Ato Pelas Diretas no TUCA

Centenas de pessoas que assistiram o lançamento do Plano Popular de Emergência levantam cartazes Fora Temer (Lucas Martins/ Jornalistas Livres)

Qual a saída para a crise política e econômica que destrói um país e corrói um povo? A resposta não é simples, mas é certo que provavelmente não será formulada em jantares de luxo com empresários e políticos ou em  debates acadêmicos em universidades cujos negros e pobres são minorias, ainda que como ouvintes.

        O ato desta segunda (29/05) no TUCA contou com a presença de lideranças políticas, representando partidos e movimentos sociais junto a pensadores-militantes progressistas, como se poderia esperar. Mas também teve povo, para ouvir e se manifestar, ainda que fosse com gritos de “diretas Já!” e, claro, “Fora Temer!”. Esta é a cara da Frente Brasil Popular!

     O ato foi aberto pela fala da reitora da PUC-SP, Maria Amália, eleita após quatro anos de uma gestão instituída por um golpe nas eleições internas daquela universidade em 2012. Ressaltou a importância fundamental da PUC na luta por direitos sociais.

Reitora da PUC-SP, Maria Amália. (Lucas Martins/Jornalistas Livres)

Falava cercada das paredes queimadas de um teatro que foi incendiado durante a ditadura militar.

     O ex-ministro Roberto Amaral, iniciou sua fala saudando a tradição democrática da PUC-SP. Ressaltou que o objetivo do programa é “desenvolvimento econômico com distribuição de renda, pois é o regime que interessa aos trabalhadores”. Ressalta que o “Fora Temer” é um pressuposto que não se encerra em si, pois pede um complemento: eleições diretas para a eleição de um governo legítimo. Lembrou que o princípio fundamental do Plano Popular de Emergência  é a Unidade.

        Defendeu uma ampla democratização no país, que não se restringe a eleições e reformas econômicas, mas de mídia e Judiciário, inclusive. “O povo não é bobo, abaixo à Rede Globo!”, o povo respondeu. Lembrou que nos 13 anos de governo popular do PT não fizeram a tão defendida reforma, reconhecendo o quanto se tem perdido por isto. Reforma tributária, fortalecimento do SUS e reforma agrária não foram esquecidas. Terminou sua intervenção defendendo uma política externa independente, tendo em conta a soberania como eixo da Frente Brasil Popular.

     A presidenta da UNE, Karina Vitral, estudante de economia da PUC, denunciou o “governo usurpador”, lembrou a história da Frente Brasil Popular, desde seu lançamento em Belo Horizonte-MG, em dezembro de 2015. Falando sobre educação, afirmou que essa é a forma de superar a dependência tecnológica do país, além de ser essencial para o cuidado dos jovens. “Se o povo votar seremos vitoriosos”.

    O MST, representado por João Pedro Stedile, também teve fala. Afirmou que o povo reconheceu em 2017 o que ainda não havia percebido em 2016: o golpe é contra a classe trabalhadora. Afirmou que o plano levou seis meses para ficar pronto, tendo como objetivo não candidatos, mas o Povo.

João Pedro Stedile, do MST

“Ou o povo pressiona na rua com ideias, ou não mudaremos este país”, já que não dá para convencer candidatos com terapias de “psicodrama”. É preciso por o povo nas ruas, prometendo uma marcha a Brasília, só de ida, enquanto não acontecerem eleições Diretas.

Vagner Freitas, presidente da CUT, iniciou a fala sob expectativa de falar a data da próxima Greve Geral. Prometeu levar o plano para o Congresso do Partido dos Trabalhadores, para ser apresentado aos delegados. Corrigiu o termo “reforma da previdência” por “desmonte da previdência”, distinguindo o “trabalhador” do “colaborador”, que é aquele que colabora com o patrão por falta de opção. Deixou claro que não aceitará que o Temer seja substituído por outro eleito indiretamente, ainda que de Esquerda. Adiantou que a greve geral será entre 26 e 30 de junho, sendo ainda maior que a anterior, ocorrida em Abril.

     O recém-eleito presidente do diretório estadual do PT-SP, Luiz Marinho, provou a Globo a apresentar um candidato para que pudessem derrota-lo. Falou que o governo Lula cometeu ingenuidade e que faltou força para impor reformas, como a da mídia e do judiciário. Enquanto ex-ministro da previdência, afirmou que a reforma é retirada de direitos. Diagnosticou o problema como consequência do desemprego.

     Walter Sorrentino, vice-presidente do PCdoB, destacou três aspectos: I) o impeachment desmoralizou a nação, implementando uma agenda que jamais venceria nas ruas e nas ruas, e instaurando, por meio do protagonismo da Lava Jato, um agenda “liberal autoritária; II) o Governo Temer naufragou, mas as elites precisam de um nome de consenso; e III) defendeu que é hora de “unidade de ação”, de “amplas forças”, para que o povo possa assumir os rumos do país.  Uma unidade acima de nomes, em torno de uma agenda. “É possível sair da crise. Não pela agenda maldita deles [burguesia], mas por uma agenda renovada.

     No momento musical, a banda tocou e cantou “Coração Cívil”, de Milton Nascimento. “Sem a Polícia, sem a Milícia”. Tanto na música quanto na poesia, os presentes perceberam que a crítica à violência ditatorial se aplica aos dias de hoje.

      O ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, contextualizou o espaço da esquerda na América Latina, afirmando que só houve golpe no Brasil e no Paraguai [alguém na plateia lembrou de Honduras!]. Ressaltou a importância do povo poder escolher seus representantes​, ainda que erre. Indiretamente atacou Aécio Neves que, derrotado em 2014, entrou com ação no TSE para “encher o saco”. Disse que daremos o que ele quer: novas eleições, inclusive para ver se terá contagem para se apresentar como honesto.

Fernando Haddad com placa pedindo Diretas Já (Lucas Martins/ Jornalistas Livres)

      Haddad lembrou do “golpe parlamentar” de um impeachment sem “crime de responsabilidade”. Haddad falou golpe sem gaguejar, devemos deixar claro. Uma micro-recuperação econômica não vai legitimar uma “desconstituinte”, e sai a gritos de “saudade do Haddad”.

     O pastor Ariovaldo atacou a ação desastrosa da prefeitura de São Paulo, lembrando o termo “urbanização militar”. Lembrou do assassinato do dez sem-terra do Pará, pela polícia. Disse que temos que retomar o Brasil. Afirmou que a Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito vai levar adiante o Plano Popular de Emergência, como forma de catequese em cada vila e bairro. “Nós temos que tomar o Brasil para parar o sangue nas ruas”.

Laura Capriglione falando em nome dos Jornalistas Livres (Laura Barbosa/ Jornalistas Livres)

     A jornalista, Laura Capriglione, falando em nome dos Jornalistas Livres e da mídia livre como um todo, ressaltou a importância da mídia livre em estabelecer uma narrativa de quem tem estado presente em eventos fundamentais como  Greve Geral e Ato em Brasília. Defendeu a logística dos camaradas que acreditam na luta, compartilhando informações, sem depender de grandes estruturas de comunicação. Defendeu a união de todos os jornalistas para a criação de uma redação jornalística muito maior e mais democrática que a das grandes mídia.

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