Jornalistas Livres

Autor: Martha Raquel

  • OPINIÃO: Não deve existir “eu avisei” pra vítima de lesbofobia

    OPINIÃO: Não deve existir “eu avisei” pra vítima de lesbofobia

    As redes sociais hoje estão numa disputa muito grande entre pessoas que riem, dizem “eu avisei” e se recusam a ter empatia com Karol Eller, youtuber conhecida por ser lésbica, apoiadora de bolsonaro e que teve o rosto desfigurado em um ataque de lesbofobia, e pessoas que classificam que crime de ódio contra mulheres lésbicas não deve ser motivo de risada em nenhuma situação.

    No último domingo, 15, Karol estava em um quiosque na Praia da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, com sua namorada quando foi vítima de lesbofobia e agredida a socos e pontapés. Ela chegou a desmaiar diante da gravidade das agressões.

    Karol fez fama durante as eleições por dizer que denunciar a homofobia, como ela chama, seria mimimi. Diversos vídeos em que ela, de forma descontrolada, grita que é frescura a luta contra a homofobia circulam pela internet e estão sendo usados agora por parte da população para justificar o injustificável. Karol não apanhou por ser bolsonarista – o que já não seria justificável, Karol apanhou por ser lésbica.

    Karol é vítima do discurso que defende. Karol é uma mulher lésbica numa sociedade lesbofóbica e o que aconteceu com ela não é aceitável só porque ela apoia pessoas com o discurso de seus agressores.

    O Brasil registra uma morte por homofobia a cada 23 horas. Da mesma forma que foi Karol, poderia ter sido eu, ou sua filha, ou a amiga do teu filho, ou a sobrinha da tua vizinha e assim por diante. Lésbicas existem e resistem diariamente. Não é difícil encontrar nas redes sociais relatos de mulheres que, dia após dia, enfrentam situações de violência simplesmente por amarem outras mulheres. A lesbofobia é uma preocupação que não tira folga, que não tem descanso.

    Não se deve relativizar uma agressão por discordância política, não se deve ignorar uma situação de violência porque a vítima não tem noção das barbaridades que diz. Sim, Karol tem um discurso nojento, mas não podemos esquecer que o meio em que ela vive é mantido por este discurso. Muitas vezes rir e invalidar as violências que sofre também é uma forma de sobreviver.

    Quando você ri de Karol, você está dizendo que tudo bem apanhar se você não tem consciência das violências que podem te atingir. Quando você ri de Karol, você ignora o fato de que a violência lesbofóbica pode chegar para todas. Quando você ri de Karol, você faz parte dos agressores.

    Karol terá minha empatia e solidariedade mesmo que não queira, porque eu não sou como os agressores dela.

  • Polícia colombiana persegue e prende jovem líder social

    Polícia colombiana persegue e prende jovem líder social

    José Vicente Murillo, líder social do Movimiento Político De Masas Social y Popular del Centro Oriente de Colombia – MPMSPCOC, foi preso pela polícia colombiana na manhã do último sábado, 07, de forma arbitrária. Antes da prisão, Murillo já havia denunciado o Estado por assédio e perseguição.

    O jovem foi preso próximo ao edifício Héctor Alirio Martínez, no bairro 6 de Octubre. Detido por agentes da Polícia Nacional, ele foi levado ao Batalhão Reveíz Pizarro.

    O mandado foi emitido por um Juiz de Controle de Garantias desse departamento, a pedido da Estrutura de Apoio Arauca da Unidade Contra Organizações Criminais do Ministério Público. Os crimes que lhe são acusados ​​são: rebelião, concentração para cometer delitos, sequestro simples e obstrução de vias públicas.

    Uma nota contra as ações arbitrárias da Justiça colombiana já foi assinada por mais de 45 entidades em todo o mundo. Veja a tradução abaixo:

    Os assinantes deste documento rechaçam, categoricamente, a detenção arbitrária e injusta, efetuada no sábado, 07 de dezembro de 2019, contra o líder social José Vicente Murillo Tobo, na cidade de Saravena, no departamento de Arauca, na Colômbia.

    Este companheiro é um reconhecido líder social, que faz parte do Movimiento Político De Masas Social y Popular del Centro Oriente de Colombia – MPMSPCOC, uma organização que integra o Coordinador Nacional Agrario – CNA e o Congreso de los Pueblos – CDP. Além disso, José foi participante da Cumbre Agraria Campesina, Étnica y Popular, atuando incansavelmente pela defesa dos Direitos Humanos e ao cumprimento das reivindicações da classe popular. Os movimentos sociais e populares repudiam categoricente as ações de extermínio organizacional por parte do Estado colombiano, como as perseguições, a criminalização, os processos judiciais e a militarização da vida e dos territorios, que convertem o trabalho dos líderes sindicais em delitos, também exemplificado em outra prisão a nível regional no domingo (08) de Jorge Enrique Nino Torres, que desempenhava cargos nas Juntas de Acción Comunal de Caño Limón e El Lipa.

    O Estado colombiano, conforme diretrizes imperialistas, coloca através da ação de suas forças de segurança, uma política de terror, medo e manipulação contra a humanidade e segurança do irmão José Vicente Murillo e, em geral, contra todos e todas que fazem parte e representam organizações.

    Condenamos as ações de assédio sistemático, que há tempos se vem realizando contra o companheiro como têm sido o monitoramento e as ameaças à sua vida e integridade pelo grupo paramilitar “Autodefensas Gaitanistas de Colômbia” – AGC e agora por parte do Estado colombiano, com sua captura e processo judicial injustos. Exigimos ao Estado colombiano que se garanta o devido processo legal ao companheiro. Façamos um chamado a toda a comunidade internacional a repudiar e condenar bruscamente este tipo de ação, que representa uma prática de extermínio político que viola o direito à liberdade, à vida, à democracia e, em geral, a todos os direitos humanos.

    “Camponês para sua própria terra, trabalhador para sua própria fábrica, estudante para sua própria ideia: busquemos aqueles que vão se emancipar” (Ali Primera)

    Assinam

    Nuestra América
    Acción Antifascista
    Alba Movimientos – capitulo Argentina
    Articulación Continental ALBA Movimientos
    Barricada T.V
    Bloque de Trabajadorxs Migrantes – BTM
    Comité Carioca de Solidaridade a Cuba
    Comité de Solidaridad con Colombia
    Comunidad En Resistencia Tierra Libre
    Confederación Nacional de Asociaciones Gremiales y Organizaciones Campesinas de Chile
    – CONAPROCH.
    Consejo Civico de Organizaciones Populares e Indigenas de Honduras -COPINHEscuela latinoamericana de formación hombre nuevo mujer nueva
    Frente Amplio para una Nueva Agronomia – FANA
    Frente de Organizaciones en Lucha – FOL
    Frente Patria Grande
    Frente Popular Dario Santillan
    Frente Popular Darío Santillan – Pueblo en Marcha
    Jornalistas Livres
    La Poderosa
    Midia Ninja
    Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA
    Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST
    Movimento dos Trabalhadores Sin Teto – MTST
    Movimiento Campesino de Santiago del Estero
    Movimiento de Participación Estudiantil – MEP
    Movimiento Nacional Campesino Indígena – Via Campesina
    Movimiento popular La dignidad
    MPR Quebracho
    Organización Revolucionaria Guevaristas – ORG
    Plataforma Juvenil para el Poder Popular
    Secretaría de Trabajadrxs Migrantes – CTEP
    Unión de Trabajadores de la Tierra – UTT
    Vamos
    Venceremos Partido de Trabajadorxs

    Europa

    Asociación Astur Cubana Bartolomé de las Casas
    Asociación Civil Latinoamericana de Migrantes
    Asociación Pueblo y Dignidad de Asturias.
    Centro de Documentación y Solidaridad con América Latina y África – CEDSALA
    Comité de Solidaridad Internacionalista de Zaragoza
    Comité Internacionalista de solidaridad con América Latina – COSAL
    Coordinación por la Vida y la Paz
    Interventionistische Linke
    La kolumbienkampagne
    Minga Luzern
    Observatorio Aragones para el Sahara Occidental
    Red de Hermandad y Solidaridad con Colombia
    War on Want

  • ARGENTINA: Futebol popular ajudou a expulsar o neoliberalismo de Macri

    ARGENTINA: Futebol popular ajudou a expulsar o neoliberalismo de Macri

    Mauricio Macri, presidente da Argentina na época, tentou passar um projeto no início de 2018 que tinha como objetivo fazer os clubes de futebol do país se tornarem Sociedades Anônimas, transformando-os em empresas e abrindo suas ações para investidores. O modelo, que permite a venda de ações e o controle para investidores, é adotado na Europa e muito criticado por afastar os sócios e torcedores das decisões que envolvem os clubes.

    Após o anuncio, a sociedade civil e os pequenos clubes se uniram em uma campanha para barrar o projeto neoliberal de Macri. Hoje Mauricio Macri deixou a presidência da Argentina sem conseguir aprovar o projeto. Ignacio Etchart, do Club Atlético Ituzaingó de Buenos Aires, explicou um pouco do panorama vivido nestes últimos dois anos na Argentina.

    “Eu sou Ignacio Etchart, encarregado da comunicação do Club Atlético Ituzaingó, em Buenos Aires, Argentina, em ascensão no futebol argentino, e entendemos esses últimos tempos como uma resistência nos times de futebol.

    Os times na Argentina têm uma importância muito grande. Temos um vínculo entre o bairro e o time e isso é uma forma muito potente para enfrentar os embates do governo de Mauricio Macri, que tentou privatizar os clubes.

    Os clubes da Argentina só podem funcionar e competir se forem associações civis sem fins lucrativos. Porém, Mauricio Macri, que foi presidente do Boca Júniors, e agora presidente da República Argentina — por sorte de saída —, tentou, através de diversas formas, instaurar as sociedades anônimas esportivas.

    Isso significa que as empresas podem controlar os clubes e, dessa maneira, se perde o espírito social que têm os times da Argentina. Por sorte, os torcedores se organizaram e formaram grupos que se abriram ao debate para resistir.

    Desta maneira, se constatou que Mauricio Macri, embora ele pudesse avançar em diversos ajustes sobre a sociedade trabalhadora, com os clubes não pode. Os clubes seguem sendo associações civis sem fins lucrativos, e assim seguirá sendo.

    Porque entendemos que os clubes, principalmente os de futebol, têm uma função social muito importante, em uma sociedade que têm muitas demandas.”

  • “Folha” manipula foto para fingir que bolivianos apoiam o golpe na Bolívia

    “Folha” manipula foto para fingir que bolivianos apoiam o golpe na Bolívia

    Segue abaixo carta-resposta escrita pelo Comitê Brasileiro de Solidariedade ao Povo Boliviano Contra o Golpe que explica a manipulação:

    AO JORNAL FOLHA DE S. PAULO

    Neste domingo, 7 de novembro, bolivianos e brasileiros ocuparam a avenida Paulista para se manifestar contra o golpe cívico-militar ao governo eleito de Evo Morales na Bolívia. Convocados por coletividades bolivianas de São Paulo e pelo Comitê Brasileiro de Solidariedade ao Povo Boliviano e Contra o Golpe, os milhares de manifestantes cantaram contra os golpistas Mesa, Camacho e Áñez; em solidariedade à resistência democrática do povo boliviano; em apoio ao presidente eleito Evo Morales; pela paz e em memória aos 23 indígenas mortos desde o início dos conflitos. Exibiram a Wiphala, bandeira símbolo das populações indígenas, queimada e desrespeitada em atos públicos pelos racistas golpistas.

    A convocação explicitava claramente a postura da manifestação ao afirmar que “a luta do povo boliviano contra o golpe, contra Camacho, contra o fascismo, contra o racismo e a extrema direita, é uma luta que deve receber a solidariedade de todas as pessoas e da classe trabalhadora de todo o mundo que defendem as liberdades democráticas”. Tal postura era ainda reforçada pelo manifesto dos organizadores, que circulou por redes sociais e foi distribuído na manifestação, com os dizeres: “Abaixo o Golpe na Bolívia! Em defesa da democracia e dos povos originários da América Latina! Viva a resistência popular! Fora imperialismo da América Latina!”.

    Hoje, segunda-feira, 18 de novembro, o jornal Folha de S. Paulo – que se vende como defensor da democracia, independente, crítico e apartidário – utilizou uma foto da manifestação na avenida Paulista, repleta de bolivianos, em reportagem com o título “‘Todos estão arrumando as malas para voltar’, diz refugiado boliviano” e o subtítulo “Segundo advogado, 1.500 pessoas deixaram a Bolívia por perseguição política no governo Evo”.

    A reportagem da Folha de São Paulo não menciona, em nenhuma linha, a manifestação em São Paulo (salvo na legenda da foto); pelo contrário, inicia citando um ato público, no Acre, de supostos “refugiados bolivianos” comemorando a “queda do presidente Evo Morales”.

    A reportagem da Folha de São Paulo não menciona, em nenhuma linha, que Evo Morales obteve mais de 70% dos votos dos eleitores bolivianos residentes no Brasil; pelo contrário, publica reportagem com o título “‘Todos estão arrumando as malas para voltar’, diz refugiado boliviano”.

    A reportagem da Folha de São Paulo não menciona, em nenhuma linha, os gritos de “Evo no está solo” ou “Mesa, Camacho, Bolívia no te quiere” ou ainda “Áñez, racista, fuera de Bolivia” entoados durante quatro horas pelos milhares de bolivianos na avenida Paulista; pelo contrário, dedica meia página às acusações e aclamações de dois golpistas, um deles suposto “líder dos refugiados bolivianos no Brasil”.

    A Folha de São Paulo engana e manipula ao ilustrar uma reportagem que dá voz a dois bolivianos golpistas com os rostos dos manifestantes bolivianos democráticos da avenida Paulista. Manifestantes estes silenciados pelo jornal, enquanto têm sua imagem utilizada de forma injusta e perversa.

    COMITÊ BRASILEIRO DE SOLIDARIEDADE AO POVO BOLIVIANO E CONTRA O GOL

    Fotos: Diego Baravelli, direto do ato em São Paulo

     

    PE

  • Corpo diplomático venezuelano resiste após Embaixada em Brasília ser invadida

    Corpo diplomático venezuelano resiste após Embaixada em Brasília ser invadida

    Parecia cena de filme quando golpistas ligados a Juan Guaidó invadiram a Embaixada da Venezuela no Brasil, em Brasília. Pela parte de trás do prédio, eles quebraram os fios da cerca elétrica, pularam o portão e pegaram o vigia de surpresa.

    A informação da invasão foi divulgada já nas primeiras horas da manhã por Freddy Meregote, encarregado de negócios da Embaixada. Meregote exerce a função de Embaixador. A Venezuela não tem embaixador no Brasil desde 2016, quando o presidente Nicolás Maduro chamou o então representante de seu governo em Brasília de volta a Caracas, como protesto contra o impeachment de Dilma Rousseff.

    Um representante do Itamaraty tentou pressionar o corpo diplomático venezuelano a abandonar a Embaixada, mas a missão estrangeira permanece no prédio. Sem apuração, alguns jornais estão divulgando que a entrada dos invasores foi facilitada por funcionários que desertaram mas a informação não procede.

    Travas foram colocadas em uma das portas para que os invasores consolidassem a ação, mas todo o corpo diplomático venezuelano, acompanhado de militantes e parlamentes, entrou no prédio e está resistindo. Não há desertores.

    A covardia se estendeu até os direitos básicos humanos: a comida das geladeiras da residência foi roubada pelos invasores.

    A tentativa de invasão se deu após militantes próximos de Guaidó espalharem informações falsas de que o embaixador e o restante da missão venezuelana no Brasil teriam reconhecido o autoproclamado Guaidó como presidente. A representação venezuelana confirma que não há qualquer alteração e Maduro segue sendo o presidente.

    A pergunta que fica é: o que pensa o Brasil sobre a segurança do corpo brasileiro em Caracas?

    O governo venezuelano protege a embaixada brasileira, mas o Brasil não faz o mesmo. Onde fica a reciprocidade?

     

  • 440 mil pessoas são prejudicadas por fechamento de teleférico na Bolívia

    440 mil pessoas são prejudicadas por fechamento de teleférico na Bolívia

    Os paros cívicos fascistas atingiram também as linhas do teleférico na Bolívia. O teleférico é o principal meio de transporte público que liga a cidade de La Paz a cidade de El Alto, na Bolívia. El Alto fica 400 metros acima de La Paz e seu percurso de carro pode levar até uma hora e meia. De teleférico a viagem dura em média 17 minutos.

    Com a maior linha do mundo, o teleférico transporta 440 mil pessoas por dia. Os bondinhos distribuídos em 10 linhas e 36 estações, são movidos a energia elétrica, que é parcialmente fornecida por células fotovoltaicas instaladas em cima de cada um. Eles andam a uma velocidade média de 6 metros por segundo e a cada 12 segundos um novo bondinho está disponível. Com capacidade para 10 pessoas, algumas linhas contam com mais de 200 cabines disponíveis. No total as linhas alcançam mais de 30 km. O transporte de passageiros funciona de segunda a sábado das 06h às 23h e de domingo das 07h às 21h.

    O projeto foi iniciado em 2014 pelo governo de Evo Morales e teve um investimento inicial de 230 milhões de dólares. Para os passageiros a passagem sai 3 bolivianos, em média R$ 1,80. A segunda baldeação custa 2 bolivianos, R$ 1,20. Estudantes de 3 a 25 anos, idosos e pessoas com deficiência pagam meia passagem.