeda para o pequenino do que o bichinho que é também brinquedo? Por isso tem tanta importância o que pensa de tudo isso a mão que balança o berço. De quem é, e o que entende por riqueza?

    Senhoras e senhores, em meio a este tempo de festas de fim de ano, compartilho com todos a querida, Janice Pires que foi quem me mandou na sua amorosa canja uma deliciosa lição. Mãe de Geovana e do Eduardo, fez deles herdeiros de sua bondade. Bondade no coração. Aquela família tem berço. Berço não é sobrenome nem grana. Berço é afeto. Acho que, cantando na janela, assim, sem nada querer, foi isso que o bico de ouro deste passarinho Sanhaço veio me dizer.

    Leia outras colunas de Elisa Lucinda:

    ELISA LUCINDA – “SÓ DE SACANAGEM, VOU EXPLICAR: LULA É INOCENTE, LIMPO”

    ELISA LUCINDA: QUERO A HISTÓRIA DO MEU NOME

    ELISA LUCINDA: CERCADINHO DE PALAVRAS

    ELISA LUCINDA: QUERO MINHA POESIA

    Elisa Lucinda, verão de 2020

  • Família do Juiz que determinou prisão de brigadistas  já foi multada por crime ambiental

    Família do Juiz que determinou prisão de brigadistas já foi multada por crime ambiental

    Via De Olho nos Ruralistas

    Fica cada vez mais claro que a prisão dos brigadistas voluntários, acusados de terem iniciado os incêndios de setembro em Alter do Chão (Santarém-PA), foi política.

    Segundo apurou reportagem do De Olho nos Ruralistas, a família do Juiz Alexandre Rizzi, responsável por determinar a prisão de quatro jovens que, voluntariamente, combateram as intensas queimadas que acometeram Alter do Chão, faz parte do grupo de pessoas que têm interesse na destruição da Amazônia.

    As multas estão em nome da serraria Indústria e Comércio de Madeiras Rizzi, que pertence à família do Juiz. Os crimes aconteceram na década de 90. Como advogado, Alexandre Rizzi defendeu os interesses da serraria, em um processo de execução fiscal movido pela União.

     

    Saiba mais sobre o caso:

    Nota de esclarecimento sobre a prisão arbitrária de brigadistas de Alter do Chão

     

     

  • Para prefeito , grileiro e policial militar podem ter causado incêndio em Alter do Chão

    Para prefeito , grileiro e policial militar podem ter causado incêndio em Alter do Chão

    Em entrevista ao Brasil de Fato,  Nélio Aguiar (DEM), prefeito de Santarém,  diz que a região do Lago Verde, também conhecida como Capadócia, é alvo de grilagem há mais de uma década, e que a versão mais citada entre os moradores Alter do Chão é a de que o incêndio ocorrido em setembro teria sido causado pelo grileiro Silas da Silva Soares, que está foragido, e seu filho, que atua como policial militar.

    MPF-PA e PF investigam há meses a região, e até o momento não encontraram indícios do envolvimento de ONGs ou ambientalistas nos incêndios que ocorreram em setembro. Entenda o caso:

    No dia 26 de novembro, os brigadistas Daniel Gutierrez, Gustavo Fernandes, Marcelo Aron e João Victor Romano foram presos pela Polícia Civil do Pará, apontados como principais suspeitos de terem iniciado o fogo em Alter do Chão, com o objetivo de arrecadar fundos para a brigada voluntária em que eles atuam.  O caso teve repercussão mundial e após ser constatada a fragilidade das acusações da polícia, os brigadistas foram liberados no fim da tarde de 28 de novembro pelo mesmo juiz que havia autorizado as prisões, Alexandre Rossi.

    Após a repercussão do caso, o governador Helder Barbalho (MDB-PA) determinou a substituição  do delegado responsável.

    O grileiro Silas da Silva Soares e seu filho policial militar:

    “O Silas é pai de um militar. O filho dele é da Polícia Militar. Por isso que as pessoas comentavam que tinha policial envolvido. Ele [pai] sumiu de Santarém. Ninguém mais sabe o paradeiro dele. Ele é um foragido da Justiça, e ele que era o líder lá”, relata Aguiar. “As pessoas comentavam que o incêndio provavelmente era criminoso e que talvez ele, de onde ele estivesse foragido, pudesse ter ordenado, articulado algum tipo de ação ali para aumentar mais a venda de lotes próximo ao lago de Alter do Chão”, explicou o prefeito à reportagem do Brasil de Fato.

    Para o prefeito de Santarém, Silas teria ateado fogo em dois terrenos grilados por ele, para limpar a área, fazer loteamentos e vender.

    Entenda o caso em: https://www.brasildefato.com.br/2019/12/03/grileiro-e-filho-pm-causaram-incendio-atribuido-a-brigadistas-no-para-diz-prefeito/

     

  • URGENTE! Justiça do Pará determina a soltura dos brigadistas presos injustamente

    URGENTE! Justiça do Pará determina a soltura dos brigadistas presos injustamente

    Os 4 presos na Operação Fogo do Sairé na manhã de terça-feira (26) , devem deixar a Central de Triagem de Cucurunã ainda hoje (28). A decisão de soltar os voluntários, que haviam sido presos numa ação absurda da polícia civil, foi do Juiz Alexandre Rizzi, após grande mobilização nacional e internacional, e do requerimento do Ministério Público para ter acesso à todas as informações do inquérito. O MP, em nota publicada ontem (27), afirmou que a polícia federal vinha investigando o caso desde setembro, e que não havia encontrado indícios sobre o envolvimento dos brigadistas ou de ONGs.

     

    Veja vídeo do momento emocionante em que os brigadistas Daniel Gutierrez Govino, João Victor Pereira Romano, Gustavo de Almeida Fernandes, Marcelo Aron Cwerver reencontram familiares e amigos.

    Ninguém solta a mão de ninguém!

    https://www.facebook.com/jornalistaslivres/videos/1159284344277115/?eid=ARCMP0WGtpAI5QpqX2RaBlLqibJLgWe19pzH6vF615ehpGwswKtNOorIWzGrXyxwjrRpxLZp85Z5Y9Kl

     

    No entanto, nem todos os absurdos terminaram: os quatro brigadistas ainda seguem sobre investigação. Veja o despacho do Juiz Alexandre Rizzi:

    “Confrontando a necessidade da manutenção da prisão está também a informação de que os investigadores já foram ouvidos em sede administrativa, de forma que a autoridade policial não apresentou subsídios ou fatos novos que tornasse imprescindível a manutenção da custódia cautelar, além de terem sido atingidos os objetivos dessa parte investigação com a garantia da instrução criminal.

    Ademais, aliado a esse raciocínio, tem-se que as condições pessoais dos autuados, a princípio lhes são favoráveis e que possuem residência fixa e ocupação lícita, conforme os advogados de alguns deles demonstraram inicialmente por meio de documentação juntada aos autos.

    Diante desses argumentos trazidos a meu conhecimento, um novo cenário se apresenta, restando somente a gravidade abstrata dos delitos informados, de forma que realço o caráter rebus sic stantibus da prisão preventiva, investigados ex officio, o que desaparecendo as razões anteriores que levaram à decretação da prisão, a liberdade é medida que se impõe”, informou o magistrado no texto da decisão.

    Porém, o Juiz titular da 1ª Vara Criminal da Comarca de Santarém, aplicou medidas cautelares aos investigados:
    I – Comparecimento mensal neste juízo, para justificar suas atividades;

    II – Recolhimento em domicílio no período das 21h até 6h e nos dias em que não estiverem trabalhando;

    III – Proibição de se ausentarem da Comarca, sem autorização do juízo, por mais de 15(quinze) dias; e

    IV -0 Entrega na secretaria desse juízo, no prazo de 48 horas, dos passaportes.”

  • URGENTE: MPF no PA requisita inquérito que acusa brigadistas por incêndio em Alter do Chão

    URGENTE: MPF no PA requisita inquérito que acusa brigadistas por incêndio em Alter do Chão

    Os quatro brigadistas tiveram suas cabeças raspadas, e estão sendo tratados pela polícia civil e  pela justiça do Pará como condenados, apesar de estarem em prisão preventiva, numa investigação controversa e cheias de inconsistências. Os jovens também têm sido expostos na mídia tradicional que, como de praxe, não fez seu trabalho de apuração jornalística.

    Mas uma pequena luz se acende para um caso que, ao que tudo indica, se trata de mais uma armação político-judicial-policial para atacar ONGs, movimentos sociais e ambientalistas, prática que vem crescendo com o bolsonarismo.

    O Ministério Público do Pará enviou ofício, no final da tarde de hoje (27), à Polícia Civil do Pará, requisitando acesso integral ao inquérito que acusa brigadistas por incêndios florestais em área de proteção ambiental em Alter do Chão. Segundo o MPF-PA, a Polícia Federal vinha desde setembro investigando os incêndios ocorridos na região e, até o momento, não encontrou indícios do envolvimento de brigadistas ou de ONGs.

    Veja nota do MPF-PA:

    O Ministério Público Federal (MPF) em Santarém (PA) enviou ofício à Polícia Civil do Pará requisitando acesso integral ao inquérito que acusa brigadistas por incêndios florestais em área de proteção ambiental em Alter do Chão.
    Desde setembro, já estava em andamento na Polícia Federal um inquérito com o mesmo tema.  Na investigação federal, nenhum elemento apontava para a participação de brigadistas ou organizações da sociedade civil.
    Ao contrário, a linha das investigações federais, que vem sendo seguida desde 2015, aponta para o assédio de grileiros, ocupação desordenada e para a especulação imobiliária como causas da degradação ambiental em Alter.
    Por se tratar de um dos balneários mais famosos do país, a região é objeto de cobiça das indústrias turística e imobiliária e sofre pressão de invasores de terras públicas.
    Ministério Público Federal no Pará
    Assessoria de Comunicação
  • WWF e Anistia Internacional condenam ação em Santarém

    WWF e Anistia Internacional condenam ação em Santarém

    O WWF – Brasil (Ong internacional de proteção ambiental), por meio de nota manifestou sua indignação com a ação da Polícia em Santarém. Além de esclarecer com mais detalhes as suas contribuições aos Brigadistas de Alter no chão.

    A entidade esclarece que os envolvidos na investigação estão sendo perseguidos pelas crescentes denúncias que vem sendo feitas contra a grilagem de terras na região de Santarém. Leia a integra na nota mais abaixo.

    LEIA TAMBÉM

    Irmão de brigadista denuncia distorção da mídia

     

    Como atua a ONG Saúde e Alegria, acusada de envolvimento em incêndios florestais

     

     

    Delegado em Santarém tenta imitar a Operação Lava Jato

     

    Nota de esclarecimento da Brigada de Alter do Chão

    ANISTIA INTERNACIONAL APRESENTA DADOS

    Já a Anistia Internacional manifestou surpresa e pesar, pois quando apresentava o relatório que relacionada a questão dos Direitos Humanos com o desmatamento da Amazônia e o avnça da pecuária, foi surpreendida com a notícia. Jurema Werneck, diretora executiva da Anistia Internacional Brasil, afirmou:

    “É lamentável que, no mesmo dia em que trazemos à público uma investigação consistente, com análise de dados oficiais e informações públicas, evidências coletadas em campo e entrevistas com servidores públicos, lideranças indígenas e comunidades tradicionais, mostrando comprovadamente como a pecuária está por trás do desmatamento e das queimadas na Amazônia, acontecem prisões sem qualquer transparência ou informação oficial sobre procedimentos adotados pelas autoridades em relação aos acusados em Alter do Chão”

    MAIS EM: Nota da Anistia Internacional

     

    Integra da nota do WWF

    Alter do Chão: acusação sem provas é ataque à Constituição

     

    O WWF-Brasil vem a público manifestar sua indignação com a ação da Polícia Civil em Alter do Chão, no dia 26 de novembro de 2019 (terça-feira), quando foram feitas acusações infundadas contra organizações que apoiam o combate aos incêndios na região este ano. E com a manutenção da prisão preventiva de quatro brigadistas, que não foi relaxada na audiência de custódia que aconteceu na manhã de hoje, 27 de novembro (quarta-feira).

    A falta de clareza sobre as investigações, a falta de fundamento das alegações usadas e, por consequência, as dúvidas sobre o real embasamento jurídico dos procedimentos adotados pelas autoridades contra os acusados, incluindo a entrada e coleta de documentação nas sedes das organizações Projeto Saúde e Alegria e Instituto Aquífero Alter do Chão – onde funcionava a Brigada de Alter do Chão –, são extremamente preocupantes do ponto de vista da democracia e configuram claramente medidas abusivas.

    O Projeto Saúde e Alegria, juntamente com várias organizações da sociedade civil, denunciou os grileiros e os loteamentos que ameaçavam as áreas de proteção ambiental de Alter do Chão. Os integrantes da Brigada fizeram denúncias, levando informações para os investigadores, incluindo imagens de queimadas.

    A corrupção é e sempre foi uma das principais causas da destruição da Amazônia, das queimadas – grilagem para tomar terras, violência contra comunidades locais e povos indígenas, muitas atividades ilegais, roubo de madeira. O que se espera das diversas instâncias do governo é coragem de resolver o problema das queimadas e da especulação imobiliária na região de Alter do Chão.

    O WWF-Brasil repudia os ataques a seus parceiros e as mentiras envolvendo o seu nome, como a série de ataques em redes digitais com base em mentiras, como a compra de fotos vinculada a uma doação do ator Leonardo DiCaprio.

    Como o WWF-Brasil já informou em nota no dia 26 de novembro, não houve compra de imagens da Brigada Alter do Chão. O fornecimento de fotos por qualquer parceiro da organização é inerente à comprovação das ações realizadas, essencial à prestação de contas dos recursos recebidos e sua destinação no âmbito dos Contratos de Parceria Técnico-Financeira.

    O papel de organizações da sociedade civil como o WWF-Brasil é dar transparência a conflitos e soluções que apoiem o desenvolvimento sustentável do país, por meio de conteúdos como relatórios, registros fotográficos, pesquisas, estudos, infográficos e mapas. Também para este fim, em setembro deste ano, o WWF-Brasil realizou sobrevoo na Amazônia para captar imagens, posteriormente usadas para fins de comunicação e divulgadas à imprensa para mostrar a dimensão das queimadas.

    Nos momentos críticos de dramático avanço das chamas por toda a Amazônia, Cerrado e Pantanal, o WWF-Brasil concentrou seus esforços no apoio a entidades locais envolvidas no combate às chamas e defesa dos territórios indígenas e outras áreas protegidas. Todos os recursos recebidos numa rede de solidariedade global foram integralmente repassados a organizações locais.

    Entre os apoios realizados, há o valor de R$ 70.654,36 que foi repassado integralmente no Contrato de Parceria Técnico-Financeira com o Instituto Aquífero Alter do Chão a fim de viabilizar a pronta aquisição de equipamentos para equipar a Brigada, que foi selecionada porque tem atuado no apoio ao combate a incêndios florestais, em parceria com o Corpo de Bombeiros desde 2018.

    O referido contrato foi assinado em outubro de 2019 e possui vigência até março de 2020. A primeira prestação de contas com a apresentação de relatórios técnico e financeiro pelo Instituto Aquífero Alter do Chão está prevista para o próximo mês.

    O WWF-Brasil expressa sua confiança nesta organização, que tem colaborado desde o início das investigações policiais sobre a origem dos focos de incêndio em Alter do Chão, tendo sido ouvida pela Polícia Civil, e fornecendo informações e documentos às autoridades policiais de forma voluntária.

    MAIS EM:

    https://www.wwf.org.br/informacoes/noticias_meio_ambiente_e_natureza/?74262/Alter-do-Chao-acusacao-sem-provas-e-ataque-a-Constituicao