Jornalistas Livres

Autor: Gustavo Aranda

  • Intervenção Militar em debate

    Intervenção Militar em debate

    Após a decisão do governo federal de invadir as favelas cariocas com tropas militares, inúmeras denúncias de abusos de autoridade passaram a fazer parte do noticiário e a preocupar entidades que atuam em defesa dos direitos humanos no país. Fichamento obrigatório, solicitações para abate de suspeitos, relatos de violência e revistas em crianças são algumas das práticas que tem aterrorizado os moradores dessas comunidades.

    Para discutir esse cenário, o coletivo “Precisamos Falar e Agir contra o Fascismo” promove o debate “Intervenção”, no próximo dia 12 de março, no Teatro Oi Casa Grande, no Rio de Janeiro. Os convidados são, Buba Aguiar, moradora da Favela de Acari, estudante de Ciências Sociais e militante do Coletivo Fala Akari; Eugênio Aragão, professor titular de Direito Internacional da UnB e ex-Ministro da Justiça; Tales Ab’Sáber, psicanalista e professor no curso de Filosofia da UNIFESP; e Raull Santiago, morador do Alemão, comunicador do Coletivo Papo Reto e coordenador do Movimentos – Política de Drogas e Favela. A curadoria e mediação é da psicanalista Débora Abramant.

    O evento inaugura o novo ciclo de debates em 2018, organizado pelo Coletivo “Precisamos Falar e Agir contra o Fascismo”, que já realizou cinco edições em 2017, com presenças destacadas no universo intelectual e político, como Jean Willis, Maria Rita Kehl, Joel Birman, Fernando Haddad, Rubens Casara, Celso Amorim, Denise Portinari, Paulo Nogueira Baptista Jr., Francineia Fontes (líder indígena da etnia Baniwa), Lúcia Xavier, MCs do Alemão, entre outros pensadores, estudiosos e ativistas ligados ao tema.

    O grupo, formado pelos psicanalistas Débora Abramant, Ana Muniz e Aldo Zaiden, e o ativista Reikrauss Raimond, também lançou a nova página no Facebook “Precisamos Agir e Falar Contra o Fascismo”, para dar suporte às discussões e promover os eventos. Lá, é possível fazer críticas, sugestões e, principalmente, acompanhar a transmissão dos debates. Existe uma expectativa de que novas edições ocorram em outras cidades brasileiras. O Coletivo Jornalistas Livres também passa a integrar o grupo e fazer as transmissões, ao vivo, pela internet.

    O Teatro Oi Casa Grande fica na Rua Afrânio de Melo Franco, 290 – Leblon. O início do debate está marcado para as 20h00.

  • Prefeitura apresenta proposta de Intervenção do Hospital Sofia Feldman

    Prefeitura apresenta proposta de Intervenção do Hospital Sofia Feldman

    Está marcada para às 14:30 hs, a reunião que irá definir o futuro da maior maternidade do país, o Hospital Sofia Feldman, responsável por mais de dez mil partos em 2017. A asfixia financeira promovida pelo município de Belo Horizonte, levou o Hospital a acumular um déficit mensal de 1,5 milhão, e resultou no fechamento de leitos e greve de parte dos funcionários. De acordo com o secretário municipal de saúde (oficio nº 0795/2017 ), a adequação do orçamento para o que recebe hoje, implicaria na diminuição de 200 partos e 50 internações neonatais/mês.

    Ao contrário do que é alardeado na imprensa pelo prefeito Alexandre Kalil e o secretário de saúde, Jackson Machado, o município não contribui com um centavo, sequer para a manutenção da maternidade, financiada exclusivamente pelo governo federal e estadual. A constituição federal determina que as três esferas de governo financiem o Sistema Único de Saúde (SUS), gerando receita necessária para custear as despesas e os investimentos. Atualmente, da verba que chega ao Hospital, 87% vem do governo federal e 13% do estadual.

    Na última reunião, em 19 de fevereiro, para discutir a crise atual, o secretário afirmou que tem lidado “a cada dois, três meses, com o pedido de socorro que o hospital nos faz. Então essa reunião foi para ofertar à maternidade uma proposta que vai resolver, de uma vez por todas, um problema que já vem se prolongando por tempo demais”.

    Na conta do secretário estão os repasses que passam pelo caixa do município e um adiantamento de 6 milhões, em forma de empréstimo consignado, que deverão ser devolvidos ao município.

    Mas qual o problema do Sofia?

    Segundo um relatório elaborado pela própria prefeitura, o Sofia Feldman é a instituição que apresenta os melhores resultados em termos financeiros e de atendimento, se comparado com outras maternidades da cidade.

    Em 2016, por exemplo, a maternidade estadual Odete Valadares (MOV) apresentou um custo médio mensal de 6 milhões de reais, para uma produção média de 315 partos/mês, mais 1.043 diárias de UTI neonatal. O Hospital Sofia Feldman gastou os mesmos 6 milhões de reais/mês, para uma produção de 899 partos/mês, mais 2.558 diárias de UTI neonatal. Isso demonstra que a razão de custo por parto – incluindo o custo médio da neonatologia – foi de R$ 19 mil na MOV e R$ 6.700 no Sofia Feldman. No Odilon Behrens, hospital gerido diretamente pela prefeitura, essa mesma razão foi de R$ 10.769,00.

    O que é importante ressaltar, para além dos números, é que o Sofia Feldman consegue esses resultados arcando com o custeio da creche, do centro de terapias integrativas, da academia e bolsa complementar dos residentes de GO (ginecologia e obstetrícia) e neonatologia, serviços que nenhuma das outras maternidades oferece.

    SUS que dá certo

    Segundo conselheiros ouvidos pela reportagem, o problema do Sofia é “o modelo de assistência ao parto e nascimento praticado pelo Sofia, caracterizado pelo respeito à autonomia da mulher e à atuação da enfermagem obstétrica – integrada à equipe assistencial, no mesmo nível hierárquico do médico”, que vem conseguindo resultados expressivos na queda do número de cesarianas (25%) e, consequentemente, nos índices de morbidade materno-infantil.

    À medida que o Hospital foi crescendo, ganhando reconhecimento nacional e internacional e se consolidou como Hospital de ensino – não só em enfermagem obstétrica, mas na área médica – passou a incomodar quem defende um atendimento centrado na figura do médico e de aparatos tecnológicos, que elevam os custos com medicamentos, material cirúrgico, equipe, além de aumentar o período de internação de mães e bebês, indisponibilizando leitos para outras parturientes.

    Este é um conflito clássico para quem vive o universo da maternidade e nascimento, mas que não aparece nos discursos de médicos e dos órgãos que os representam, os conselho regionais e federal de medicina, sempre simpáticos ao modelo privatista e mercantilizado da saúde.

    No caso do Hospital Sofia Feldman, a reportagem apurou algumas suspeitas que evidenciariam o boicote ideológico sofrido pela instituição:

    • A estratégia protelatória adotada pelo gestor municipal, durante todo o ano de 2017, frente às inúmeras demandas da instituição, mesmo quando o colapso financeiro estava evidente;
    • A exoneração da pediatra Sonia Lansky da Coordenação da Comissão Perinatal de BH, e Márcia Parizzi da Coordenação de Atenção à Saúde da Criança e Adolescente, que sempre tiveram uma atuação em defesa do Sofia, nas três esferas de governo;
    • A proximidade do gestor municipal atual com o CRM-MG, reconhecido adversário do modelo de assistência ao parto proposto pelo Sofia;
    • E a própria intervenção proposta pela prefeitura, sob o argumento gerencial.

    Ativistas, usuárias, funcionários e profissionais da saúde se organizam para resistir e proteger a administração do Sofia, que se tornou uma bandeira, em todo o país, na luta pela humanização no atendimento às mulheres e aos bebês. Se conseguirão, dependerá da capacidade de mobilização para fazer frente a mais uma investida dos setores ligados ao favorecimento do modelo mercantilizado da saúde, e da sensibilidade do prefeito Alexandre Kalil em contribuir com a parte que cabe ao município para oferecer um atendimento de qualidade a população de Belo Horizonte.

  • Tribunal de Justiça proíbe desfile de Bloco que faz apologia à tortura

    Tribunal de Justiça proíbe desfile de Bloco que faz apologia à tortura

    Na tarde de hoje (08/02), o Tribunal de Justiça de São Paulo, que acompanha o processo que denuncia o bloco carnavalesco “Porão do DOPS” por fazer apologia ao crime de tortura, concedeu liminar proibindo o desfile marcado para o dia 10 de fevereiro próximo.

    “(…) concedo, por ora, efeito ativo parcial, para determinar que os réus Douglas Garcia Bispo dos Santos e Edson Salomão se abstenham de utilizar expressões, símbolos e fotografias que possam ser claramente entendidas como “apologia ao crime de tortura” ou a quaisquer outros ilícitos penais, seja através das redes sociais, seja mediante desfile ou manifestação em local público, notadamente através do Bloco Carnavalesco “Porão do Dops”.”

    A decisão do desembargador José Rubens Queiroz Gomes atende ao pedido de 25 entidades, que protocolaram nesta quinta-feira um documento contra sentença que autoriza o desfile do bloco Porão do Dops no carnaval de São Paulo. Entre as organizações que assinam estão o Grupo Tortura Nunca Mais, o Movimento Nacional dos Direitos Humanos, Comissão de Direitos Humanos da OAB e o Comitê Paulista.

    Na semana passada, a juíza Daniela Pazzeto Meneghine Conceição havia autorizado o grupo de extrema direita a realizar sua homenagem aos torturadores da ditadura militar, alegando “liberdade expressão”, o que gerou revolta em instituições que defendem os Direitos Humanos e o combate à tortura.

    O Comitê Paulista pela Memória, Verdade e Justiça divulgou nota de repúdio colocando-se ao lado daqueles que tentavam à margem da lei impedir o desfile.

    “Consideramos que a decisão da juíza Daniela, além de desrespeitar a memória das vítimas que tombaram dentro das masmorras da ditadura e os ex-presos que sobreviveram às sevícias de torturadores, como o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra e o delegado Sérgio Paranhos Fleury, ídolos desse grupelho fascista, ainda contribui para a agressão ao estado democrático de direito, possibilitando a disseminação de ódio nas ruas da capital paulista”.

    O desembargador determinou uma multa diária de R$ 50.000,00, caso a liminar seja desrespeitada. Sobre a liberdade de expressão o magistrado salientou que “a providência tem natureza preventiva e não implica em censura prévia à livre manifestação do pensamento, que sempre poderá ocorrer na forma da lei, sujeitando-se os infratores à responsabilidade civil e penal por cada ato praticado”.

    Veja a sentença.

    Efeito Ativo – Agravo de Instrumento

  • Mordaça: Globo demite colunista por criticar a PF

    Mordaça: Globo demite colunista por criticar a PF

    Depois de fazer duras críticas à Polícia Federal e ao governo de Michel Temer em sua coluna semanal em O Globo, o economista Paulo Nogueira Batista Jr. ouviu do departamento de RH do jornal que, devido à linha editorial seguida pelo autor, o jornal deixaria de publicar sua coluna. Na publicação ele denunciava outra perseguição do governo Michel Temer, dando nomes aos bois inclusive, que o destituiu de forma traiçoeira do cargo de Vice-Presidente do Banco de Desenvolvimento dos BRICS, o qual ajudou a fundar, e depois de servir ao Brasil por mais de 10 anos como representante junto ao FMI (Fundo Monetário Internacional).

    Quem revela essa história é um grupo de voluntários que criou um evento chamado “Precisamos Falar Sobre o Fascismo”, que acontece mensalmente no Rio de Janeiro, reunindo intelectuais e psicanalistas interessados na defesa dos direitos humanos e no combate ao discurso de intolerância e ódio.

    Premonitoriamente, a última edição do evento, ocorrida segunda-feira (11/12), foi intitulada “Mordaça”, e Paulo Nogueira Batista Jr. teve a oportunidade de se aprofundar no tema que abordou em sua coluna em O Globo sobre as perseguições políticas nas instituições públicas. No dia seguinte ele foi demitido.

     

     

    Leia a Nota de Solidariedade escrita pelo coletivo Precisamos Falara Sobre o Fascismo.
    Assista ao vídeo com a fala de Paulo Nogueira Batista Jr. no evento.
    Abaixo reproduzimos também a coluna do economista, restrita aos assinantes de O Globo, por entendermos se tratar de fato de interesse jornalístico.

     

     

    Nota de Solidariedade
    A Paulo Nogueira Batista Júnior

    Ao longo do ano de 2017 realizamos uma série de debates intitulado: Precisamos Falar Sobre o Fascismo.
    O projeto se originou da necessidade do enfrentamento a práticas e discursos que tinham a intolerância e o ódio e, consequentemente, a aniquilação à diferença como motor.

    Assim, vocalizamos pontos nodais que se acirraram e, em alguns momentos, atualizaram- se violentamente. A pretensão de erigir o modelo homem-branco, heterossexual e burguês nos fez falar de nossa história escravocrata e racista, do extermínio das etnias indígenas, dos que estão à margem do processo produtivo, dos relegados à indigência social e excluídos da lógica do capital, dos fora da normatividade sexual e de suas pretensas expressões degeneradas. Enfim, as diferenças foram convocadas à fala.

    No nosso último debate, enfrentamos as Mordaças de nossos dias.
    Estavam lá falas e corpos interditados pela lógica hegemônica vigente. Um de nossos convidados foi o economista Paulo Nogueira Batista Júnior, que viveu recentemente não um processo de demissão, mas uma cassação, em toda truculência que esta palavra significa . Sua destituição do cargo de Vice-Presidente do Banco de Desenvolvimento dos BRICS foi urdida por um governo que se alçou ao poder através de espúrias negociações, que são evidenciadas à luz do dia.

    Se fosse legítima sua demissão, já que demissões são possíveis, por que Paulo foi cerceado em seu direito de defesa? Por que lhe foi negado acesso e comunicação aos seus colegas e funcionários e até mesmo a sua sala e ao local em que trabalhava? Por que sua presença causava tanto mal-estar e inquietude?

    Antes de sua participação no debate, Paulo faz um relato direto e esclarecedor no jornal O Globo, onde mantinha coluna desde seus tempos como representante do Brasil junto ao FMI. Há nomes e sobrenomes em seu relato. Esta trama sórdida foi detalhada e aprofundada em sua fala no nosso debate.

    Mas não se rasga a mordaça. Ao contrário, afirma-se a palavra interditada em um retorno à violência do silêncio coagido.

    Paulo Nogueira Batista Júnior teve sua palavra cassada novamente pelo referido jornal, sem justificativas sustentáveis. Sua coluna não será mais publicada!
    Foi descartado, reduzido ao silêncio desejado.

    Sabemos que os bois sempre tem nome e Paulo não vai dizê-los sozinho.
    Sem medo ou mordaças, estamos com ele!

    Precisamos Falar, Resistir e agir sobre o Fascismo.


     

    Reprodução da Coluna de Paulo Nogueira Batista Jr em O Globo (08/12/2017)

    PAULO NOGUEIRA BATISTA JR.

    Barbárie

    Poucas coisas são mais importantes no Brasil hoje do que apurar o ocorrido na UFSC

    O estado de direito, as garantias individuais, o amplo direito à defesa, a proteção contra o abuso de autoridade, a presunção de inocência — tudo isso é como o ar que se respira, a água que se bebe. Só nos damos conta da sua importância vital quando nos são retirados.

    O Brasil parece caminhar a passos largos para um estado de exceção, em que prevalecerá o arbítrio, a truculência, o desrespeito aos direitos humanos. A barbárie avança a olhos vistos. Nos últimos dias, tivemos um ataque à Universidade Federal de Minas Gerais — episódio que parece fazer parte de uma ofensiva contra as universidades públicas.

    Mais uma vez, assistimos ao abuso da prisão coercitiva do reitor e de professores da universidade, uma humilhação desnecessária e ilegal. Mais uma vez, integrantes do Poder Judiciário e da Polícia Federal se aliaram à mídia para fazer operação espalhafatosa e arbitrária de combate à corrupção. Soldados armados até os dentes, como se estivessem enfrentando perigosos inimigos, invadiram uma universidade para expor professores à execração pública.

    Ainda pior foi o que aconteceu há pouco tempo em Florianópolis, na Universidade Federal de Santa Catarina. Prenderam o reitor Luiz Carlos Cancellier, sob a acusação de que ele estava obstruindo investigações. A mídia se encarregou de jogar o seu nome na lama, como corrupto e responsável por desvio de imensas somas. Na prisão, foi submetido a humilhações. Depois de solto, foi proibido de entrar na universidade.

    O trabalho na universidade era sua vida. Poucos dias depois, o reitor Cancellier atirou-se do alto de um shopping em Florianópolis. No bolso, trazia o bilhete: “A minha morte foi decretada quando me baniram da Universidade!!!”. Poucas coisas são mais importantes no Brasil hoje do que apurar o ocorrido na Federal de Santa Catarina e punir os responsáveis pelo abuso de poder.

    O caso do reitor Cancellier me tocou particularmente, leitor. É que há algumas semelhanças com o que eu mesmo vivenciei. Também sofri recentemente um processo administrativo irregular e arbitrário que levou a meu afastamento da vice-presidência no Banco do Brics em Xangai. Dou nome aos bois. A iniciativa foi de alguns integrantes do governo brasileiro, nomeadamente do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, acolitado por Marcello Estevão, um assessor irresponsável e bisonho do Ministro da Fazenda. Acusaram-me, sem base, de quebrar o código de conduta, em alguns artigos publicados nesta coluna. Acusaram-me, também sem qualquer base, de ter assediado moralmente um funcionário brasileiro, um certo Sergio Suchodolski, cuja demissão havia recomendado por desempenho pífio no período probatório.

    Depois, acusaram-me, sem provas, de obstruir investigações. Negaram-me o direito de defesa. Fui condenado em uma reunião de diretoria, que ocorreu pelas minhas costas, quando estava em viagem de trabalho. Meus funcionários foram instruídos a não fazer qualquer contato comigo. Fui proibido de entrar no banco, e minha sala foi lacrada.

    Mas, enfim, poderia ter sido pior. Estou vivo, com saúde, próximo à família, aos amigos e aos correligionários. E disposto a fazer minha parte, por pequena que possa ser, na luta contra a maré ascendente da barbárie.

    Paulo Nogueira Batista Jr. é economista e foi vice-presidente do Novo Banco de Desenvolvimento e diretor executivo no FMI pelo Brasil e mais dez países.


    vídeo com a fala de Paulo Nogueira Batista Jr. no evento Precisamos Falar Sobre o Fascismo

     https://www.facebook.com/jornalistaslivres/videos/654143161376231/

     

    Os Jornalistas Livres tentaram por diversas vezes questionar o jornal sobre os motivos da demissão, mas a redação de O Globo informa que as questões devem ser feitas ao SAC da empresa.
    O SAC de O Globo não possui sistema de comunicação com não leitores.

    As perguntas enviadas seriam:

    1. Qual o motivo da demissão do colunista Paulo Nogueira Batista Jr., depois de mais de 10 anos de contribuição para o jornal “O Globo”?

    2. O governo Michel Temer e/ou a Polícia Federal intercederam pela demissão de Paulo Nogueira Batista Jr. do jornal “O Globo”?

    Caso a empresa responda, atualizaremos a matéria.

     

  • MBL ignora decisão judicial que exige exclusão de postagens e ataca Caetano novamente

    MBL ignora decisão judicial que exige exclusão de postagens e ataca Caetano novamente

    Por Gustavo Aranda e Vinícius Segalla – dos Jornalistas Livres

    O MBL – Movimento Brasil Livre e o vereador Fernando Holiday fazem novos ataques ao cantor Caetano Veloso, mesmo após decisão judicial que determina a exclusão, em 48 horas, de publicações ofensivas na internet contra Caetano e sua esposa, Paula Lavigne. A postagem do grupo ultraliberal ocorreu ontem às 13:30, pouco depois da decisão do juiz Bruno Manfrenatti. A publicação do vereador aconteceu as 08:00 desta quarta-feira.

    publicado as 08:00 dessa quarta-feira (01/11)

    Na decisão o juiz também responsabilizou Alexandre Frota com multa diária de R$ 5.000, caso as mensagens não sejam apagadas. Já que não tem como cumprir a decisão, seu advogado diz que entrará com um recurso nesta quarta-feira (1/11) com pedido de urgência para que as páginas do MBL sejam imediatamente retiradas do ar, ainda que em caráter liminar (provisório) apenas para impedir que o ator pague multa por algo com que não guarda relação.

    Entenda a polêmica

    O grupo MBL, cujos principais coordenadores são Renan Santos, Kim Kataguiri e Fernando Holiday, vive uma briga na Justiça para manter o nome e a logomarca do movimento, contra Frota e o analista político Vinícius Aquino, que formalizaram na Justiça uma associação chamada MBL.

    O grupo de Renan jamais formalizou seu movimento (e sim uma associação privada chamada MRL, Movimento Renovação Liberal, cujos donos são da família Santos), o MBL jamais foi uma pessoa jurídica, nunca teve um CNPJ desde sua criação, em 2014.

    Assim, Frota e Aquino figuram como réus na ação judicial que está movendo Caetano Veloso porque são os detentores, desde agosto deste ano, da única pessoa jurídica chamada “MBL – Movimento Brasil Livre” no país, mas todas as publicações de que o cantor reclama foram feitas pelo MBL de Kim, Holiday e Renan, conforme revelou reportagem dos Jornalistas Livres publicada no último dia 20. A decisão judicial desta terça para a retirada das publicações do ar tem como réus, além de Frota e Aquino, Renan Santos e Kim Kataguiri.

    Veja, abaixo, algumas das postagens que a Justiça determina que saiam do ar nas próximas 48 horas.

    Acima, postagens que originaram o processo movido por Caetano Veloso e Paula Lavigne contra o MBL e seus representantes

    Procurado pela reportagem, o MBL não comentou o caso. Já Alexandre Frota e Vinícius Aquino enviaram a seguinte nota aos Jornalistas Livres:

    “No processo movido por Caetano Veloso se verifica a ‘confusão’ gerada pelo uso indevido do nome comercial Movimento Brasil Livre. Somos uma Associação regularmente constituída, com CNPJ regular. Quem postou as supostas ofensas foi uma sociedade civil (MRL), que usa indevidamente o nome Movimento Brasil Livre no Facebook e em outras redes sociais. A Associação e seus dirigentes Alexandre Frota e Vinicius Aquino estarão, nos próximos dias, tomando todas as medidas judiciais cabíveis.

    Associação Movimento Brasil Livre”

     

  • IBOPE quer saber se o brasileiro apoia intervenção militar

    IBOPE quer saber se o brasileiro apoia intervenção militar

    Por que uma empresa estaria interessada em saber se a população brasileira apoiaria uma intervenção militar para garantir a segurança? Segurança de quem ou do que, aliás, é a primeira pergunta a ser feita.

    Fato é que a empresa de opinião IBOPE está com uma pesquisa em campo que tenta traçar um perfil ideológico do cidadão brasileiro do ponto de vista da insegurança democrática diante do atual cenário de instabilidade política. A tragédia que se tornou o governo de Michel Temer é adubo farto para uma infinidade de teorias conspiratórias e parece que tem instituições querendo se adiantar para não serem pegas de surpresa.

    Veja o que o IBOPE quer saber:

    • Como você avalia o atual governo?

    • Como você se sente em relação ao futuro do Brasil?

    • Você participaria de manifestações contra a corrupção? Contra o presidente Michel Temer? Contra a reforma trabalhista ou da previdência? A favor de eleições diretas?

    • Você se identifica como alguém de direita, de centro ou de esquerda?

    • Para garantir a segurança, você seria a favor do uso das Forças Armadas?

    • Para garantir a proteção do patrimônio público, você seria a favor do uso das Forças Armadas?

    Por contato telefônico, que o próprio IBOPE fornece para os pesquisados tirarem dúvidas, a responsável pela pesquisa informou que não havia um contratante, que se tratava de uma pesquisa do próprio IBOPE e que os resultados não seriam divulgados. Questionada sobre os objetivos e registro da pesquisa, ela disse que não havia um registro e que não poderia informar os objetivos.

    A assessoria de imprensa, por sua vez, mudou a versão da responsável, enviando a seguinte mensagem:

    “Sim, há um contratante. Entretanto, temos um contrato de confidencialidade com nossos contratantes que nos impede de revelar informações como o nome do contratante, seus objetivos, assim também como não somos autorizados a divulgar os resultados coletados, já que essas informações são de propriedade do cliente, que é quem decide sobre a divulgação (ou não) das pesquisas.”

    A Constituição Federal de 1988 define assim o papel das Forças Armadas na sociedade brasileira:

    “Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.”

    A pesquisa IBOPE suscita a pergunta: que outros papeis poderiam exercer as Forças Armadas além daqueles descritos na Lei Maior?