Jornalistas Livres

Autor: Raquel Wandelli

  • Mulheres candidatas discutem violência jurídica e estupro em Florianópolis

    Mulheres candidatas discutem violência jurídica e estupro em Florianópolis

    Julgamento que humilhou vítima de estupro na capital está no foco do “Democracia e cidades: eleições 2020 em Santa Catarina” desta sexta-feira, 6, às 20 horas, que entrevista mulheres.

    Quatro mulheres candidatas pela Frente Democrática por Florianópolis a uma vaga na Câmara Municipal são as entrevistadas desta sexta-feira, 6 de novembro, às 20 horas, no quadro “Democracia e cidades: eleições em Santa Catarina”. Na quarta rodada da série, Jornalistas Livres enfocam especialmente o tema da violência jurídica contra a mulher a partir da denúncia do julgamento (assista aqui o júri completo) que absolveu André de Camargo Aranha, acusado de estuprar Mariana Ferrer na festa de abertura do verão do Café de la Musique, em Jurerê Internacional, onde ela teria sido dopada. Discutem ainda a reação da denúncia de estupro e assédio sexual apresentada por umaex-servidora contra o prefeito Gean Loureiro, candidato favorito à reeleição.Acompanhe as entrevistas pelas plataformas dos Jornalistas Livres no Youtube, Facebook, Instagram e Twitter.

    Participam da entrevista quatro mulheres, as candidatas feministas, Cirene Cândido, militante em defesa dos direitos da mulher negra pelo PT; Elaine Sallas, professora e artivista negra e lésbica, militante popular do PSoL; Fafá Capela, socióloga e cientista política da UFSC, militante do PCdoB e Júlia Andrade, psicóloga, jovem integrante do Movimento pela Moradia e presidenta da Unidade Popular (UP).Dois fatos tornaram a capital o epicentro das discussões feministas: há uma semana, o prefeito Gean Loureiro, candidato favorito à reeleição, foi denunciado por sua ex-subalterna, a servidora Rosana Ferrari por estupro e assédio sexual. Nesta semana, viralizou em todo o Brasil o vídeo completo com o julgamento em primeira instância de André Aranha, 43 anos, empresário paulista do ramo de esporte, acusado de estupro de incapaz. O júri ocorreu em setembro passado, mas só agora o conteúdo misógino da sessão saiu do âmbito da imprensa local, depois de reportagem de Shirlei Alves publicada pelo The Intercept .

    Manifestação da Fetafri – MG – Federação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro de Minas Gerais

    Enfrentada por um júri formado por quatro homens, o promotor do Ministério Público, o juiz, o advogado de defesa eo réu, Mariana Ferrer viu seu acusado ser absolvido pelo juiz Hudson Marcos, sob a alegação sem precedentes de que “se houve estupro foi sem a intenção de estuprar”, embora as perícias tenham comprovado a sêmen de Aranha na vítima. O réu Aranhafoi tratado com toda deferência pelo júri, tendo tempo livre para lançar suposições não provadas contra Mariana e lamentar livremente as consequências da denúncia em sua vida profissional e pessoal. Enquanto isso, Mariana Ferrer, 23 anos, foi psicologicamente torturada, intimidada, insultada e humilhada pelo advogadode defesa Carlos Gastão da Rosa Filhoe proibida de fazer avaliações subjetivas pelo juizRudson Marcos, da 3ª Vara Criminal de Florianópolis.

    Foto: reprodução do julgamento por teleconferência em que André Aranha, acusado de estuprar Mariana Ferrer, foi absolvido sob a alegação de estupro sem intenção

    Entidades de defesa dos direitos humanos assinalaram a conivência do juiz e do próprio promotor público Thiago Carriço de Oliveira, que deveria defendê-la e não tentou impedimento do advogado nem mesmo quando ele a tratou como uma vagabunda fingida e golpista, mostrando fotos sensuais que justificariam o estupro e foram apagadas do seu Instagram. Diversas autoridades jurídicas do país, como o ministro Gilmar Mendes do STF do país, CNJ, OAB, Conselho Nacional do Ministério Público e até o Ministério da Cidadania, se manifestaram pela anulação do júri e pediram esclarecimentos ao Ministério Público. Uma das sentenças do advogado não impedidas pelo juiz que barbarizaram a opinião pública foram: “Deus me livre ter uma filha do seu nível”. Ele também implorou a deus que nunca seu filho se envolva com alguém da laia dela.

    Enquanto o caso de Mariana Ferrer, que era virgem e tinha 21 anos quando foi estuprada, ganhou ampla comoção nacional, com engajamento de mulheres em atos públicos que começam a se espalhar por todoo país, a denúncia de Rosana Ferrari se voltou contra ela. Fotos e vídeo do flagrante, que deveriam ser mantidas em sigilo, vazaram da Delegacia da Mulher, onde a queixa foi apresentada, expondo a mulher e o acusado no encontro com o prefeito durante o erário público e no gabinete da Prefeitura.

    Em vez de prevalecer a falta de decoro no exercício de cargo público, que seria motivo para impeachment, as cenas viraram alvo de um coliseu que não cessa de apedrejar a servidora. Nas redes sociais, Rosana éxingada moralmente, difamada e agredida pelos defensores do prefeito Gean Loureiro e acusada de golpe por ter flagrado com o celular o que seria o próprio estupro. Até mesmo opositores do prefeito consideram que as fotos demonstram que houve relação sexual com o seu consentimento. Em seu depoimento à delegacia, aex-servidoraargumenta que fez o flagrante porque já era assediada há dois anos e armou a câmera quando foi avisada de que o prefeito estava chegando ao gabinete da Secretaria de Turismo, onde estava encarregada de fazer a arrumação da sala.

    A diferença de repercussão entre os dois casos na opinião pública de Santa Catarina, o primeiro da vítima perfeita, da menina virginal, o segundo da mulher de meia idade, casada, que não corresponde ao imaginário coletivo de inocente, será avaliada pelas candidatas feministas. Estão em questão a incidência de crimes de gênero – ou crimes da ordem política do patriarcado, como prefere a socióloga Rita Segatto -, no Estado e na capital e as propostas para combater a violência contra a mulher. Inclusive a avalanche de testemunhos de jovens que sofreram estupro ou ameaças a partir do golpe do Boa noite Cinderela na mesma boate onde Mariana trabalhava como influencer, espécie de promoter que faz a recepção dos convidados.

    Com esses quadros de entrevistas que compõem o programa geral “Eleições 2020: o que está em jogo”, os Jornalistas Livres pretendem contribuir para o processo democrático municipal em todo o Brasil.Até o dia 12 de novembro, a equipe de profissionais dos JL de todo o país estará ajudando seu público a ter acesso a informações, posicionamentos ideológicos, projetos para a cidade e perfis políticos que o qualifiquem melhor para exercer o direito de escolha de seus candidatos. Acompanhe as entrevistas pelas plataformas dos Jornalistas Livres no Youtube, Facebook, Instagram e Twitter.

    CANDIDATOS ENTREVISTADOS NESTA SEXTA-FEIRA (6de novembro)

    CIRENE CÂNDIDO, candidata a vereadora pelo PT, número 13456, é formada em Gestão Ambiental, técnica em Segurança do Trabalho e militante feminista pelos direitos das mulheres negras. Já atuou como assessora parlamentar, agente comunitária de saúde, empregada doméstica, trabalhadora rural (boia fria), atendente de loja e telefonista. É empreendedora, colunista,mãe solo e eventualmente trabalha como diarista.

    ELAINE SALLAS, candidata a vereadora pelo PSoL, número 50333, é mestre em teatro pela UDESC e especialista em Arte no Campo, é militante popular, periférica, negra, gorda, a(r)tivista, professora, arte-educadora, lésbica e umbandista. Foi conselheira no Conselho Municipal de Políticas Culturais e tem uma expressiva trajetória de luta pela educação gratuita, pública e de qualidade, pela cultura, por políticas públicas que são nossas por direito.

    FAFÁ CAPELA, candidata a vereadora pelo PCdoB, número 65650, tem 28 anos, nasceu e cresceu em Florianópolis. Graduada em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Santa Catarina, mestre em Sociologia e Ciência Política e doutoranda em Ciência Política, também pela UFSC. O feminismo abriu seus olhos para a necessidade de mudança: em quase 300 anos de existência da Câmara Municipal, apenas 7 mulheres foram eleitas. Por isso se dispôs a ser candidata a vereadora e a apresentar perspectivas que sorriam para todas e todos.

    JÚLIA ANDRADE écandidataa vereadora pela Unidade Popular em Florianópolis (UP), número 80.000.Psicóloga formada pela UFSC, militante popular em organizações como o Movimento de Luta nos Bairros Vilas e Favelas (MLB) e o Movimento de Mulheres Olga Benario.Júlia é Presidenta Estadual da UP, o partido mais jovem registrado no TRE, que trabalha com os movimentos populares em período eleitoral ou fora dele.

    #JustiçaParaMariFerrer

    MANIFESTAÇÃO POR ESTADO:

    Em reunião virtual organizada pelo 8M Santa Catarina, uma rede nacional de mulheres definiu o desencadeamento de atos #JustiçaParaMarianaFerrer em todo o país sob o lema do “Fim da Cultura do Estupro” e “A culpa não é da vítima”. Em Florianópolis, vários atos já foram realizados e o próximo está marcado para o dia 7 de novembro, sábado, às 14 horas, no Centro de Florianópolis.

    SÃO PAULO – SP

    • 08/11 (domingo)
    • 13hrs
    • Vão Livre do MASP

    BRASÍLIA – DF

    • 04/11 (quarta-feira)
    • 19h
    • Praça dos 3 poderes

    RIO DE JANEIRO – RJ

    • 08/11 (DOMINGO)
    • 14 horas
    • Cinelandia

    BELÉM DO PARÁ – PA

    • 08/11 (domingo)
      -14 hrs
      -Can (em frente a basílica de Nazaré)

    BELO HORIZONTE – MG

    • 07/11 (Sábado)
    • 15:00
    • Praça 7 de Setembro

    MANAUS- AM

    • 08/11 (domingo)
    • 13:00
    • TEATRO AMAZONAS

    RIBEIRÃO PRETO /SP

    • 06/11 (sexta-feira)
    • 13:00
    • TEATRO PEDRO II

    UBERLÂNDIA – MG

    • 08/11 (domingo)
    • 13:00
    • PRAÇA TUBAL VILELA

    SÃO JOSÉ DOS CAMPOS – SP

    • 07/11 (sábado)
    • 10h
      Praça Afonso Pena

    PORTO ALEGRE – RS

    • 08/11 (domingo)
    • 15h
      Redenção

    CURITIBA – PR

    • 07/11 (sábado)
    • 14:30
    • Santos Andrade

    FLORIANÓPOLIS – SC

    • -04/11 (quarta-feira) -17h -Em frente ao Tribunal de Justiça de SC e
    • dia 07/11 (sábado)
    • 15h
    • Beira mar

    BALNEÁRIO CAMBORIÚ – SC

    • 08/11 (domingo)
    • 13h
    • Ponto de encontro R. 1500 esquina com a praia, saída até a praça Tamandaré

    CRICIÚMA – SC

    07/11 (sábado) – 10h – Pça Nereu Ramos -08/11 (domingo) -14:30 -Forum

    ITAJAÍ – SC
    Local: Igreja Matriz de Itajaí
    Data: 08/11/2020
    Horário : 13hrs

    SALVADOR – BA

    • 07/11 (sábado)
    • 15h
    • OAB BA, rua portão da piededade

    FORTALEZA – CE

    • 07/11 (sábado)
    • 15h
    • Praça da OAB/CE

    JUIZ DE FORA – MG

    • 07/11 (sábado)
    • 15h
    • Parque halfeld

    VITÓRIA – ES

    • 08/11 (domingo)
    • 15h
    • Em frente à Assembleia Legislativaj Teresina – Piauí
      Dia: 07/11
      Local: Parque da Cidadania
      Horário: 16hs Natal- RN*
    • 07/11 (sábado)
    • 15:00h
    • Mydway Mal (shopping)

    Veja a nota do 8M Brasil – SC

    JUNTAS PELO FIM DA CULTURA DO ESTUPRO!

    Chega! Não aceitamos essa cultura que nos explora, oprime e violenta nossos corpos. Não naturalizamos a impunidade seletiva e culpabilização das vítimas!As imagens da audiência que inocentou André de Camargo Aranha com o argumento absurdo de “estupro culposo” alegando falta de provas, são revoltantes. As agressões do advogado, promotor e juiz contra Mari Ferrer, escancaram de que lado está a justiça e por que é tão difícil para as mulheres denunciarem. Sabemos que provas é o que não faltam! Não existe estupro culposo! Repudiamos a exposição e culpabilização das mulheres vítimas de violência sexual. Como no caso da denúncia contra o Prefeito Gean Loureiro por estupro. Para ele, a consequência até agora foi zero, não foi afastado do cargo até que o caso seja julgado e segue na corrida pela reeleição, condenando a vítima publicamente.Chega! Queremos dignidade e respeito!Vamos pra rua!Próximo sábado, dia 07/11 #JustiçaPorMariFerrer e por todas nós!Exigimos a anulação dessa sentença e punição a todos os agressores.#DeuPraTiGeanA culpa nunca é da vítima!É pelo fim da cultura do estupro!#EleNão#ForaBolsonaro#NossasVidasImportam

    Evento no FB do ato dia 07/11:
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    Post no instagram:
    https://www.instagram.com/p/CHO9GlcA_v-/?igshid=13dl700t7uuhe

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  • O SUS e a pandemia em SC: hoje, rodada de entrevistas com candidatos à vereança

    O SUS e a pandemia em SC: hoje, rodada de entrevistas com candidatos à vereança

    Jornalistas Livres realizam nesta terça-feira, dia 2 de novembro, das 19 às 20h30, a terceira rodada de entrevistas a candidatos e candidatas à vereança, dentro do quadro “Democracia e cidades: eleições em Santa Catarina”. As entrevistas focam candidatos e candidatas dentro do campo progressista, desta vez com ênfase para a atuação dos vereadores na defesa da saúde pública e no combate ao coronavírus. Ouvintes podem participar comentando e formulando perguntas que os candidatos poderão responder antes ou depois do programa.

    Depois de duas rodadas de entrevistas com candidatos a vereadores da capital, o quadro vai entrevistar candidatos de quatro municípios do Sul, Norte e Vale do Itajaí com ênfase na pauta da saúde, educação e serviço público. Participam do quadro o médico Ricardo Baratieri (Barata), de Florianópolis, que representa oficialmente a candidatura coletiva Saúde Floripa, e se notabilizou na defesa do SUS; Luiz Costa, farmacêutico e professor universitário, candidato a vereador pelo PCdoB em Blumenau, defensor do SUS e da FURB; Prof. Willian (Meister), militante social, com atuação na área da educação, comunidades e meio ambiente de Itapema e Ju do Sindicato, candidata a vereadora pelo PDT em Criciúma, que tem atuação em defesa dos direitos do trabalhador do município, principalmente.

    Conduzido pela jornalista Raquel Wandelli, o programa estreou no dia 20, com entrevista a cinco candidatos dos principais partidos que compõem a Frente Democrática por Florianópolis: Elenira Vilela (PT); Leonardo Contin (PCdoB); Margareth Hernandes (PSB); Tânia Ramos (PSoL) e Vanderlei Farias, o “Lela” (PDT). Os postulantes à Câmara de Vereadores  falaram sobre suas motivações para participar da política, abordaram a importância da formação da Frente no embate ideológico com o cenário político estadual e nacional; apresentaram seus projetos para a cidade e responderam questões sobre democracia e participação popular e fiscalização do poder público.

    Na rodada seguinte foram entrevistados candidatos que com atuação reconhecida em questões das políticas públicas consideradas emergentes. Participaram Elisa Jorge, arquiteta e urbanista, que tem concentração na área do direito à moradia e no combate à violência policial contra moradores das periferias; Carla Ayres, espécie de embaixadora dos direitos LGBTI+ em Florianópolis e da representatividade da mulher na Câmara de Vereadores; Luciane Freitas, lutadora social do Movimento Negro Unificado e defensora das comunidades quilombolas e periféricas e Victor Gaspodini, um dos mais jovens candidatos a vereador, militante dos direitos estudantis e das causas da educação.

    Um terceiro debate com candidatos da Frente em Florianópolis está marcado para o dia 6 de novembro e e outras entrevistas a candidatos a vereanças de diversos municípios do estado, privilegiando outras siglas serão realizadas até o dia 12 de novembro. Com esses quadros de entrevistas que compõem o programa geral “Eleições 2020: o que está em jogo”, os Jornalistas Livres pretendem contribuir para o processo democrático municipal em todo o Brasil.

    Até o dia 12 de novembro, a equipe de profissionais dos JL de todo o país estará ajudando seu público a ter acesso a informações, posicionamentos ideológicos, projetos para a cidade e perfis políticos que o qualifiquem melhor para exercer o direito de escolha de seus candidatos. Acompanhe as entrevistas pelas plataformas dos Jornalistas Livres no Youtube, Facebook, Instagram e Twitter.

    CANDIDATOS ENTREVISTADOS NESTA TERÇA-FEIRA (3 de novembro)

    JU DO SINDICATO (Jucelia Vargas Vieira de Jesus) –  12004 – PDT

    Professora de profissão, servidora da Prefeitura Municipal de Criciúma hã 33 anos. Diretora de escola de três estabelecimentos de ensino, foi secretária da mulher da CUT SC e presidenta da FETRAM SC . Hoje é presidenta do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Criciúma e Região (licenciada), membro da direção da CUT SC (licenciada), secretária geral da Confetam (licenciada). Representa o Brasil no Comitê de Combate ao Racismo e Xenofobia da ISP ( licenciada), formadora da CUT SC e vice presidente da ONG Mulheres Negras professora Maura Martins Vicência.

    LUIZ COSTA 65170 – PCdoB

    Farmacêutico e professor de Ética, Bioética, Saúde Comunitária e Estágios da FURB, de Blumenau. Conselheiro do Conselho Municipal de Saúde de Blumenau. Mestre em saúde pública e doutor em ensino na saúde. Experiência na Gestão da Saúde (SUS) como Diretor de Vigilância em Saúde em Blumenau entre 2001 e 2003 e coordenador de Assistência Farmacêutica do Ministério da Saúde. Profissional Nacional da OPAS/BRA. Conselheiro do CRF/SC e Presidente do Sindicato dos Farmacêuticis de SC. Bandeiras principais: Defesa do SUS e garantia do acesso a medicamentos e exames. Cidade livre de agrotóxicos, agroecologia e alimentação orgânica. Defesa do acesso ao ensino superior com apoio a UFSC e FURB em Blumenau.

    RICARDO BARATIERI – 13192 – PT

    Médico, 68 anos, formado pela Universidade Federal de Santa Catarina, especialista em cirurgia digestiva, e professor aposentado da instituição. Foi vereador em Florianópolis por duas legislaturas (1988 a 1996) e Secretário de Saúde (1992/93) na administração popular do prefeito Sérgio Grando, quando participou da estruturação do SUS em Florianópolis, cuja defesa e fortalecimento é sua principal bandeira. O vereador representa oficialmente o Coletivo Saúde, formado pela psicóloga Lívia Fontana, o dentista Sylvio da Costa Jr, a enfermeira Laís Gisela Schneider, o enfermeiro Jorge Lorenzetti e o vice presidente do Conselho Municipal de Saúde Marcão Pinar.

    Prof. WILLIAN – 13456 -PT

    Morador da periferia de Itapema. Professor de escola pública, formado em Educação Física com passagem por História. Foi dirigente partidário estadual e municipal e agora constrói o Coletivo Marxista, organização política que forma militantes para atuação em movimentos sociais. Duas vezes candidato a prefeito de Itapema (2012 e 2016) e uma vez candidato a deputado estadual (2014). Milita pelo Direito à moradia; Defesa do magistério e da liberdade de cátedra; do serviço e do servidor público e pela preservação ambiental. Defende a reorganização das associações de moradores e dos conselhos comunitários como ferramentas de controle social e participação popular.

  • Terça, 27, tem segunda rodada de entrevistas a candidatos de Florianópolis

    Terça, 27, tem segunda rodada de entrevistas a candidatos de Florianópolis

    Jornalistas Livres realizam nesta terça-feira, dia 27 de outubro, das 20 às 21h30, a segunda rodada de entrevistas a candidatos a vereança em Florianópolis, dentro do quadro “Democracia e cidades: eleições em Santa Catarina”. As entrevistas focam candidatos e candidatas dentro do campo progressista representado pela Frente Democrática por Florianópolis, a mais ampla e exitosa aliança de esquerda do país. Integram a frente oito agremiações partidárias: PSoL, PT, PDT, PSB, PCdoB, Rede e UP. Ouvintes podem participar comentando e formulando perguntas que os candidatos poderão responder antes ou depois do programa.

    Desta vez, o programa vai entrevistar candidatos que representam presença reconhecida em questões das políticas públicas consideradas emergentes. Participam do quadro Elisa Jorge, arquiteta e urbanista, que tem atuação de excelência na área do direito à moradia e no combate à violência policial contra moradores das periferias; Marcos José de Abreu (Marquito), que se notabilizou pela pauta ambiental e projetos de repercussão nacional como o Floripa Zona Livre de Agrotóxicos; Carla Ayres, espécie de embaixadora dos direitos LGBTI+ em Florianópolis e da representatividade da mulher na Câmara de Vereadores; Luciana Freitas, lutadora social do Movimento Negro Unificado e defensora das comunidades quilombolas e periféricas e Victor Gaspodini, um dos mais jovens candidatos a vereador, militante dos direitos estudantis e das causas da educação.

    Conduzido pela jornalista Raquel Wandelli, o programa estreou no dia 20, com entrevista a cinco candidatos dos principais partidos que compõem a Frente Democrática por Florianópolis: Elenira Vilela (PT); Leonardo Contin (PCdoB); Margareth Hernandes (PSB); Tânia Ramos (PSoL) e Vanderlei Farias, o “Lela” (PDT). Os postulantes à Câmara de Vereadores  falaram sobre suas motivações para participar da política, abordaram a importância da formação da Frente no embate ideológico com o cenário político estadual e nacional; apresentaram seus projetos para a cidade e responderam questões sobre democracia e participação popular e fiscalização do poder público.

    Um terceiro debate com candidatos da Frente em Florianópolis está marcado para o dia 6 de novembro e no dia 3 de novembro o quadro “Democracia e cidades: eleições em Santa Catarina” entrevistas candidatos a vereanças de diversos municípios do estado, privilegiando outras siglas.

    Com esses quadros de entrevistas que compõem o programa geral “Eleições 2020: o que está em jogo”, os Jornalistas Livres pretendem contribuir para o processo democrático municipal em todo o Brasil. Até o dia 12 de novembro, a equipe de profissionais dos JL de todo o país estará ajudando seu público a ter acesso a informações, posicionamentos ideológicos, projetos para a cidade e perfis políticos que o qualifiquem melhor para exercer o direito de escolha de seus candidatos. Acompanhe as entrevistas pelas plataformas dos Jornalistas Livres no Youtube, Facebook, Instagram e Twitter.

    CANDIDATOS ENTREVISTADOS NESTA TERÇA-FEIRA

    Carla Ayres é cientista social, defensora dos Direitos Humanos, LGBTI+ e das liberdades religiosas. Ativista feminista, atuou como consultora de políticas públicas para o PNUD e ONU Mulheres e Conselheira Nacional LGBTI+. Candidata a vereadora pelo PT em 2016, assumiu a Câmara de Vereadores como terceira suplente por três vezes. Nessas oportunidades, aprovou cinco projetos e apresentou mais de 25 propostas para a cidade. Foi a primeira e única mulher a presidir a Comissão da Mulher da Câmara. Em 2018, tornou-se suplente de deputada estadual e a segunda mulher mais votada do PT para a Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina. É candidata a vereadora pelo PT, número 13044.

    Elisa Jorge é feminista, mãe, arquiteta, urbanista e militante de movimentos sociais e ambientais de Florianópolis. Integra o Coletivo Ocupações Urbanas, do Projeto Brasil Cidades (br cidades), do Movimento da Ponta do Coral 100% Pública, do Movimento Nacional de Luta por Moradia. Atua também no Movimento 8M/SC e na Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher e Igualdade de Gênero na Câmara Municipal de Florianópolis e na defesa dos povos indígenas. Foi chefe de gabinete do mandato do vereador Lino Peres durante seis anos. Empenhada na Campanha Nacional #DespejoZero: pela vida no campo e na cidade, é candidata a vereadora pelo PT número 13111.

    Lu Freitas, 45 anos, é professora da educação quilombola, graduada em Ciências Sociais e mestranda em Educação pela UFSC. Mãe, avó, militante do Movimento Negro Unificado, moradora do Maciço do Morro da Cruz, região periférica de Florianópolis, há 27 anos. Construiu sua militância no MNU, dedicada às questões da educação popular e quilombola. Atua nos coletivos Integrar e Gestus (Gestão Estudantil Universitária), fortalecendo esses espaços de articulação e apoio a estudantes periféricos para ingresso e permanência na universidade. Reconhecida na luta para transpor as estruturas racistas e patriarcais, Luciana é candidata à vereadora pelo PT em Florianópolis com o número 13131.

    Marcos José de Abreu, o Marquito, é Engenheiro Agrônomo e Mestre em Agroecossistemas. Como  vereador pelo PSOL em Florianópolis, construiu um Mandato Agroecológico, com participação de inúmeros entidades ambientais. Seu  mandato atua na gestão de resíduos, biblioteca temática, banco de sementes e na organização de um sistema intersetorial na defesa da ecologia e justiça social. É autor das Leis da Compostagem, Política Municipal da Agroecologia e Produção Orgânica, Floripa Zona Livre de Agrotóxicos e Direitos da Natureza. Candidato pelo PSoL, número: 50150.

    Victor Gaspodini estudante, manezinho, 22 anos, é candidato pela primeira vez pelo PSoL sob o número 50.000.  Indignado com injustiças sociais, se envolveu no movimento estudantil logo no início da faculdade e ajudou a organizar um movimento contra a Emenda do Teto dos Gastos. Aos 19 anos, foi eleito presidente do DCE da UNISUL e liderou uma gestão que esteve na rua em defesa da educação pública, do PROUNI e do FIES, defendeu as bolsas do Art. 170 e conquistou o menor reajuste de mensalidade dos últimos anos. Seu TCC, concluído em agosto, conta em livro-reportagem a história de Luiz Cancellier, ex-reitor da UFSC, vítima de abuso de poder.

  • Para onde caminha a humanidade sob o impacto da pandemia?

    Para onde caminha a humanidade sob o impacto da pandemia?

    Capa: Raquel Cipriani Xavier

    Uma inquietação profunda de mulheres filósofas em relação ao momento pelo qual a humanidade passa deu origem à publicação de Reflexões sobre uma pandemia. Em formato digital, o livro de ensaios filosóficos aborda os impactos das ondas de Covid 19 sobre o pensamento contemporâneo e sobre a própria crença na permanência da humanidade na Terra. Quinze pesquisadores de quatro universidades públicas brasileiras assinam essa coletânea de artigos proposta e organizada por três pensadoras da Universidade Federal de Santa Catarina: Maria de Lourdes Borges, professora do Departamento de Filosofia, a pós-doutoranda Evânia Reich e a doutora Raquel Cipriani Xavier. “O pensamento filosófico foi sacudido não só pela gravidade da pandemia, mas pela forma como o Brasil vem tratando essa tragédia, o que nos obriga a parar para compreender o que há por trás das alterações no valores e sentidos sobre a vida que estão sendo produzidos pelos Estados autoritários”, diz a professora Maria Borges, em entrevista aos Jornalistas Livres.

    Escrita no calor dos acontecimentos, em pleno devir da história, ao modo de Nietzsche, a obra traz, contudo, o rigor intelectual recomendado por Hegel ao voo da ave noturna que simboliza a filosofia. Embora os dilemas sejam dos mais cabeludos, os 15 ensaios preservam a clareza e a beleza estética da boa literatura filosófica. Os autores compartilham com o público reflexões sobre os abalos éticos trazidos pelo coronavírus para a vida em sociedade. Publicado em formato digital pelo Núcleo de Ética e Filosofia Política (Néfipo) da UFSC, que atua há quase dez anos com a divulgação do conhecimento acadêmico filosófico, o livro pode ser acessado e baixado gratuitamente por qualquer pessoa neste link.

    “A história da humanidade já vivenciou outros episódios de epidemias, talvez tão graves quanto a atual, tais como a peste que assolou a Europa nos séculos XIII e XIV, dizimando quase um terço de sua população, ou o desaparecimento de grande parte da população ameríndia entre o século XVI e XVIII através dos vírus trazidos pelos colonizadores europeus. Nossa geração, contudo, jamais havia passado por esta experiência, a não ser assistindo filmes ‘distópicos’ ou de ficção científica. Embora alguns grandes epidemiologistas têm dito que fomos muito ingênuos em não termos previsto a possibilidade de um contágio em massa por um vírus letal, a bem da verdade, ninguém levava a sério esta possibilidade. Tampouco os primeiros casos na China despertaram, nos outros continentes, um medo em relação a uma possível pandemia. Fez-se necessário que seus países fossem massivamente infectados para que a realidade caísse nua e crua diante de seus olhos”.

    (Apresentação da obra: Maria de Lourdes Borges, Evânia Reich e Raquel Cipriani Xavier)

     

    Os ensaios reunidos mostram que o vírus escancara a vulnerabilidade social e revira todos os conceitos estabelecidos pela história da Filosofia, abalando a própria confiança das pessoas em geral na permanência da humanidade no Planeta. Cada filósofo traz à baila uma análise deste tempo de pandemia, revelando, ao mesmo tempo, questões filosóficas próprias muito singulares.  A obra é marcada por um profundo questionamento seguido da busca de respostas em torno de temas como a ética médica diante da necessidade de selecionar os pacientes que serão priorizados no tratamento de Covid por conta da precariedade dos sistemas de saúde. Também merece investigação dos autores a dificuldade de garantia das liberdades individuais diante das imposições de condutas coletivas, assim como a assimilação das mortes dos excluídos pelo estágio neoliberal do capitalismo e mesmo o combate das medidas preventivas pelo Bolsonarismo. Abordam ainda o sentimento inconsciente de traição das promessas do iluminismo de domínio da ciência, gerado com a ausência de vacina e remédios contra o coronavírus, abrindo campo para entrada do negacionismo do conhecimento . O retorno do conceito do mal aplicado à doença em contraposição à maldade política também se desdobra em vigorosas análises, e da mesma forma as incertezas sobre as possibilidades de reorganização da vida em sociedade no trabalho, na escola, no lazer, no transporte.

    Protesto contra o racismo nos EUA: capitalismo absorve as mortes das minoridades políticos para perpetuar-se na história

    Tensionamentos gerados pela pandemia sobre a presença do Estado e do seu papel na manutenção do bem-estar dos cidadãos compõem as discussões salutares no campo da filosofia política.  No ensaio de abertura, intitulado “Fraqueza do Estado e elitização da cidadania na América do Sul: Lições políticas da pandemia”, Alessando Pinzani analisa a reação dos governos nacionais, mostrando que a crise de COVID-19 recolocou no centro da cena política um ator que desde a crise econômica de 2008 e 2009 tinha sido esquecido como protagonista: a figura do Estado. Perseguindo o objetivo de analisar a responsabilidade que os diferentes Estados têm assumido, Pinzani mostra como um Estado que permite o aprofundamento das desigualdades sociais provoca um resultado mais dramático da pandemia.

    Fazendo uma linha de comparação dos países da América do Sul com a maioria das nações da Europa, Pinzani levanta o grande problema da desigualdade social que é exacerbada nos países em que os Estados sempre foram menos presentes na distribuição de renda. Em contrapartida, nos países em que os indivíduos sempre foram deixados à própria sorte, sem qualquer amparo oficial, a situação pouco mudou com a pandemia. E o Brasil torna-se um dos grandes exemplos do descaso do governo atual, que se intensificou com a atual política de ideologização das ações públicas.

    “Até hoje, o governo brasileiro continua a negar a gravidade do problema, ainda que o número de mortos aumente diariamente, o Brasil se torna velozmente um dos países mais infectados do mundo”. 

    Vírus não é democrático: desigualdades sociais agravam consequências do coronavírus para as comunidades socialmente vulneráveis

     

     

     

    VÍRUS E CAPITAL SE ALIAM NO

    COMBATE AO CONFINAMENTO

    Em “COVID-19 e ubupoder-19”, Leon Farhi também deflagra sua reflexão de filosofia política com uma pergunta: “Em que grau a morte entrava o dinamismo do capital?” Ao analisar as ligações entre a crise da pandemia e a crise atual do capitalismo, Farhi investiga, ao fundo, a existência de um projeto de extermínio passivo dos mais fracos que interessa à sobrevivência do sistema de mercado. Mostra como a dinâmica do capital absorve, sem grandes abalos ao sistema, a maior parte das vítimas da letalidade da COVID-19, que já se aproximam neste fim de semana a 500 mil mortos no mundo e 60 mil no Brasil.

    Esses mortos são, em sua maioria, idosos, doentes crônicos, pobres, negros, indígenas, trabalhadores avulsos, que vivem em condições precárias e desfavoráveis ao isolamento. Por outro lado, as medidas tomadas pela maioria dos países favoráveis à suspensão parcial das atividades econômicas, abalam, sim, a existência do capitalismo atual. Esse dilema leva o autor a uma reveladora conclusão: o problema não é o vírus em si, mas as medidas de combate e proteção aos trabalhadores que acabam alcançando a população mais vulnerável. Nesse aspecto, vírus e capital se alinham no combate ao confinamento, o que explica a lógica das carreatas e protestos de bolsonaristas no Brasil contra a permanência da quarentena nos grandes centros. A questão que subjaz dessa reflexão é a de saber por que o isolamento social, que levou à suspensão da rotina econômica, foi aceito pelos Estados e por grande parte da população, mesmo sofrendo consequências imprevisíveis. Na busca de respostas, o autor se aprofunda na crise que aparentemente assola o capitalismo e na crise política brasileira produzida pelo que ele chama de “ubupoder”.

    O ensaio “Vários mundos para uma só pandemia: contra a universalidade do discurso filosófico”, assinado por Érico Andrade, encara de frente o problema das diferenças sociais relacionadas à crise da pandemia e destrói de vez a ilusão inicial de que o vírus seria democrático. Pelo contrário, o coronavírus muito mais acentua do que elimina a desigualdade social, o que se agrava em países como o Brasil. Tanto na forma de contágio quanto nas consequências para as pessoas e para os países, o vírus afeta de maneira desigual. “Não existe o mundo pós-pandemias. Existem mundos”, escreve Andrade, acentuando que esses mundos são afetados em tempos e em espaços distintos. Daí vem uma importante conclusão do autor destacada pelas organizadoras do livro: o tempo, assim como o espaço, é relativo à classe, à raça e ao gênero. Se a circulação do vírus pode ocorrer de forma indiscriminada, a possibilidade de controlar essa circulação e de proteger as pessoas depende do contexto social.

    “Longe de ser uma doença democrática, no sentido de que todas as pessoas estariam igualmente submetidas a ela, a letalidade da COVID-19 incide nas populações mais carentes e mais precarizadas”. (Érico Andrade)

    Fossas coletivas para dar conta dos mortos de Covid em cemitérios de Manaus

    O desrespeito às medidas de proteção por muitos Estados levam Cristina Foroni a analisar também o papel das instituições internacionais no mundo globalizado diante do processo galopante de dispersão do coronavírus pelo mundo. Em “A soberania dos Estados e os limites das instituições internacionais na pandemia do coronavírus”, ela discute, à luz da obra de Habermas, a necessidade de adoção de medidas de proteção à vida que ultrapassam as fronteiras nacionais. No caso brasileiro, a autora defende que a garantia dos direitos humanos autorizaria uma intervenção de instituições internacionais nas decisões dos Estados. A autora discorre a respeito da “forma que poderia assumir uma estrutura político-jurídica internacional capaz de tomar decisões vinculantes e obrigatórias em casos nos quais estão em jogo a vida, a integridade física e os direitos dos indivíduos submetidos ao poder soberano dos Estados”, conforme as apresentadoras. Habermas oferece à filósofa elementos norteadores para refletir sobre conflitos muito importantes causados pela doença, como a restrição da soberania dos Estados em contraposição aos direitos humanos.

    As implicações éticas da pandemia no mundo globalizado retornam no capítulo “Ética global, direitos humanos e a pandemia da COVID-19”, assinado por Milene Tonetto. A autora defende a realização de acordos internacionais para o acesso de todos a medicamentos, vacinas e tratamento médico, de modo a corresponder a esse caráter globalizado da ética. Também salienta a importância da ciência para justificar e fundamentar os argumentos morais e jurídicos em consonância com o aspecto multidisciplinar da mesma ética. Num terceiro ponto, advoga a participação de especialistas em ética nas decisões sobre o controle da pandemia de modo a garantir soluções práticas justas e respaldadas em fundamentos teóricos.

    Finalmente, Milene Tonetto examina as diferentes violações éticas no Brasil sob a pandemia, mostrando que houve nos últimos anos uma substantiva precarização da estrutura da saúde pública, tanto na redução da oferta de hospitais e leitos, quanto na disponibilidade de profissionais. Através de dados quantitativos, enfatiza a situação de vulnerabilidade social da população brasileira, agravada pela crise sanitária. A autora conclui apontando os crimes éticos de natureza ambiental com impacto na saúde humana, como a destruição da biodiversidade e do habitat de espécies da flora e da fauna que podem influenciar no surgimento de novas doenças como a COVID-19.

     

    PENSAMENTO VIVO DA UNIVERSIDADE OFERECE SOLUÇÕES PARA DILEMAS ÉTICOS

     

     

    Mais do que trazer para as pessoas comuns, filósofos, historiadores, cientistas, pesquisadores em geral, discussões vicinais sobre o momento exasperante que vivemos, Reflexões sobre uma pandemia é uma prova cabal de que a universidade vive e respira na pandemia, produz e faz ciência. Todos os artigos evidenciam esse vínculo pulsante do pensamento filosófico com o tempo presente no seu sentido mais prático, que é trazer respostas às pessoas e atores sociais envoltos em crises, sofrimento e dúvidas com os passos futuros da humanidade.

    Os autores indagam o papel da Ética no combate à COVID-19 e assumem as tarefas prioritárias dos filósofos nesse cenário que são, segundo Darlei Dall’Agnol, no capítulo “Reflexões bioéticas sobre a COVID-19”, reforçar o papel da ciência no enfrentamento do novo coronavírus, refletir sobre as novas formas de relacionamento e discutir os inúmeros dilemas éticos que se apresentam. Nesse sentido, seu ensaio mostra particularmente a concretização de um serviço da filosofia à sociedade. Relata a criação de um grupo denominado “Dilemas COVID-19 Bioética”, formado por quatro professores brasileiros que foram pesquisadores do Center for Practical Ethics da Universidade de Oxford, incluindo o autor. Mostra o esforço desse grupo para oferecer respostas a alguns dilemas trazidos pela COVID-19, como os critérios éticos para o uso de recursos escassos num sistema de saúde e uso de medicamentos que não foram suficientemente testados.

    A apresentação do capítulo, as organizadoras destacam algumas conclusões: sobre o primeiro problema, o grupo elaborou uma proposta que aperfeiçoa a diretriz do CFM, priorizando a alocação pela maior probabilidade de recuperação terapêutica. Conforme o autor, esse seria um critério equitativo, ainda que não igualitário, que permitiria salvar um maior número de vidas. Sobre a segunda questão, do tratamento da COVID-19, o texto reforça que no momento não há medicamentos especialmente desenvolvidos e que não recomendaria o uso indiscriminado de remédios off label, sem a devida comprovação de sua eficácia por testes clínicos.

    O autor realiza, assim, uma profunda discussão filosófica sobre o critério que deve ser utilizado para preenchimento preferencial de leitos em hospitais, dentro da propalada ética médica. Por trás desses critérios Dall’Agnol percebe que está embutida uma disputa entre duas visões destacadas pelas prefaciadoras da publicação: a deontologia da profissão, que pauta a ética médica pelo princípio da vida, e a visão consequencialista, que calcula o desdobramento das possibilidades de sobrevivência do paciente salvo, dentro de uma aplicação de certa forma utilitarista dos investimentos públicos no tratamento dos doentes.

    PANDEMIA ESCANCARA FRAGILIDADE DA CIÊNCIA E ABRE PORTAS PARA O OBSCURANTISMO

    A coletânea discute a ameaça à permanência dos ideais do Iluminismo, como fundantes de uma ordem dos valores de igualdade, fraternidade e liberdade, estabelecidos por grandes eventos como a Revolução Francesa. Essa questão está no cerne do artigo “A COVID-19 e o Iluminismo”, no qual o autor Delamar José Volpato Dutra examina o que chama de “iluminismo de quarentena”. Por muito tempo, as ideias do chamado “Século das Luzes” foram profundamente questionadas por traduzirem a pretensão das elites de difundir os frutos do progressos e do conhecimento científico às grandes massas, a fim de libertá-las da escuridão medieval.

    Dentro da estratégia da “dialética do esclarecimento”, duramente criticada pelos teóricos marxistas, os iluministas democratizaram o acesso ao conhecimento às custas da mercantilização da vida, do massacre dos valores e da tradição e da imposição de uma cultura industrial alienadora e voltada ao consumo de massa. Hoje, contudo, em função do negacionismo da história e da ciência, mais do que denunciar o caráter eurocêntrico e colonizador desse projeto, se trata de defender os ideais básicos do humanismo e até o direito à vida.

    Volpato identifica no Brasil atual a existência de grupos anti-intelectualistas e anti-iluministas e propõe que, contra essa ideologia, é necessário fazer uma crítica moral, técnica e científica, como destaca as apresentadoras. Mostra ainda que a própria pandemia coloca nossas ideias iluministas à prova. Hegeliana e kantiana, Maria Borges ajuda a destrinchar no ensaio do autor o que nos levou a esse impasse. Mostra que carecemos de meios para deter cientificamente, através de remédios e vacinas, o avanço do vírus, restando-nos apenas o isolamento das pessoas. Esse fato contribui para abalar a certeza do iluminismo na ciência e na capacidade do homem de dominar a natureza.

    “Frente aos desígnios da natureza, ficamos como menores de idade, sendo por ela dominados”.

    O abalo não é menor no que se refere à garantia da proteção jurídica e legal a todo cidadão, postulada pelos pensadores do século XVIII que lançaram as bases filosóficas do chamado “espírito das leis”, como Montesquieu, Voltaire, Diderot, e fundamentaram os princípios da Declaração Universal dos Direitos Humanos. “No aspecto jurídico-científico, os Estados se viram incapazes de garantir o bem-estar das pessoas e a liberdade individual”, ressalva Maria Borges. Aliás, a pandemia coloca em xeque o próprio modelo do Estado Democrático e de Direito, à medida que Estados que não se enquadram nesse modelo foram mais eficazes para combater a doença. Por fim, o víros exporia, segundo a organizadora, as falhas do iluminismo econômico-social, escancarando as péssimas condições de vida da população.

    ENTRE A CRUZ DA CONTAMINAÇÃO E A ESPADA DO CONFINAMENTO

    “Entre a cruz e a espada”, ensaio de Evânia Reich, discute o dilema ético das ações de controle da pandemia servirem de pretexto para estados autoritários aproveitarem o necessário monitoramento biomédico da população para impor limites às liberdades individuais. Apoiada no conceito de biopolítica de Agamben e de psicobiopolítica do filósofo coreano Chul Han, ela discute os mecanismos pelos quais esses governos usam o controle sanitário dos indicadores de saúde, de circulação, de deslocamento ou de consumo, por exemplo, para fortalecer sistemas de vigilância eletrônica que potencializam a dominação política do Estado sobre a vida e a subjetividade dos indivíduos.

    Emblema da morte mais do que nunca impacta nossas certezas na longevidade do homem na Terra

    A filósofa assinala que os Estados mais autoritários da Ásia foram os que melhor conseguiram controlar a pandemia, enquanto países da Europa apresentaram números de contaminações e de mortes bem mais elevados. É aí que mora o grande perigo, aponta Evânia: de os Estados tidos como democráticos incidirem na vida e na psicologia de seus cidadãos de maneira semelhante no período pós-pandemia. Evânia avalia, por exemplo, o risco de Estados controlarem ainda mais a entrada de estrangeiros em seus territórios, mas da mesma forma autoritária regularem a vida de seus cidadãos, controlando-os em seus passos e ações. Em última instância, esse controle forjado na pandemia levaria ao fim da vida na esfera privada.

    A incerteza do futuro e o terror do presente. Por esse mote, Janyne Sattler  elabora um instigante ensaio, intitulado “Suspensão”, no qual raciocina a partir de um encadeamento de perguntas essenciais, no melhor modo filosófico:

    “Imagina como será a nova vida com a presença do vírus. Como serão nossas aulas? Voltaremos a elas? O que podemos esperar de um mundo tomado pela pandemia?”

    Daí ela reflete sobre a política higienista em relação à cor e à classe social dos que morrem primeiro, da ojeriza à velhice, das políticas neoliberais que agora nos mostram o estrago daquilo que não foi feito. Ela reconhece o pânico da verdade:

    “Daqueles que sempre morreram primeiro, e para os quais sempre houve a ‘vala comum’, inominada e sem lembrança, cujo luto nós nunca fizemos no país da interminável, irreparável, escravidão. Que escancara o mal-estar dos vulneráveis aptos pela política pública do sacrifício em nome do mercado e das portas abertas do mercado. Esse é o pânico de verdade, até para aqueles que serão sacrificados.”

    O MAL DA PANDEMIA E O MAL NA POLÍTICA

    Maria Borges delimita o mal da natureza e o mal humano na pandemia

    Três autores abordam o conceito de mal e de alegria maligna em relação aos riscos e à letalidade da pandemia. Declarações de escárnio de algumas autoridades brasileiras diante do pânico gerado pela gravidade da doença evidenciam esse comportamento. Presidente da Sociedade Kant Brasileira e doutora em Hegel, Maria de Lourdes Borges delimita em “Sobre o mal da natureza e o mal humano” o que seria o mal inerente à doença e o mal relativo às posturas e discursos das autoridades de recusa aos cuidados devidos para proteger a população da COVID-19. Numa remissão histórica inicial, ela mostra que a filosofia deixou de empregar o conceito de mal para as catástrofes naturais, passando a usá-lo apenas no sentido de mal moral, quando há um sujeito dessa ação a quem ela pode ser imputada. A autora vai buscar nas categorizações do mal em Kant fundamentos para definir o mal moral que pode ser imputado ao ser humano.

    Em analogia a Kant, que estabelece três níveis para o mal, ela, da mesma forma, divide o mal relacionado à pandemia em três eixos principais. Em primeiro lugar, aponta a crença arrogante do homem no domínio total da natureza, fruto da ilusão iluminista internalizada nos cidadãos contemporâneos sobre a confiança na centralidade e na eternidade da raça humana. “O otimismo iluminista fez com que ignorássemos as possibilidades de sermos assolados por um vírus, ou mesmo que desconsiderássemos a ausência de remédios eficazes para contê-lo”, ela explica, em entrevista aos Jornalistas Livres. Como fruto dessa incredulidade inicial, as medidas necessárias de isolamento foram tomadas com atraso em vários países.

    O segundo nível é o esquecimento do Estado, propagado pelas políticas econômicas liberais que defendem de forma inflexível o encolhimento da estrutura estatal de saúde, mesmo quando isso compromete o direito à vida e o dever de proteção à saúde pública. Essa depauperação das políticas públicas deixou vários países sem condições de atendimento à população atingida pela COVID-19. Por fim, a autora nos traz a figura da banalidade do mal, expressa em atitudes negacionistas, bem como no sadismo e escárnio de declarações sobre as vítimas da pandemia.

    O RISO MACABRO DO BOLSONARISMO

    Filósofos analisam o mal humano na política, que é o prazer de causar sofrimento ao outro, imputado ao Estado, nos casos de assassinatos de jovens negros pela PM

    Numa perspectiva diferente, Vilmar Debona e Cláudia Dias mostram em “Alegria maligna” que o riso macabro, como concepção do mal ou da maldade, marca o cenário da pandemia no Brasil. Resgatando o conceito de Schadenfreunde em Schopenhauer, eles encontram a expressão do riso macabro em relação à pandemia no Bolsonarismo. À procura de razões para essa relação infeliz, eles trazem de Schopenhauer a formulação da motivação egoísta do indivíduo que quer o mal alheio ou mesmo vibra com ele. Esse desejo faz parte dos três princípios que servem como motivação para as ações humanas, segundo o filósofo francês: o egoísmo, a maldade e a compaixão.

    Enquanto a compaixão quer o bem do outro, a maldade deseja o mal; enquanto a motivação egoísta como meio de atingir os fins do agente não mede a dor que pode causar a outrem, a motivação maligna vai mais além: ela leva a sentir prazer com a dor ou mesmo com a eliminação do outro, explicam as organizadoras da obra. “A alegria maligna é o sinal mais inequívoco de um coração mau”. Os autores percebem essa alegria macabra em sentenças célebres do presidente da República, como “eu não sou coveiro”, ou “fazer o quê? sou messias, mas não faço milagres”, ao ser questionado sobre as medidas governamentais para evitar os altos índices de mortalidade, num dia em que o Brasil contabilizava com assombro o número de vítimas alcançar mil mortes por  COVID-19 em 24 horas.

    O QUE A HUMANIDADE APRENDE COM A SEPARAÇÃO E O SOFRIMENTO?

    A questão sobre se é possível aprender alguma lição a partir do sofrimento norteia o ensaio “A pandemia e o individualismo que nunca existiu”, de Bárbara Buril. Apesar dos exemplos históricos mostrarem que o sofrimento nos ensina muito pouco, a autora argumenta que o momento pandêmico tem um poder revelador sobre as diferentes formas de vidas, antes obscurecidas para a maioria das pessoas. Como esclarecem as filósofas que assinam a apresentação: “Éramos propensos a acreditar que nos bastávamos. Na incessante busca individual pela realização de nossos objetivos, fomos cegados a respeito de que o outro nos é vital. A pandemia nos revelou que a vida em sociedade nos é necessária no nível psíquico”.

    “O social é uma necessidade profundamente nossa. Assim, o que esta pandemia nos revela é que aquilo que tentávamos “encaixar” como figurantes ou objetos decorativos, em nossa rotina insana de busca pela realização de nós mesmo, é justamente aquilo que a estrutura, de modo muito profundo, psiquicamente”. (Bárbara Buril). 

    No artigo “Tem Futuro a humanidade?”, Cinara Nahra  alerta para a gravidade do momento e coloca em jogo os indícios mesmos de finitude da espécie humana que a COVID-19 traz para as pessoas, inclusive diante da possibilidade de novas pandemias futuras. Esse quadro cercado de previsões e sensações apocalípticas leva a filósofa a analisar a ideia de risco e de catástrofe existencial diante da ameaça ou já a destruição do potencial de longo prazo da humanidade na Terra. Escolhendo um caminho ético, a autora salienta a rede de solidariedade e altruísmo que se estabeleceu ao redor do mundo como um fator indicativo da capacidade humana para suplantar o egoísmo que ela própria cultivou. Ao mesmo tempo, ela aborda de frente a questão macroeconômica, ao alertar que o modelo de capitalismo atual mostra-se “totalmente incapaz de garantir condições mínimas de sobrevivência e menos ainda de lidar com a situação de desastre e risco”, como destacam as apresentadoras.

    O pensamento filosófico desses estudiosos incide sobre os impactos da pandemia no campo das relações sociais, políticas, médicas, psicológicas, econômicas, mas também refletem sobre o papel da própria filosofia, numa espécie de autoquestionamento. Nesse caminho, Filipe Campello realiza no ensaio “De onde fala a filosofia” uma reflexão sobre o lugar de fala da filosofia a partir da análise de alguns artigos escritos pelo controverso Giorgio Agamben, um dos mais importantes da atualidade. E se alinha ao lado dos que criticam duramente o ultrapolêmico artigo em que o pensador italiano qualifica as medidas de contenção do vírus como excessivas e acusa os Estados de instaurar o pânico coletivo para aperfeiçoar os mecanismos de controle biopolítico da população. Agamben chama a pandemia de “invenção”, num estilo que poderia soar aos desavisados como típico de presidentes de extrema direita, como Bolsonaro e Trump, que apresentaram sérios entraves para as medidas sanitárias de proteção da saúde pública.

    Diversos pensadores se ocuparam em detratar esse artigo publicado em Sopa de Wuhan, primeira coletânea marcante do pensamento filosófico sobre a pandemia, quando a Europa já aplicava lockdown para conter picos de Covid e o Brasil ensaiava os primeiros passos no isolamento social. Campello se concentra em questionar o argumento da invenção: “O que faz com que um filósofo ou filósofa se coloque nessa posição?” Ele atribui esse tipo de postura à persistência de um “resquício metafisico” em boa parte da produção filosófica contemporânea e a um “discurso de pretensões universais”, que o levam a qualificar o discurso filosófico de presunçoso e autoritário. Seu artigo faz um alerta contra o risco de a reflexão filosófica examinar o cenário da pandemia, aplicando conceitos já fixados, sem se dar conta das transformações e desafios da realidade emergente que exigem novos conceitos.

    Mais do que uma crítica específica a Agamben, autor que tantas contribuições relevantes deu ao pensamento contemporâneo, o artigo de Campello deve ser lido como um alerta à filosofia e aos filósofos para que se abram diante do novo e intempestivo cenário para provocar novos insights sobre a vida em sociedade, em vez de empobrecê-lo com pressupostos antigos. É, portanto, um convite ao aprendizado e à perda da arrogância. Com um olhar que penetra nos detalhes do nosso cotidiano, os filósofos conseguem ao mesmo tempo descrever a realidade e refletir sobre as reentrâncias da nova e aterrorizante realidade. E têm, como Janyne Sattler, a coragem humilde de se colocar em condição de vulnerabilidade e de incerteza como qualquer cidadão: “Eu estou à espera, e não sei muito bem do quê, mas talvez de saber quanto tempo vai levar para que o abraço venha a ser permitido novamente.”

     

    Sumário

    Fraqueza do Estado e elitização da cidadania na América do Sul Lições políticas da pandemia  21

    Alessandro Pinzani (UFSC)

    A pandemia e o individualismo que nunca existiu. 30

    Bárbara Buril (UFSC)

    Tem futuro a humanidade?. 35

    Cinara Nahra (Universidade Federal do Rio Grande do Norte)

    A soberania dos Estados e os limites das instituições internacionais na pandemia do coronavírus  45

    Cristina Consani Foroni (Universidade Federal do Paraná)

    Reflexões bioéticas sobre a COVID-19. 53

    Darlei Dall’Agnol (UFSC)

    A COVID-19 e o Iluminismo. 61

    Delamar José Volpato Dutra (UFSC)

    Vários mundos para uma só pandemia:  contra a universalidade do discurso filosófico   71

    Érico Andrade (Universidade Federal de Pernambuco)

    Entre a cruz e a espada. 77

    Evânia Reich (UFSC)

    De onde fala a filosofia?. 82

    Filipe Campello (Universidade Federal de Pernambuco)

    Suspensão. 89

    Janyne Sattler (UFSC)

    O papel político da comunidade científica e dos intelectuais e o caso da pandemia do coronavírus  95

    Joel T. Klein (Universidade Federal do Paraná)

    COVID-19 e ubupoder-19. 105

    Leon Farhi Neto (Universidade Federal do Tocantins)

    Sobre o mal da natureza e o mal humano. 115

    Maria de Lourdes Borges (UFSC)

    Ética global, direitos humanos e a pandemia da COVID-19. 124

    Milene Consenso Tonetto (UFSC)

    Alegria maligna. 135

    Vilmar Debona e Claudia Assunpção Dias (UFSC)

     

     

     

     

     

  • “Nomeação de militar sem experiência com educação é novo desrespeito”

    “Nomeação de militar sem experiência com educação é novo desrespeito”

    Protesto de estudantes secundaristas em São Paulo contra Reforma do Ensino Médio Foto: Tuane Fernandes

    Indicado pela cúpula militar, por sugestão dos almirantes do governo, Carlos Alberto Decotelli é oficial da reserva da Marinha, o primeiro ministro negro do governo Bolsonaro e o terceiro a ocupar a pasta em um ano e meio. Economista e entendedor da área financeira militar, recebe o apoio de Paulo Guedes, ministro da Economia e foi nomeado nesta quinta, 25, à tarde, depois da fuga de Abraham Weintraub para o exterior, mesmo respondendo a inquérito do Supremo Tribunal Federal sobre a disseminação de Fake News e sobre ter evocado a prisão dos ministros do STF, a quem chamou de “vagabundos” em reunião do Governo Bolsonaro.

    O novo ministro da Educação já chega envolto na nuvem de uma suspeita   licitação montada durante sua presidência do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE. A licitação tinha como objetivo adquirir, ao preço de R$ 3 bilhões, uma quantidade de computadores muitas vezes maior do que o número de alunos de escolas públicas que pretendiam beneficiar.

    A quantidade a ser comprada superava em muito o número de crianças nas salas de aulas de 355 escolas, conforme o jornalista Marcelo Auler. A Escola Municipal Laura Queiroz, do município de Itabirito/MG, com apenas 255 alunos, receberia 30.030 laptops, o que equivaleria a 117,76 equipamentos para cada aluno, ainda segundo o jornalista. Em setembro passado, a licitação foi suspensa, sem que até hoje ninguém esclarecesse o seu descalabro.

     

    Nota das entidades estudantis sobre a indicação de Carlos Decotelli para o MEC

    O governo anunciou o senhor Carlos Alberto Decotelli da Silva como novo ministro da Educação, o terceiro em menos de 1 ano e meio de governo, o que, por si, já demonstra a falta de compromisso com essa área fundamental. Ele assume após a fuga de Abraham Weintraub, o pior ministro da história do MEC, o que lhe traz certo conforto comparativo para iniciar seu trabalho.

    Embora possua trajetória acadêmica e possa vir a representar um deslocamento do grupo olavista na gestão, o novo ministro não tem experiência vinculada à educação, mas sim nas áreas financeira e militar, o que é sempre motivo de preocupação. A educação não pode ser tutelada nem por grupelhos ideológicos estar a serviço dos interesses do mercado financeiro.

    Os estudantes conduziram grandes mobilizações em defesa da educação durante o governo Bolsonaro e permanecerão mobilizados e atentos contra qualquer tipo de ataque. É preciso superar a lógica que elegeu a educação e a ciência como inimigas, frear o projeto de desmonte das áreas e adotar o caminho de investimentos robustos para assegurar que estas possam cumprir suas missões diante da profunda crise de saúde pública e econômica que o país atravessa.

    Entendemos que o próprio governo Bolsonaro é uma limitação para um projeto de fato compromissado com a educação e com os estudantes brasileiros. Mas reafirmamos nossa luta para que o MEC assuma uma agenda fundamental para o momento, que envolve pautas como: a aprovação urgente do novo FUNDEB permanente; saídas para a educação básica durante a pandemia; realização do Enem de maneira segura e no tempo adequado; garantia de auxílio aos estudantes das universidades privadas para pagar as mensalidades; investimentos emergenciais na ciência e nas universidades públicas para permanência estudantil; valorização e investimento na pós-graduação; e todos os esforços de combate ao COVID-19.

     

    UNE – União Nacional dos Estudantes

    UBES – União Brasileira dos Estudantes Secundaristas
    ANPG – Associação Nacional dos Pós-graduandos

  • ELAS ESTÃO DE VOLTA. E QUEREM DERRUBAR BOLSONARO

    ELAS ESTÃO DE VOLTA. E QUEREM DERRUBAR BOLSONARO

    Elas sacudiram as ruas do país em 2018 com protestos gigantescos do “Ele Não” durante a campanha presidencial, que tinham o objetivo de salvar o país das mãos do autoritarismo com a eleição de Bolsonaro. Seu grito estrondoso contra o encorajamento do feminicídio e do racismo pelo candidato provocou a ira dos fascistas que invadiram sua página no Facebook quando já somava quase nove milhões de integrantes e promoveram um ataque de fake news nas igrejas neopentecostais para desmoralizar o movimento. Elas não se abateram com a derrota nas eleições: criaram o Movimento Mulheres Unidas Com o Brasil  e foram à Assembleia da ONU denunciar os ataques aos direitos humanos pelo governo eleito na base de disparos milionários de notícias caluniosas nas redes sociais.

    Agora, elas estão de volta e com sua luta fortalecida para derrubar o governo que, embora eleito, provou que age de forma inconstitucional e representa de fato uma ameaça real para a democracia e para todas as minorias políticas articuladas pelo movimento feminista. Neste domingo, 14, mulheres do país inteiro se unem num grande levante para derrubar Bolsonaro. Elas escrevem o Manifesto Levante de Mulheres e avisam: “Ele cai”.

    Mulheres concentram sua força de articulação na queda do governo fascista. Foto: Lienio Medeiros

    A primeira ação será pelo Twitter, a partir das 14h, por meio da hashtag #MulheresDerrubamBolsonaro. Às 14h30, acontecerá uma live no canal do Levante no Youtube e na página no Facebook. Da iniciativa fazem parte milhares de mulheres que vivem no Brasil e no exterior, representando, com seus coletivos, movimentos e organizações, 15 áreas da sociedade civil.

    O Levante das Mulheres é provocado pela desastrosa política de Bolsonaro, que mata diariamente mil brasileiros por Covid-19, amplifica a necropolítica e o genocídio de jovens negros. Segundo o manifesto, em plena pandemia, o Governo Federal aumenta a desigualdade e o empobrecimento, retira direitos, quer armar a população, espalha mentiras e ódio, faz apologia à ditadura, ao racismo e ao fascismo. Tem o objetivo de pressionar as instituições da República para que seja consumado o processo de impedimento e derrubada deste presidente que dissemina ideias e ações destrutivas e inconstitucionais.

    Por que é preciso derrubar Bolsonaro?

    inúmeros pedidos de Impeachment foram impetrados na Câmara dos Deputados, e, no TSE, diversas ações pela cassação da chapa Bolsonaro/Mourão por fraude eleitoral. O STF precisa responsabilizar o presidente, que segue descumprindo a Constituição, atentando contra as liberdades e produzindo a morte de brasileiros e brasileiras, diz o manifesto. A jornalista Patrícia Zaidan, uma das impulsionadoras do Levante, ressalta que o mundo político é machista. Da mesma forma, o Congresso, o Supremo, o TSE são instituições pautadas por uma lógica masculina, elitista, sexista e branca. “As mulheres só têm voz quando se juntam e fazem barulho e pressão”, diz.

    Foi assim contra a violência doméstica, no “Quem Ama não Mata”, pela volta da democracia, no “Diretas Já”, pelo fim do feminicídio, com o grito “Nenhuma a menos”, nas Marchas das Margaridas, na “Marcha das Mulheres Negras”, no “Fora Cunha”, “Fora Temer”, e, nas últimas eleições, com o “Ele não”, lembra. “Agora, as brasileiras se juntam para dizer: Ele cai”, sintetiza a jornalista.

    Ludimilla Teixeira, idealizadora do Mulheres Unidas Contra Bolsonaro (MUCB), que criou o #EleNão, fala sobre a importância da continuidade da articulação neste momento: “Depois de acender o fósforo com a criação do MUCB, a chama da indignação coletiva feminina cresceu, ganhou força criando o #EleNão e agora somou-se a muitos outros coletivos de mulheres para explodir todas as formas de opressão derrubando Bolsonaro!”. Empenhadas em demovê-lo do poder, a partir de domingo (14/6), o Levante das Mulheres vai inundar as redes sociais e o Brasil com um estrondoso #MulheresDerrubamBolsonaro”. Para conhecer o conteúdo do manifesto e assinar, as mulheres entram neste link aqui: https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLScy4S3ofcagrZ-2tWNSxwR6S4ZDCIqBjxik4H0pb9drYsZ2uA/viewform

     

    MANIFESTO MULHERES DERRUBAM BOLSONARO

    Neste domingo, 14 de junho, será lançado um manifesto que faz um chamado a um Levante Virtual das mulheres. O manifesto e o levante foram iniciativas de mulheres que já estiveram juntas, em unidade, pelas “Diretas Já”, pelo “Fora Temer”,  pelo “Fora Cunha”, e, principalmente, pelo histórico #EleNão. Não temos dúvidas que foi o movimento do EleNão que possibilitou que o Bolsonaro não fosse eleito já no primeiro turno e que o movimento, formado por diversas mulheres de todo país, com diferentes origens, organizações e atuações, demonstrou sua importância por desde antes da eleição já denunciar o caráter genocida deste governo.
    Já afirmávamos desde lá que o discurso racista, machista e LGBTfóbico deste governo nunca foi cortina de fumaça, mas é parte de sua ideologia neofascista. A reunião ministerial divulgada demonstrou todo o ódio deles contra negros, mulheres e povos indígenas. Se hoje, por conta da pandemia, lembramos da necessidade de colocar a vida acima dos lucros, se por conta dos assassinatos racistas precisamos reafirmar que #VidasNegrasImportam, com Bolsonaro no poder e sua política da morte, essas são bandeiras fundamentais para salvar nossas vidas e por isso queremos o “Ele Cai!”.Nós, da Resistência Feminista, junto com mais de 100 companheiras de dezenas de espaços políticos e estados diferentes, assinamos esse manifesto feminista e participaremos do Twittaço e da live do levante.A primeira ação será pelo Twitter, a partir das 14h, por meio da hashtag #MulheresDerrubamBolsonaro.Às 14h30, acontecerá uma live no canal do Levante no Youtube e na página no Facebook. Nós, a partir das páginas do Esquerda online, também a transmitiremos. Como dito no manifesto “A política do (des)governo Bolsonaro – que mata diariamente cerca de mil brasileiros por Covid-19, amplifica a necropolítica e o genocídio de jovens negros, aumenta a desigualdade e o empobrecimento da população, retira direitos e faz apologia à ditadura e ao fascismo – mobilizou o Levante das Mulheres a produzir este manifesto”Se “As mulheres só têm voz quando se juntam  e fazem barulho e pressão” vamos inundar as redes sociais e o Brasil com um estrondoso #MulheresDerrubamBolsonaro”.

     

    Redes sociais do Levante das Mulheres:

    Youtube https://www.youtube.com/channel/UCb_RgLPdiOOYtZ9a695CcPg

    Instagram: @mulheresderrubambolsonaro

    https://www.instagram.com/mulheresderrubambolsonaro/ Twitter: @Derrubam

    Facebook http://www.facebook.com/mulheresderrubambolsonaro

    As imagens das artes do Levante das Mulheres estão neste link: https://www.dropbox.com/sh/uydgbbiryub9qhz/AAC6MH4PIeB-HWXJlmMB8D8Za?d l=0

    E-mail: levantedasmulheres@gmail.com Contatos: Gisele Figueiredo Oddi – (51) 98141-0079 Bianca Fuentes – (22) 98108-7722 Heloísa Aun – (11) 99287-8052