Jornalistas Livres

Categoria: Feminismo

  • “Os ataques misóginos não nos assustam; fortalecem-nos!”

    “Os ataques misóginos não nos assustam; fortalecem-nos!”

    “Os ataques misóginos não nos assustam; fortalecem-nos!” Assim Luccy Lopes, presidenta do DCE da Faculdade Professor Dirson Maciel de Barros, em Goiana/PE, responde ao machismo que insiste em se manifestar no debate político brasileiro. A militante está ansiosa para o Ato dos Movimentos Sociais com Dilma, aqui no Acampamento Nacional pela Democracia e contra o golpe, marcado para a manhã deste sábado (16).

    Luccy acredita que a presença de Dilma junto aos acampados ajudará a “manter o ritmo de mobilização contra o golpe”, já que além de Presidenta de todos os brasileiros, “é uma mulher de fibra que não se deixa abalar com picuinhas”.

    Sobre o momento conturbado pelo qual passa a política em nosso País, Luccy acredita que o saldo positivo é a união da esquerda manifestada nas diferentes atividades de mobilização contra o golpe ocorridas em todo o Brasil. Para ela, “a rearticulação da esquerda fatalmente nos fortalecerá para as batalhas vindouras”, citando o ânimo golpista e a aliança entre setores conservadores da sociedade para solapar a Democracia. De qualquer forma, quando perguntada, Luccy responde prontamente: “não vai ter golpe!”

  • Mulheres pela democracia

    Mulheres pela democracia

    Mulheres de vermelho pela democracia Movimento arte pela democracia faz intervenção poético/política em Brasília na véspera da votação do impeachment.

  • BRASÍLIA: mulheres jovens na luta contra o golpe!

    BRASÍLIA: mulheres jovens na luta contra o golpe!

     

    Um fato que chama a atenção no Acampamento Nacional pela Democracia e Contra o Golpe é a grande quantidade de jovens que circulam pelo local. Vindos de todo o Brasil, trouxeram consigo a disposição e ousadia típicas da idade.

    Gabriela Guedes, do Levante Popular da Juventude, chegou hoje à Brasília. Vinda de Sorocaba/SP, ela é mais uma a se somar à população que não pára de crescer no acampamento montado ao lado do Ginásio Nilson Nelson. E Gabriela está animada: disse que a turma do Levante veio para fazer muita agitação e propaganda, envolvendo não somente a juventude, mas todos os residentes dessa mini cidade montada em defesa da Democracia.

    Como mulher, Gabriela se diz duplamente ofendida com os ataques à Presidenta Dilma Rousseff. Para ela, aproveitam a condição dela ser uma mulher para destilar todo o machismo retraído com a emancipação feminina dos últimos anos. Ainda em relação à misoginia, a jovem teme que a crise econômica pela qual o mundo passa – “uma crise estrutural do capitalismo, diga-se” – faça com que muitas mulheres tenham seu espaço no mercado de trabalho diminuído.

    O clima fascista manifestado pelos apoiadores do golpe assusta Gabriela. Ela nos conta que dias atrás estava em um ônibus em Sorocaba, vestida com uma camiseta do Levante Popular da Juventude, quando foi hostilizada por um homem que também estava na condução. Além de ser chamada de “comunista”, a jovem ainda teve que escutar o agressor proferir palavras como “vadia e vagabunda”. Ela acredita que o clima de ódio que tentam impor ao País despertou o fascismo na sociedade brasileira. “Estava adormecido, mas se sentiram encorajados a mostrar a cara com os últimos movimentos da oposição, notadamente antidemocrática e alheia às necessidades do povo”.

    ‪#‎NãoVaiTerGolpe‬

     

  • Mães militantes criam esquema de rodízio para cuidar dos filhos

    Mães militantes criam esquema de rodízio para cuidar dos filhos

    Mães que não podiam continuar com suas atividades militantes por causa dos filhos pequenos tiveram uma ideia: por que uma não ser a babá do filho da outra para que, em um esquema de rodízio, todas pudessem comparecer aos atos dos coletivos e movimentos em que militam? Assim nasceu a Cirada pela Democracia, grupo de mães e pais que se uniram com o propósito de serem babás nesses momentos.

    De início, a ideia era tomar conta dos filhos para que os pais pudessem ir para as ruas. Agora, as crianças também participam dos atos juntos à família. Raquel Otoni, mãe, professora e militante dos Diretos Humanos, explica que a Ciranda tem o objetivo de fornecer uma formação lúdica para as crianças, contribuindo para que sejam adultos cientes e conscientes de suas obrigações e direitos. Ela afirma que a grande preocupação é “ensinar aos pequenos que os conflitos podem ser resolvidos por meio do diálogo, sem a necessidade de violência”.

    Além de pais, mães e filhos saírem ganhando com a ajuda mútua, Raquel também conta que, ao dialogar com as crianças, os próprios adultos “são levados a refletir junto delas, em um processo em que filhos ensinam pais e vice-versa”.

  • A revolução feminista não será televisionada

    A revolução feminista não será televisionada

    Os dados são impactantes. Na produção de filmes brasileiros, cargos considerados de destaque, como direção e roteiro, têm ampla predominância masculina (74% e 65% respectivamente, segundo a última pesquisa da Ancine).

    Outros dados da mesma pesquisa mostram que, além das mulheres ainda serem minoria nas funções mais valorizadas do audiovisual, elas estão mais presentes em obras de menor duração e documentários — produções de orçamento mais baixo.

    Se ao recorte de gênero for acrescentado o recorte de cor, a situação é ainda mais alarmante: nenhum dos filmes brasileiros de maior bilheteria entre 2002 e 2014 foi dirigido por uma mulher negra.

    No elenco dessas obras, o espaço das mulheres negras também é muito reduzido: 5%, contra 45% de homens brancos, 35% de mulheres brancas e 15% de homens negros, de acordo com dados do Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (GEMAA).

    Essas e outras pesquisas aqueceram o ciclo “Quem tem medo das mulheres no audiovisual?”, que reuniu 27 cineastas, realizadoras, militantes e ativistas em 7 mesas de debate, de 17 a 20 de março, no MIS São Paulo, MIS Campinas e centro cultural Tapera Taperá (SP).

    O evento, aberto e gratuito, idealizado e organizado pelo Coletivo Vermelha — formado por diretoras e roteiristas que se propõem a pensar criticamente a condição feminina e as relações de gênero no meio audiovisual –, mobilizou mais de 300 pessoas durante os 4 dias de discussão.

    No site do Coletivo, é possível consultar a programação completa , os temas das mesas, as minibiografias de todas as convidadas e, em breve, os debates na íntegra: http://coletivovermelha.com.br/.

    As atrizes do filme “KBELA” Isabel Zua e Taís de Amorim debateram como a indústria do cinema historicamente reproduz os valores dominantes.
    As atrizes do filme “KBELA” Isabel Zua e Taís de Amorim debateram como a indústria do cinema historicamente reproduz os valores dominantes.
    No dia 18/03, no centro cultural Tapera Taperá, na Galeria Metrópolis, em São Paulo, foram exibidos os curtas “Cinzas” (2015), de Larissa Fulana de Tal (Coletivo Tela Preta), e “KBELA”, de Yasmin Thayná.
    No dia 18/03, no centro cultural Tapera Taperá, na Galeria Metrópolis, em São Paulo, foram exibidos os curtas “Cinzas” (2015), de Larissa Fulana de Tal (Coletivo Tela Preta), e “KBELA”, de Yasmin Thayná.

    Paridade de gênero não basta

    As mesas abordaram desde a manutenção e transformação dos estereótipos de gênero em filmes e na TV e o impacto disso nas crianças; a existência e a desconstrução da ideia de “olhar feminino”; políticas públicas afirmativas para o setor; até a mulher negra no audiovisual e as relações de produção no set de filmagem.

    No dia 17/03, no MIS Campinas, durante a mesa “Olhar feminino: isso existe?”, a cineasta Tata Amaral (à direita, com o microfone) questionou quais valores e símbolos estão por trás dos produtos culturais que consumimos. A partir de dados de feminicídio e estupros no Brasil, problematizou quem são os setores que estão produzindo esses conteúdos.

    O balanço das reflexões em todas elas apontaram, entretanto, para uma premissa transversal: a de que falar em paridade de gênero no audiovisual não basta.

    Sem levar em conta outros recortes, como classe e cor, o setor audiovisual continuará reproduzindo os privilégios e preconceitos arraigados na sociedade brasileira — desigualdade de oportunidades, renda e gênero, além de homofobia, transfobia, exclusão de grupos como os indígenas etc.

    “Falar das estatísticas sobre a mulher negra no audiovisual não vai dar resultado se não colocarmos no debate a palavra discriminação. E falar em discriminação significa que vamos precisar deslocar da fila os companheiros homens, eles precisam sair da frente. E isso é profundamente desagradável. Veja o que está acontecendo em Brasília. É desagradável dizer a quem sempre teve tudo que não vai mais ter tudo”, provocou Wania Sant’Anna, ativista feminista e antirracista, na abertura da mesa “A Mulher Negra no Audiovisual”.

    Nilcéa freire, representante da Fundação Ford no Brasil com foco em minorias étnicas e ex-ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres entre 2004 e 2011, frisou a importância das ações afirmativas no Brasil durante a mesa “Perspectivas de Transformação: políticas públicas, mídia e sociedade civil”.

    “Era impossível para alguém que não era exatamente igual àqueles mil primeiros candidatos, os mais preparados — porque tinham mais oportunidades, mais educação –, furar a fila e entrar na universidade”, argumentou ela, em relação ao surgimento da política de cotas nas universidades públicas. “A lógica das cotas foi se espalhando por outros setores, como o das mulheres, e ajudou a introduzir a perspectiva de gênero nas políticas públicas”, completou.

    “Sou de Nova Iguaçu, não é o Rio cartão postal. Lá paira essa ideia de que periferia é um lugar onde nunca tem nada. Bom, comecei a estudar Cinema numa escola de lá. Fica dentro da periferia, a maioria dos alunos é negra, não frequenta o centro, e muitas vezes repete essa narrativa, reflexo de um imaginário criado sobre a periferia. Para ter qualquer direito, é preciso poder e saber falar de si, conhecer seu lugar. E a escola de cinema trouxe esse questionamento, essa vontade e força de poder falar, de transformar narrativas, mudar o foco: nosso centro pode ser a periferia”.

    O cinema como ferramenta política e de construção de discurso

    O poder da imagem e da linguagem audiovisual também foi um tema recorrente em diversas mesas.

    “Para a descolonização política e cultural, não adianta ser mulher, e negra, é preciso consciência do lugar de ser mulher negra, e que isso se reflita no que a gente quer mostrar. É preciso dominar a linguagem para romper as narrativas estereotipadas e preconceituosas”, afirmou Larissa Fulana de Tal, realizadora no coletivo de cinema negro TELA PRETA, durante a mesa “Perspectivas de Transformação: políticas públicas, mídia e sociedade civil”. Larissa Dirigiu os filmes “Lápis de Cor” (2014) e “Cinzas (2015)”, este último exibido no centro cultural Tapera Taperá, dentro da programação do ciclo.

    Viviane Ferreira, cineasta, advogada e sócia da Odun Formação e Produção de Bens Culturais, falou sobre o cinema negro como ferramenta política na mesa “A mulher negra no audiovisual brasileiro”.

    “Eu sou resultado de um projeto político idealizado por mulheres negras. Entre o feminismo branco e o feminismo negro, decidimos montar nosso exército. Fui estudar cinema. E assim conheci o trabalho de Zózimo Bulbul, o pai do cinema negro no Brasil, que mostrou pela primeira vez conteúdos negros do país pra uma audiência . E chocou. A linguagem audiovisual é uma forma de construir poder, discurso político. O audiovisual constrói personagens com quem as pessoas vão se identificar, se projetar”, analisa ela.

    Na última mesa, “Trabalhos de meninas e meninos: um set de filmagem é o reflexo de uma sociedade machista?”, domingo 20/03, no MIS-SP, Maria Tereza Urias fechou o ciclo de debates com reflexões importantes para além da diversidade .
    Na última mesa, “Trabalhos de meninas e meninos: um set de filmagem é o reflexo de uma sociedade machista?”, domingo 20/03, no MIS-SP, Maria Tereza Urias fechou o ciclo de debates com reflexões importantes para além da diversidade .
    Falou sobre o trabalho do coletivo Tela Suja Filmes, do qual faz parte, e que busca produzir cinema como experiência coletiva, a partir de questionamentos sobre a sociedade. “Para que um set de filmagem não reproduza relações de opressão, é fundamental que ele seja anticapitalista. Fazer cinema é um privilégio de classe. Para acabar com o machismo, é preciso acabar com a questão de classe”, lançou ela.
    Falou sobre o trabalho do coletivo Tela Suja Filmes, do qual faz parte, e que busca produzir cinema como experiência coletiva, a partir de questionamentos sobre a sociedade. “Para que um set de filmagem não reproduza relações de opressão, é fundamental que ele seja anticapitalista. Fazer cinema é um privilégio de classe. Para acabar com o machismo, é preciso acabar com a questão de classe”, lançou ela.

    Por Livia Almendary e fotos de Bruna Provazi, especial para os Jornalistas Livres

  • “Da lama à luta”: 2 mil mulheres nas ruas de BH

    “Da lama à luta”: 2 mil mulheres nas ruas de BH

    No ato na tarde desse 8 de março, elas lembraram das famílias atingidas pelo crime de Mariana, impune há 4 meses, e a lama de desrespeito que passa na vida de todas as mulheres diariamente.

     

    Uma intervenção devolveu à sede da Vale a sua lama, trazida de Mariana. O carro de som lembra que dentro desse crime continua a acontecer um outro crime, o do machismo. Entre varias denúncias, afirmam que os salários-indenização são geralmente registrados nos nomes dos “chefes de família”, homens, deixando centenas de mulheres sem renda própria, mas com a obrigação de sustentar os filhos e cuidar dos idosos. Situação que gera mais dependência dentro do casamento. Situação que fortalece o homem e enfraquece a mulher.

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    Foto por Lucas D´Ambrosio

     

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    Fotos por Isis Medeiros

    Mas também estiveram nos cartazes as pautas contra a violência à mulher, a reivindicação por trabalho digno e o emblemático

    “Não quero flores, quero o Cunha preso”.

    A marcha terminou, por volta das 19h, com um ato cultural na Praça da Estação.

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    Fotos por Gustavo Miranda

    Mais ações do dia

    O 8 de março mineiro teve um protesto logo nas primeiras horas da manhã, em que as mulheres do MST ocuparam complexo da Samarco/Vale em Mariana. Na cidade de Cachoeira Escura as mulheres do MAB também atuaram nessa linha, ocupando os trilhos da Vale. Em BH, nasceu uma nova ocupação urbana, a Tina Martins, que reivindica que o prédio ocupado seja transformado em abrigo para mulheres.

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    Foto Mídia NINJA