Por Liz Posner / AlterNet – tradução por César Locatelli
Se você está seguindo os acontecimentos com o Daily Stormer, você sabe que o site neonazista de “direita-alternativa” está em maus lençóis. Depois que Heather Heyer foi morta em um ataque terrorista doméstico, após a manifestação dos “supremacistas brancos” e após a revolta em Charlottesville durante o fim de semana, o Daily Stormer publicou um artigo venenoso que denuncia Heyer como uma “Vadia Gorda, Sem Filhos de 32 Anos”. A GoDaddy cancelou o nome de domínio do site e o Google também o puniu. Até aqui tudo bem, mas você pode não ter atentado para o enorme papel que teve o Facebook ajudando a viralizar essa matéria.
[N. do T. veja abaixo a cópia da tela do Daily Stormer]
Durante o fim de semana, o artigo estava entre os principais resultados nas buscas do Facebook na categoria “Notícias”, ganhando uma enorme número de compartilhamentos. Uma leitora relatou no Twitter que a peça havia sido compartilhada no Facebook 90 mil vezes a partir de segunda-feira à noite.
[N. do T. – Também se você está querendo saber como um lixo como o Daily Stormer é disseminado, essa história tem 65 mil compartilhamentos no @facebook e está listada em “Notícias”.]
O Daily Stormer é um site que se autoproclama “supremacista branco”, que rotineiramente alveja afro-americanos, judeus e árabes, promove o uso da hashtag #HitlerWasRight [#HitlerEstavaCerto] e endossa o uso da eugenia, entre inúmeras outras ofensas. É vil, extrapolando os sites Breitbart e Daily Caller [N. do T. sites de extrema direita].
Não é novidade que o algoritmo do Facebook tenha um enorme impacto nos leitores do Daily Stormer (e de todos os outros editores). Em 2016, Gizmodo informou que os curadores de Notícias do Facebook admitiram a supressão de histórias de direita, impactando muito o tráfego para esses sites. A plataforma de mídia social voltou a ser criticada por impulsionar notícias falsas durante as eleições de 2016 e, desde então, está em uma cruzada contra notícias falsas com a ajuda de organizações de verificação de fatos como Poynter e Snopes. Para reverter o dano que ajudou a causar, o Facebook agora está excluindo links para o artigo da Daily Stormer sobre Heather Heyer. Mas é muito pouco, muito tarde.
Sempre haverá pessoas maldosas e agressivas, como os escritores e editores do Daily Stormer, que converterão uma tragédia como Charlottesville em dinheiro. Mas, o perigo real reside no poder concentrado em veículos de mídia, como o Facebook, promovendo o trabalho dessas pessoas. Certamente, o site fez um trabalho muito melhor do que o Twitter ao obstruir o discurso de ódio na internet. Mas muitos milhares de leitores só encontraram aquela peça do Daily Stormer porque o Facebook automaticamente e inconscientemente caracterizou-a como “Notícia”.
Na mídia digital, onde as visualizações de páginas, mesmo das fontes mais odiosas, significam receitas publicitárias, o Daily Stormer provavelmente rirá todo o caminho até o banco. Ou seja, supondo que eles ainda tenham um site na próxima semana.
Liz Posner é editora associada da AlterNet. Seu artigo está em: http://www.alternet.org/media/facebook-gave-neo-nazi-website-huge-assist-spreading-hate-after-charlottesville
No segundo turno da última eleição presidencial, na fila de espera para votação, num bairro ocupado pela alta burguesia da cidade de São Paulo, ouvi rapazes galhofeiros afirmarem que, se Dilma Rousseff fosse reeleita, grupos organizados através das redes sociais a arrancariam à força do poder! Um ano e meio depois, sem precisar fazer uso da agressão física, mas não sem deixar de exibir a prepotência que lhes é peculiar, esses grupos contribuíram para a deposição da presidenta.
Poucos dias antes da votação, a revista “Veja”, publicada, excepcionalmente, numa sexta-feira, estampava na sua capa as imagens de Dilma e de Lula ao lado de uma manchete grafada em letras vermelhas: “Eles sabiam de tudo”. Tratava-se da acusação feita pelo doleiro Alberto Youssef para os promotores da Lava Jato. Colocava-se em prática a divulgação das delações premiadas para a grande imprensa, uma estratégia que o juiz Sérgio Moro, em seu artigo “Considerações sobre a operação Mani Pulite”, afirma ter sido fundamental nessa ação judiciária italiana de combate à corrupção.
Não me parece necessário repassar todos os fatos da recente história da política brasileira, porém, está claro que vários grupos organizados através das redes sociais, alguns deles, coordenados por jornalistas que atuam na grande imprensa, ganharam força com a divulgação dessas delações, a maior parte delas, fruto de vazamentos pontuais. Entre as estratégias para aumentar a popularidade, esses grupos insistiram, e ainda insistem, em apresentar Lula e o PT como únicos responsáveis, não só pela corrupção e pela crise econômica, mas por todo mal que possa existir nesse país.
Em resposta a essa campanha que uniu parte do judiciário, a grande imprensa, a burguesia e os partidos políticos conservadores, foram às ruas os movimentos sociais, as centrais sindicais, os artistas, os intelectuais e os estudantes, num primeiro momento, para lutar pela democracia; num segundo momento, para lutar pelos direitos trabalhistas ameaçados por aqueles que assumiram o governo federal após a deposição da presidenta.
Uma radical polarização das convicções passou a acirrar os ânimos dos brasileiros de todas as classes e idades. As redes sociais, ferramenta de comunicação e de circulação de opiniões que não existia na Itália no período da operação, funcionou como um eficiente meio de divulgação e de promoção das prisões coercitivas e das delações da Lava Jato. Em muitos casos e de variadas maneiras, essa polarização provocou manifestações de intolerância e de ódio, seja pelas próprias redes sociais, seja nos encontros de grupos que sustentam posições contrárias.
Coincidentemente ou não, alguns dos elementos utilizados na fermentação desse ódio social fizeram parte da estruturação do ódio fomentado pelo fascismo hitlerista. Antes de tudo, salta aos olhos a incorporação da estratégia de apresentar uma única causa para todos os males sociais. Num livro escrito antes da sua ascensão ao poder, Hitler argumenta que a capacidade de assimilação de ideias e a inteligência das grandes massas são muito limitadas, desse modo, toda propaganda deve focar num único ponto, até que cada indivíduo incorpore e acredite na mensagem que lhe é apresentada.
Para o historiador Alcir Lenharo, a eficiência da propaganda nazista provém do fato de ela ter conseguido convencer a população de que os judeus eram os responsáveis pelo estado caótico do país. Essa propaganda forjou um espírito nacionalista que transpassou o horizonte das classes sociais. A Alemanha como um todo enfrentou uma grave crise econômica após a primeira guerra. No entanto, a situação dos trabalhadores cujos salários mal lhes permitiam alimentar suas famílias era muito diferente da situação dos grandes empresários que apoiaram Hitler desde o primeiro momento.
Palavras de ordem, memes e posts
Em cartazes colados nos muros e nas repartições públicas, estratégia chamada de “Die Parole der Woche” (A palavra de ordem da semana), uma propaganda semelhante aos atuais “posts” veiculados nas redes sociais (uma imagem, uma frase, um inimigo), os nazistas tentavam fixar mensagens de ódio nas mentes de todos. Essas mensagens deveriam reforçar o maniqueísmo que Hitler imagina marcar a forma comum do povo pensar e se posicionar. Era importante que, ao incorporarem essas palavras de ordem, as pessoas tivessem a impressão de estar defendendo suas próprias opiniões.
Pela interpretação de Gilbert Badia, germanista que viveu na Alemanha nos anos em que Hitler esteve no poder, a principal característica do fascismo, tanto o alemão quanto o japonês e o italiano, bem como de muitos regimes totalitários, foi sustentar medidas políticas e econômicas eminentemente conservadoras. Na experiência nazista, essas medidas implicaram no aumento da desigualdade econômica atrelada à maior exploração da força de trabalho.
No final dos anos trinta, aos grandes empresários alemães, como Gustav Krupp, então presidente da Associação da Indústria Alemã, interessava não pagar a conta da crise econômica e deter o crescimento político do partido comunista. Com o término da segunda guerra, Gustav e seu filho Alfried foram condenados no processo de Nuremberg por imporem, em suas indústrias, o trabalho escravo a centenas de crianças encarceradas nos campos de concentração.
Questionado no processo sobre seu apoio a um governo que praticou tantos horrores, Alfried Krupp respondeu: “Afirmo que ignorava a matança aos judeus; de todo modo, quando se compra um bom cavalo não se deve olhar os pequenos defeitos”.
Quero crer que a humanidade não toleraria um novo Holocausto, no Brasil ou em qualquer outro lugar. Ainda assim, é preocupante o uso de estratégias propagandísticas que estimulam o ódio social. Não há nenhuma dúvida de que o combate à corrupção é absolutamente necessário! Talvez, a médio ou a longo prazo, esse processo consiga promover mudanças relevantes na administração pública. Todavia, superado esse momento de teatralização da política, é preciso que os trabalhadores retomem o discurso em defesa dos seus direitos e participem, realmente, da política.
*Paulo Henrique Fernandes Silveira, 48 anos, é professor e pesquisador na Faculdade de Educação da USP. Coordena o Grupo de Estudos sobre Educação, Filosofia, Engajamento e Emancipação.
Por Kali Holloway / AlterNet com tradução de César Locatelli
Lembre-se de que Donald Trump congelou os recursos que deveriam ir para grupos que combatem a violência neonazista.
Lembre-se de que o Departamento de Justiça anunciou recentemente que sua divisão de direitos civis estará concentrando suas energias não no aumento exponencial de crimes de ódio contra negros e muçulmanos que se seguiram à eleição de Trump, mas em “políticas de admissão de ação afirmativa consideradas discriminatórias contra candidatos brancos”.
Lembre-se de que o homem que chefia o Departamento de Justiça foi rejeitado para o cargo de juiz federal, há 30 anos, por ser muito racista e disse, certa vez, a um advogado negro que ele era totalmente indiferente à Ku Klux Klan “até [ele] descobrir que fumavam maconha”
Lembre-se de que David Duke, um ex-líder máximo da Ku Klux Klan (Imperial Wizard em inglês), que em 1990 ganhou votos suficientes para se tornar deputado do estado da Louisiana, disse: “votamos por Donald Trump porque ele disse que tomaria nosso país de volta”.
Lembre-se que o que aconteceu em Charlottesville não foi uma consequência inesperada das eleições presidenciais de 2016, mas exatamente o que Trump prometeu e para o que 63 milhões de pessoas votaram.
Lembre-se de que 53 por cento das mulheres brancas ajudaram a eleger Trump porque viram a perda da supremacia branca como uma afronta mais grave do que a perspectiva de suas filhas serem pegas pela xoxota.
Lembre-se de que alguns dos jovens neonazistas com suas camisas polo calças caqui em Charlottesville irão se tornar juízes e policiais e diretores de escolas e diretores executivos de empresas e controladores de todos os tipos de acessos.
Lembre-se de que muitos desses caras têm namoradas e esposas e irmãs e tias e mães – algumas delas também estavam lá – que apoiam e concordam com eles.
Lembre-se de que as mulheres brancas ajudaram a manter o poder branco desde a fundação deste país, razão pela qual as mulheres negras e latino-americanas tiveram que inventar seus próprios feminismos.
Lembre-se de que, em 1955, Emmett Till foi espancado até a morte, os olhos arregalados, uma bala alojada em seu cérebro porque ele assobiou para uma mulher branca, sem contar que era mentira que ele tivesse assobiado.
Lembre-se que 60 anos depois, antes de assassinar nove pessoas negras que o receberam em sua igreja, Dylann Roof disse: “Vocês estupram nossas mulheres e estão assumindo o controle do nosso país. E vocês têm que ir.”
Lembre-se de que depois que Roof ceifou aquelas vidas negras, no único espaço seguro que os negros já tiveram nesse país, a polícia comprou para ele um lanche no Burger King.
Lembre-se de que as vidas de Eric Garner, Akai Gurley e Walter Scott eram tão desvalorizadas que, quando estavam morrendo, a polícia nem sequer se preocupou em realizar uma ressuscitação cardiopulmonar.
Lembre-se de que um júri votou por dar à família de um cachorro baleado por policiais a quantia de 1,26 milhões de dólares, aproximadamente o mesmo montante dado à família de Michael Brown.
Lembre-se de que, horas depois da decisão do Supremo Tribunal de 2013, de derrubar partes-chave da Lei de Direitos de Voto, o Texas, a Carolina do Sul, a Virgínia, o Mississípi e o Alabama avançaram com leis de identificação de eleitores que negam o direito de votar de pessoas negras e latinas.
Lembre-se de que a Lei de Direitos de Voto passou em 1965, o que significa que os negros só conseguiram legalmente votar em todas as partes deste país durante um pedacinho do tempo que somos americanos.
Lembre-se de que as pessoas foram assassinadas por tentar votar, às vezes por linchamento, eventos que foram celebrados e comemorados em cartões postais.
Lembre-se de que através de táticas de supressão de eleitores, a milhões de pessoas negras ainda é negado o direito de voto e lembre-se de quem se beneficia disso.
Lembre-se de que os realizadores do “Game of Thrones” sofrem de tamanha falta de imaginação que estão fazendo uma série de televisão sobre como seriam os Estados Unidos se o Sul tivesse vencido a Guerra Civil, como se o racismo tivesse desaparecido em 1865, em vez de continuar a crescer e prosperar, e como se não pudéssemos, com apenas um olhar para este país em tempo real, preparar, nós mesmos, um roteiro para a série.
Lembre-se de que a América foi fundada no genocídio dos nativos americanos e na escravidão negra e que Richard Spencer ainda está enriquecendo com as fazendas de algodão e o trabalho negro.
Lembre-se que aqueles caras brancos em Charlottesville, que reclamam que estão cansados de ouvir sobre a escravidão, estavam lá para protestar contra a remoção de uma estátua de um confederado, o que é meio engraçado quando você pensa na ironia do fato, embora não tenha a menor graça.
Lembre-se de tudo isso quando você ouvir alguém responder aos eventos de Charlottesville dizendo que a violência racista é “não-americana” ou que isso “não é quem somos”, porque essa é uma mentira deslavada.
Na verdade, é isso o que esse país tem sido desde o primeiro dia. Este é os Estados Unidos no seu modo mais transparente. E ninguém mais consegue fingir ficar chocado.
Uma entrevista do jornal argentino Página 12 tem chamado a atenção dos setores do campo democrático e progressista da América Latina. Trata-se da conversa entre o jornalista Dario Pignotti com o ex deputado estadual paulista, Adriano Diogo e Sebastião Neto, do IIEP (Intercâmbio, Informações, Estudos e Pesquisas). Os dois são ex-presos políticos e trabalharam juntos na investigação do envolvimento da Volkswagen com o regime ditatorial brasileiro inciado com o golpe de 1964.
A aliança entre a Volks e a ditadura foi levantada durante os trabalhos da Comissão Estadual de Verdade presidida por Adriano em São Paulo.
A revelação que mais chama a atenção no texto é a da contratação do nazista Franz Paul Stangl pela empresa alemã para comandar a filial brasileira em São Bernardo do Campo.
“A Volkswagen foi escolhida pela ditadura como uma de suas sócias para impulsionar o “milagre econômico”, bandeira do regime.
Aqui a entrevista na integra publicado originalmente em: https://www.pagina12.com.ar/55191-un-nazi-al-servicio-de-volkswagen-en-la-dictadura
Adriano Diogo y Sebastião Neto, ex presos e investigadores, hablan del pasado rol de la automotriz alemana en Brasil
Un nazi al servicio de Volkswagen en la dictadura
Franz Stangl trabajó en la planta de São Bernardo do Campo, cuyas instalaciones fueron usadas como calabozos en donde se interrogaba a sindicalistas que luego serían encarcelados. Así lo revela una investigación.
Adriano Diogo dirigió la Comisión de la Verdad en San Pablo durante la presidencia de Dilma Rousseff.
Desde Brasilia
Antes de ser condenado a cadena perpetua en Alemania por el asesinato de 400 mil personas, el nazi Franz Paul Stangl fue contratado en Brasil por Volkswagen, la empresa elegida por la dictadura como una sus socias para motorizar el “milagro económico” que permitió alcanzar tasas de crecimiento del 10 % al año. El lema era “orden y progreso”. Con el bagaje adquirido en los campos de concentración Treblinca y Sobibor, Franz Paul Stangl prestó servicios en la planta de Volkswagen en San Bernardo do Campo, cuyas instalaciones fueron utilizadas como calabozos donde se interrogaba a los sindicalistas que posteriormente serían entregados a la Dirección de Orden Político y Social (DOPS) para su encarcelamiento, tortura y en algunos casos eliminación. El ensamblaje entre el sistema de control de Volkswagen y el régimen funcionó durante años. La represión fue feroz en la primera mitad de la década del 70 .
Adriano Diogo, preso político entre 1973 y 1975, dirigió la Comisión de la Verdad en San Pablo durante la presidencia de Dilma Rousseff entre 2010 y 2014, cuando se conocieron las primeras piezas del terrorismo industrializado.
“Fueron cuatro años de trabajo exhaustivo que nos permitió revelar con documentos y testimonios que Franz Stangl tuvo una participación importante, que la organización que él condujo durante ocho años en la Volkswagen siguió funcionando durante décadas. Ese esquema fue tributario de la dictadura. Y en alguna medida se puede decir que la dictadura fue tributaria de ese esquema. La armonía llegó a tal punto que la empresa contrataba militares brasileños preferentemente con dominio del idioma alemán para que trabajaran en el departamento de seguridad creado por Stangl. El control era total, con precisión nazi. La semana pasada la televisión pública alemana divulgó un documental con más informaciones, que nos permiten profundizar el trabajo y seguir investigando porque creemos que van a surgir más cosas”.
Adriano Diogo y Sebastiao Neto, ex preso e investigador, dialogaron con PáginaI12 sobre esta historia que permaneció oculta durante décadas.
–¿Volkswagen contrató a Franz Stangl sabiendo que era nazi?
–Estamos convencidos de que lo sabían. Stangl no era un criminal de guerra menor, era uno de los más buscados en todo el mundo. Las cifras del tribunal que lo condenó a cadena perpetua en Düsseldorf hablan de 400 mil muertos, pero hay autores que le atribuyen la muerte de hasta 900 mil personas. Brasil era un refugio de nazis, San Pablo era uno de los lugares escogidos, como fue Bariloche Argentina con Priebke. En el interior de San Pablo vivió durante toda la dictadura el médico Joseph Menguele muerto en 1979 mientras estaba veraneando en la playa de Bertioga.
–La semana pasada un historiador contratado por Volkswagen dijo que la empresa ignoraba el pasado de Stangl.
–No voy a polemizar con Volkswagen porque tendría que leer primero los argumentos que presentan. Lo que estoy en condiciones de afirmar después los cuatro años de investigaciones de la Comisión de la Verdad es que resulta por lo menos extraño que se hable de desconocimiento de alguien como Stangl. No era alguien irrelevante, tanto que el cazador de nazis Simon Wiesenthal vino a buscarlo hasta Brasil. Le digo más, Franz Stangl nunca ocultó su identidad en Brasil. La Volkswagen lo contrató con sus documentos originales. Stangl trabajó, organizó el esquema de informaciones, cobró salario, permaneció 8 años en la empresa, hasta su deportación en 1967, con su identidad verdadera. Y el jefe de Stangl en la planta de San Bernardo do Campo era Friederich Schultz-Wenk, que en su juventud había sido del partido nazi.
–¿El vínculo nazi, Volkswagen y militares fue puntual?
–No, fue estructural. Nuestra dictadura fue germanófila, Volkswagen fue la empresa símbolo del desarrollo industrial durante los gobiernos militares. Fue simbólico que el dictador Emilio Garrastazú Médici (1969-1974) haya regalado un automóvil “Fusca” ( el “escarabajo” de Volkswagen) a cada uno de los jugadores de la selección campeona del mundo, la de Pelé, en 1970. Luego de Garrastazú vino el presidente Ernesto Geisel, del 74 al 79, hijo de alemanes, que era hermano de Orlando Geisel, quien fue jefe del Estado Mayor del Ejército.
En 1974 Brasil fue gobernado por primera vez por un hijo de alemanes. El país católico más poblado del mundo gobernado por un general luterano….son datos importantes.
El carácter germanófilo iba más allá de la Volkswagen, Geisel firmó un acuerdo nuclear con Alemania para desarrollar una tecnología en la que Argentina estaba más adelantada. El acercamiento con Alemania también se realizó en la industria pesada, en la compra de equipamento alemán para las grandes represas hidroeléctricas.
Volkswagen contrató a Franz Strangl con su documento original.
¿Usted preguntó si esta proximidad entre nazis, empresarios y militares fue circunstancial? Podría darle varios ejemplos para demostrar que no lo fue.
En los años 70 Volkswagen tuvo un presidente muy famoso llamado Wolfhang Sauer, un nazi convencido, un señor que tenía la cruz de hierro en su oficina. El presidente militar Ernesto Geisel, que seguramente sabía de las simpatías políticas de Sauer, autorizó que se naturalizara brasileño. ¿Esto deja dudas de la relación estructural?. Esta historia da para un libro, no quiero cansarlo con datos.
–¿Tiene más?
–Uno más. Este ejecutivo Sauer fue objeto de una especie de biografía laudatoria cuyo prefacio lo escribió el ex ministro de Hacienda de la dictadura Delfim Netto. Delfim también fue uno de los encargados de recaudar dinero de los empresarios para pagar la represión, el Operativo Bandeirantes, que tuvo el respaldo de la Federación de Industrias de San Pablo, la Fiesp.
–Que respaldó el golpe de 1964.
–Así es. La Fiesp fue una de las instituciones que pensó y organizó el golpe de 1964, y respaldó activamente el de 2016 contra la presidenta Dilma.
–¿A qué atribuye el interés de Volkswagen en investigar?
–No estoy en condiciones de responder porque la empresa abrió una pesquisa que promete concluir este año. Sí puedo afirmar que hubo abogados de Volkswagen y mucha gente del mundo empresarial cuando nosotros realizamos la sesión pública de la Comisión de la Verdad que trató este tema. Puedo decir que hubo emisarios, o personas que nos hicieron saber que a Volkswagen le interesaba postergar esa audicencia. Nadie nos dijo abiertamente que teníamos que dejarla sin efecto, fueron educados, pero la presión fue muy fuerte. Ellos saben que este tema tiene un impacto internacional extraordinario. Es una noticia mundial.
–Este año se cumple medio siglo de la prisión de Stangl, ¿cuánto habrá que esperar para que se haga justicia?
–No se olvide que en Brasil todavía tenemos la Ley de Amnistía dejada por los militares. Creo que con este caso se puede empezar a avanzar en la búsqueda de la verdad a cerca de la dictadura y las empresas y los nazis.
El primer paso lo dio hace tres años la Comisión de la Verdad, pese a los obstáculos que tuvo que enfrentar y a la indiferencia de la prensa brasileña. Esta historia comenzó a tener repercusión mundial recién ahora, gracias a un documental de la televisión alemana, lo que nos da fuerza para seguir con nuestro trabajo. Aquí en Brasil el próximo paso es nuestro Ministerio Público decida abrir un proceso sobre este caso, pero ya está enfrentando presiones fuertes.
–¿Quedan más nazis por descubrir?
–En estos temas hay que evitar ser livianos porque los intereses en juego son gigantescos, estamos hablando de Volkswagen, de la Fiesp, y posiblemente de otras empresas multinacionales que actuaron durante la dictadura. Nuestra sospecha es que Stangl no fue el único nazi que actuó en Brasil. (FIM)
Enquanto a denúncia contra os crimes de corrupção do presidente ilegítimo era covardemente rejeitada no Congresso Federal, em Florianópolis, um pelotão gigante de mulheres de todo o país e de várias partes do mundo marchava no final do dia 2 de agosto pela cidade aos gritos de “Fora Temer” e exigindo o fim da violência machista e a retirada de direitos sociais. A cidade tremeu ao rufar dos tambores da Banda Cores de Aidê, formada só por mulheres, como se sacudida por um terremoto colorido pela explosão de cordões das minorias políticas pelas ruas. Não foram sete, nem oito mil, como eram as expectativas das organizadoras: foram 10 mil, segundo a coordenadora do Movimento de Mulheres Urbanas de Santa Catarina, Shirley Azevedo, apoiada no cálculo de especialistas com base no número de pessoas por metro quadrado.
Um exército feminino aguerrido ocupou as ruas principais da cidade desde o início da tarde até passadas as 20 horas. A Marcha Internacional Mundos de Mulheres por Direitos integrou a programação das duas maiores assembleias acadêmicas da humanidade sobre relações de gênero: o 13º Congresso Mundo de Mulheres por Direitos e o 11º Seminário Internacional Fazendo Gênero, que este ano acontecem simultaneamente no campus da Universidade Federal de Santa Catarina, de 31 de julho a 4 de agosto. O ato mostrou que lugar de intelectual, sobretudo em tempos de opressão, é também as ruas. “Não existe essa separação entre a academia e a militância. Nós todas estamos entrelaçadas nesta luta”, defendeu a presidente da Comissão de Mulheres na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro, Marielle Franco, vereadora pelo PSol, que veio a Florianópolis participar das mesas de debates e do protesto de rua.
Vídeos: Raquel Wandelli
Aproveitando a presença de 8.600 pesquisadoras e ativistas sociais inscritos nos dois eventos, a rede de entidades reunidas em torno da Tenda dos Movimentos Sociais do Mundo de Mulheres começou a articular a manifestação junto com o movimento sindical. O trabalho começou já no ano passado, para que houvesse tempo de mobilizar caravanas de todo o país e de preparar apresentações artísticas, cartazes, faixas, refrões, performances teatrais. Foi assim que tornou-se realidade o sonho coletivo dessas lideranças de colocar as acadêmicas nas ruas para militar junto com as trabalhadoras, camponesas, mulheres dos povos tradicionais em luta e todas as minorias políticas organizadas.
Fotos: Rosane Lima
A concentração partiu às 17 h pelas principais ruas de Florianópolis, provocando um impacto estridente com o rufar dos tambores da Banda Cores de Aidê
O resultado ultrapassou as expectativas dos organizadores, como afirma Shirley Azevedo. E o feminismo provou definitivamente que é o movimento mais potente deste milênio, como já haviam previsto as sociólogas do século XX. “E é só o começo. Ainda vamos incomodar muito esses golpistas que querem esmagar nossos direitos”, avisa ela. “São meninas e jovens que vêm junto para a luta, têm garra e sabem muito bem o que defendem”. O caminho do feminismo após o pedido de investigação de Temer ter sido barrado no Congresso Federal é, conforme Shirley, a unidade na América Latina e em todo o mundo. “O que acontece no Brasil não é isolado, é uma ação global de violência e de retirada de direitos das mulheres e das minorias, contra a qual temos que dar uma resposta também mundializada”. No encerramento dos congressos, na sexta-feira (04/07), será aprovado um manifesto do 8M pela unificação mundial da luta feminista.
Dez mil mulheres marcharam sobre Florianópolis forjando uma poderosa aliança de minorias
Uma faixa pedindo “Demarcação Já” sobreposta à faixa do “Congresso Multimulheres”, como também é chamado, deu o grito de guerra que unificou não só indígenas e quilombolas, mas todos os coletivos que integram a diversidade do movimento feminista. Atrás dessa composição de faixas, que ficou como um emblema do grande ato, formou-se uma barreira de solidariedade. São mulheres brancas, quilombolas, camponesas, trabalhadoras urbanas, indígenas, negras, ativistas dos grupos LGBTTTQI, gordas, mulheres com deficiência, sindicalistas e muitos homens que incentivam o movimento feminista por considerarem que o machismo oprime todos os seres humanos.
À frente desse pelotão heterogêneo, ocorreu a cena mais tocante da marcha, que selou o pacto de solidariedade entre as minorias: depois de dançarem ao som do seu batuque eletrizante, as ativistas da Banda Cores de Aidê, na maioria negras, foram retribuídas com a dança e a música das mulheres indígenas de cerca de 15 aldeias de diferentes etnias, do Amazonas ao Rio Grande do Sul. “Fiquei muito emocionada porque estava acostumada a fazer nossas coreografias para as outras mulheres, mas ainda não tinha visto as indígenas cantarem e dançarem com a gente”, diz com a voz embargada Nattana Marques, integrante do Cores de Aidê. Com essa troca arrepiante de rituais étnicos, a banda nascida no Morro do Quilombo, em Florianópolis, completou dois anos de criação. “Nós fazemos da arte um espaço de luta e empoderamento das mulheres tratadas como minorias”, explica a cantora e percussionista Dandara Manoela.
Pertubador do início ao fim, o ato transformou a imprevisível Ilha de Santa Catarina, ora conservadora, ora vanguardista, na capital internacional do feminismo. A concentração iniciou às 16 horas, no Terminal de Integração do Centro (Ticen) e partiu às 17 horas pelas principais ruas de Florianópolis, provocando um impacto estridente com os tambores, os jograis, as coreografias, as performances teatrais as palavras de ordem contra as reformas trabalhistas e da Previdência Social, que penitenciam sobretudo as mulheres. O Grupo de Teatro do Oprimido encenou a violência física e simbólica contra as mulheres pela estrutura patriarcal do Estado.
Ao partir do Ticen, as manifestante saíram em disparada pela avenida Paulo Fontes, ecoando o grito de guerra das mulheres árabes. A imagem estremecedora encenou uma grande corrida de milhares de mulheres avançando para o front de guerra. Antes, às 15 horas, uma concentração prévia já acontecia na UFSC, de onde um pelotão de cinco mil pessoas percorreu, com faixas e cartazes, cerca de 10 quilômetros para se encontrar com os manifestantes reunidos no Ticen. O Nome de Ricardo Nascimento, Rafael Braga, Cláudio Ferreira e outros negros e pobres vítimas da exclusão étnica e social foram muitas vezes lembrados.
Mulheres camponesa vieram em caravanas do Oeste de Santa Catarina para dizer não à retirada de direitos
Mostrar a capacidade de articulação e de aliança das causas feministas às lutas específicas de outros grupos foi o grande mérito desse movimento que surpreendeu Florianópolis e o país. “Nós lutamos pela libertação de todos os que lutam contra um mundo regido pelo patriarcado capitalista, racista, homofóbico e fundamentalista religioso”, diz o manifesto da marcha. “Protestamos contra a perda de direitos, a lesbofobia, o racismo, o governo machista este governo corrupto que aí está”, explica Maria de Lourdes Mina, que fez a chamada pública de todos os nomes de mulheres negras e quilombolas assassinadas pela polícia ou perseguidas pelo sistema judiciário, como Maria da Graça Jesus, a Gracinha. Presente na manifestação, a mãe do quilombo da Toca luta há dois anos para reaver a guarda das duas filhas. Um ônibus com 40 mulheres de várias etnias indígenas do Rio Grande do Sul engrossou a passeata, que também recebeu caravanas do Movimento de Mulheres Camponesas vindas de ao menos dez municípios do Oeste do Estado.
Professora de educação indígena da etnia Kaingang, no Rio Grande do Sul, Jocélia Daniza conta que as lideranças do seu povo fizeram uma coleta com amigos para poder financiar a vinda de um ônibus com 40 mulheres para o evento. “Foi muito importante vir para que a gente pudesse expor nossa cultura, falar de nossos problemas de saúde e de educação, da violência sexual imposta por homens brancos nas aldeias e da nossa árdua luta por território, enfim, para mostrar que existimos”, afirma ela, que é mestre em Antropologia pela UFSC e doutoranda em Memória Social e Patrimônio pela Universidade de Pelotas.
Um exército feminino infindável ocupou as ruas principais da cidade desde o início da tarde até passadas as 20 horas
Depois do término da passeata, as congressistas se concentraram no vão do Mercado Público de Florianópolis, onde as manifestações políticas continuaram noite adentro, com coros de Fora Temer cortando a todo instante a falsa normalidade pública no dia em que o país foi violentado pela legitimação da corrupção e do golpe. A quinta-feira à tarde foi o dia das lésbicas, dos gays, travestis, transformistas, transexuais LesGaysBiTiniques fazerem sua revolução contra a ditadura do padrão.
DEPOIMENTOS:
“Ser mulher indígena é já nascer guerreira. Tá no sangue, tá na alma”, diz o refrão da música criada pelas compositoras e músicas Guarani do Morro dos Cavalos, em Florianópolis, e interpretada por indígenas de várias etnias especialmente para a marcha. A doutoranda e professora Kaingang Jocélia Daniza explica o sentido desta letra: “Ser mulher indígena, nascer num povo indígena é ser guerreira desde o momento que a tua mãe te concebe. É poder se empoderar e saber que no teu sangue vai correr sangue de um povo que foi massacrado, que continua sendo humilhado, que continua sendo retirado do seu território e expropriado ainda em 2017”.
Levando na garupa a pequena Dora, de dois anos, e ainda sustentando dois cartazes e um celular para gravar a marcha, Laura Denise Castilho, enfermeira, explica porque a filha a acompanha na manifestação. “Nós somos mulheres feministas mostro pra minha filha aquilo que eu mais acredito que é gostar de mim mesma e defender os meus direitos. Trabalho com obstetrícia, com saúde pública, defendo o direito de todos e também os meus. Todos os dias eu atendo alguém que foi vítima do machismo.
Ela vem do Oeste do Estado, numa carava de ônibus junto com outros 30 camponesas. “Estamos participando dessa marcha e do congresso, denunciando toda violência praticada contra mulheres, opressão, dominação, exploração e também contra este governo antidemocrático que tira os direitos de trabalhadores, principalmente das mulheres e das camponesas”, manifesta-se Zenaide Coleto do Movimento de Mulheres Camponesas. “Estamos aqui somando por que esta luta é dos trabalhadores e das trabalhadoras da roça e da cidade”.
Um dia de igualdade na diversidade para todos os que fogem à ditadura do padrão (Walderes, à direita da foto)
Algumas integrantes da marcha se emocionaram com a participação marcante das indígenas que costumam fazer uma resistência mais silenciosa e discreta, mas neste evento expuseram com mais exuberância sua arte. Como foi essa decisão? “Na verdade não somos quietas. É que dificilmente temos oportunidade de falar. Então hoje nós abraçamos essa oportunidade”, afirma Walderes Priprá, professora indígena da aldeia LaklãNõ Xocleng, do município de José Boiteux, no Alto Vale do Itajaí. “Foi muito gratificante ter participado deste evento porque pudemos mostrar um pouco da história do nosso povo e da nossa luta. Sem palavras, foi incrível, todas nós estamos felizes. Para o seu povo, a dança e a música são os rituais que alimentam a vida.
No dia seguinte à Marcha, choveu torrencialmente em Florianópolis. A antropóloga Miriam Grossi, coordenadora geral do Congresso Multimulheres e uma das idealizadoras do Seminário Fazendo Gênero, que começou em 1994 como uma atividade restrita ao Curso de Letras da UFSC e logo ganhou proporções internacionais, deixou este depoimento em sua página: “Ontem as deusas nos protegeram até da chuva na Marcha das Mulheres por Direitos, que reuniu 10 mil mulheres no centro de Florianópolis. Foi tão lindo, intenso, perturbador e emocionante estar ao lado de uma multidão de jovens (e algumas mais velhas) mulheres lutando pelas bandeiras feministas pelas quais lutamos há décadas, que nem fotos fiz. Após três dias de muito sol e calor, hoje o dia amanheceu chovendo… E vamos para o quarto dia do 13º Mundo de Mulheres/11º Fazendo Gênero que depois de centenas de atividades fechará com a conferencia de Clare Hemings. Todas lá, companheiras de luta!”
“Foi lindo, intenso, perturbador”, escreve Miriam Grossi (de roxo), coordenadora do Mundo de Mulheres, que encerra nesta sexta (Foto: arquivo pessoal)
O documento defende a “autodeterminação de nossos irmãos venezuelanos”, protagonistas do vitorioso processo de eleição dos deputados constituintes, levado a cabo no domingo (30/7), além de denunciar a postura do governo ilegítimo de Michel Temer em relação ao tema. O Brasil tem se alinhado automaticamente aos incessantes ataques imperialistas, conduzidos pela Casa Branca em aliança com a elite venezuelana e as grandes corporações midiáticas, que insuflam o ódio e o caos no país.
O comitê é formado por 28 entidades, partidos políticos, organizações sociais e pela mídia alternativa: Seção brasileira dos movimentos sociais da ALBA, Brasil de Fato, Brasil Justo para todos e para Lula, Caros Amigos, Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz), Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, Conselho Mundial da Paz (CMP), Consulta Popular, Democracia no Ar, Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), Fundação Perseu Abramo, Instituto Astrojildo Pereira, Intersindical – Central da Classe Trabalhadora, Jornalistas Livres, Levante Popular da Juventude, Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Opera Mundi, Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Partido dos Trabalhadores (PT), Resistência, Sindicato dos Arquitetos, Sindicato dos Bancários de Santos, União Brasileira de Mulheres (UBM), União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), União da Juventude Socialista (UJS) e a União Nacional dos Estudantes (UNE).
O povo venezuelano, livre e soberano, retomou em suas mãos o poder originário, elegendo massivamente representantes para a Assembleia Nacional Constituinte.
Mais de oito milhões compareceram às urnas, apesar do boicote e da sabotagem de grupos antidemocráticos, em um processo acompanhado por personalidades jurídicas e políticas internacionais que atestaram lisura e transparência.
Todas as cidades, classes e setores estão presentes, com seus delegados, na máxima instituição da democracia venezuelana.
A Constituinte é o caminho para a paz e a normalidade, para retomar o caminho do desenvolvimento e da prosperidade, para superar a crise institucional e construir um programa que reunifique a pátria vizinha.
De forma pacífica e democrática, milhões de cidadãos e cidadãs disseram não aos bandos terroristas, às elites mesquinhas, aos golpistas e à ingerência de outros governos.
Homens e mulheres de bem, no mundo todo, devem celebrar esse gesto histórico de autodeterminação da Venezuela, repudiando as ameaças intervencionistas e se somando a uma grande corrente de solidariedade.
Também no Brasil se farão ouvir as vozes que rechaçam a violência e a sabotagem contra o governo legítimo do presidente Nicolás Maduro.
Qual moral tem um usurpador como Michel Temer para falar em democracia, violando a própria Constituição de nosso país, ao adotar posições que ofendem a independência venezuelana?
O Brasil não pode passar pela infâmia de se aliar a governos que conspiram contra uma nação livre e se associam a facções dedicadas a tomar o poder de assalto, apelando para o caos e a coação.
Convocamos todos os brasileiros e brasileiras à defesa da democracia e da autodeterminação de nossos irmãos venezuelanos, ao seu direito de viver em paz e a definir o próprio destino.
Repudiamos as manobras de bloqueio e agressão que estão sendo tramadas nas sombras da Organização dos Estados Americanos (OEA), sob a batuta da Casa Branca e com a cumplicidade do governo golpista de nosso país.
Denunciamos o comportamento repulsivo dos meios de comunicação que manipulam informações e atropelam a verdade, para servir a um plano de desestabilização e isolamento.
Declaramos nossa solidariedade ao bravo povo de Bolívar. Sua luta pela paz também é nossa.