Jornalistas Livres

Categoria: Feminismo

  • Por todas elas – inclusive pela Dilma

    Por todas elas – inclusive pela Dilma

    O ato Por Todas Elas, em Belo Horizonte, reuniu cerca de 5 mil pessoas: homens e mulheres, diversas mulheres, brancas, negras, lésbicas, transexuais, adolescentes, jovens, adultas e idosas. Elas se concentraram na Praça Sete e depois marcharam até a Praça da Liberdade. No trajeto, música, poesia, performance artística e desabafo contra o machismo que afeta a todos e oprime e violenta a mulher. O recado foi dado: “Mexeu com uma, mexeu com todas.

    A violência contra a mulher não é o mundo que a gente quer. Tô na rua contra os abusos e não tolero nem mais um estupro”.

    As mulheres gritaram, gritaram com força. Elas estavam bravas, tristes…algumas choraram! O pensamento estava na irmã que sofreu abuso por mais de 30 homens, e nas tantas que sofrem abusos todos os dias.

    A cultura do estupro é pauta antiga dos movimentos feministas. Mas o caso do estupro coletivo ocorrido na semana passada no Rio de Janeiro contra uma adolescente de 16 anos, fez com que muitas mulheres, homens também, saíssem às ruas nessa quarta-feira. Elas querem dar um basta, e de fato é preciso: 80% dos casos de estupro são contra mulheres no Brasil, e mais de 75% dos casos são contra crianças e adolescentes.

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    Fotografia: Isis Medeiros / Jornalistas Livres

     

    Na periferia é ainda pior

    Durante o ato, muitas mulheres lembraram que nas periferias a cultura do estupro é mais forte. Uma delas disse em cima do caminhão da CUT, que acompanhou a marcha até a Praça da Liberdade, que muitos estupros que acontecem nas favelas são perpretados pelo Estado, quando mulheres são revistadas por…machistas!

    Por isso, a luta hoje também era contra a polícia militar. As mulheres querem o fim dessa instituição, muitas vezes machista e quase nunca defensora dos direitos delas.

     

    Fotografia: Isis Medeiros / Jornalistas Livres
    Fotografia: Isis Medeiros / Jornalistas Livres
    Fotografia: Isis Medeiros / Jornalistas Livres
    Fotografia: Isis Medeiros / Jornalistas Livres

     

    Fica querida

    O ato foi contra o machismo e uma de suas faces mais medonhas – a cultura do estupro, mas foi também uma manifestação contra o governo interino. Nas ruas ecoaram muitos gritos de Fora Temer!

    O deputado federal afastado Eduardo Cunha também não foi poupado: “Eduardo Cunha quer controlar minha buceta”, gritavam em coro as mulheres.

    Fotografia: Isis Medeiros / Jornalistas Livres
    Fotografia: Isis Medeiros / Jornalistas Livres
    Fotografia: Isis Medeiros / Jornalistas Livres
    Fotografia: Isis Medeiros / Jornalistas Livres

    Hoje elas mostraram união e força nas ruas.

    Ainda na Avenida Afonso Pena, de onde saiu a marcha, todas deram as mãos e sentiram essa força. É uma força que não vai mais tolerar o machismo. Apesar de alguns motoristas não terem gostado da marcha pelas ruas e alguém jogar água nos manifestantes, pode-se dizer que sim, as mulheres hoje ganharam as ruas. E pretendem ganhar sempre.

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    Fotografia: Isis Medeiros / Jornalistas Livres
  • Ato “Por todas elas” em Porto Alegre

    Ato “Por todas elas” em Porto Alegre

    Acontece neste momento ato em Porto Alegre-RS ato pelo fim da cultura do estupro. Dentre os pontos reivindicados estão:

    • O imediato arquivamento do projeto de Lei 5069 de autoria do Dep. Eduardo Cunha e de diversos partidos como PSDB, PP, PMDB até PT e PV, o qual viola a ética do profissional de saúde e visa impedir o acesso a pílula do dia seguinte para as mulheres vítimas de estupro;
    • A construção de mais delegacias especializadas em atendimento às mulheres vítimas de vioência com funcionamento 24h;
    • A aprovação do projeto de lei 168/2015 que prevê o aumento da penalidade para os crimes de estupro coletivo;
    • Mais investimento dos governos para a capacitação e sensbilização dos profissionais que prestam atendimento às mulheres vítimas de violência, para que não reproduzam o machismo, o racismo e a lgbtfobia;
    • Investimento dos governos em campanhas educativas de combate ao machismo, ao assédio sexual e naturalização da violência contra a mulher;
    • O combate ao machismo que é disseminado no poder Legislativo, Executivo e Judiciário, e também nos princípios misóginos que as religiões fundamentalistas incentivam;
    • A efentiva aplicação por parte do judiciário da Lei Maria da Penha e investimentos dos governos na construção dos centros integrais de atendimento à mulher;
    • E pela vida das mulheres! Pelo direito de decidir! A descriminalização e legalização do aborto.

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  • Marcia Tiburi sobre a cultura do estupro

    Marcia Tiburi sobre a cultura do estupro

    Márcia Tiburi, artista plástica, professora de filosofia e escritora, faz uma reflexão sobre a cultura do estupro:

    “A cultura do estupro seria aquele nosso modo de viver, que inclui o nosso pensar e o nosso agir, no qual o estupro foi naturalizado. Isso quer dizer que o estupro seria algo tão banal, tão corriqueiro, tão comum, que nós já não nos preocuparíamos com ele.

    Em outras palavras, a sociedade que nesse momento está muito comovida, de um modo geral não se preocupa com o estupro. Sempre que um caso de repercussão ganha atenção da grande mídia ou das redes sociais, todos, no entanto, se manifestam indignados, inclusive aqueles que estão inseridos e incentivam aquilo que a gente tá chamando aqui de cultura do estupro.

    Quando passa a comoção, a mesma sociedade passa novamente a desconsiderar a existência de estupros.”

    Confira a fala completa no vídeo.

  • EU ACUSO: PMDB, PSDB, DEM E SOLIDARIEDADE FINANCIAM O FASCISMO  NO BRASIL

    EU ACUSO: PMDB, PSDB, DEM E SOLIDARIEDADE FINANCIAM O FASCISMO NO BRASIL

    Um vídeo. Nele, Ivan Günther, coordenador do MBL em Belo Horizonte e dos líderes nacionais do movimento de extrema-direita fala sobre o caso da menina estuprada por um grupo de homens no Rio.

    Hoje (27), reportagem publicada pela Folha de S.Paulo revelou que alguns partidos de direita têm apoiado financeiramente o grupo; veja o que dinheiro do PMDB, PSDB, DEM e Solidariedade está financiando (veja a reportagem no link.

    Não estou linkando o vídeo com o post original na página do MBL para não obrigar ninguém a trafegar pelo esgoto fascista e porque é possível que eles acabem apagando.
    A postagem de Günther não foi um “acidente de percurso”. O coordenador do MBL em BH é presença constante na página do grupo no Facebook –só em maio foram seis aparições.

    Günther começa defendendo

    “punições cruéis e as mais dolorosas possíveis”

    aos estupradores, um incentivo aberto à tortura. Em seguida, afirma que o assunto do vídeo era outro:

    “Eu desejo falar das questões culturais que levaram a isso,
    que não são a cultura do estupro

    (ele referiu-se à expressão ironicamente)

    ou qualquer invenção das feministas”.

     

    Para ele, os estupros são resultado da defesa dos

    “direitos humanos”

     

     

     

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    (ele faz o sinal característico de aspas na fala coloquial, deixando claro que há pessoas para quem os direitos humanos devem ser negados).

     

    Em seguida ele faz uma sequência de afirmações mentirosas, para dizer que a defesa dos direitos humanos favorece o estupro, pois um estuprador

    “apenas vai ter que cumprir medidas sócioeducativas, ficar alguns dias na cadeia e ainda receber auxílio reclusão”.

    O sujeito foi taxativo:

    “Esse tipo de cultura é que causa a violência”,

    num discurso tipicamente fascistóide. Tem mais. O líder do MBL, defendeu, na esteira de Bolsonaro,

    “a castração desses vermes”

    e concluiu que as feministas, alvo de seu ódio, não defendem esse tipo de “punição” porque

    “são todas esquerdistas, desprezíveis”.

    A seguir, ele apontou como segunda causa da violência o Estatuto do Desarmamento e defendeu que as pessoas possam se armar numa lógica de fim do tecido social democrático construído ao longo da história para a sociedade do “salve-se quem puder”. Ele concluiu dizendo que

    “para defender as mulheres, defender os direitos dos brasileiros”

    seria necessário

    “menos feministas e mais armamentos”

    –a pergunta óbvia é como haverá “menos feministas”? Ora, com “mais armamentos”.

    Está claro ou não?
    Houve ao longo do último ano quem tratasse esses jovens do MBL como caricatos, folclóricos. Eles não são uma coisa nem outra. São fascistas a disseminar a cultura da violência, da tortura, do machismo e do ódio a qualquer diferença. Com patrocínio do PMDB, PSDB, DEM e Solidariedade.

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    Montagem de Imagens da pagina do facebook de Ivan Günther.

     

     

  • Fazer de cada lágrima um motivo de luta

    Fazer de cada lágrima um motivo de luta

    Homens andam pelas ruas com medo de terem seus celulares roubados; mulheres preocupam-se com seus corpos e suas vidas.

    Uma menina foi estuprada por 30 homens. Foi filmada com a vagina sangrando e homens rindo ao fundo. O vídeo foi favoritado por mais de 500 pessoas no twitter de um dos estupradores. Ela estava completamente dopada. Dopada e violentada por 30 homens diferentes.

    Os comentários dizem muito sobre a cultura do estupro. “Que doentes”, “que animais”. Eles não estavam doentes e não são animais. São homens, relativamente saudáveis psicologicamente, que vivem em uma sociedade onde as relações entre homens e mulheres são pautadas por poder e submissão. Onde o território das mulheres, que incluem seus corpos, é sistematicamente desrespeitado e invadido. Que a violência atinge a todos e todas, isso é bem verdade.

    O capitalismo não poupa ninguém, mas homens andam pelas ruas com medo de terem seus celulares roubados, carros e afins. Mulheres preocupam-se, além disso, com seus corpos e suas vidas. Com os corpos e vidas de suas amigas, suas mães, tias, companheiras.

    Uma vez,num dia difícil, disse a uma amiga que o mais difícil pra mim, é que a gente já nasce morta. Soa hiperbólico, eu sei, mas é real para nós. Porque se vida tem a ver com liberdade sobre os nossos corpos. Se vida tem a ver com liberdade de escolhas, se vida tem a ver com autonomia, nós morremos no primeiro choro. E morremos um pouco todo dia, quando as nossas são violentadas e apagadas. Um pouco do exercício diário tem a ver com renascer. Fazer de cada lágrima que se sucedeu um justo motivo para as nossas lutas! Em frente!

    *Fabiana Oliveira é militante da Marcha Mundial das Mulheres de Campinas-SP. 

    Publicado originalmente no Blog da Marcha Mundial de Mulheres.

  • 13 de Maio, liberdade pra quem?

    13 de Maio, liberdade pra quem?

    Mesmo com a toda revolução tecnológica, geolocalização por celular em tempo real, transformação de alimentos em cápsulas, chegada do homem à lua e até a vinda do Uber no Brasil com balinha e água pela metade do preço do táxi, a pirâmide social não deixa de existir! Na escala de privilégios e preferências da sociedade, o homem branco continua no topo, a mulher branca em seguida, no terceiro escalão está o homem negro e, por último, na base de tudo, vem a mulher negra.

    Hoje, no dia 13 de maio, é uma data simbólica.

    Nessa mesma data, há 128 anos atrás, no dia 13 de maio de 1888, a princesa Isabel nos deu um golpe politico com uma suposta ideia de liberdade arquitetado também por pessoas de bem. Na mesa data, em outra época, no dia 13 de maio de 1958 a Carolina Maria de Jesus – escritora negra – disse em um fragmento de seu livro Quarto de despejo – ” E assim no dia 13 de maio eu lutava contra a escravatura atual: a FOME”. E hoje no dia 13 de maio de 2016, vivenciamos um golpe histórico, evidenciando que a elite branca, conservadora, masculina, racista, machista e homofóbica , tomaram as medidas necessárias para que não houvesse o avanço e sim o retrocesso. Temer, rodeou-se de homens brancos, fato que não se repetia desde o mandado do ex-presidente Ernesto Geisel, em 1974.

    O Brasil país de 516 anos onde negros foram escravizados por quase 400, a luta pela igualdade racial, a luta pelos direitos humanos, a luta pelo direito das mulheres são direitos conquistados e esse retrocesso é inaceitável.

    O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, rompeu com a lógica racista de poder a qual desqualifica a comunidade negra de ocupar espaço, como o presidência da República. Já a presidenta eleita Dilma Rousseff, uma mulher branca, de 70 anos de idade, sofreu no seu mandato graves ofensas por parte de seus “colegas” de trabalho e cidadãos brasileiros. Teve sua cidadania desrespeitada quando fora julgada moralmente por questões pessoais que só diz respeito a ela, como sua opção sexual, sua competência profissional e etc. Homens – de fato – acusados por graves crimes, como o roubo de merenda de adolescentes estudantes de escolas públicas e ainda colocam a policia militar para coagir, agredir e barbarizar estudantes secundaristas de 13 a 17 anos que estão lutando pelo direito à educação, e apesar de tudo isso eles não são expostos, questionados ou se quer julgados como a mulher presidenta Dilma Roussef. Ela que foi torturada no período da ditadura, eleita popularmente por 54 milhões de brasileiros e foi vitima de um golpe pela segunda vez.

    Nesse Brasil pelo qual milhares de pessoas foram às ruas defender a democracia, seus direitos e lutar contra o golpe, me dá plena certeza que a ‘Ponte para o Futuro’ não irá embarcar a população negra, preta, pobre e periférica e que sonho de um dia ter uma mulher negra ocupando um cargo de presidente da república do Brasil, está cada vez mais difícil.

    13 de maio – Vai ter luta.