Jornalistas Livres

Categoria: Eleições Municipais 2016

  • Prefeito de Embu das Artes mais uma vez nas páginas policiais

    Prefeito de Embu das Artes mais uma vez nas páginas policiais

    O prefeito de Embu das Artes, Ney Santos (PRB) é um dos alvos da Polícia Federal (PF) que investiga desvio de dinheiro público em licitações de merenda em 19 prefeituras do estado de São Paulo. Os agentes da PF foram hoje (9) pela manhã até a casa de Ney, em Alphaville, cumprir mandados de busca e apreensão.

    Os recursos para a merenda escolar vêm Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, através do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae).

    Em 2017, uma fiscalização do Tribunal de Contas do Estado encontrou uma situação deplorável no refeitório da Escola Municipal professora Valdelice Aparecida Medeiro Prass, em Embu, e até pombos foram encontrados no local.

    Ney Santos conta com o apoio de Geraldo Alckmin cuja gestão no estado também é acusada por passar a mão na merenda dos estudantes

    A ficha corrida do prefeito que administra graças a um habeas corpus concedida pelo STF é extensa. Ney foi acusado ligação com o tráfico de drogas e de usar uma rede de postos de combustíveis para lavar o dinheiro. O prefeito nega todas as acusações e faz postagens nas redes sociais enaltecendo a qualidade da merenda no município que hoje é terceirizada. Nos comentários dos munícipes, muitas reclamações dos paós sobre comida racionalizada e enlatada.

     

     

    Em 2004, durante a gestão petista do atual deputado estadual Geraldo Cruz (PT), a cidade chegou a ser premiada pelo Ministério da Educação por um projeto que garantia 80% de merenda natural que valorizava a agricultura familiar da região.

     

    Inimigo da imprensa livre

    Além de inimiga da merenda das crianças, a gestão de Ney Santos também é inimiga da imprensa livre. Desde que seu grupo assumiu o governo de Embu, dois casos de agressão de jornalistas que fazem críticas ao seu governo foram registrados, um deles é o colaborador dos Jornalistas Livres, Gabriel Binho, que também é repórter do site Verbo Online, conhecido por dar visibilidade para as notícias locais.

  • A Impressionante Ficha Corrida de João Doria (em 22 itens)

    A Impressionante Ficha Corrida de João Doria (em 22 itens)

    João Doria não esconde de ninguém que irá deixar no ano que vem o posto de garoto-propaganda da Prefeitura (já que o cargo de prefeito jamais assumiu) para disputar a presidência da república. É uma ambição à qual devemos expressar o nosso mais sincero respeito. Afinal, é preciso admitir, João Doria atende com distinção os requisitos para a posição: seu currículo é de causar inveja aos mais gabaritados sanguessugas do Planalto. Trata-se de um natural sucessor ao presidente Michel Temer, sem nada a dever em matéria de sobreposição do público com o privado, associação com os piores estratos da elite empresarial e arsenal infalível de manobras para abafar as ilegalidades.

    Para que não haja dúvidas sobre esta avaliação, confira esta impressionante “ficha corrida” que Doria já acumulou em poucos meses de atenção da Justiça e da imprensa, e que já faz dele um dos mais genuínos representantes da “velha política” da qual finge se diferenciar.

    1. Em 1988, quando deixou a presidência da Embratur em cargo nomeado por José Sarney, foi acusado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) de vários desvios de verbas e intimado a devolver os valores aos cofres públicos. (https://goo.gl/r4MkKG , https://goo.gl/bbGP1w)
    2. Comprou uma “empresa de prateleira” do escritório Mossack Fonseca, no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas, para adquirir um apartamento em Miami, em revelação dos Panama Papers. (https://goo.gl/dSeSTr)
    3. Para se tornar o candidato à prefeitura pelo PSDB comprou votos e ofereceu benefícios a filiados nas prévias, de acordo com líderes do partido. (https://goo.gl/NAXvEs)
    4. Com Geraldo Alckmin, cometeu abuso de poder e usou da máquina pública do Estado para obter vantagens ilegais nas eleições, conforme acusação do Ministério Público. (https://goo.gl/tBGB4O)
    5. Recebeu cheque de R$ 20 mil de empresa investigada pela Lava-Jato em uma suspeita venda de obra de arte. (https://tinyurl.com/ybjq6449)
    6. Em gravação da Polícia Federal, na Operação Boi Barrica, aparece dialogando com filho de José Sarney a respeito de indicação de cargo para diretoria na Eletrobrás. (https://goo.gl/Q9e6eg)
    7. Em 2014 fez uma doação pessoal de R$ 50 mil para Rocha Loures, o famoso homem da mala da JBS. (https://goo.gl/NvofnW)
    8. Omitiu e subvalorizou diversos bens em sua declaração à Receita Federal – que assim chegou a “apenas” R$ 179,6 milhões. (https://goo.gl/depy9c)
    9. Entre 2014 e 2015 recebeu R$ 1,5 milhão em anúncios sobrevalorizados da Gestão Alckmin. (https://goo.gl/307sFi)
    10. Já foi condenado em duas instâncias na Justiça do Trabalho por não pagar horas extras, salários, adicional noturno e verbas rescisórias a seus seguranças, que chegavam a se submeter a jornadas ilegais de 16 horas seguidas. (https://goo.gl/6VTQ8U)
    11. Acumulou por 15 anos uma dívida com a Prefeitura que chegou a R$ 90 mil por recusar-se a pagar o IPTU de sua mansão nos Jardins, e quitou o valor apenas depois que o caso veio a público. (https://goo.gl/qHVCQE , https://goo.gl/ti6NeY)
    12. Obteve em 2012 um favorecimento suspeito da Oi para instalação de antena em condomínio de luxo em Trancoso, onde tem uma casa, em revelação do Ministério Público. (https://goo.gl/4vffVS)
    13. Cercou um terreno de uso público para anexar à sua mansão em Campos do Jordão e se recusou a devolver mesmo depois que a Justiça determinou a reintegração de posse para a Prefeitura. (https://goo.gl/UkYRW5)
    14. Fraudou em sua gestão a concorrência para o patrocínio do carnaval de 2017 na cidade, como demonstram áudios divulgados pelo Ministério Público. (https://goo.gl/14Ycf2)
    15. Promoveu em sua gestão parceria da prefeitura para que empresas ganhassem milhões em isenções fiscais doando remédios perto do vencimento para a população. (https://goo.gl/DOWxvz)
    16. Intercedeu em benefício da esposa junto a chefe de agência no governo Dilma. Posteriormente Bia Doria obteve R$ 702 mil da Lei Rouanet para pagar exposição em Miami e livro sobre a própria obra. (https://goo.gl/pL9yxW e https://goo.gl/GqpfDC)
    17. Para presidir a SP Negócios, órgão público do município responsável por parcerias e investimentos privados na cidade, nomeou o presidente da sua empresa (Lide), Juan Quirós, réu em acões trabalhistas e dono de um dívida de R$ 60 milhões, que tem os seus bens bloqueados pela Justiça por não cumprimento de contrato. (https://goo.gl/ZAmg6h)
    18. Para liderar a principal subprefeitura, a regional da Sé, nomeou Eduardo Odloak, condenado em duas instâncias por improbidade administrativa. (https://goo.gl/aRbWgc)
    19. Escolheu para liderar a Secretaria dos Transportes um réu em duas ações na Justiça por fraudes em licitações e contratos de trens do Metrô. Para a Secretaria da Saúde, nomeou investigado no Ministério Público por improbidade administrativa em transações com o Hospital das Clínicas, a Santa Casa e o Hospital do Servidor. (https://goo.gl/NbgdGv)
    20. Contrariando orientações de sua própria equipe de transição, assim que assumiu o mandato de prefeito ordenou o rebaixamento do órgão da prefeitura responsável por fiscalizar a corrupção, a Controladoria-Geral do Município (CGM), a um mero departamento. (https://goo.gl/BvsiAy)
    21. Após a descoberta da máfia da Cidade Limpa, envolvendo seis subprefeitos e três secretários nomeados por ele, ao invés de afastar os envolvidos demitiu a responsável pela investigação. (https://goo.gl/vhD894 , https://goo.gl/Zkn8kN, https://goo.gl/eN3XjB)
    22. Demitiu Gilberto Natalini, Secretário do Meio Ambiente, depois que ele denunciou à Controladoria-Geral uma máfia para fraudar licenças ambientais na cidade (https://goo.gl/6SphhM)

    Bônus:

    Sua gestão inflou dados aqui (https://goo.gl/PR15Yj), ali (https://goo.gl/B5iaem) e acolá (https://goo.gl/Yms5GV), maquiou dados oficiais sobre o aumento de mortes nas marginais (https://goo.gl/EHhESw , https://goo.gl/xfCPXp , https://goo.gl/RXDyCE) e escondeu reclamações da população (https://goo.gl/N2EdbP).

    Doria já forjou apoio de celebridade (https://goo.gl/vKHTK6) e de especialista (https://goo.gl/PveCnR) a seus programas e adulterou um documento para não se responsabilizar por trabalho escravo (https://goo.gl/t4jtBM).

    Já recebeu em suas empresas mais de R$ 10 milhões de governos tucanos. (https://goo.gl/nEMNbB).

     

    Mas quando recebe críticas, ele põe seus advogados para intimidar com ameaças (https://goo.gl/USGVj7).
    Aguardamos as notificações.

     


     

    Direito de resposta:

    Veja aqui a resposta da Secretaria de Comunicação da Prefeitura de São Paulo à matéria.

  • Aumento da tarifa em BH: manifestantes não deixarão as ruas até prefeito se pronunciar sobre promessa de campanha

    Aumento da tarifa em BH: manifestantes não deixarão as ruas até prefeito se pronunciar sobre promessa de campanha

    Fotografias: Gustavo Miranda/ Sô Fotocoletivo

     

    Não é loucura ou sonho almejar um sistema de transporte público gratuito e de qualidade. O movimento Tarifa Zero já realizou estudos em várias capitais do país para mostrar que é possível investir em transportes de massa, como ônibus e metrôs, de graça para a população.

    Atualmente, as tarifas de ônibus nas grandes cidades aumentam de tempos em tempos, muitas vezes violando o direito de ir e vir das pessoas. Além do que, como diz Cléssio Mendes, do Tarifa Zero, toda a população tem a ver com o transporte público, pois mesmo aqueles que não andam de ônibus, dependem do trânsito para trabalhar, levar o filho na escola. E convenhamos, ninguém gosta de ficar em engarrafamentos:

    “os ônibus vão ficando caros, não tem investimento para melhorar a qualidade e as pessoas vão deixando de usar o ônibus. Com o financiamento público, por meio de impostos progressivos que atinjam pessoas que podem pagar, você consegue financiar aos poucos o transporte de forma que ele não fique tão oneroso pra população e que não a afaste de continuar usando”.

    O transporte público é oneroso para a população porque os donos dos ônibus são empresas que querem lucrar, apenas! Em sua campanha eleitoral à prefeitura de Belo Horizonte, o atual prefeito Kalil, disse que ia tirar o transporte público das mãos dos empresários (https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=1240943969297312&id=1064837793574598).

    Nessa terça-feira (03), o Movimento Passe Livre realizou o primeiro ato contra o aumento da tarifa: “a passagem aumentou, o prefeito concordou, o Kalil é só caô”, gritavam os cerca de 500 manifestantes que saíram da Praça Sete, no centro de BH, e marcharam até a casa do prefeito, na zona sul da capital.

    “O prefeito poderia utilizar de recursos que conseguiriam diminuir o preço da passagem. Não que ele tenha autonomia total sobre o preço. Mas o próprio Márcio Lacerda (ex-prefeito de BH), em 2014, fez uma manobra que suspendeu a cobrança de um imposto, o Custo de Gerenciamento Operacional. Essa é uma exigência nossa também”, explicou Rafael Lourenço, do movimento Passe Livre.

    Em um ato simbólico, os manifestantes colocaram fogo em caixotes de pallets, preparados para servir como catracas, e pularam, ao som de baterias e gritos de ordem. Na porta do prédio onde mora Kalil, foi lida uma carta do Passe Livre ao prefeito. Dentre as reivindicações do movimento estão o cancelamento imediato do aumento da tarifa do ônibus e a abertura da caixa preta das empresas de ônibus.

    “Ele (o prefeito) disse que ia fazer a abertura da caixa preta do transporte e tirá-lo das mãos dos empresários. Estamos aqui para fazer uma prova de fogo com ele, para saber se o que ele falou durante a campanha ficou só lá ou se ele vai ter uma conduta diferente da gestão anterior”.

    Durante o ato ficou decidido que no outro dia será feita outra manifestação, no mesmo horário e mesmo local. Os manifestantes querem uma resposta rápida do prefeito, afinal, desde essa terça o valor de R$4,05 já violenta mais um pouco os pobres trabalhadores e estudantes. “Na verdade, é o prefeito quem vai decidir quantas vezes viremos aqui. E a gente vem quantas vezes for preciso”, finalizou Rafael.

  • Não perdemos apenas o jogo. Perdemos as regras e os juízes

    Não perdemos apenas o jogo. Perdemos as regras e os juízes

    Por Gustavo Aranda, especial para os Jornalistas Livres*

     

    “Podemos votar, podemos nos manifestar mas a democracia mesmo acabou.”

    A frase resumiu o clima de uma reunião especial dos Jornalistas Livres para pensar as consequências de mais um 7 a 1 representado pelas eleições municipais seguidas de um golpe de estado devidamente consumado

     

    aranda_foto

     

    Que perdemos, ninguém tem dúvida. Não importa o jogo que foi jogado, perdemos! O problema é que não perdemos apenas o jogo, perdemos as regras e os juízes. Perdemos nossa frágil viabilidade eleitoral que reflete, basicamente, no próprio direito das nossas pautas e demandas existirem.
    A proibição de doações de empresas para campanhas, por exemplo, que à primeira vista era uma medida progressista, foi um desastre para o Partido dos Trabalhadores. As cidades do interior ficaram sem o menor suporte partidário e a debandada foi imediata e irrestrita. Das cerca de 600 prefeituras do PT, pouco mais de 200 permaneceram sob o comando do partido.
    O efeito das novas regras foi muito parecido com o que se espera de um sistema baseado no voto distrital: influência determinante do poder econômico. Nunca houve tantos milionários eleitos de uma só vez. Só o herdeiro das capitanias, o João Trabalhador, gastou mais de um milhão e meio do próprio bolso. Quase 1% dos 179 milhões de patrimônio declarado à justiça eleitoral. 
O curioso é que esse foi, praticamente, o valor investido pelo governador tucano em anúncios na revista “Caviar Lifestyle” de propriedade do candidato. Ou seja, a campanha saiu quase de graça para João Dória Júnior.

    Os dois partidos que mais elegeram prefeitos são os mais envolvidos em escândalos de corrupção. No Congresso, sabe-se, o mandato de deputado tem preço. Temos sete partidos com mais de 38 deputados na câmara. Temos a bancada ruralista com 207 deputados, a dos “parentes” é a maior com 238, evangélicos somam 197 parlamentares, 226 representantes de empreiteiras, 35 da bancada bala. Dos direitos humanos só 23. A base de Eduardo Cunha, estima-se, era composta por cerca de 160 deputados. O voto em legenda foi praticamente invalidado.
    A direita conseguiu controlar os mecanismos eleitorais. Ou você tem grana ou tá fora da disputa: qual a chance de um governo progressista prosperar nesse balcão de negócios?

    Qual a lógica do seu trabalho?

    Sobre a “crise econômica”, o que parece é que os ricos estão ficando mais ricos. Do ponto de vista matemático sabemos como isso ativa o outro lado da balança.
    Desde a criação dos bancos centrais e a implementação da economia baseada em dívidas – que transformaram a própria moeda em mercadoria – o montante de dinheiro gerado sem lastro com a produção de bens, serviços, ou qualquer coisa real, alterou radicalmente o valor de todos ativos econômicos. Ficou mais vantajoso comercializar moedas e títulos – especular – do que investir na produção.
    A transferência das indústrias americanas e européias para os campos de concentração de trabalho na Ásia, África e América Latina, foram reflexo dessa competição pelo lucro rápido. Hoje, nas grandes cidades, as pessoas estão “pagando” para trabalhar; direitos e garantias trabalhistas estão se convertendo em benefícios. A China, de vilã, se tornou referência em eficiência.
    Outro fator desestabilizante que essa concentração de riqueza exagerada provoca é a pressão inflacionária, principalmente no setor imobiliário. Em São Paulo, por exemplo, quase metade dos imóveis estão na mão de 1% da população.

    A saída que o capitalismo oferece é: “empreenda você também; obtenha um CNPJ; emita Nota Fiscal; hipoteque sua casa; esqueça o emprego tradicional, pois ninguém mais irá mamar nas tetas das empresas”.

    E vamos combinar que passar 50 anos trabalhando 8 horas por dia para se aposentar depois de velho é um projeto de vida que ninguém mais merece. É um modelo moribundo e sua tentativa de reciclagem fede mofo.

    A necessária busca por um novo modelo de civilização passa por encontrar sentido lógico na natureza do trabalho – trabalhar pra que? Por que fazer vídeo? Por que fazer pão e granola? – Passa também por repactuar nosso acordo com o tempo. Por que aprender coisas novas? Qual o papel da arte?

    Do ponto de vista econômico, acredito que a humanidade já reuniu conhecimento suficiente para superar o capitalismo e conseguir racionar melhor a riqueza. O que falta é força para conseguir fazer essa travessia.
    A luta simbólica
    A divisão do país, que demagogicamente era negada pela elite, foi assumida já no primeiro discurso de Aécio Neves após a derrota eleitoral de 2014. A direita se reuniu em torno de um projeto, se viu como classe e lutou o jogo “como deve ser lutado”. Abraçou seus símbolos e foi para as ruas com as melhores roupas. Com orgulho, cantou, esbravejou e fez festa.
    A campanha eleitoral de Fernando Haddad, por sua vez, escondeu o PT como pôde. Escondeu Lula, escondeu a estrela, escondeu a cor. Obedeceu às pesquisas “qualis”. Perdeu duas vezes: a luta eleitoral e simbólica. Perdeu o discurso e a capacidade de liderar – assim como ocorreu no episódio dos “vinte centavos”, quando, republicanamente, o prefeito optou pela sombra do governador.
    Fugir do combate tem sido a tônica dos governos do PT. Talvez pela própria história do Lula, um negociador nato. Talvez como estratégia de marketing para tentar se afastar de uma imagem radical alimentada pela imprensa. A pergunta é: quando iremos olhar, verdadeiramente para os problemas e encará-los sem dar voltas?

    Constituição em risco
    A maneira como o golpe de Estado nos foi apresentado abalaria profundamente a percepção sobre a ética em qualquer sociedade.
    Um vice-presidente conspira contra a primeira mulher eleita. Ele é auxiliado por uma campanha difamatória e por um judiciário seletivo – desde o juiz de Curitiba até a Suprema Corte. Se aproveita de uma chantagem do presidente da câmara. Isso culmina numa condenação sem provas e na substituição arbitrária de um programa de governo.

    É uma história feia de ser contada. O Brasil, mais uma vez, é marcado pela conspiração, pela traição, pelo golpe, pela chantagem e pela imposição.

    O problema de uma ruptura institucional é o tempo que se leva para reconstruir qualquer possibilidade de relação democrática. Os cidadãos são jogados uns contra os outros pois é da natureza de quem se sente roubado.
    O “presidento” ilegítimo e conspirador Michel Temer, assim como todos os beneficiários do golpe, tem como grande arma a própria ilegitimidade. Um governo ilegítimo tem carta branca para tomar qualquer medida, exatamente por não ter compromisso algum com o eleitor. Ninguém votou em Michel Temer. Ou o que é pior, foram os eleitores da Dilma que votaram.
    Enquanto o conflito envolvia apenas os poderes executivo e legislativo era possível vislumbrar uma assembleia constituinte específica para uma reforma eleitoral. À medida que o judiciário perdeu a capacidade de mediar esse conflito e tomou parte no golpe, a constituição como um todo entrou em risco.
    Resistiremos!
    Civicamente estamos escangalhados. Não há instituições e lideranças capazes de apontar uma direção para a esquerda. A construção necessariamente será coletiva. Estamos tão frágeis politicamente que os únicos campos de batalha possíveis são a disputa por uma narrativa independente e a desobediência civil.
    A imprensa e os formadores de opinião continuarão martelando que tudo “é fruto e culpa da Dilma e do PT”. Vão tentar arrancar os direitos trabalhistas e culpar o PT. Vão apostar na privatização de todas as riquezas e culpar a Dilma. Vão restringir os direitos civis e culpar a liberdade. Vão convidar o FMI pra festa e culpar o Bolsa Família. Vão nos provocar e culpar a ordem. Pois os golpistas não sobrevivem sem a ideia de um inimigo e de um culpado.
    Como profissionais da comunicação livre, podemos construir uma narrativa da história e dos fatos partindo das nossas próprias percepções, partindo das nossas vitórias e conquistas e da nossa visão crítica, romântica, otimista, engajada, coletiva e amorosa do mundo. Das nossas experiências humanas e afetivas. Sem nos pautarmos pelo “de sempre”, pela boiada das redações. Nossa luta é também pela pauta. Precisamos participar da decisão de quais questões são importantes serem discutidas por meio de nós, mediadores.
    Conseguir contar a história pelo ponto de vista do oprimido, de quem trabalha duro, do discriminado, dos movimentos sociais, de quem está na vanguarda, de quem desafia e de quem sonha, já é uma grande contribuição para o retorno inevitável do Estado Democrático de Direito.
    Dar voz a quem não tem é a missão do jornalismo livre.
    Resistiremos!

    *Gustavo Aranda é jornalista livre, videoAtivista e padeiro.

  • Na av. Paulista ATO VALEU HADDAD

    Na av. Paulista ATO VALEU HADDAD

    Manifestantes se reúnem na av. paulista para agradecer ao prefeito.

    Terceira parte da Transmissão

    https://www.facebook.com/jornalistaslivres/videos/416171238506759/

     

     

     

     

    Segunda parte da transmissão

    https://www.facebook.com/jornalistaslivres/videos/416167688507114/

     

     

     

     

    Primeira parte da transmissão, agora a pouco.

    https://www.facebook.com/jornalistaslivres/videos/416150281842188/

     

  • Dória adultera seu compromisso com a erradicação do trabalho escravo

    Dória adultera seu compromisso com a erradicação do trabalho escravo

    Por Vinícius Segalla, especial para os Jornalistas Livres

    O candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, João Dória Jr., adulterou um documento elaborado pela Comissão Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo (Conatrae). Trata-se de uma carta-compromisso elaborada pela Secretaria Nacional dos Direitos Humanos, do Ministério da Justiça, da Presidência da República. É um documento oficial. Mas Dória mudou o texto original, assinou e divulgou a versão modificada da carta.

     

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    A carta foi enviada aos candidatos a prefeituras das principais cidades brasileiras, convidando-os a aderir ao compromisso de erradicar o trabalho análogo ao escravo contemporâneo. Em seu último parágrafo, o documento original discorre: “Por fim, asseguro que renunciarei ao meu mandato se for encontrado trabalho escravo sob minha responsabilidade ou se ficar comprovado que alguma vez já utilizei desse expediente no trato com meus empregados.”

    Nenhum candidato tinha a obrigação de aceitar o compromisso, tampouco o direito de adultera-la. João Dória Jr. achou por bem aderir, mas não sem antes modificar o texto, sem informar a ninguém. O candidato tucano divulgou, apenas, que estava assumindo o compromisso que lhe solicitavam.

    Porém, antes de enviar o documento contendo sua assinatura, Dória o adulterou, deixando assim o último parágrafo: “Por fim, asseguro que serão tomadas todas as providências legais se for encontrado trabalho escravo sob minha responsabilidade ou se ficar comprovado que alguma vez já utilizei desse expediente no trato com meus empregados.”

     

    A versão adulterada por Dória pode ser lida aqui:

     http://reporterbrasil.org.br/wp-content/uploads/2016/09/Carta-compromisso_Doria.pdf

    Já as versões assinadas e publicadas pelos candidatos Luiza Erundina (PSOL) e Fernando Haddad (PT) trazem a versão original, e podem ser lidas nos seguintes endereços: http://reporterbrasil.org.br/wp-content/uploads/2016/09/Carta-Compromisso_Erundina-019.pdf

    E

    http://reporterbrasil.org.br/wp-content/uploads/2016/09/Carta-compromisso_Haddad.pdf

     

    A candidata Marta Suplicy (PMDB) recebeu a carta-compromisso e não tinha assinado sua adesão até a publicação desta reportagem.

    Neste sábado (01/10), o jornal Valor Econômico publicou reportagem em que informa que o candidato tucano foi confrontado com a adulteração do documento. Responde que a afirmação da repórter “não continha qualquer fundamento”.

    Os Jornalistas Livres entraram em contato com a campanha de Dória neste sábado à noite para tentar esclarecer as contradições, mas não receberam resposta até a publicação desta reportagem.