Professores da PUC-SP paralisam atividades nesta terça-feira

A PUC-SP foi tomada por atos contra a mantenedora FUNDASP que, sem avisar, decretou corte de 10% do salário dos docentes
Alunos pedem transparência sobre o corte de salários de professores na PUC-SP. Foto: Nicole Conchon
Alunos pedem transparência sobre o corte de salários de professores na PUC-SP. Foto: Nicole Conchon

Mais uma vez os professores da PUC-SP vêm sofrendo com o autoritarismo e crueldade da FUNDASP (Fundação São Paulo), entidade ligada à Cúria Metropolitana e mantenedora da universidade! A FUNDASP simplesmente resolveu cortar, no mês de agosto, 10% dos salários dos professores. E cortou!

Por Nicole Conchon

Essas atitudes arbitrárias da FUNDASP que, desde 2006, vêm sufocando os professores e trabalhadores da PUC-SP, geraram um enorme descontentamento entre os docentes que compareceram maciçamente às assembleias para lutar pelos seus direitos.

Reduzir o salário dos docentes é uma medida cruel por parte da fundação, porque faz parte de um gradativo rompimento dos direitos trabalhistas. Há mais de 35 anos, o cálculo do salário dos professores é feito como se eles trabalhassem 5 semanas por mês. Isso porque os professores, além da docência em si, gastam um tempão em casa, preparando as aulas e corrigindo trabalhos escolares. Para cortar a folha de pagamentos, a FUNDASP reduziu unilateralmente as 5 semanas, passando a contar apenas 4,5 semanas. Trata-se de um ataque frontal ao Acordo Salarial Interno, firmado pela APROPUC (Associação dos Professores da PUC) e FUNDASP em 26/11/1987.

Não há base legal para essa trágica redução salarial, diferentemente do que afirma a FUNDASP em nota, dizendo que a universidade “precisa investir em pesquisa e precisa prestar mais serviços à Comunidade” e que tais ações foram homologadas pelo SINPRO – Sindicato dos Professores de São Paulo. Não é apenas o salário que está sendo ameaçado, mas também outros direitos do contrato, como RSRs (Repouso Semanal Remunerado), ATS (Adicional por Tempo de Serviço), FGTS, férias e décimos terceiros.

Em uma entrevista para os Jornalistas Livres, o professor da FAFICLA (Faculdade de Filosofia, Comunicação, Letras e Artes) e presidente da APROPUC, o professor João Batista Teixeira da Silva, afirmou que “foram pegos de absoluta surpresa”. Os comprovantes de pagamento no portal da FUNDASP informam sobre tais desmontes. “É uma série de reduções que estão acontecendo em cascata para nós”, completa.

Alunos pedem transparência sobre o corte de salários de professores na PUC-SP. Foto: Nicole Conchon

O ataque aos direitos trabalhistas dos professores vem em um momento em que os sindicatos do ensino superior realizam a negociação para aprovar uma nova Convenção Coletiva e um novo reajuste salarial. Nesse sentido, a assembleia dos professores da PUC-SP convocou uma paralisação nesta terça-feira, que já ganhou todo o apoio dos estudantes, para mostrar à comunidade que o corte de salários não é só uma ameaça econômica aos professores, mas uma medida que reduz a qualidade de ensino da universidade e reafirma um projeto educacional cada vez mais voltado à precarização e mercantilização.

“A gente tá reivindicando hoje, junto com os professores porque é um absurdo a gente pagar o que paga e não ter o devido retorno. Não só pelos professores e funcionários mas também pela infraestrutura da PUC, esquecida pela FUNDASP”, diz Fabricio Gracioso, estudante de Jornalismo.

“Ora, pergunto: quem são então essas pessoas que desenvolvem pesquisas e praticam o ensino no cotidiano da universidade senão os professores?”, refuta o professor ao comentar sobre a nota de resposta da FUNDASP nas redes sociais. Ontem, segunda-feira, 12, aconteceu uma Assembleia dos estudantes em apoio aos professores bem em frente à famosa Prainha na PUC-SP e hoje aconteceu em frente à sede da FUNDASP. A APROPUC também já solicitou um foro conciliatório junto ao Sindicato das Mantenedoras na próxima segunda-feira, 19, para tratar novamente sobre esse assunto, via SINPRO.

“É inconcebível a universidade tentar manter uma imagem progressista para a sociedade, e internamente cada vez mais se alinhar com o mercantilismo e sua política de exploração do trabalhador”, escreve a APROPUC.

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