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  • As universidades públicas e o Fundeb

    As universidades públicas e o Fundeb

    O debate está posto, o campo das disputas ainda está aberto. O tempo urge, e não basta apenas para fazer parte disso afirmar e fazer a crítica de que há um projeto neoliberal em curso que tenta vampirizar a educação no país, se pouco ou quase nada a Universidade pública tem feito para disputar esse espaço e oferecer como alternativa um projeto de educação pública para o país, para todos os níveis, em outros moldes.

    Wagner Geminiano dos Santos, doutor em História pela UFPE, professor das redes municipais de Água Preta e São José da Coroa Grande (PE) e ex-secretário de Educação de São José da Coroa Grande

    Há no Brasil, do ponto de vista legal, desde pelo menos a aprovação da Constituição Federal – CF em 1988 e da Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDBEN em 1996, o estabelecimento de uma relação hierárquica entre o “ensino superior” e a “educação básica”. Esses marcos legais acabaram, com isso, regulamentando uma relação que já vinha se constituindo desse modo desde pelo menos o final da década de 1960 e da reforma universitária implementada pela Ditadura Civil-Militar no país.

    De lá para cá a Universidade pública se consolida no Brasil como o principal lugar de produção do conhecimento científico por estas plagas. A Universidade passou a ser vista e entendida como aquela que forma cientistas e produz conhecimento científico de excelência. Ao longo desse período, os outros dois pilares em que se assetam a universidade humboldtiana, o ensino e a extensão, foram passando a segundo plano, até mesmo dentro dos centros e departamentos de educação, notadamente nas pós-graduações. A pesquisa tornou-se hegemônica e central em detrimento dos outros dois pilares.

    A Universidade pública, nesse sentido, se pensa mais como referência para o desenvolvimento da ciência e da tecnologia do que propriamente para as políticas públicas de educação no Brasil, em especial de educação básica, muito embora faça parte da estrutura do Ministério da Educação. Isso tem provocado alguns efeitos bastante nefastos para a educação pública no país. À medida que as universidades públicas foram se ausentando não necessariamente de discutir o ensino e a educação básica – ela os toma como objetos de pesquisa -, mas, sobretudo, de formular políticas públicas e de intervir politicamente no espaço público com o objetivo de promover, pautar e implementar um projeto de educação pública para o país, nos seus diversos níveis, um vazio foi sendo criado e que, ao longo das últimas duas décadas, vem sendo ocupado pelas fundações, seus institutos e seus braços, como, por exemplo, a Fundação Lemman, o movimento Todos pela Educação, o Instituto Ayrton Senna e congêneres, a quem grande parte da Universidade acusa de serem instrumentos da agenda neoliberal para a educação no Brasil.

    Essa ausência da Universidade pública sobre os debates, a implementação e as pautas que orbitam as políticas públicas de educação básica no Brasil, se fez sentir recentemente de forma bastante sensível nas discussões acerca do Novo Fundeb. Nesse debate fundamental para o futuro da educação pública no país, a Universidade foi o grande ausente, mais até que o próprio desgoverno Bolsonaro e seu projeto de destruição da educação tocado pelo atual MEC. Pouquíssimas vozes vindas das instituições universitárias públicas se levantaram publicamente em defesa do Novo Fundeb como política permanente de financiamento da educação básica ou até mesmo como instrumento fundamental de melhoria da estrutura, da carreira dos professores e profissionais da educação e da qualidade do ensino básico no Brasil.

    Imperou um silêncio sepulcral e muito simbólico, que explicita o papel que a Universidade, ou grande parte dela, se atribuiu nos últimos anos quando se trata de discutir políticas públicas de financiamento da educação básica no Brasil: o lugar do observador crítico, daquele que fala só quando é instado pelo Estado a emitir um parecer técnico a respeito de tal ou qual questão. O lugar da competência científica e técnica, que requer suposto distanciamento para não se misturar com o mundo da política ou da arena das relações de poder que constituem todo processo de implementação de política pública.

    Concordo que esse lugar da crítica é fundamental. Mas, por melhor e mais “isenta” que ela possa ser, pouco contribui para alterar o jogo e, sobretudo, para garantir a efetivação de uma política pública que beneficia milhões de brasileiros como o Fundeb, e que de forma indireta é o que garante público qualificado, diverso, plural para os bancos universitários. Como não se fazer presente como um ator institucional importante nessa disputa? Essa é uma pergunta que as universidades públicas e seus órgãos representativos precisam responder com urgência, para si mesmas e para a sociedade.

    Além disso, as Universidades públicas pouco têm atentado para outra questão fundamental que está diretamente associada ao Fundeb. Ele representará, a partir do próximo ano, uma cifra de cerca de R$ 200 bilhões a ser investido de forma direta na educação básica. É um recurso que não está sob o tacão discricionário do orçamento da União e o arbítrio de Paulo Guedes et caterva. Estados e municípios terão acesso direto a esses recursos para investirem em Manutenção e Desenvolvimento da Educação, nos profissionais da educação e nos seus quadros de professores. Assim, formação inicial e continuada de professores, materiais didáticos regionalizados e paradidáticos, plataformas e cursos para gestão escolar, suporte técnico para o funcionamento e planejamento das redes: tudo isso são serviços a serem ainda mais demandados pelas redes estaduais e municipais a partir do próximo ano.

    Há aí um espaço enorme a ser disputado pelas Universidades públicas. Em tempos de política de estrangulamento financeiro das universidades e da pesquisa, com cortes de bolsas e recursos, olhar para o Fundeb pode ser uma luz no fim do túnel para a academia. Firmar convênios com estados e municípios para ofertar formação continuada qualificada, ampliar o alcance de programas como os PROFs, o PIBID e a Residência a partir destes convênios, redirecionar parte das pesquisas dos departamentos de educação para produção de material didático regionalizado, assim como as próprias editoras universitárias para que possa entrar no circuito absolutamente rentável da produção de livros didáticos, são apenas alguns caminhos possíveis de atuação.

    Enfim, as possibilidades são imensas e ainda estão em aberto. Cabe à Universidade querer disputá-las, mas para isso precisa sair desse lugar privilegiado que lhe coloca no pedestal de uma suposta superioridade moral para fazer a crítica do mundo lá fora, mas negando-se a participar de sua construção mais efetiva. É urgente pular o muro e vir disputar o mundo lá fora. A autonomia universitária não pode ser barreira para intervir e pautar a realidade que a circunda e atravessa. É preciso recuperar o espírito que esteve presente em intelectuais como Anysio Teixeira que viam na Universidade Pública não apenas um lugar de formação de pesquisadores, mas também de quadros dirigentes para o país, de sujeitos capazes de intervir na nossa realidade, de propor políticas públicas, de formular projetos de país, de nação.

    O que se pede, por hora, não é muito: é que a Universidade pública tenha ao menos um projeto de educação pública para o Brasil ou até mesmo para cada estado onde esteja situada, e que passe a disputar a partir deles instrumentos tão importantes para o futuro da educação pública, como o Novo Fundeb. O debate está posto, o campo das disputas ainda está aberto. O tempo urge, e não basta apenas para fazer parte disso afirmar e fazer a crítica de que há um projeto neoliberal em curso que tenta vampirizar a educação no país, se pouco ou quase nada a Universidade pública tem feito para disputar esse espaço e oferecer como alternativa um projeto de educação pública para o país, para todos os níveis, em outros moldes. Isso já seria um bom começo.    

  • Estudantes da UFMT se mobilizam contra corte de bolsas

    Estudantes da UFMT se mobilizam contra corte de bolsas

    Os ataques à educação superior no Brasil seguem cada vez mais intensivos. Mas alguns alvos parecem ser preferenciais. Um exemplo é a Universidade Federal de Mato Grosso, cuja comunidade mais uma vez foi surpreendida com uma medida drástica, sem precedentes e sem qualquer aviso prévio: o corte de TODAS as bolsas tutoria, monitoria e extensão a partir do último dia 11 de outubro, sendo que os programas de extensão foram avisados apenas na segunda 14. Centenas de alunos, estima-se entre 800 e 900, necessitam desse auxílio, entre R$ 400 e R$ 900, para permanecerem na universidade. E muitas atividades, especialmente na extensão, que é a prestação de serviços para a comunidade fora da universidade, precisam dos bolsistas para seguirem funcionando.

    Assim como aconteceu em 16 de julho, quando a Energisa simplesmente cortou a luz de cinco campi, ninguém foi avisado com antecedência, nem mesmo os gestores da Pró-Reitoria de Cultura, Extensão e Vivência – PROCEV e da Coordenação de Extensão – CODEX. Assim, esses departamentos acabaram de chamar uma reunião com os coordenadores, bolsistas e voluntários de projetos de extensão para o próximo dia 23, às 10:00 no teatro da universidade para discutir a suspensão das bolsas e também o possível cancelamento da X Mostra de Extensão da UFMT, programada para os dias 29 de outubro a 1º de novembro.

    Desde segunda, 14, alunos, professores e coordenadores buscam, sem sucesso, entender quem é o responsável pela suspensão e sob quais critérios o corte foi definido. O despacho 1895053 do processo SEI 23108.083943/2019-85 foi assinado por uma assessora da reitoria, a ordenadora de despesas Cendyi Prado, que aparentemente ninguém conhece. A reitora, Myrian Serra, atacada pessoalmente como má gestora pelo ministro da educação em julho, quando houve o corte de luz, e novamente em setembro quando Abraham Weintraub esteve em Cuiabá para lançar o programa de escolas militares no estado e foi flagrado tramando um golpe para a troca da reitoria, está de férias. O vice-reitor, Evandro Aparecido Soares da Silva, que ocupa em exercício nesse momento o maior cargo da universidade, ainda não esclareceu os motivos do corte e nem se foi dada, e por quem, à ordenadora autoridade para isso.

    Enquanto isso, professores e alunos se articulam para barrar as suspensões. Nessa sexta, 18, houve uma reunião de emergência na Faculdade de Comunicação e Artes que deliberou por questionar formalmente as instâncias superiores da UFMT e exigir transparência na decisão. Uma nota oficial deve ser divulgada em breve. Já os estudantes de Comunicação Social, via Diretório Acadêmico, divulgaram hoje uma nota exigindo que os editais de bolsas sejam honrados pela instituição e se colocando à disposição para, se for o caso, debater sobre cortes que não prejudiquem os alunos mais necessitados e não destruam dois dos pilares da missão da universidade, junto com o ensino: a pesquisa e a extensão. Veja abaixo a íntegra da nota:


     

     

    Cuiabá, 18 de outubro de 2019.

    NOTA

    O Diretório Acadêmico de Comunicação Social vem por meio desta se manifestar sobre as últimas medidas tomadas pela Administração Superior da Universidade Federal de Mato Grosso. Consideramos totalmente errados os cortes das bolsas de tutoria, monitoria e extensão. Muitos estudantes necessitam de tais recursos como complemento de suas rendas e, em muitos casos, a bolsa acaba sendo o único meio de renda que possibilita a continuidade de estudos e participação integral dentro da universidade. Do mesmo modo, é uma irresponsabilidade da Instituição para com a sua comunidade o não cumprimento de editais elaborados pela mesma. Outro ponto importante a se destacar é que a extensão é um dos pilares da Universidade, juntamente com o ensino e a pesquisa. Nela atende-se diretamente o público externo através de trabalhos realizados, principalmente, por estudantes. Destacamos, ainda, que tais medidas apontam para um projeto de universidade que não é inclusivo por executar medidas que excluem parte significativa do corpo que forma a Universidade Federal de Mato Grosso.

    Por fim, solicitamos aos conselheiros do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe) que considerem nossas reivindicações na próxima Reunião Extraordinária, marcada para o dia 22/10, e colaborem na busca de alternativas de redução de gastos em meios que não afetem diretamente na manutenção do corpo estudantil dentro da UFMT.

    Pedimos que nossas considerações sejam atendidas e esperamos que a reunião do Consepe possa reverter tal medida.

     

    Atenciosamente,

    Diretório Acadêmico de Comunicação Social (DACOS – UFMT).

    UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

    ENDEREÇO: Av. Fernando Corrêa da Costa, nº 2367 – Bairro Boa Esperança. Cuiabá – MT – 78060-900 FACULDADE DE COMUNICAÇÃO E ARTES

    DIRETÓRIO ACADÊMICO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

     

     

     

  • O PRINT, O TABU E O GOVERNADOR RUI COSTA

    O PRINT, O TABU E O GOVERNADOR RUI COSTA

    VALTER POMAR, historiador e integrante da Direção Nacional do PT. Artigo reproduzido do portal Brasil 247

     

    Segundo acabo de ler em um “print” de um “zap”, o governador Rui Costa acredita que não fez nenhum ataque à Universidade pública.

    Segundo o governador, sua resposta à imprensa teria sido de que não vê “tabu” na cobrança de mensalidades, mas que este não seria o melhor momento para tal “debate”, em função do ataque que a Universidade vem sofrendo.

    Como o governador Rui, eu também não acredito em “tabu”. Mas acredito em lógica.

    Quando o governador aborda desta forma o tema da cobrança, é óbvia qual sua posição de mérito sobre o assunto.

    E quando o governador escolhe falar em “tabu” numa declaração à imprensa, é óbvio que ele está fazendo o “debate” exatamente quando a Universidade publica está sob ataque.

    Noutras palavras: o governador Rui vai na contramão do que a conjuntura exige de todos nós.

    Mas qual a surpresa?

    Afinal, não tem sido mais ou menos esta a postura do governador Rui frente à greve dos professores universitários da Bahia, frente à reforma da previdência, frente ao pacote anti-crime de Moro, frente ao governo Bolsonaro?

    Não está sendo esta a postura do governador frente às eleições de 2020 e 2022?

    Não foi deste mesmo tipo a postura do governador Rui frente ao chamado “plano B” nas eleições presidenciais de 2018? E quem esqueceu sua declaração diante da chacina do Cabula?

    Não há surpresa: o governador Rui, ao menos neste momento, está na vanguarda daqueles que defendem um outro tipo de política, para um outro tipo de Partido, bem diferente do que é o Partido dos Trabalhadores.

    Como não acredito em “tabu”, só posso dizer que já assisti este filme antes. Inclusive no que toca à passividade assustada de boa parte da direção do Partido.

    Afinal, é óbvio que a ótima nota da Juventude do PT deveria ter sido assinada pela executiva nacional do Partido.

    O Diretório Nacional do PT, que vai se reunir em junho, terá que enfrentar o assunto. E se for necessário, o Congresso do Partido terá que fazer o mesmo.

    E, como diria o Rui, não vejo “tabu” em perder um governador, se este for o preço a pagar para impedir a desmoralização e a destruição do Partido.

    Mas espero, sinceramente, que o desfecho não seja este.

    Espero que o desfecho seja aquele descrito em uma nota (em construção) assinada por petistas da Bahia: “Rui foi eleito para um mandato a partir do Partido dos Trabalhadores e a partir do esforço da militância petista baiana. Por esse motivo, esperamos do governador que faça valer o seu mandato, restabeleça o ponto dos professores grevistas, reabra os canais de diálogo e negociação, representando, assim, os anseios do seu partido e de todos os trabalhadores e trabalhadoras, e que respeite sua biografia enquanto ex-sindicalista e egresso dos movimentos sociais e da classe trabalhadora”.

     

    Aqui reportagem da Folha de S.Paulo sobre a declaração desastrosa de Rui Costa: https://outline.com/VzPMxk

     

  • Mulheres ativistas assumem ECO-UFRJ

    Mulheres ativistas assumem ECO-UFRJ

    Duas mulheres de fibra passam a dirigir uma das mais tradicionais e reconhecidas escolas de comunicação do país, a ECO – Escola de Comunicação – da UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro. Sétima no ranking mundial de universidades e oitava no do Ministério da Educação, a UFRJ forma na ECO jornalistas, publicitários, produtores editoriais e profissionais para rádio e televisão – e possui o primeiro Programa de Pós-graduação a ter a nota máxima para a Comunicação no Brasil. A importância de seus pesquisadores e pesquisas é indiscutível na área.

    Academicamente, “área” é uma abstração que equivale a “campo”, campos do conhecimento neste caso. São microcosmos sociais com autonomia relativa, leis e regras específicas, que influenciam e sofrem influências de um espaço social mais amplo. É nessa inferência social que, como diriam meus avós, a porca torce o rabo. Não há dúvidas da importância interna ao “campo” da ECO, mas e de sua inferência social em um Rio de Janeiro sob intervenção militar, vitrine, laboratório e experimentação de sórdido golpe político?

    Foto: Bernardo Guerreiro/ Divulgação.

    A escolha dessas duas mulheres por seus professores e reitoria, marca o claro posicionamento político da UFRJ: a academia tem que subir o morro, ir para a baixada, combater desigualdades, integrar o comum, promover o bem social, colocar a cultura e a comunicação como alicerce e agente da sociedade.

    As doutoras Ivana Bentes e Suzy dos Santos assumem a direção e vice-direção da ECO com o também claro desafio de levar a excelência acadêmica à ação social. Ivana diz: “Apostamos no comum e nas universidades públicas como territórios de resistência e invenção”. Ok, resistimos, e os ataques à disciplina sobre o Golpe de 2016 na Ciência Política da UnB evidenciam isso ao fragilizarem a autonomia universitária (campo). Mas como avançamos?

    A escolha destas duas mulheres pode começar a ser resposta. A amazonense  Ivana Bentes, autora, ensaísta, professora, ativista, já dirigiu a ECO de 2006 a 2013, quando “abriu as portas da universidade”, fez chegar quem jamais pensou em ali estar pelo Pontão de Cultura Digital. Aproximou comunidades, grupos, mobilizou, reconheceu e forneceu meios para potencializar ações midiáticas e políticas transformadoras. Assumiu a Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura, de 2015 a 2016. É influência e influenciadora do movimento Fora do Eixo e da Mídia Ninja, onde possui coluna sobre comunicação e cultura.

    Foto painel “Os Donos da Mídia”, 3º Encontro Nacional pelo Direito à Comunicação, UnB, junho 2017.

    A paranaense-quase-gaúcha Suzy dos Santos atua em Políticas de Comunicação. Conhece como poucas pessoas neste país a questão da convergência de mídias e da necessidade da democratização dos meios de comunicação. Autora e ensaísta, é conhecida na ECO por sua atuação com projetos sociais junto a comunidades.

    Estas mulheres são ativistas sociais, feministas, do norte e do sul, representam pelo que as compõem, por suas trajetórias, histórias de vida e valores a tão temida diversidade. Essas não beijaram mãos ou baixaram cabeças, não aceitaram os famosos pactos de  mediocridades. Essas falam suave e forte, se posicionam, trazem os valores do feminino em seu mais amplo sentido, são livres pensadoras iconoclastas.  São mulheres fortes com valores que nos representam, #merepresenta.

    Conservadores, tremei. Bolsominions, tremei. A diversidade aí está, e irá avançar. Mulheres no poder é transformar. E que sejam possíveis projetos e metodologias como a Universidade das Quebradas de outra mulher fodástica, a Heloísa Buarque de Holanda, que abriu a UFRJ para os produtores culturais da periferia, potencializando saberes e fazeres. Que surjam muitas Universidades das Quebradas para a Comunicação, as Mídias e o Jornalismo. Que a universidade rompa o academicismo e seja povo, quebrada, periferia.

    E em posse de ativista social, a entrada é livre. Elas convidam: dia 12 de março, às 17h na ECO-UFRJ. Av. Pasteur, 250 – Praia Vermelha, Rio de Janeiro, capital. #ColeLá

    Caru Schwingel | Jornalistas Livres | Mestre e Doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas

  • Estudantes convocam reedição da “UNE Volante” para o primeiro semestre de 2018

    Estudantes convocam reedição da “UNE Volante” para o primeiro semestre de 2018

    Via: União Nacional dos Estudantes – UNE

    Os 17 diretores da Executiva da UNE aprovaram nesta terça-feira (12/12) a construção da “UNE VOLANTE: Uma universidade chamada Brasil” no primeiro semestre de 2018.

    1° Reunião da Executiva da UNE – 2017-2019

    A iniciativa é uma reedição da UNE Volante realizada pela primeira vez em 1961, e foi uma caravana que percorreu diversos estados do Brasil com o objetivo de promover as reivindicações estudantis através da cultura e da conscientização popular.

    Na época a caravana serviu para mobilizar a luta da UNE pela participação dos estudantes nos órgãos colegiados da administração das universidades, na proporção de um terço, com direito a voz e voto, que desembocou na greve nacional do 1/3. Os estudantes chegaram a ocupar por três dias do prédio do Ministério da Educação e Cultura, no Rio.

    “Dessa vez nossa proposta é conhecer mais de perto as realidades das universidades brasileiras nos diversos Estados para focarmos na nossa luta em defesa da universidade pública e gratuita de qualidade”, destacou a presidenta da UNE, Marianna Dias.

    Segundo a resolução aprovada a homenagem se dá num momento em que a democracia do Brasil passa novamente por uma grande crise, assim como o próprio caráter gratuito das universidades públicas brasileiras. “Por isso, a UNE VOLANTE 2018 terá como principais eixos: a defesa da universidade pública e gratuita brasileira; a defesa da universidade pública enquanto indutora do desenvolvimento nacional e soberano; a defesa dos espaços de vivência e confraternização estudantil, a luta contra a mercantilização do Ensino Superior Privado e a defesa do Estado Democrático de Direito.”

    De acordo com diretor de Universidades Públicas da UNE, Mário Magno, os estudantes querem “construir uma agenda de esperança que consiga chegar além dos centros urbanos, mas também ao processo de interiorização do ensino superior, no fortalecimento das lutas locais e na mobilização para o Encontro de Mulheres, Negros e Negras e LGBT da UNE”.

    Para percorrer as principais universidades públicas do país a UNE Volante buscará o apoio das associações nacionais, regionais e locais da comunidade acadêmica e científica.

    Uma nota em defesa do estado democrático de direito e contra a perseguição política ao presidente Lula também foi aprovada durante a reunião.

    ”A UNE ressalta sua posição em defesa do combate à corrupção, mas entende que este processo não pode ser feito à margem de conquistas democráticas como o direito à presunção da inocência, ao contraditório, à ampla defesa e o devido processo legal”, diz o documento.

     

    O ex-presidente da UNE, Aldo Arantes (à dir.), organiza a primeira caravana da história da entidade em 1961.

  • ​Em reunião com Lula, reitores criticam os retrocessos da educação no atual governo

    ​Em reunião com Lula, reitores criticam os retrocessos da educação no atual governo

    Os estudantes da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) e integrantes do DCE da universidade, Igor Félix, de 21 anos, Ernesto Elias, de 20 anos e Nicole Point, de 19 anos, acordaram cedo para ver o ex-presidente Lula em sua visita ao local no dia 29 de outubro. “Viemos em defesa da democracia”, afirmou Igor. “Reconhecemos a importância que o governo dele deu para a educação, ampliando o ensino para o interior”, complementou Nicole.

    Na ocasião, o ex-presidente realizou uma reunião com 17 reitores e representantes de universidades e Institutos Federais de Minas Gerais. O estado é o que possui o maior número de instituições públicas de ensino superior. Os profissionais destacaram as dificuldades que as instituições vêm enfrentando após os cortes realizados pelo atual governo. “Temos uma relação de 28 alunos por técnico. O sugerido pelo MEC é 15”, relatou o reitor da Universidade Federal de São João del-Rei, Sérgio Augusto Cerqueira.

    Já o reitor do Instituto Federal do Norte de Minas Gerais, José Ricardo Martins da Silva, contou que “com o orçamento de 2018, fomos orientados a colocar somente o custeio”. Segundo o diretor da Universidade Estadual de Minas Gerais em Diamantina, “o corte de gastos tem atingido diretamente as universidades”.

    Foto: Ricardo Stuckert

    Lula encorajou os reitores neste momento complicado. “Vocês estão na linha de frente dessa batalha. Não pode entrar nas costas de vocês a herança maldita que o golpe está deixando. Essa reunião nos convoca a uma luta mais séria em relação à educação”.

    Retrocessos após o golpe 

    A outra passagem do dia da caravana de Lula foi em Cordisburgo. O ato contou com diversas pessoas de cidades da região, como Sete Lagoas, Morro da Graça e Contagem, que ressaltaram as dificuldades da população após o governo Temer.

    A pescadora Glória Silva, encarou uma viagem de seis horas, saindo da cidade de Três Marias. “Estamos vivendo uma luta de classes e isso faz com que a gente saia da nossa cidade para apoiar o Lula. A classe mais pobre é a que está mais sofrendo. Estou aqui para defender o futuro dos meus filhos e meus netos”. A professora Mestiça Samarino também viajou, saindo de Contagem, para fazer parte do ato.

    “Estou nessa luta porque acredito nesse Brasil. Essa caravana vai renovar as esperanças de um novo país”.

    O servidor público, Manoel Elias Nash, de 63 anos, criticou a retirada de direitos, por meio da reforma trabalhista e congelamento de investimentos. “Tenho a esperança de um país melhor e que vamos reverter esse quadro”, finalizou.

    Foto: Ricardo Stuckert