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Tag: #TarifaZero

  • “4 REAIS NEM FUDENDO!  TARIFA ZERO JÁ!”

    “4 REAIS NEM FUDENDO! TARIFA ZERO JÁ!”

    ENTREVISTA EXCLUSIVA COM A MILITÂNCIA DO MPL

    Quando era candidato, em ao menos duas oportunidades, o prefeito de São Paulo pelo PSDB, João Doria Jr,  se comprometeu a não aumentar a tarifa de ônibus no mandato dele, caso fosse eleito. A última delas foi em 20 de setembro de 2016, durante uma visita a um hospital na Zona Leste de São Paulo. Na ocasião, Doria disse:

    Aqui vc vê a reportagem do G1, que flagrou o prefeito na mentira:

    Esta segunda-feira, 8/1, constitui-se no primeiro dia útil de vigência das novas tarifas do transporte público de São Paulo. Os ônibus tiveram a passagem unitária majorada de R$ 3,80 para 4. Veja os demais aumentos:

     

    O Movimento Passe Livre (MPL) marcou para o dia 11 de janeiro, a próxima quinta-feira, protesto contra o aumento das tarifas de ônibus em São Paulo.

    O evento está marcado para começar às 17h, na porta do Teatro Municipal, que fica na Praça Ramos de Azevedo, centro de São Paulo. Foi criado um evento de convocação no Facebook. Leia um trecho aqui:

    4.00 REAIS! CONTRA O AUMENTO: DESOBEDIÊNCIA!!! 

    Querem nos fazer pagar ainda mais caro pelo que nem deveríamos pagar e NÃO É POSSÍVEL ACEITAR PACIFICAMENTE A EXISTÊNCIA DE UM OUTRO AUMENTO! 

    Por uma vida sem catracas!!!

    Se ontem o prefeito empresário e seu padrinho governador anunciaram mais um aumento no transporte, hoje já avisamos que vamos travar resistência a tarifa! Dória e Alckmin esperavam um início de ano tranquilo? Vai ter luta na cidade!

     

    Diego Soares e Gabriel Silva, durante entrevista aos Jornalistas Livres

    Diego Soares, 28 anos, e Gabriel Silva, 25 anos, ambos militantes do Movimento Passe Livre, o MPL, conversaram com os Jornalistas Livres sobre suas táticas de mobilização contra o novo aumento. O MPL, pra quem chegou agora de Marte, é aquele movimento que realizou as maiores mobilizações contra o aumento das tarifas em 2013, forçando os governos de várias cidades e estados a congelar os preços das passagens.

    Gabriel e Diego são trabalhadores. Um é garçom e o outro é bancário. Em meio à vida cotidiana corrida, eles lutam para tornar realidade os sonhos de Direito à Cidade e Justiça Social. Com o MPL, eles querem fomentar o debate contra os aumentos das tarifas de transporte púbico que só prejudicam os mais pobres, aqueles mais excluídos e que pagam mais impostos.

    Conheça aqui um pouco sobre o que pensam esses guerreiros pela mobilidade urbana. Leia a entrevista.

     

    O que é o Movimento Passe Livre em 2018?

    Diego: O Estado Democrático de Direito é um avanço, poder se organizar em um partido é um avanço, mas não é por esse tipo de sociedade que lutamos, apesar de reconhecermos essas vias.
    Gabriel: Em SP, não temos no momento, militantes de partido, mas fazemos ações conjuntas, com pessoas que às vezes estão ligadas a partidos. Em outros Estados há mais proximidade com partidos. Então, o MPL está na luta por transporte e tem a Tarifa Zero como pauta máxima. Somos um movimento autônomo, horizontal, anticapitalista, mas não antipartido. Somos apartidários.

    Diego: Sobre número de participantes, por exemplo, o MST está concentrado numa fazenda, espaço específico. Já o movimento social de transporte tem uma dinâmica diferente, temos militantes em POA, Osasco, regiões completamente opostas, então fica difícil quantificar.
    Mas, vemos que pelo menos em SP, a maioria das pessoas que participam hoje são mulheres.

    Sobre movimento estudantil secundarista, qual é a relação de vocês? Qual é a identificação de vocês?

    Gabriel: Temos conexões com lutas autônomas. Estamos atentos, por exemplo, à Cracolândia. Mas a nossa luta especialmente orgânica é com os estudantes secundaristas. A conquista do Passe Livre Estudantil em 2015 é um resultado das ocupações escolares.
    A vitalidade das lutas de 2017 contra os cortes que Doria fez no Passe Livre vem dos estudantes. Se formos falar da base mais afetada com aumento do valor de tarifa, teremos: estudantes, desempregados e trabalhadores precarizados. Desse universo de luta, os estudantes estiveram à frente, são organizados historicamente pois conquistaram passe estudantil em “revoltas”, como foi o caso do Rio de Janeiro, Santa Catarina, todas organizadas por estudantes secundaristas.

     

    Tivemos o golpe e muita coisa mudou depois de 2015 e 2016. Agora vivemos um cenário pré-eleitoral. Como o MPL pode atuar no diálogo com o povo sobre a Tarifa Zero, se ela depende de uma vontade política de candidatos que se eleitos ocuparão os cargos majoritários em 2018?

    Gabriel: 2018 está dado como um ano de ataques, ano difícil. Entendemos que a primeira grande luta do ano é essa contra o aumento das tarifas. Logo depois, em fevereiro, pode ser que entre em votação a Reforma da Previdência.
    O primeiro grande ataque aos mais pobres é o aumento da tarifa. A resistência a esse ataque vai determinar a força com que eles virão os ataques futuros. Se no início de fevereiro ainda tivermos uma luta vigorosa e nacional contra o aumento, teremos um cenário explosivo. Imagine uma greve geral no meio de uma jornada contra o aumento. Lembrando que junho de 2013 foi um momento onde duas lutas se encontraram: contra a Copa, em especial a das confederações, no RJ e BH, e a do aumento. O cenário desse ano pode ser parecido, se colocada em votação a Reforma da Previdência. Mas acredito que há um receio da elite de colocá-la em votação, temendo um cenário caótico como esse de 2013.

    Diego: A luta contra as tarifas de transporte funcionará como uma espécie de termômetro. Se acontecer uma revolta, isso pode reverberar para que o povo vá às ruas contra outros ataques. Isso certamente influenciará também na intensidade da repressão policial aos atos e dos ataques por parte da elite.

    Então a responsabilidade de vocês é grande?

    Diego: Nossa não! (risos) Acho que da população inteira. Antes do MPL, há 100 anos, o povo virava bonde e não era estudante, era trabalhador. Agora falam de MPL por causa de junho de 2013. Mas as revoltas contra os aumentos de tarifa são centenárias.

    Qual é a diferença de estratégia da jornada de 2013 e 2018?

    Diego: Cada ano de aumento teve uma estratégia diferente. Historicamente, grandes mobilizações no Brasil são muito esporádicas. Por exemplo, antes de junho de 2013, tivemos o Fora Collor, manipulado pela mídia; antes, as Diretas Já, então, diferente do que diz a grande mídia, nunca tivemos a pretensão de fazer outro Junho de 2013, pois sabemos que é muito difícil que aquela jornada se repita.

    Gabriel: Em 2016 tentamos algo mais próximo de 2013, pois ainda aconteciam as ocupações nas escolas e era uma luta explosiva, autonôma e vitoriosa. Tinha o vigor secundarista. Embora o aparato da repressão tenha sido muito grande.

    Falando mais sobre repressão policial em SP. O ano é estratégico, de eleição. Mas vocês têm a possibilidade de crescer muito nas ruas, pois o povo espera reações fortes de partidos que se declaram como “de esquerda” e provavelmente esses posicionamentos não acontecerão. Então, caberá a vocês jovens do MPL “executarem esta tarefa”. Crescendo nas ruas, cresce o número de policiais. Como vocês agirão?

    Gabriel: Sempre temos a presença de muitos policiais nos atos. Achamos que dessa vez não será diferente. Convidamos vocês a denunciar a repressão que nos cerca. Não vamos arregar por isso. Mas temos um certo otimismo. Alckmin e Doria estão desgastados em suas gestões. Doria cortou diversos direitos sociais e só não é mais impopular pois possui fortes investimentos em marketing e Alckmin está completamente envolvido em escândalos da cartelização de transportes com citação na Lava Jato. Então, acho que “explodir” [reprimir fortemente] os atos já na concentração é algo que eles não estão com moral de fazer nesse momento. Há grande probabilidade de isso despertar a opinião popular e fomentar os atos,o que pode ser perigoso para ambos. Temos completa consciência sobre a grande possibilidade de repressão, o que espanta o povo das ruas. Mas o medo dos governantes sobre a força da revolta popular é maior.

    Soubemos que o aumento vai ser anunciado por Milton Leite, vereador e presidente da Câmara Municipal de SP. Mas o aumento não teria que ser anunciado pelo prefeito?

    Gabriel: Doria vai estar viajando, não trabalha e nunca precisou, tampouco sabe o que é fazer isso. Milton Leite é um político altamente ligado aos empresários de transporte. Falo isso para dizer que podemos fazer uma comparação sobre o que está acontecendo no Rio de Janeiro, onde há provas que os aumentos das tarifas foram motivados por propina e caixa 2 de empresários do transporte, ex-governadores, deputados e vereadores. Esses caras foram inclusive presos com essas acusações. Por conta disso, dois aumentos foram derrubados no RJ e em SP nós não temos dúvida que há uma situação semelhante.

    Como deve ser financiado o congelamento das tarifas? Vocês defendem a expropriação dos donos das empresas de transporte?

    Diego: Para congelar a tarifa bastaria uma auditoria. Além de congelar, teríamos acesso ao valor real. A maior margem de lucro do país se dá em SP, muito acima do mercado.

    Fala-se que o metrô tem chance de ser privatizado nos próximos meses… como os trabalhadores do metrô podem ajudar na mobilização atual contra o aumento das tarifas?

    Diego: Vemos a categoria dos metroviários como uma das mais combatentes de SP. Eles são parceiros na luta contra a privatização.

    Gabriel: Importante o sindicato avançar no debate sobre a tarifa zero. Mas há dificuldades sobretudo por causa da pressão de Alckmin contra o direito de greve. Na última demonstração de luta combativa da categoria, a tarifa zero foi colocada em prática, com a liberação de catracas. Mas dezenas de metroviários foram demitidos no pós-greve.

    Lutar contra Haddad é mais fácil do que contra Doria?

    Gabriel: (Risos) Entendemos que Haddad faz parte do campo progressista. Mas achamos que ainda há ressentimentos da esquerda em relação as nossas lutas passadas, embora estejamos vendo que as coisas estão mudando e que essa mesma esquerda parece que quer correr ao nosso lado. Não sentimos mais aquelas acusações: “Vocês são golpistas”, “Estão plantados na Direita”. Hoje até falam, mas falam batendo no Doria junto. (risos) Em 2013, Haddad, por ser do campo progressista, tinha que mostrar que estava minimamente negociando. Já Doria tenta agradar seu publico conservador.

    Doria declarou para a imprensa tradicional que o “aumento é suportável”. E aí?

    Diego: Essa é a visão de um rico que não conhece a cidade, não sabe o que é ser pobre, nunca pegou ônibus e não tem noção do que é o transporte público.

    Gabriel: Esse aumento é maior que o do salário mínimo e isso resulta em diminuição da renda dos mais pobres. No contexto geral dos cortes de Doria, as pessoas estão voltando a passar fome na periferia. Isso mostra um conceito.

    Diego: Para quem acha que Tatuapé* é periferia, o aumento é realmente suportável.

    *Diego fez uma piada com uma frase dita por Doria Jr, que em visita de vistoria ao Hospital de Tatuapé disse: “ver a realidade como ela funciona, sobretudo na região periférica da cidade, com é o caso desse hospital no Tatuapé”. O prefeito fez uma análise baseada na região em que o bairro fica, na zona leste, a mais populosa de SP e com grandes desigualdades sociais em relação ao restante da cidade. Só que Doria se esqueceu que o bairro do Tatuapé constitui-se hoje em centro de empreendimentos de alto padrão. É uma realidade bem diferente daquela que se observa no fundão da ZL, a mais afetada pela a miséria e o desemprego.

     
     
  • R$ 4 – CONTRA O AUMENTO DAS TARIFAS! DESOBEDIÊNCIA! NENHUM CENTAVO A MAIS

    R$ 4 – CONTRA O AUMENTO DAS TARIFAS! DESOBEDIÊNCIA! NENHUM CENTAVO A MAIS

    Todo ano a história é a mesma: Prefeitos e Governadores justificam o aumento da tarifa alegando a suposta necessidade de fazer o reajuste para manter o equilíbrio do Sistema.

    Equilíbrio para quem?

    Para quem passa 4 horas diárias em ônibus e trens lotados, para quem gasta um terço da renda familiar com o preço das passagens, para quem deixa de comprar alimento, remédio, de pagar o aluguel para poder pagar a tarifa do transporte, para os mais de 30 milhões de brasileiros que não tem acesso ao transporte por não ter como pagar é que não é!

     

    Todo mundo sabe o que significa um aumento! E, por isso, não vamos deixar barato!

    NENHUM CENTAVO A MAIS!

     

    AUMENTO NÃO!!

    #aumentonão #contraoaumento #doriaprefake #doriapatrao

    4.00 REAIS! CONTRA O AUMENTO: DESOBEDIÊNCIA!!!

    Querem nos fazer pagar ainda mais caro pelo que nem deveríamos pagar e NÃO É POSSÍVEL ACEITAR PACIFICAMENTE A EXISTÊNCIA DE UM OUTRO AUMENTO!

    Por uma vida sem catracas!!!

    Se ontem o prefeito empresário e seu padrinho governador anunciaram mais um aumento no transporte, hoje já avisamos que vamos travar a resistência contra a tarifa! Doria e Alckmin esperavam um início de ano tranquilo?

     

    Vai ter luta na cidade!

    Na mais pura amizade, João Doria e Geraldo Alckmin novamente deram as mãozinhas e anunciaram MAIS um aumento! Dessa vez, de vinte centavos na nossa já absurda passagem para o começo do próximo ano e ainda junto com o corte de muitas linhas que usamos todos os dias. Movimentar-se pela cidade, algo pelo qual não deveríamos ter que pagar, agora vai custar R$ 4,00 – QUATRO REAIS – e pra quem pega metrô e ônibus, vai para R$ 6,00. Nas linhas da EMTU, mais ainda!!!

    No começo desse ano, Dória MENTIU (Dória sempre mente) ao dizer que congelou o preço da tarifa.

    Não só, junto de Alckmin, aumentou o valor da integração em quase 1 real e reduziu as cotas do passe estudantil dos estudantes, como também aumentou os bilhetes temporais e mudou a ordem de cobrança para beneficiar ainda mais o bolso dos seus amigos empresários. A licitação do serviço municipal de transporte nem ao menos teve abertura pra ser discutida com a população! Mas temos a nossa proposta: Não queremos um transporte excludente, queremos tarifa zero pra geral!

    AUMENTO NÃO!

    Enquanto o governador e o prefeito se importam somente com o lucro dos seus amigos empresários, a cada vez que a tarifa sobe, aumenta o número de pessoas excluídas do transporte coletivo. Entre nós e a cidade (que nós mesmos fazemos funcionar!) existe uma catraca que cobra cada vez mais caro. É que para os de cima, ninguém tem que sair da periferia se não for para trabalhar ou – se tiver dinheiro – para consumir.

  • Empresa de ônibus demite todos os cobradores para aumentar seu lucro

    Empresa de ônibus demite todos os cobradores para aumentar seu lucro

     

    Por Filipe Olivieri e Gabriely Araujo, especial para os Jornalistas Livres

    photo265521480059693087Percorremos diversas vezes os trajetos entre o Cemitério de Pinheiros/Móoca e Tremembé/Tatuapé e presenciamos o motorista parar em avenidas estreitas para poder receber o dinheiro e dar o troco para o passageiro, o que paralisou o trânsito. Já quem tem bilhete único passa direto pela catraca. Quando o veículo estava lotado alguns passageiros tiveram que descer para que outro pudesse dar o dinheiro para o motorista.

    “[Só] da linha da gente disseram que foi 95”, diz Maria José da Rocha, uma das demitidas que cumpriu aviso prévio até o fim de dezembro. Ela trabalhou por 20 anos na antiga Cooperativa Fênix e atual Spencer Transporte, que opera 18 linhas de grande percurso que ligam a zona Norte à zona Leste e Oeste da cidade.

    Um motorista que continua na empresa e não quis se identificar, estima um número maior: “Se juntar as duas garagens da Spencer daria em torno de 600 carros, como são dois cobradores por carro, há em torno de 1.200 demitidos”.

    Na câmara dos vereadores da cidade, foi aprovada em setembro de 2015 em primeira votação um projeto de lei que assegura a obrigatoriedade dos cobradores. Tanto o motorista quanto Maria, no entanto, confirmaram que, além dos outros funcionários, duas gestantes foram demitidas. A empresa não respondeu ao pedido de informações sobre as demissões.

     

    SEGURANÇA

    Clarisse Ortigosa, bióloga, sofreu uma tentativa de assalto dentro de um ônibus da empresa. Ela diz que a presença do cobrador coibiria eventuais assaltos “desde que não estivessem armados, porque aí teria uma pessoa a mais olhando”.

    Sua maior preocupação, porém, é com o acúmulo das duas funções pelo motorista: “O trabalho a mais que o motorista vai ter de cobrar passagem, dar troco, passar bilhete único, isso pode até causar acidente”.

    CONSÓRCIO

    A Spencer faz parte do Consórcio Transnoroeste junto com a empresa Nortebuss, que opera mais 80 linhas e transporta cerca de 60 mil pessoas por dia, segundo o site da empresa. Embora ainda não tenha demitido os cobradores, a Nortebuss já equipou todos os ônibus com validadores ao lado do motorista.

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    O consórcio foi contratado pela prefeitura em julho de 2015 com dispensa de licitação. A prefeitura de São Paulo não permitiu dar vistas no processo licitatório na última sexta-feira (8) e justificou que ele estaria em trânsito entre a SMT e SPTrans, mas ainda não havia registro que já teria sido recebido pelo outro órgão.​

  • Povo contra o aumento. Polícia contra o povo

    Povo contra o aumento. Polícia contra o povo

    Por Oscar Neto, especial para os Jornalistas Livres

    Foto: Lucas Martins
    Foto: Lucas Martins

    “O maior astral”. Assim começou o primeiro ato do ano contra o aumento das passagens de ônibus, metrô e trem em São Paulo. Alguns milhares de pessoas partiram da frente do Theatro Municipal pelas ruas do centro com bandeiras, faixas, baterias e muita disposição para questionar mais um revés para a população, já cansada – e infelizmente acostumada – com tantos reajustes.

    E eles foram. Desceram a rua Conselheiro Crispiniano, contornaram o Largo do Paissandu, desceram o início da avenida São João e, finalmente alcançaram o Vale do Anhangabaú. Palco de tantas manifestações populares históricas, a grande calçada do Vale já estava tomada pelo povo.

    Segundo o MPL (Movimento Passe Livre), que convocou a passeata, 30 mil pessoas. Segundo a PM (Polícia Militar), cerca de três mil. Na opinião de outros manifestantes ali presentes, não mais do que dez mil.

    Foto: Alex Terto
    Foto: Alex Terto

    Além do MPL, estavam presentes movimentos populares, algumas frentes de partidos políticos, organizações feministas, estudantes universitários e secundaristas, associações de trabalhadores.

    A paz era plena. O Gapp (Grupo de Apoio ao Protesto Popular), que desde 2013 presta primeiros socorros a manifestantes feridos, estava presente. Mas a única ocorrência até aquele momento foi a de um morador de rua com um profundo corte no pé por um motivo que nada tinha a ver com as pessoas que ali se manifestavam.

    Foto: Ligia Roca
    Foto: Ligia Roca

    Com cerca de meia hora de passeata, a linha de frente começava a entrar na avenida 23 de maio, sentido à zona sul, que estava bloqueada ao trânsito dos veículos para que o ato pudesse passar. Neste momento, tudo mudou. O objetivo do movimento era “trancar” a 23, tática conhecida como “trancaço”, amplamente usada pelos estudantes das escolas ocupadas. Parte das pessoas entrou na pista sentido zona norte, em meio aos carros, e imediatamente a pancadaria começou.

    A violência policial veio com tudo. Dezenas de bombas de gás lacrimogêneo foram lançadas, primeiramente contra um grupo mais animado de manifestantes e, em seguida, a esmo, para cima, para os lados, na imprensa, em quem passasse na rua. Muita gente passou mal, vomitando.

    A polícia atuou em frentes para dispersar qualquer possibilidade de reorganização do protesto. Muitas pedras eram arremessadas contra os oficiais. Na verdade, a confusão era tanta que jornalistas e fotógrafos precisaram se esconder para não serem atingidos pelos objetos lançados.

    Foto: Sato do Brasil
    Foto: Sato do Brasil

    No meio do campo de guerra, um grupo de PMs ficou “esquecido” na avenida, exatamente abaixo do acesso que conecta o Terminal Bandeira ao metrô Anhangabaú. Acuados, eles foram apedrejados por transeuntes comuns, que não participavam da passeata, mas não escondiam a raiva anti-PM. Muitas pedras foram lançadas contra o pelotão, que só se protegeu. Um policial saiu com o rosto sangrando.

    Foto: Oscar Neto
    Foto: Oscar Neto

    A resposta foi, como sempre, totalmente desequilibrada. A tropa de choque disparou mais bombas para o alto e algumas delas tinham como alvo o acesso ao Terminal. Centenas de pessoas que nada tinham a ver com a guerra sofreram com a cegueira e com os efeitos sufocantes e nauseantes do gás lacrimogêneo. Também era possível escutar o som dos tiros das perigosas balas de borracha.

    Foto: Sato do Brasil
    Foto: Sato do Brasil

    A partir daí, outros pontos de ataque policial ocorreram em locais diferentes do centro, chegando inclusive à avenida paulista. Algumas agências bancárias foram depredadas e muito lixo foi incendiado e jogado ao meio da rua.

    Rescaldo
    No rescaldo da noite de guerra, a cidade cheirava a pólvora, as pessoas estavam apavoradas, havia muita reclamação dos transeuntes quanto à ação policial desmedida. Sonoras vaias e xingamentos eram escutados a cada vez que uma viatura passava.

    A SSP (Secretaria de Segurança Pública) divulgou que 17 pessoas foram presas “por práticas criminosas” que incluíam o porte de explosivos. Eles foram encaminhados para o 2º e 78º distrito policial. No entanto, os Jornalistas Livres gravaram com exclusividade o momento em que policiais colocam supostos artefatos explosivos dentro da mochila de um manifestante detido perto da Praça Roosevelt.

    Amanhã vai ser maior
    Assim como tem sido de costume, o começo do ano promete ser mais violento nos próximos dias. Para quem pretende comparecer aos protestos que deverão ser convocados nos próximos dias (já se fala no dia 12), recomenda-se todo cuidado. Depois que a primeira bomba é disparada, não importa quem você é e o que está fazendo ali. Você também se torna um alvo.

    #TarifaZero
    #AumentodaPassagem
    #3e80NAO

  • 1° ato do ano em BH denuncia sufoco causado por novo aumento da passagem

    1° ato do ano em BH denuncia sufoco causado por novo aumento da passagem

    O ano de 2016 será ano de luta. Apenas uma semana após o réveillon, o movimento passe livre – BH já convocou a primeira manifestação do ano contra o aumento da tarifa da passagem. Apesar do verão, das férias e do calor, cerca de 500 pessoas compareceram percorrendo a cidade durante três horas sem nenhum incidente.

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    O ato teve como objetivo denunciar o terceiro aumento do ano desde janeiro 2015. A tarifa, que na época era de R$ 3,10, subiu para R$ 3,40 em agosto de 2015 antes de ser rebaixada de novo para R$ 3,10 por decisão judicial a pedido da Defensoria Pública de Minas Gerais. Mas a Prefeitura de Belo Horizonte ganhou o recurso e conseguiu revogação da liminar em outubro e a passagem aumentou de novo para R$ 3,40. Desde domingo 3 de janeiro deste ano, a passagem subiu para R$ 3,70, ou seja 20% a mais que em janeiro do ano anterior. Um aumento bem acima do índice de inflação de 11%. As outras tarifas também aumentaram, mas em proporção menor. As intermunicipais passaram de R$ 3,95 a 4,45 (12%), e não tiveram reajuste no meio do ano 2015.

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    O Ministério Público de Minas Gerais já entrou com ação pedindo a suspensão do aumento e novo calculo do valor, mas até hoje o pedido não foi analisado.
    Segundo o Movimento Passe Livre, esse aumento não é um acaso nesse ano de eleição. O movimento denuncia a prática de desvio de dinheiro praticada pelas empresas de ônibus que são notórias financiadoras das campanhas eleitorais. O atual Prefeito, Marcio Lacerda, que fecha seu segundo mandato com alta insatisfação popular, terá que redobrar de apoios para conseguir a eleição de seu sucessor no cargo.
    Essa troca de favores entre poder público e empresas privadas é o principal obstáculo há implantação de um sistema público de transporte, reivindicado pelos movimentos. Nessa sexta feira, estudantes, trabalhadores e militantes gritaram a insatisfação popular perante esse aumento inaceitável sem melhoria do serviço. A mobilização segue firme e promete novos atos se a tarifa não baixar.

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  • 9 PASSOS PARA FORJAR UMA EVIDÊNCIA

    9 PASSOS PARA FORJAR UMA EVIDÊNCIA

    São Paulo, 8 de janeiro – Durante a ação policial no ato desta sexta-feira contra o aumento da tarifa, quatro estudantes foram revistados e interrogados pela Polícia Militar. Um PM colocou na mochila de um deles um material suspeito, tido como explosivo, que havia sido encontrado junto a um poste.

    Um dos meninos, Matheus Machado Xavier, encontra-se agora na 78 DP.