No alto a Serra dos três Irmãos, onde a Vale vem extraindo minério de ferro há anos, provocando o rompimento da barragem de rejeitosÁrea da Pousada Nova Estância, que foi totalmente soterrada pela lama, matando funcionários e turistasO pontilhão da estrada de ferro da Vale não resistiu à força da lama que desceu com o rompimento da barragemNo alto a Serra dos Três Irmãos, onde a Vale explora o minério de ferro. Abaixo mostra resquícios de mata atlântica que, felizmente, escapou da lamaÁrea da chamada Zona Quente do lamaçal, onde os bombeiros ainda trabalham na tentativa de localizar e resgatar mais corpos
Desde de outubro tenho dito que Jair Bolsonaro é apenas um meme. Uma imagem midiática sem conteúdo real, sem profundidade. A mentira de uma solução simples e mágica para problemas duros e complexos. E, como outros presidentes “imagéticos” o encanto se quebrará rápido. Na metáfora bíblica, seria o ídolo de pés de barro sonhado pelo rei Nabucodonosor e interpretado pelo profeta Daniel. Diferente dos tempos da prisão e tortura do hebreu na Babilônia, hoje as imagens não são apenas sonhadas ou desenhadas. Elas podem também ser facilmente criadas e impressas em papel. O imaginário e a realidade factual estão umbilicalmente trançados, como as pernas de alguns presidentes. E, às vezes, os produtores de imagens intuem o futuro próximo, assim como Daniel previu a queda da Babilônia e de outros reinos.
A clássica fotografia de Erno Schneider de Jânio Quadros em abril de 1961
A primeira questão, pra mim, é saber se o capitão que fez a campanha por meio de fake news e conquistou os crentes de um deus/homem preso político torturado até a morte pregando exatamente a prisão, tortura e morte de seus inimigos políticos, durará tão pouco quanto Jânio Quadros (sete meses) com seus sanduíches de mortadela e caspa colocada nos ombros por assessores para parecer humilde, ou tanto quanto Fernando Collor de Mello (dois anos) o “caçador de marajás” representando “o novo”, mesmo vindo de uma tradicional família de políticos e usineiros de Alagoas que sempre usou os cargos públicos como quis.
A segunda questão é o que virá depois da queda. A renúncia (na verdade uma tentativa de auto-golpe) de Jânio em 1961 levou à crise institucional que desaguaria com o golpe civil-militar de 1964. No caso de Collor, o mineiro Itamar Franco segurou as pontas para o entreguismo neoliberal da era FHC. Se Bolsonaro cair por conta própria ou sofrer impeachment, sua sucessão está teoricamente garantida para o exército, com a ascenção do vice-presidente General Hamilton Mourão. Talvez o plano seja esse mesmo. Afinal, na hierarquia militar general não obedece capitão, muito menos um que foi praticamente expulso da corporação por mentira, ganância, deslealdade e dificuldade de raciocínio lógico como atesta sua condenação em primeira instância em julgamento militar em 1988.
Mas isso é apenas uma opinião. O fato é que a imagem do presidente trançando as pernas pouco antes de cair (politicamente) já está nas bancas, ainda que, por enquanto, seja apenas uma montagem marota sem citar os créditos. Muito melhor é a foto de Collor, feita pelo Jornalista Livre Lula Marques pouco antes do Impeachment em agosto de 1992 e assumidamente inspirada na obra-prima em grãos de prata do grande Erno Schneider em 21 de abril de 1961.
1 – Achei que vocês começariam a fazer jornalismo depois do cárcere privado e da ameaça de levar tiro se não respeitassem as regras impostas pelo governo ditador no dia da posse, além da falta de respeito dos amadores que assumiram a comunicação do Palácio do Planalto.
2 – Um bando de despreparados e arrogantes com discurso de que uma nova era começava. Mais de uma semana de governo e o que vemos é o jornalismo “copia-e-cola” reproduzindo as mídias sociais dos novos donos do poder e o jornalismo declaratório sem matérias investigativas.
3 – Vocês sabiam que a democracia não sobreviveria sem uma mídia isenta e comprometida com a verdade. Perdemos para os fake news graças a vocês. Bolsonaro foi eleito porque vocês nunca se dedicaram a desmentir a mamadeira de piroca, o kit-gay e as milhões de mentiras que a direita produziu nos últimos anos. E nessa conta entra também o ódio plantado contra a esquerda ao longo de décadas na grande mídia.
4 – Não fizeram o que deveriam ter feito, apurar e escrever a verdade. Agora, que moral vocês têm para pedir respeito e liberdade de imprensa? Que moral vocês têm para pedir desse governo algum respeito às liberdades fundamentais, sabendo que vocês os ajudaram a chegar ao poder?
5 – Sei muito bem quem vai vestir a carapuça e sei também quem continua lutando para fazer jornalismo. Quero que vocês reflitam sobre tudo que NÃO fizeram para defender a democracia de um grupo fascista como o que governa o país hoje. E, se tiverem um pouco de consciência, deitem nos seus travesseiros imundos e cheios de mentiras e traição ao povo desse país e tentem dormir.
6 – Acho que consciência só tem quem tem compromisso com a verdade, tem compaixão, respeito ao próximo e principalmente ética. Vocês traíram a essência do jornalismo: falar a verdade, doa a quem doer. Vocês se venderam para o sistema tentando manter os seus empregos ou se aliando a esses corruptos que todos sabemos quem são.
7 – A mídia já foi considerada o quarto poder. Boa parte dos jornalistas da grande mídia apoiou o golpe contra Dilma e a condenação sem provas e posterior exclusão de Lula. Hoje estão aí quase todos acovardados diante dos verdadeiros donos do poder, que voltaram a governar o Brasil.
8 – Todos vocês ajudaram a jogar o Brasil no lixo. Globo, Estadão e Folha, entre outros, sempre tiveram influência, apesar de sabermos que apoiaram os golpes de 1964 e 2016. Sou de uma geração na qual fazíamos jornalismo e éramos respeitados pelas “autoridades” desse país. Sabíamos de todo o jogo político e do interesse comercial da grande mídia, mas furávamos as censuras internas com jornalismo sério e a verdade sempre prevalecia. Sei de muita negociação de dono de jornal com certos políticos para que certas denúncias fossem arquivadas, mas o que estava em jogo era a verdade. Eles, os donos dos jornalões, sabiam que se o seu jornal não publicasse uma matéria com uma denúncia grave, com certeza ela estaria no dia seguinte no concorrente. E com isso perderiam leitores e assinantes. Fazíamos jornalismo e derrubamos muitos políticos corruptos e até um presidente da República comprovadamente corrupto.
9 – Hoje o que mais temos é jornalista com medo, com caráter fraco e submisso aos chefes e aos editores preocupados em agradar ao dono do jornal e garantir seus empregos. Olhem onde chegamos por vocês aceitarem tão passivamente fazer o jogo dos patrões.
10 – Eu sou de uma época em que dedicávamos toda nossa energia, inclusive organizando forças-tarefas especiais para desvendar a verdade em casos emblemáticos como são a facada no coiso e o Queiroz, centro do laranjal da famiglia.
11 – Vocês pedem respeito. Que respeito? Se não se dão ao respeito puxando o saco dos que estão no poder? Vocês perderam a dignidade e destruíram a dignidade do jornalismo. Que vistam a carapuça de covardes, golpistas, vendidos e traidores. Qual a diferença entre jornalistas que apoiaram (e trabalharam com suas matérias para viabilizar) o golpe e os parlamentares e demais “autoridades” golpistas e fascistas? Nenhuma! Ou melhor: enquanto eles vão entregar as nossas riquezas para multinacionais e governos estrangeiros, ficando apenas com as migalhas que os gringos deixarem, vocês estão com os seus empregos ameaçados porque o projeto de país que os fascistas estão construindo não precisa de jornalismo, não precisa de meios de comunicação.
12 – Espero que quando vocês olharem um brasileiro morando embaixo de uma ponte, pegando resto de comida nos contêineres de lixo, ou lerem sobre pessoas assassinadas nas periferias das grandes cidades ou no campo, em defesa da Amazônia, dos nossos povos indígenas ou da reforma agrária, vocês jornalistas golpistas tenham noção de que são responsáveis por terem sido coniventes com o golpe e depois ficarem calados com todas as mazelas do governo fascista que vocês ajudaram a eleger.
13 – Vocês acusaram o PT de ser o maior partido corrupto desse país, esquecendo que foram os governos do PT que acabaram com a fome, que deram dignidade para milhões de brasileiros e que, aliás, fortaleceram as instituições para tentar consolidar a democracia. Vocês se calaram diante dos verdadeiros corruptos como Aécio, Temer, Cunha, Jucá e tantos outros que têm denúncias comprovadas com fartura de provas.
14 – Vocês ajudaram a colocar o maior líder político latino-americano do século XXI atrás das grades com as mentiras contadas por procuradores-militantes do Ministério Público e por um juizeco que virou ministro desse desgoverno que vai levar o país de vez para o buraco.
15 – Quem quiser que vista a carapuça. A história já tem reservado para vocês um lugar especial na lata de lixo. O sangue de cada brasileiro morto nesse país pela horda de fanáticos que se espelha no presidente fascista e sua famiglia estará nas mãos de vocês.
16 – Não tenho raiva, tenho desprezo pelo papel que vocês cumpriram. Hoje a cobertura de veículos internacionais envergonha todos vocês, que deveriam pensar duas vezes antes de se chamarem de jornalistas. Canalhas, canalhas e canalhas. Muitos profissionais amamos o que fazemos e temos ética e um compromisso sólido com a a democracia e liberdade. Mesmo com todas as dificuldades financeiras, vamos continuar mostrando a verdade, doa a quem doer. Temos alguns jornalistas experientes e outros novos que ainda acreditam que a melhor maneira de manter uma democracia é com uma imprensa livre e forte. Não vão nos calar. Já plantamos sementes e o legado de quem sempre fez jornalismo não será apagado da história desse país. Bons exemplos servem para inspirar e aprendemos com os verdadeiros jornalistas desse país a defender a democracia. A verdade sempre vencerá.
A fotografia tem a sua própria proposta de descrição. Porém para que a mesma se torne um dialogo entre quem a visualiza e quem a registra é necessário com que as vivências nela expressa tenham um significado comum.
Neste ano de 2018, em dezembro, o trajeto de vinte e cinco quilômetros entre o Centro de Ribeirão das Neves e a região da Pampulha em Belo Horizonte esconde nove quilômetros que vão muito além do sistema prisional.
Este trajeto, que se considera flores nativas, verde imenso, animais e a ruralidade também tem a marca do desenvolvimento urbano e sua precarização. O conhecido Lixão de Ribeirão das Neves contrasta com esta realidade.
Fato também que traz ao céu centenas de urubus que dançam no céu. Segue as imagens de uma caminhada a pé pela LMG 806.
Cenário dos dois primeiros quilômetros. Entrada das propriedades rurais.
Mudas e verduras como composição da ruralidade.
Flores mativna na conhecida Lajinha e mata dos Bandeirantes.
Animais no pasto ao fundo do Lixão de Ribeirão das Neves.
Animais no céu. Imensidão de urubus nos dias quentes de dezembro.
Decadas de descaso. Uma reflexão sobre até que ponto vale o lucro e a expropriação da natureza.
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Fotografia e Texto: Leonardo Koury, especial para os Jornalistas Livres
Um filme. Um livro. Uma exposição. A carne treme. A terra treme. Há Terra em Transe. Violência e paixão: onde está o meu rosto? Quem matou o meu filho? Amor? Amor só de mãe. A imagem alucina. A fotografia está com os dias contados. A carne treme. Há Terra em Transe. A bomba relógio vai explodir. – DIÓGENES MOURA
Os fotógrafos brasileiros e suas imagens sempre revelaram, desvelaram e surpreenderam todos desavisados que desconhecem a nação.
O fotógrafo João Bittar dizia sempre que é impossível fazer fotojornalismo sem caráter. A fotografia é exercício peculiar, fotógrafos são seres solitários que querem compartilhar o mundo e suas vicissitudes. Enfim, fotografia é atitude de teimosia entre verdades envergonhadas ou ocultas.
O que é o tempo que escorre senão a imagem que dele restou? Vão-se os fotógrafos, ficam suas imagens.
Com curadoria de Diógenes Moura, a exposição “Terra em Transe”, em cartaz a partir de 5 de dezembro até março de 2019 no Museu de Arte Contemporânea, reúne 53 autores e fotógrafos brasileiros em apurados “retratos” ou “autorretratos” do País, cujas abordagens referenciam também ao filme de Glauber Rocha que dá nome à mostra. A “Terra em Transe” traz registros do Século XX à atualidade que, ora mostram o contínuo convívio do Brasil com abalos físicos e mentais nacionais, mas que se reequilibra também em focos criativos e de pensamentos originais, como versam nas imagens.
Em cartaz a partir de 5 de dezembro de 2018 até março de 2019 no Museu de Arte Contemporânea- em Fortaleza, Ceará.
Visitação de terça a sexta-feira, das 9h às 19h, com acesso até as 18h30; e aos sábados e domingos, das 14h às 21h, acesso até as 20h30.
A esperada grande exposição de fotografias, vídeos, documentários e reportagens dos Jornalistas Livres Vinicius Souza e Maria Eugênia Sá já tem data marcada: 7 de fevereiro a 8 de março de 2019. Além dos trabalhos retratados no livro homônimo lançado em 2017, a exposição Jornalismo Independente do Analógico ao Digital – 15 anos da MediaQuatro, traz ainda, em comemoração aos 300 de Cuiabá e aos 40 anos da Universidade Federal de Mato Grosso, coberturas de eventos realizados esse ano na cidade e fotografias especialmente preparadas pelos alunos da disciplina de Fotojornalismo I do curso de Jornalismo da UFMT Campus Cuiabá. Na mostra estarão à disposição do público histórias de luta, superação, violência, injustiça, mobilização e esperança coletadas na África, Ásia, Europa, Estados Unidos e América Latina, incluindo, claro, Brasil e Mato Grosso.
Por mais de uma década e meia, Vinicius Souza e Maria Eugênia Sá têm trabalhado, desde a produção até a distribuição, em meios impressos e na Internet, em mídia analógica e digital, temas como o fim da guerra em Angola, o preconceito racial na Europa, os movimentos separatistas na Caxemira, a violência urbana na Colômbia, a tragédia das minas terrestres, as manifestações políticas no Brasil… Esses trabalhos, reconhecidos, premiados e expostos no país e no exterior, são inéditos em Cuiabá e seguem o que a dupla chama de cobertura das Realidades e Invisibilidades Midiáticas: problemas que atingem de forma profunda imensos contingentes populacionais sem receber os holofotes da imprensa hegemônica. Para eles, o verdadeiro sentido da Comunicação Social, capturada na película ou no pixel e divulgada no papel ou na internet, é reportar a vida real. É mostrar ao mundo, e de volta aos atores da trama humana enfocada, que juntos podemos construir um mundo melhor.