Jornalistas Livres

Autor: Laura Capriglione

  • Pandemia: Cumprimentar com o cotovelo é o fim! Viva o Namastê!

    Pandemia: Cumprimentar com o cotovelo é o fim! Viva o Namastê!

    O cara que inventou que o tocar de cotovelos seria o cumprimento “sanitariamente correto” diante do surgimento de novos vírus ameaçadores, esse cara é um gênio do mal. No futuro, se houver futuro, o toque de cotovelos será a lembrança grotesca de como certos cuidados para evitar o contágio pela Covid-19 nos transformaram em cobaias assustadas em um profundo experimento de manipulação social. Assustadas, paranoicas e o pior: ridículas.

    Dá para combater a pandemia sem essa dose dispensável de extravagância.

    Nos 200.000 anos de história da Humanidade, sociedades formaram-se, deformaram-se e se destruíram, sendo substituídas por outras, ou adaptando-se de modo a garantir melhores chances de sobrevivência. Demonstrar amizade, para nossos ancestrais, era condição necessária para o trabalho colaborativo (voluntário ou não), que permitisse vencer os desafios impostos pela natureza e, dentro dela, por espécies concorrentes pelos recursos alimentares do território.

    Por isso a Humanidade desenvolveu um imenso arsenal de gestos de saudação, cumprimento, amor, respeito e afeto. Nós beijamos, nos abraçamos, nos tocamos, sorrimos, damos as mãos. Os indígenas que habitam regiões em torno do Círculo Polar Ártico, comumente chamados de esquimós, cheiram bochechas, nariz e testa de amigos e familiares. São formas de cumprimentos agora desaconselhadas, fazer o quê?

    Mas há muitas outras. Sem contato físico. Japoneses, chineses e coreanos reclinam o tronco em direção à pessoa que está sendo cumprimentada. Na Índia e no Sudeste Asiático, o cumprimento é feito com as mãos unidas e polegares juntos ao peito, enquanto se inclina o rosto para baixo e se diz alguma variante local do sânscrito “Namastê”, que significa “Eu me curvo diante de ti”. Os Masai fazem a dança das boas-vindas chamada “Adamu”, como cumprimento. No mundo árabe, o cumprimento tradicional é feito com a mão direita tocando o coração, depois a testa e por último fazendo um meneio no ar para cima da cabeça. Os gestos são acompanhados das palavras “Salaam Aleikum”, que significa “Que a paz esteja convosco”.

    Cumprimentar-se é tão importante sinal dentro de uma cultura que até os humanoides do planeta Vulcano, a Confederação de Surak, dispõem de um gesto próprio, que consiste em levantar a palma da mão para a frente com o polegar estendido, enquanto os quatro dedos se separam no meio, ficando dois dedos juntos de cada lado: “Vida longa e próspera”.

    Tantas alternativas lindas, inspiradoras, gestualmente harmoniosas, e o espírito de porco que habita entre nós inventou de que o correto seria nos cumprimentarmos com o grosseiro tocar de cotovelos.

    É bom lembrar que o cumprimento, que em inglês leva o nome de “Elbow Bump” (batida de cotovelo), não é novo e já foi adotado oficialmente pela Organização Mundial da Saúde (OMS) durante outras epidemias virais, como a gripe aviária em 2006, a gripe suína (2009), a influenza (2012-2013) e o Ebola na África (2014).

    A expressão “elbow bump” foi considerada a Palavra do Ano em 2009, pelo New Oxford American Dictionary, dicionário de Inglês Americano compilado por editores americanos da Oxford University Press. Tem, portanto, apenas 11 anos a inclusão do gesto nos dicionários de língua inglesa. Entre lusófonos, ainda não há nem sequer a palavra ou expressão para designar o cumprimento de cotovelos.

    Precisamos derrubar essa péssima idéia antes que seja tarde!

    O Mercado Livre troca logomarca de mãos dadas por toque de cotovelos
    Mercado Livre troca logo por toque de cotovelos

    Vamos lá: os cotovelos compõem, com os joelhos, as mais feias partes do corpo humano. Dobradiças ortopédicas, nem pra fetiche servem. A criança quando nasce, ainda toda amassada, dela se diz que tem cara de joelho, ou de cotovelo. É essa feiúra que se oferece ao outro, que se cumprimenta.

    Os cotovelos, com seu total de 8 centímetros quadrados de pele, são a parte menos sensível de toda a epiderme humana, que pode cobrir um total entre 1,5 e 2 metros quadrados de corpo. Pode-se beliscar o cotovelo, não dói ou dói pouquíssimo, porque tem pouco enervamento. É esse vazio de sensibilidade que toca em outro vazio.

    Por fim, cotovelo é arma. Cotovelada pode até matar. Assim, dar e receber o cotovelo à guisa de cumprimento amigável é como cruzar porretes, terçar armas –sinaliza tudo, menos cordialidade. Além do que, trata-se de um gesto feio, a meio caminho de “dar uma banana” para alguém. Entre mulheres, então, é pavoroso.

    Isso dito, eu sinceramente quero saber como será a fotografia deste momento que estamos vivendo, na posteridade.

    Nas décadas de 1960/70, quem quisesse ser legal tinha de sair de casa e trocar micróbios nas festas mais loucas, com o pessoal mais cabeça, com os meninos e meninas mais lindos, no amor livre, no rock, na tropicália, nos festivais, no saco de dormir, nas praias desertas. Trindade, Trotsky e Leminski.

    Em 2020, quem quer ser cool prega o isolamento, fica em casa, trabalha em dobro no home office, está trancado e passa boa parte do tempo deprimido. Ou anda paranoico na rua, de máscara (sem sorrisos e sem beleza), com álcool gel nos bolsos, transtorno obsessivo-compulsivo transmutado em “precaução”. Como corolário dessa miséria, agora diz “Oi” com o cotovelo.

    Tem algo muito errado nessa definição de “legal”.

    Haja ansiolítico.

    Pela volta urgente do Namastê!

     

  • EDITORIAL – HOJE É DIA DE LUTO! PERDEMOS O MENINO GABRIEL

    EDITORIAL – HOJE É DIA DE LUTO! PERDEMOS O MENINO GABRIEL

    Gabriel e Lula: aniversário no mesmo dia: 27/10
    Gabriel e Lula: aniversário no mesmo dia: 27/10

    Perdemos um camarada valoroso, um menino negro encantador de feras, um sorriso no meio das bombas e da violência policial, um guerreiro gentil que defendeu com unhas e dentes a Democracia, a presidenta Dilma Rousseff durante todo o processo de impeachment, e o povo brasileiro negro e pobre e periférico, como ele.

    Gabriel Rodrigues dos Santos era onipresente. Esteve em Brasília, na frente do Congresso durante o golpe, em São Paulo, nas manifestações dos estudantes secundaristas; em Curitiba, acampando em defesa da libertação do Lula. Na greve geral, nas passeatas, nos atos, nos encontros…

    O Gabriel aparecia sempre. Forte, altivo, sorrindo. Como um anjo. Anjo Gabriel, o mensageiro de Deus

    Estamos tristes porque ele se foi hoje, no Incor de São Paulo, depois de um sofrimento intenso e longo. Durante três meses Gabriel enfrentou uma infecção pulmonar que acabou levando-o à morte.

    Estamos tristíssimos, mas precisamos manter em nossos corações a lembrança desse menino que esteve conosco durante pouco tempo, mas o suficiente para nos enriquecer com todos os seus dons.

    Enquanto os Jornalistas Livres estiverem vivos, e cada um dos que o conheceram viver, o Gabriel não morrerá.

    Porque os exemplos que ele deixou estarão em nossos atos e pensamentos.

    Obrigada, querido companheiro!

    Tentaremos, neste infeliz momento de Necropolítica, estar à altura do Amor à Vida que você nos deixou.

     

     

    Leia mais sobre quem foi o Gabriel nesta linda reportagem do Anderson Bahia, dos Jornalistas Livres

     

    Grande personagem da nossa história: Gabriel, um brasileiro

     

     

     

     

  • Torcedores antifascistas: Heróis da Resistência, Povo em Luta, nossos Panteras Negras

    Torcedores antifascistas: Heróis da Resistência, Povo em Luta, nossos Panteras Negras

    Neste domingo (31/5) em São Paulo, torcedores do Corinthians, do Palmeiras, do Santos e do São Paulo estiveram juntos e misturados na avenida Paulista, em defesa da Democracia e contra o fascismo e a Ditadura. O povo foi com suas camisetas, bonés, baterias e gritos de guerra. Foram de metrô, de ônibus, foram de carona. E foram. Junto deles, militantes anarquistas antifascistas. Heróis!

    E eles encheram o domingo de esperança, de luta e de resistência. “A Periferia não apoia Ditador”, gritavam em uníssono.

     

     

     

    Era o povo pobre, periférico, muitos negros, muitas mulheres, levantando bem alto a faixa “Somos pela Democracia!” Somaram-se os trabalhadores desempregados que vivem como recicladores nas ruas, a maioria carregando sacos de latinhas vazias de refrigerante e cerveja, que acabavam de ser recolhidas do lixo e do chão. Nenhum dos que entrevistamos tinha conseguido sacar o benefício emergencial de R$ 600, apesar de viverem em condições mais do que precárias.

    Neonazistas na Avenida Paulista, defendendo Bolsonaro

    Os apoiadores de Bolsonaro, que também estavam na avenida Paulista, não escondiam suas intenções sinistras: querem acabar com a Democracia no Brasil. Seu propósito é entregar todo o poder ao seu “Mito”, que já prometeu “matar uns 30.000”, para completar o serviço assassino da Ditadura Militar.

    Eram poucos, não passavam de 100 gatos pingados gritando contra o STF, contra o comunismo, contra a Rússia, contra a China, contra a imprensa, contra Moro. Só Bolsonaro serve para esses fanáticos do autoritarismo e da opressão.

    Uma dondoca já de cabelos brancos trajava camiseta em que se lia: “Foda-se”, em letras garrafais. Ódio puro. Outra portava uma máscara com as listras e estrelas da bandeira americana. Amarrada na cintura, ela levava uma bandeira do Brasil que arrastava no chão. Na mão, a mulher carregava um taco de beisebol em que estava escrito “Rivotril”. Significa que, como o calmante poderoso, o taco põe as pessoas para dormir. Violência explícita. Os apoiadores de Bolsonaro xingavam muito (e aos berros) o grupo antifascista, que estava a um quarteirão de distância.

     

    PM protege fascistas e ataca com milhares de bombas os torcedores antifascistas

     

    Entre a pequena aglomeração fascista e a grande concentração antifascista perfilava-se uma linha de contenção, formada pela Polícia Militar do governador João Doria Junior. Era curioso ver que a PM ficou o tempo todo encarando as torcidas de forma ameaçadora enquanto dava as costas para o pequeno grupo fascista. “A polícia militar virou segurança de fascista, uma vergonha”, reclamou um corinthiano indignado com a diferença de tratamento entre os dois grupos.

    Provocadores bolsonaristas entravam na concentração das torcidas antifascistas, para arrumar briga. Eram rechaçados e voltavam para seu grupo. Numa das vezes, entretanto, a PM atacou. E começou a violência. Milhares de bombas de gás lacrimogêneo, de efeito moral, de balas de borracha foram disparadas contra os antifas, que respondiam à injusta agressão da PM com pedras. Como Davis contra os Golias da PM. Alguns dançavam na frente das tropas ameaçadoras. Outros protegiam-se com placas de compensado, usadas como escudos. Durou quase duas horas o ataque policial aos jovens antifascistas, que não arredavam o pé da avenida Paulista.

     

     

    E assim o povo pobre mostrou que, contra o fascismo, não pode haver hesitação. É todo mundo junto e misturado, lutando com coragem e amor pela liberdade.

    Coragem, neste domingo, foi o sobrenome de cada um dos torcedores do Corinthians, do Palmeiras, do Santos e do São Paulo que foram para a avenida Paulista defender a Democracia.

     

     

     

     

    Que os partidos políticos de oposição a Bolsonaro entendam a mensagem desses jovens e destemidos heróis democratas.

     

  • Torcidas do Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo se unem contra o fascismo

    Torcidas do Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo se unem contra o fascismo

    Corinthians e Palmeiras juntos? Com o Santos e o São Paulo? Impossível!

    Neste domingo (31/5) em São Paulo, os torcedores desses times estavam juntos e misturados na avenida Paulista, em defesa da Democracia e contra o fascismo e a Ditadura. O povo foi com suas camisetas, bonés, baterias e gritos de guerra. Foram de metrô, de ônibus, foram de carona. E foram. Junto deles, militantes anarquistas antifascistas.

    E eles encheram o domingo de esperança, de luta e de resistência. “A Periferia não apoia Ditador”, gritavam em uníssono.

    Era o povo pobre, periférico, muitos negros, muitas mulheres, levantando bem alto a faixa “Somos pela Democracia!” Somaram-se os trabalhadores desempregados que vivem como recicladores nas ruas, a maioria carregando sacos de latinhas vazias de refrigerante e cerveja, que acabavam de ser recolhidas do lixo e do chão. Nenhum dos que entrevistamos tinha conseguido sacar o benefício emergencial de R$ 600, apesar de viverem em condições mais do que precárias.

    A convocação deste Primeiro Ato Antifascista foi feita pelas redes sociais. Os torcedores perceberam que o Brasil está caminhando para uma terrível armadilha, montada pelos fascistas que apoiam Jair Bolsonaro, para os quais é preciso fechar o Supremo Tribunal Federal, o Congresso, destruir a imprensa, e usar a polícia para ensinar, na base da porrada e dos massacres, que quem manda no Brasil são os banqueiros, os empresários, os generais e os milicianos. E o povo que obedeça.

    No sábado, 30 desses fascistas covardes foram para a porta do STF, em Brasília, ameaçando ministros da mais alta corte do Brasil com gritos e xingamentos. Já seria grave. Mas esses criminosos fizeram questão de desfilar na frente do STF com tochas acesas, imitando dois símbolos da pior opressão: a ku klux klan, que assassinou centenas de negros nos Estados Unidos, e os nazistas, que também amavam tochas acesas.

     

    A mensagem ameaçadora, somada a repetidas ofensas à Democracia por parte de Bolsonaro e seus filhos, levou o ministro Celso de Mello a enviar aos seus colegas do Supremo uma mensagem de alerta:

    “GUARDADAS as devidas proporções, O “OVO DA SERPENTE”, à semelhança do que ocorreu na República de Weimar (1919-1933) , PARECE estar prestes a eclodir NO BRASIL! É PRECISO RESISTIR À DESTRUIÇÃO DA ORDEM DEMOCRÁTICA, PARA EVITAR O QUE OCORREU NA REPÚBLICA DE WEIMAR QUANDO HITLER, após eleito por voto popular e posteriormente nomeado pelo Presidente Paul von Hindenburg , em 30/01/1933 , COMO CHANCELER (Primeiro Ministro) DA ALEMANHA (“REICHSKANZLER”), NÃO HESITOU EM ROMPER E EM NULIFICAR A PROGRESSISTA , DEMOCRÁTICA E INOVADORA CONSTITUIÇÃO DE WEIMAR, de 11/08/1919 , impondo ao País um sistema totalitário de poder viabilizado pela edição , em março de 1933 , da LEI (nazista) DE CONCESSÃO DE PLENOS PODERES (ou LEI HABILITANTE) que lhe permitiu legislar SEM a intervenção do Parlamento germânico!!!! “INTERVENÇÃO MILITAR”, como pretendida por bolsonaristas e outras lideranças autocráticas que desprezam a liberdade e odeiam a democracia, NADA MAIS SIGNIFICA, na NOVILÍNGUA bolsonarista, SENÃO A INSTAURAÇÃO , no Brasil, DE UMA DESPREZÍVEL E ABJETA DITADURA MILITAR !!!!”

    Neonazistas na Avenida Paulista, defendendo Bolsonaro

    Os apoiadores de Bolsonaro estão assanhados: querem acabar com a Democracia urgentemente no Brasil. Seu propósito é entregar todo o poder ao seu “Mito”, que já prometeu “matar uns 30.000”, para completar o serviço da Ditadura Militar.

    Por isso, neste domingo, bolsomínions de São Paulo também foram para a avenida Paulista. Eram poucos, não passavam de 100 gatos pingados gritando contra o STF, contra o comunismo, contra a Rússia, contra a China, contra a imprensa, contra Moro. Só Bolsonaro serve para esses fanáticos do autoritarismo e da opressão.

    Uma dondoca já de cabelos brancos trajava camiseta em que se lia: “Foda-se”, em letras garrafais. Ódio puro. Outra portava uma máscara com as listras e estrelas da bandeira americana. Amarrada na cintura, ela levava uma bandeira do Brasil que arrastava no chão. Na mão, a mulher carregava um taco de beisebol em que estava escrito “Rivotril”. Significa que, como o calmante poderoso, o taco põe as pessoas para dormir. Violência explícita. Os apoiadores de Bolsonaro xingavam muito (e aos berros) o grupo antifascista, que estava a um quarteirão de distância.

    Manifestante carrega bandeira de movimento neonazista da Ucrânia (preta e vermelha) em ato pró-Bolsonaro - Marlene Bergamo
    Manifestante carrega bandeira de movimento neonazista da Ucrânia (preta e vermelha) em ato pró-Bolsonaro – Marlene Bergamo

    Mas o sinal mais grave das vocações opressoras dos fascistas foi a presença de uma bandeira vermelha e preta, com um tridente estilizado no centro. Trata-se do símbolo do Pravyi Sektor (Setor Direito), organização neonazista e terrorista da Ucrânia, criada em 2013. O Pravyi Sektor está envolvido em crimes de guerra e perseguição de minorias, como homossexuais, ciganos, judeus e russos. O homem que carregava a bandeira dizia ter sido treinado na Ucrânia, hoje considerada uma meca do anticomunismo mundial. Sara Winter, que organiza o grupo 300 de Brasília, e que chefiou a manifestação das tochas defronte o STF, diz também ter sido treinada na Ucrânia.

    Apesar dessa preocupante proximidade entre os militantes fascistas brasileiros e os ucranianos, incluindo a ostentação de símbolos nazistas daquele país, a Polícia Militar, que acompanhava as manifestações na avenida Paulista, ignorou a Lei 7.716/89 que, no parágrafo 1º do artigo 20, prevê o “Crime de Divulgação do Nazismo”, para o qual estabelece pena de 2 a 5 anos de reclusão e multa. A PM nada fez para coibir a exibição da bandeira do Pravyi Sektor e, em vez disso, protegeu vergonhosamente a manifestação bolsonarista e reprimiu selvagemente a das torcidas antifascistas.

     

    PM protege fascistas e ataca com milhares de bombas os torcedores antifascistas

     

    Entre a pequena aglomeração fascista e a grande concentração antifascista perfilava-se uma linha de contenção, formada pela Polícia Militar do governador João Doria Junior. Era curioso ver que a PM ficou o tempo todo encarando as torcidas de forma ameaçadora enquanto dava as costas para o pequeno grupo fascista. “A polícia militar virou segurança de fascista, uma vergonha”, reclamou um corinthiano indignado com a diferença de tratamento entre os dois grupos.

    Provocadores bolsonaristas entravam na concentração das torcidas antifascistas, para arrumar briga. Eram rechaçados e voltavam para seu grupo. Numa das vezes, entretanto, a PM atacou. E começou a violência. Milhares de bombas de gás lacrimogêneo, de efeito moral, de balas de borracha foram disparadas contra os antifas, que respondiam à injusta agressão da PM com pedras. Como Davis contra os Golias da PM. Alguns dançavam na frente das tropas ameaçadoras. Outros protegiam-se com placas de compensado, usadas como escudos. Durou quase duas horas o ataque policial aos jovens antifascistas, que não arredavam o pé da avenida Paulista.

    E assim o povo pobre mostrou que, contra o fascismo, não pode haver hesitação. É todo mundo junto e misturado, lutando com coragem e amor pela liberdade.

    Coragem, neste domingo, foi o sobrenome de cada um dos torcedores do Corinthians, do Palmeiras, do Santos e do São Paulo que foram para a avenida Paulista defender a Democracia.

    Que os partidos políticos de oposição a Bolsonaro entendam a mensagem desses jovens e destemidos democratas.

     

     

    Veja aqui a manifestação de hoje (31/5) na avenida Paulista, que os Jornalistas Livres cobriram em transmissão ao vivo da avenida Paulista

     

     

    Veja a análise dos fatos de hoje (31/5) na avenida Paulista, com Chico Malfitani, fundador da Gaviões da Fiel

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

  • Herch Moysés Nussenzveig: Impeachment já para o genocida

    Herch Moysés Nussenzveig: Impeachment já para o genocida

    Nesta terça-feira (5/5), um dos mais destacados cientistas brasileiros publicou na “Folha de S.Paulo” um artigo contundente a respeito do desgoverno atual do País, exigindo a saída imediata e o impeachment de Bolsonaro. Nele, o pesquisador alinha os crimes do monstro que ocupa a Presidência, para concluir que já basta do genocida, basta do obscurantismo. Precisamos de luz. E disso o professor Herch Moysés Nussenzveig entende.

    Moysés Nussenzveig era diretor do Instituto de Física da USP, quando estudei lá. Um homem das luzes, literal e figurativamente, ele fez do arco-íris e da aura seus principais focos de estudo. E destacou-se por isso. Em 1986, recebeu o Prêmio Max Born, outorgado pela Optical Society of America a cientistas que contribuíram de forma decisiva para o estudo da óptica.

    O professor Moysés Nussenzveig foi além e preocupou-se também com a divulgação científica. Foi um entusiasta da coleção “Os Cientistas”, idealizada pelo seu colega, o professor Isaias Raw, que quinzenalmente colocava nas bancas de revistas de todo o Brasil uma caixinha de isopor contendo a biografia de um grande cientista e alguns insumos básicos para montar o aparelho ou o experimento que notabilizou o pesquisador homenageado. Era sensacional. Gerações de cientistas atuais construíram seu primeiro microscópio com a coleção “Os Cientistas”.

    Hoje se vê como a divulgação científica é necessária. A falta dela é em grande medida responsável pelo surto fundamentalista e anti-científico que assola o País, começando por Bolsonaro e seus seguidores terraplanistas, olavetes, fanáticos religiosos e negacionistas do aquecimento global e da letalidade do novo coronavírus. A seguir o texto desse grande físico, que honra a memória de homens como Galileu Galilei (1564-1642), afrontando com a verdade a ousadia dos carrascos. “Eppur si muove” (“contudo, ela se move”) teria dito Galileu, ao sair do tribunal do Santo Ofício, referindo-se à Terra. Sim, ela se movia em torno do Sol. Não estava fixa no centro do Universo com os corpos celestes, inclusive o Sol, girando ao seu redor, como queria a Igreja Católica.

    Que tempos são esses em que temos de lutar para fazer valer conhecimentos adquiridos há quase 400 anos?

    São tempos de luta.

     

     

     

    Moysés Nussenzveig
    Moysés Nussenzveig

    Por Herch Moysés Nussenzveig

    Um editorial do Washington Post de 14 de abril discutiu a conduta de governantes de todo o mundo na pandemia de Covid-19. Jair Bolsonaro foi eleito de longe o maior malfeitor, por “colocar em risco” toda a população do Brasil. O jornal compara os índices de aprovação do ex-ministro da Saúde Henrique Mandetta com os de Jair, um caso claro de ciúme.

    No dia seguinte, Mandetta foi demitido. Já a demissão de Sergio Moro teve outro motivo. Jair manifestara “preocupação com inquéritos em curso no STF”. Justifica-se o pavor: ele participou de atos de incentivo a um novo AI-5 e de ataques ao Congresso e ao STF. Quer “ter um delegado que eu possa interagir com ele” (sic), recebendo relatórios diários. Emula o Grande Irmão de “1984”.

    Eleito deputado federal, Bolsonaro passou 27 anos como membro obscuro do baixíssimo clero. Ao votar para o impeachment de Dilma, homenageou o torturador-mor Ustra como “herói nacional”. Nos vídeos da campanha eleitoral simulava empunhar dois revólveres. Como Dom Corleone, tem capangas e exige obediência absoluta. Acabou eleito presidente pelo voto contra o PT.

    Em 14 de março de 2018, Marielle Franco foi assassinada. O carro utilizado pelos matadores era guiado pelo ex-PM Élcio Queiroz, que entrou no condomínio onde residem Jair e o filho Carlos pedindo que o porteiro ligasse para “Seu Jair”. Em vídeo gravado à noite, no exterior, Jair, visivelmente apavorado, deu um álibi: estava em Brasília quando do atentado. Não é preciso ser Sherlock Holmes para suspeitar de Jair e dos filhos como cúmplices ou mandantes (ainda não identificados).

    O racismo de Bolsonaro é patente. Em palestra, atacou os quilombolas, dizendo: “Nem para procriar servem mais”. Insultou os indígenas ao afirmar que “são homens como nós”. Como quem, Jair? Parafraseando Primo Levi, “é isto um homem?”. Em relação às mulheres, disse à deputada Maria do Rosário (PT-RS): “Não te estupro porque você não merece”. Invasões a terras indígenas e estímulos para explorá-las dispararam. Também cresce o número de índios assassinados.

    As afinidades com Hitler e o nazismo afloraram quando nomeou Roberto Alvim secretário da Cultura. Em 18 de janeiro, este divulgou um vídeo repetindo frases de Goebbels, de 1933, ao som de Wagner. A repercussão mundial levou à demissão do secretário. Visitando o Chile, Bolsonaro ofendeu o povo chileno ao elogiar o ditador Pinochet.

    Além de vítimas atuais e futuras da pandemia, e das citadas acima, quantas mortes Bolsonaro provocou e virá a provocar? Quantos morrerão nas estradas pelo afrouxamento de regras do trânsito? Quantos bebês vitimará flexibilizando o uso das cadeirinhas?

    Ao estimular o desflorestamento e não combater as queimadas na Amazônia, fomenta o aquecimento em todo o planeta. Jair é o vilão-mor do meio ambiente, com sérios prejuízos à imagem do nosso país.

    Eu acuso Jair Messias Bolsonaro de violações do Código Penal e perjúrio, atentando quase diariamente contra a Constituição que jurou defender! Acuso Jair Messias Bolsonaro de genocídio premeditado! São crimes de responsabilidade, justificando o seu impeachment.

    Já foram encaminhados ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), muitos pedidos de impeachment. Ele foi instado pelo STF a manifestar-se sobre a abertura do processo. Pelo bem de sua biografia e cumprimento da vontade do povo brasileiro expressa nesta época de isolamento, através de panelaços em todas as capitais do país, faço votos de que ele atenda prontamente a essa vontade.

    Fora, Bolsonaro. Impeachment já!

  • OSVALDO ANTÔNIO DOS SANTOS – Morre um herói da nação brasileira, vítima da Covid-19

    OSVALDO ANTÔNIO DOS SANTOS – Morre um herói da nação brasileira, vítima da Covid-19

    OSVALDO ANTÔNIO DOS SANTOS – 14/08/1939 – 10/04/2020
    OSVALDO ANTÔNIO DOS SANTOS 14/08/1939 – 10/04/2020

    Nascido em 14 de Agosto de 1939, na Cidade de Arapuã, MG, Osvaldo Antônio dos Santos era filho de Gaspar Silvério de Oliveira e Maria Antônia dos Santos. Teve uma longa carreira profissional em várias empresas brasileiras e estrangeiras.

    Militante da Vanguarda Popular Revolucionária, a VPR, de Carlos Lamarca, Osvaldo “Portuga”, como Osvaldo Antônio dos Santos era conhecido, foi preso em 23 de janeiro de 1969 juntamente com Pedro Lobo de Oliveira, Ismael de Souza e Hermes Camargo em uma chácara nas proximidades de Itapecerica da Serra. No local, os quatro foram surpreendidos pela Polícia Militar de Itapecerica da Serra e levados ao Quartel do II Exército, no Ibirapuera.

    Da prisão no quartel, Osvaldo Antônio dos Santos foi transferido para o DEOPS, onde permaneceu até 13 de novembro de 1969 quando, junto com outros detentos, deu entrada no Carandiru onde ficou até 8 de dezembro de 1969. A última escala foi no Presídio Tiradentes, de onde saiu no dia 16 de junho de 1970.

    A liberdade, porém, não veio fácil. Em 11 de junho de 1970, enquanto as atenções do país estavam voltadas para a Copa do México, o embaixador da Alemanha Ocidental, Ehrenfried Anton Theodor Ludwig Von Holleben, era sequestrado no Rio de Janeiro, numa ação conjunta da Ação Libertadora Nacional (ALN) e da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). As organizações guerrilheiras exigiram a libertação de 40 presos políticos, entre os quais estava o “Portuga”, que deveriam ser levados em voo fretado para a Argélia. Um manifesto contra a Ditadura foi divulgado em todas as redes de rádio e TV, furando a rigorosa censura imposta pelos militares.

     

    Banido do território nacional, Osvaldo Antônio dos Santos chegou à Argélia e lá residiu por três meses. Posteriormente dirigiu-se a Cuba onde esteve de 1970 a 1971. Morou em Moçambique e na Alemanha. Retornou a Brasil com a Anistia Política. Foi casado com Denise Oliveira Lucena com quem teve dois filhos: Valter Bruno de Oliveira Santos e Renan Oliveira dos Santos.

    Seu estado de saúde era delicado, pois teve câncer de próstata e apresentava um quadro de doença de Alzheimer. Faleceu nesta madrugada (10/04) vitimado pelo Covid-19. Estava internado no Hospital de Referência Emílio Ribas.

    Não acontecerá o velório devido à letalidade da doença. O corpo de Osvaldo Antônio dos Santos será cremado em Embu das Artes, no Crematório Memorial Parque Paulista.

     

    OSVALDO ANTÔNIO DOS SANTOS, PRESENTE!