Jornalistas Livres

Tag: professores

  • Porque as aulas não devem voltar: escolas em tempos de coronavírus

    Porque as aulas não devem voltar: escolas em tempos de coronavírus

    Nicholas Christakis, médico e cientista da Universidade de Yale (EUA), explicou em uma entrevista para a revista científica Sciencemag (clique aqui para ver a matéria) porque as escolas devem ser fechadas: as crianças podem não enfrentar grandes riscos em relação à doença, porém elas são transmissoras.

    O que isso significa?

    Enviar as crianças para as escolas é um risco para os pais, os professores e funcionários, como já colocou em evidência o presidente da França, Emmanuel Macron, em uma das suas últimas falas à França. Macron explicou por que as escolas devem ser fechadas, e por que as crianças devem ficar em casa: elas podem ser assintomáticas, mas passam a doença rapidamente para os outros. Clique aqui para verificar a fala de Macron.

    Mas… O médico de Yale explicou em detalhes o motivo?

    Sim. Para começar, ele diferenciou “reação” e “pró-ação”. “Reação” é quando a escola é fechada porque um aluno, professor ou funcionário foi contaminado pela doença, e “pró-ação” é quando a escola é fechada por medida de precaução.

    Na entrevista, ele explicou que há vários estudos sobre os fechamentos por “reação”, inclusive um que foi publicado na famosa revista científica Nature, em 2006, concluiu que a taxa de transmissão foi diminuída em 25% e retardou o pico da epidemia, na região que realizou essa medida, em duas semanas. Já com ”pró-ação”, a taxa de transmissão diminuiu em 40%.

    “Quando você posterga a epidemia, você diminui o fluxo da doença e o tempo entre os casos. Isso significa que o número de casos diminui por dia, e assim os hospitais não ficam super-saturados.”, afirmou o médico de Yale

    Mas e quando as escolas não tem nenhum caso, como a maioria das escolas e universidades do Brasil, adianta alguma coisa?

    O médico afirmou que essa é a medida que, de acordo com as pesquisas, foi a mais eficaz, mesmo entre outras intervenções preventivas (como higienizar as ruas ou usar máscaras).

    “Não é sobre manter somente as crianças a salvo, mas sobre manter toda a comunidade segura.”

    Ele deu como exemplo um artigo sobre a pandemia de gripe que ocorreu em 1918 nos Estados Unidos (clique aqui para ver a referência do médico), que comparou o que ocorreu nas regiões que agiram somente quando a gripe atingiu as escolas (‘reação’) e as que fecharam antes. Resultado? Os locais que fecharam as escolas antes salvaram mais pessoas.

    St. Louis fechou as escolas um dia antes do pico da epidemia, por 143 dias, enquanto Pittsburgh fechou por sete dias depois do pico e somente por 53 dias. Qual foi a diferença? A taxa de morte em St. Louis foi um terço da taxa de Pittsburgh. Um terço!

    Tendo em conta que esses dados estão disponíveis para qualquer um na internet, que a origem dessas pesquisas é confiável, que a Europa está realizando essas ações (inclusive explicando para os cidadãos, como fez Macron), é sábio reabrir as escolas agora, sabendo que o pico da doença ainda não chegou ao Brasil?

  • O fim anunciado da educação superior e da pesquisa no país

    O fim anunciado da educação superior e da pesquisa no país

    As incríveis trapalhadas que comprometeram a confiabilidade de 22 anos de um dos maiores sistemas de seleção e ingresso na educação superior em todo mundo, o ENEM, e a posse de um criacionista como presidente da principal agência de fomento de pesquisas e formação de professores universitários do país, a CAPES, abafaram a divulgação de outro ataque sem precedentes aos professores e pesquisadores nacionais: a Portaria MEC 2.227, de 31 de dezembro de 2019. Promulgada discretamente no último dia do ano e assinada pelo ministro substituto, já que o titular estava, novamente, de férias, a portaria pura e simplesmente proíbe a participação de mais de dois pesquisadores de uma mesma universidade federal em eventos científicos no Brasil e de um pesquisador em evento internacional, ainda que o profissional pague os custos de viagem, alimentação, hospedagem e inscrição do próprio bolso, como ocorre na maioria das vezes.

     Ora, diferente das universidades privadas, que nem sempre desenvolvem pesquisa e na maioria das vezes preparam profissionais para  “o mercado”, as universidades públicas formam para a cidadania e se baseiam no tripé ensino-PESQUISA-extensão. Nenhuma pesquisa científica é feita isoladamente. Todas as pesquisas sérias, seja para o desenvolvimento de vacinas, produtos, sistemas ou análises políticas e sociológicas, envolvem grupos de pesquisadores (normalmente professores e alunos) que precisam necessariamente mostrar suas hipóteses, metodologias e resultados para outros pesquisadores de modo a validar as descobertas e divulgar o conhecimento. Os eventos acadêmicos, nacionais e internacionais, são exatamente o espaço para essa troca indispensável para o progresso da ciência. As universidades públicas são responsáveis por mais de 80% da pesquisa científica desenvolvida no Brasil e as federais ocupam a maioria dos lugares no ranking das 20 melhores instituições de ensino superior do país, dividindo o topo apenas com as estaduais paulistas. 

    Proibir  pesquisadores e pesquisadoras de instituições federais de participarem de congressos, seminários e encontros é um tiro de canhão na pesquisa nacional. Aliás, o tiro de misericórdia num setor que vem tendo cortes cada vez mais profundos nas verbas desde o golpe que derrubou a ex-presidenta Dilma Rousseff. Nenhum país do mundo jamais admitiria que seu governo tomasse uma atitude dessas numa era em que conhecimento e informação são os ativos mais valiosos que uma nação possa ter. Sem pesquisa, sem inovação, sem desenvolvimento, a pátria voltará a ser unicamente uma exportadora de matérias-primas e recursos naturais, como era até 1808. Somente com a vinda da família real portuguesa ao Brasil, fugindo do exército francês, é que foram permitidas atividades como ensino superior, além de impressão de jornais e tecelagem. É para uma era anterior à independência, quando nossa economia era baseada em cana de açúcar e trabalho escravo, que estamos voltando sob o silêncio cúmplice da elite e da mídia hegemônica.

    Semana que vem, os representantes dos professores das universidades federais que conseguirem autorização do MEC estarão em São Paulo debatendo os ataques à educação pública. As mentiras, calúnias, despreparo e arrogância imbecil do sinistro certamente serão alvo de discussões, assim como as antidemocráticas intervenções nas reitorias (empossando reitores que não foram escolhidos pela comunidade acadêmica), o malfadado projeto de privatização enganosamente chamado de Future-se, os cortes de verbas e programas, etc. Mas devido à urgência da portaria 2.227, o tema deve dominar as conversas.

    É passada a hora da comunidade acadêmica e da sociedade se unirem contra esse processo de terra arrasada do qual sobreviverão apenas as seis pessoas que sozinhas possuem o equivalente ao rendimento da metade mais pobre da população. Sem pesquisa, sem universidades, nem a iludida classe média alta que gerencia aqui os interesses do grande capital transnacional sairá impune. Se não brecarmos esse processo, em breve viveremos todos em um país distópico entre um fundamentalismo medieval e os mais caros serviços de acesso, por exemplo, à internet. Os poucos que não estiverem na miséria absoluta terão de enfrentar níveis cada vez maiores de violência, empobrecimento, doenças e falta de serviços públicos e proteção social. Preservar a pesquisa e o conhecimento nacionais é tão importante quanto preservar o meio-ambiente, o que, obviamente, também só se faz com ciência e tecnologia.

    Em evento sobre escolas militares, sinistro da educação mente para professoras municipais dizendo que seu salário é baixo porque os professores das universidades federais ganham muito e trabalham pouco. Foto: www.mediaquatro.com

    Veja abaixo a nota da principal entidade de pesquisa em comunicação no Brasil sobre o tema:

    Nota de Repúdio à Portaria MEC 2.227, de 31 de dezembro de 2019

     

    A Compós, por meio de sua diretoria e Conselho Geral, vem a público manifestar repúdio à publicação da Portaria MEC n° 2.277, de 31 de dezembro de 2019.

    O documento, assim como outras ações encaminhadas pelo atual governo, denota o completo desconhecimento dos processos de desenvolvimento da pesquisa e do fazer científico na medida em que restringe, conforme indicado no Art. 55 caput e parágrafo único, a participação de pesquisadores de uma mesma Unidade em eventos nacionais e internacionais.

    Travestida de interesse público, declara foco no controle e redução de gastos, mas opera via burocratização a restrição e o cerceamento da participação de pesquisadores em eventos mesmo em situações onde não há ônus para o erário.

    Conjugada com a Medida Provisória 914, de 24 de dezembro de 2019, que interfere nos processos de escolha de dirigentes das IFES, possibilitando o aparelhamento das instâncias superiores e ferindo o princípio da autonomia universitária, tal ação institucionaliza a censura na medida em que  determina a ampliação da participação “somente em caráter excepcional e quando houver necessidade devidamente justificada, por meio de exposição de motivos dos dirigentes das unidades, o número de participantes poderá ser ampliado mediante autorização prévia e expressa do Secretário-Executivo”.

    Mais do que isso, ao declarar que “a participação de servidores em feiras, fóruns, seminários, congressos, simpósios, grupos de trabalho e outros eventos será de, no máximo, dois representantes para eventos no país e um representante para eventos no exterior, por unidade, órgão singular ou entidade vinculada” demonstra não compreender que eventos científicos são espaços onde pesquisadores apresentam resultados de seus trabalhos, favorecendo trocas com seus pares e constituição de redes de pesquisa, nacionais e internacionais, denotando desconhecimento da capacidade e importância de nossos pesquisadores e suas pesquisas.

    Também repudiamos veementemente o desprezo com o debate e a transparência, denotados pela publicação de documentos de tamanha relevância sem diálogo prévio e na véspera de importantes feriados nacionais, aproveitando a desmobilização própria deste período.

    Diante deste quadro, conclamamos toda a comunidade acadêmica, em especial a vinculada aos Programas de Pós-graduação em Comunicação, a atuar junto às respectivas Pró-Reitorias no sentido de constituir pressão contrária a tais ações com vistas à suspensão de tais documentos.

    Informamos ainda que a Compós está atenta e alinhada às ações promovidas pela SBPC – Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, que busca medidas jurídicas e políticas para a suspensão e reversão dos perversos efeitos desta portaria.

    Diretoria e Conselho Geral da Associação Nacional dos Programas de Pós-graduação em Comunicação – Compós

  • Entidades repudiam agressão a professora em Mato Grosso

    Entidades repudiam agressão a professora em Mato Grosso

    A truculência da direita se manifestou novamente nesse final de semana contra uma docente em Mato Grosso. Na antevéspera do dia dos professores, a Profa Lisanil Conceição Patrocínio Pereira, que leciona há 15 anos na Universidade Estadual de Mato Grosso – UNEMAT e já foi diretora de campus, subiu ao palco de uma igreja católica na cidade de Campos Júlio, interior do estado, para protestar contra a falta de música regional no bingo que ocorria no espaço. Militante histórica da esquerda no estado, Lisanil vestia uma camiseta com as inscrições Lute como uma Garota e Lula Livre. Incomodado pela manifestação, ainda que pacífica, o pároco local, conhecido como Frei Sojinha por seu apoio aos grandes produtores de soja da região, chamou a polícia que a tirou à força do local e a obrigou a dormir na cadeia. Nos dias seguintes, as principais entidades representativas dos professores de nível superior em Mato Grosso lançaram notas de apoio à docente e em repúdio à ação violenta das autoridades. Veja a seguir as duas notas na íntegra, com a descrição pormenorizada das ações tanto da docente como das forças policiais.


     

    NESTE DIA D@S PROFESSOR@S, EXIGIMOS RESPEITO!
    EM DEFESA DA PROFESSORA LISANIL C. PATROCÍNIO.
    A Associação dos Docentes da Universidade do Estado de Mato Grosso – ADUNEMAT, Seção Sindical-SN, vem a público prestar apoio e solidariedade à professora Dra. Lisanil Conceição Patrocínio Pereira, professora da UNEMAT há mais de 15 anos, lotada no Campus de Juara.  E, no mesmo ato, repudiar a truculência de policiais, populares e o pároco da igreja católica de Campos de Júlio, conhecido como Frei Sojinha.
    No último domingo (13), a professora foi vítima da mais absurda violência física e moral, caracterizando violação de sua dignidade humana enquanto docente do ensino superior, trabalhadora, mãe, chefe de família.
    Lisanil encontrava-se no município de Campus de Júlio, onde ministrava aulas na turma especial de Direito da UNEMAT, desde o dia 06 de outubro. Já em sua chegada para ministrar as aulas de economia política, foi recepcionada por estudantes que pesquisaram sua vida pelo facebook e, apresentaram animosidade em razão de sua orientação política de esquerda, conforme relatos de pessoas que conviveram com ela naquele curso.
    Vestida com uma camiseta “Lute como uma Garota” e na lateral “Lula Livre” e, sem opção de um restaurante para almoçar, a professora acreditou que poderia ir a uma festa da Igreja Católica, no salão paroquial, onde estava boa parte da sociedade católica do lugar. Entretanto, foi abordada de forma ostensiva pelos presentes que comentavam e a olhavam com estranheza e desdém pelas marcas de sua orientação política, estampada na camiseta.
    À certa altura da festa, a professora Lisanil subiu ao palco, num impulso de reivindicar músicas mato-grossenses. Como incomodou os organizadores da festa, o pároco (conhecido como Frei Sojinha por sua relação preferencial com os grandes produtores de grãos), resolveu chamar a polícia para que tirasse a professora do palco. Imediatamente, quase uma dezena de homens apareceu para deter a professora e levá-la a força para fora daquele lugar.
    Com a truculência que é própria dos fascistas, a professora foi arrastada pelo palco e pela escada abaixo, ficando à mostra suas partes intimas. Deixada ao chão por um instante e, posteriormente, levada à delegacia algemada com mãos para trás do corpo.
    Como se debatia muito, revoltada com a situação, foi levada ao hospital onde injetaram tranquilizantes que a fizeram ficar sem condições de ser ouvida pela delegada, obrigando-a passar a noite numa cela onde a fossa séptica aberta estava ao lado o fino colchão onde iria dormir.
    Que crime a professora cometeu? Que periculosidade tinha uma mulher sozinha, desarmada e sem qualquer habilidade física para enfrentar os brutamontes que a atacaram? O que justificou tamanha violência senão o ódio às mulheres consideradas perigosas por serem autônomas e por terem posição política e a coragem de enfrentar um estado ainda patriarcal e violento?
    A violência inaceitável contra a professora Lisanil é um crime de ódio que envolve um dirigente da igreja católica que incitou tal brutalidade contra a professora e, agentes do Estado que deveriam protegê-la. Além disso, foi testemunhado por uma plateia onde havia pessoas delirantes, fiéis de uma igreja, seguidores de um Frei que de amor e empatia nada sabe. Gritavam palavras de baixo calão contra a professora e filmavam tudo enquanto se deliciavam aos risos, com o horror que produziam.
    A ADUNEMAT, sindicato ao qual a professora Lisanil é filiada desde que entrou para a UNEMAT, não se calará diante do fascismo crescente que avança no interior de Mato Grosso e em todo Brasil.  Essas pessoas desconhecem qualquer sombra de civilidade, de respeito à diversidade e, por isso, não conseguem compreender o sentido de uma Universidade, constituída de múltiplos olhares e sentidos, de visões políticas e de mundo, todas necessárias e merecedoras de respeito e convivência pacífica.  O risco que esses fascistas impõem à Universidade é sua destruição, pelo silenciamento, pela tentativa de destruir qualquer traço de autonomia de pensamento, de ideias, o ódio ao conhecimento e o elogio à ignorância e à brutalidade.
    Da parte da ADUNEMAT, demos e daremos todo respaldo à professora e, exigimos que a UNEMAT, nas suas instâncias assuma uma postura diante dos fatos que vem ocorrendo. Este é o terceiro caso de professor/a ameaçado/a,  agredido/a por sua posição política no interior de Mato Grosso. O ensino superior não pode se transformar num caso de polícia em Mato Grosso e, as instituições precisam atuar no sentido de coibirem práticas fascistas que querem não apenas intimidar como, também, aniquilar os corpos não docilizados dos/as professores/as.
    À professora Lisanil, não apenas nossa solidariedade neste dia dos professores, mas a nossa luta contínua em defesa da Universidade e do direito dos professores à liberdade de pensamento, de cátedra e de modos de vida que lhe permitam exercer com amorosidade a profissão que escolheram.  Que não permitamos que a crítica, base do trabalho intelectual, seja criminalizada por aqueles que cultivam o ódio e a ignorância.
    Contem com a ADUNEMAT, nossa força e nossa voz.
    Basta de violência, basta de opressão!
    Que neste dia dos professores e das professoras, tenhamos ainda mais força para continuarmos a luta em defesa da educação.
           A DIRETORIA DA ADUNEMAT
                       Cáceres, 15 de outubro de 2019.
    _______________________________________
    NOTA EM DEFESA DA PROFESSORA LISANIL C. PATROCÍNIO
    A Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso (Adufmat-Ssind) vem, por meio desta, manifestar solidariedade à professora Lisanil C. Patrocínio, docente da UNEMAT há 15 anos, que foi brutalmente contida e presa por manifestar sua posição política em uma festa da Igreja Católica de Campos de Júlio.
    O sindicato manifesta, ainda, repúdio aos populares, policiais e ao pároco da Igreja de Campos de Júlio, conhecido como Frei Sojinha (devido a sua relação preferencial com os grandes produtores de grãos), pela truculência praticada contra a professora.
    No dia 13 de outubro a docente foi a uma festa da paróquia vestida com uma camiseta em que estava escrito “Lute como uma Garota” e na lateral havia a insígnia “Lula Livre”.
    A camiseta levou os presentes a hostilizarem a professora.
    A certa altura da festa, a professora Lisanil subiu ao palco para reivindicar músicas mato-grossenses. Como incomodou os organizadores, Frei Sojinha resolveu chamar a polícia.
    A partir do chamado do pároco, quase uma dezena de homens apareceu e, com a truculência que é própria dos fascistas, a professora foi arrastada pelo palco, escada abaixo, e levada à delegacia algemada com mãos para trás do corpo. Há vídeos fortes que retratam a terrível e absurda agressão à professora.
    Como se debatia muito, revoltada com a situação, Lisanil foi levada ao hospital onde injetaram tranquilizantes que a fizeram ficar sem condições de ser ouvida pela delegada, obrigando-a passar a noite numa cela. Ali, ao lado do fino colchão no qual a professora passou a noite, havia uma fossa séptica aberta.
    É inaceitável a postura do pároco, dos policiais e populares que cometeram contra a professora a mais absurda violência física e moral, caracterizando violação de direitos humanos, enquanto docente do ensino superior, trabalhadora e mulher. Nada justifica tanta agressividade.
    Entendemos que tal postura reflete o ódio machista às mulheres, consideradas perigosas por serem autônomas, por terem posição política e a coragem de enfrentar um Estado ainda patriarcal e violento.
    O episódio lamentável demonstra que, mais uma vez na história, o ódio fascista se alastra com maior facilidade entre aqueles que se dizem religiosos e “pessoas de bem”, já que a violência sofrida pela professora envolve um dirigente da igreja católica e foi testemunhada por uma plateia de fiéis da igreja que gritavam palavras de baixo calão contra a professora e filmavam tudo enquanto se deliciavam aos risos, com o horror da violência física e moral.
    A Adufmat-Ssind reitera sua posição ao lado dos defensores da democracia e dos direitos humanos e jamais se calará diante do fascismo crescente que avança no Brasil e no mundo!
    O ódio fascista é a antinomia da Universidade democrática, autônoma e popular que sonhamos construir. Esses fascistas impõem à Universidade a sua destruição, pelo silenciamento, pela tentativa de esfacelar qualquer traço de autonomia através do ódio ao conhecimento e do elogio à ignorância e à brutalidade.
    O sindicato reitera sua preocupação, pois o ensino superior não pode se transformar num caso de polícia em Mato Grosso. As instituições precisam atuar no sentido de coibirem práticas fascistas que tentam não apenas intimidar como, também, aniquilar os corpos não docilizados dos/as professores/as.
    O sindicato reitera também a solidariedade da categoria à professora Lisanil. A nossa luta continua em defesa da Universidade pública, gratuita, de qualidade e socialmente referenciada, além do direito dos professores à liberdade de pensamento, de cátedra e de modos de vida!
           A Diretoria
    Cuiabá, 16 de outubro de 2019.

     

  • Pais e alunos repudiam censura em escolas de Minas

    Pais e alunos repudiam censura em escolas de Minas

    Poucas horas após o Ministério Público de Minas Gerais soltar nota na quarta-feira, 28, em defesa da liberdade de ensino e, portanto, contra a chamada ‘escola sem partido’, nesta quinta-feira, 29, docentes, pais, alunos e alunas das unidades do Colégio Santo Agostinho em Belo Horizonte, Nova Lima e Contagem realizaram manifestações contra a adoção da medida defendida por setores do futuro governo federal.

    O Ministério Público se posicionou a respeito após análise de uma ação de alguns pais de alunos junto à 23ª Promotoria de Justiça da Capital, com atribuições na Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, pedindo indenização pelas supostas aulas ministradas sobre gênero e sexualidade no Colégio Santo Agostinho, alegando tratar de “teoria de gênero”.

    Ao acolher a ação, a Promotoria da Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente definiu que a suposta implementação da “ideologia de gênero” poderia expor “inúmeras crianças a uma doutrina exótica e radical, contrária à própria natureza humana”.

    O Ministério Público já havia publicado orientação em defesa da liberdade do ensino devido a um caso semelhante ocorrido em Juiz de Fora, mas a publicação do comunicado nessa quarta foi motivada pela recente polêmica envolvendo a instituição sediada em Belo Horizonte. Na nota o MP “reafirma o seu compromisso pela garantia da liberdade de ensino e aprendizagem”.

    O MP acentuou que “a nota é uma forma de reforçar a posição publicada pelo Conselho Nacional de Procuradores-Gerais ‘pela defesa dos princípios constitucionais da liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber, do pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas’”. O comunicado é assinado pela Coordenadoria Estadual de Defesa da Educação e Centro de Apoio das Promotorias de Justiça das Crianças e dos Adolescentes. Os promotores mineiros lembram que “são inconstitucionais as propostas legislativas visando afrontar princípios, como aqueles conhecidos como ‘Escola Sem Partido’ ou ‘Escola Livre’, devendo o Ministério Público atuar para que seja garantida a todos os brasileiros uma educação pública de qualidade, coibindo-se as tentativas de estabelecer proibição genérica e vaga do conteúdo pedagógico desenvolvido nas escolas, com risco, inclusive, de aplicação persecutória e seletiva da lei”.

    O comunicado do MP mineiro lembra ainda que “a disseminação da ideia de que existe uma doutrinação ‘político-ideológica’ generalizada em curso nas escolas brasileiras desvia o foco dos reais problemas estruturais da educacional, que urge serem superados”.

    Manifestação

    No início da tarde desta quinta-feira, centenas de pais, estudantes e professores/as realizaram o ato “Abraço ao Colégio Santo Agostinho”, realizado nas unidades de Belo Horizonte, Contagem e Nova Lima. A manifestação reforçou a solidariedade à instituição diante dos recentes ataques ao livre exercício da atividade docente e em repúdio à ação judicial proposta por dois promotores do Ministério Público de Minas Gerais, com base em um suposto ensino da “ideologia de gênero”.

    Presente em um dos atos, o vereador Gilson Reis, diretor do Sindicato dos Professores, ressaltou que o ato demostrou o repúdio à Lei da Mordaça, que reforça cada vez mais atitudes conservadoras contra princípios da educação universal. “Setores fundamentalistas da sociedade brasileira estão tentando impor o retrocesso nas escolas e a manifestação aqui hoje é um levante da sociedade. É preciso denunciar essas atitudes, porque o nosso silêncio possibilita o avanço daqueles que querem o retrocesso”, afirmou.

    Durante o ato, os/as estudantes ocuparam as ruas e falaram por eles/as mesmos/as. Tiago Pato Magalhães, aluno do 2º ano do ensino médio disse que todos se uniram para construir o movimento. “Eu sou a favor de toda essa mobilização, porque precisamos de fato ter educação na escola”, ressaltou. Já a estudante do 3º ano do ensino médio, Sofia da Matta, destacou que é importante não só a posição da escola, mas de toda a comunidade: “Em uma sociedade que debate constantemente sobre as liberdades, sobre o direito das minorias, não se pode excluir isso do ambiente escolar, é sempre importante refletir e mostrar que as pessoas estão em busca desse debate”, disse.

    A mãe de alunos Carolina Rodrigues explicou que é um grupo minúsculo de pais que está entrando com a representação junto ao Ministério Público e que, em resposta, já foram colhidas centenas de assinaturas contra os ataques ao Colégio. “A escola não ensina ‘ideologia de gênero’ e, sim, educação sexual, que é de extrema importância para a formação humana”, afirmou.

  • Um mal chamado SAMPAPREV

    Um pouco mais de um ano e ficou evidente qual a verdadeira cara do tal “João Trabalhador”. Com uma “gestão” elitista, higienista e maldosa, ficou evidente que João Doria Jr. veio para fazer o jogo sujo contra o povo.

    Agora o João Doria deu para se aventurar e cobiça o Palácio dos Bandeirantes. Acredita que forçando a implementação de projetos antipupulares ganhará a disputa com Temer de déspota do ano. Além de ter mentindo falando que cumpriria seu mandato até o final e agora foge da Prefeitura e deixa uma cidade em pedaços.

    Mas como ultimo pacote de maldade o prefeito de brincadeira João Doria, agora tenta a todo custo impor uma previdência complementar que vai destruir o funcionalismo municipal e consequentemente piora os serviços públicos da cidade de São Paulo. Como?

    Todavia, eis que o fantasma do PL 621/16 de governos anteriores reapareceu. O fundo de previdência privada complementar, o Sampaprev, foi recriado pelo atual prefeito, que gestou mais dois fundos: o Finan e o Funprev.

    O primeiro para os atuais servidores e inativos; o segundo para os novos servidores. O PL institui um aumento do desconto previdenciário de 11 para 14% , podendo chegar até 19%, dependendo da faixa salarial do servidor; taxa ativos, inativos e novos; e os que quiserem receber acima do teto do INSS devem aderir ao fundo previdenciário privado complementar, o Sampaprev.

    Um confisco salarial que, somado ao IR, pode reduzir os salários até 46,5% e desintegrar a carreira, pois, os benefícios do funcionalismo servem para a previdência de Doria capitalizar em cima, mas não servem para o servidor no momento da vida em que mais precisará deles.

    A lei impõe aos servidores rateio do déficit até 2092, sem que seja esclarecido como o IPREM chegou a essa dívida, sem que a prefeitura execute devedores da previdência como o Itaú, o Bradesco, o Santander, a Caixa Econômica Federal, bancos que, no último período, mesmo com o país em crise, batem recordes de lucro.

    E para o sucesso do negócio, o prefeito nomeará uma equipe com altos salários e privilégios, sem a garantia de que no final os professores terão sua aposentadoria sem imprevisto desagradáveis, como a falência do plano ou o desvio repentino de recursos, tal como aconteceu com o “Postalis”, fundo privado vendido aos trabalhadores dos Correios como a “salvação”.

    Os Jornalistas Livres e o Jornal Empoderado apoiam a greve dos professores e, de todas as categorias, que lutam contra qualquer retirada de direitos.

  • Dória ultrapassou todos os limites

    Dória ultrapassou todos os limites

    O lançamento de pré-candidatura de Doria Jr ao governo do Estado de SP em dia de votação sobre o aumento de alíquota de contribuição da previdência de trabalhadores da educação municipal é uma afronta. Logo ele, o prefeito mais higienista, classista e elitista que SP já teve.

    A Câmara Municipal de SP foi palco de sangue, para centenas de trabalhadores de escolas municipais que na tarde desta quarta (14) foram espancados veementemente por policiais do prefeito Doria e do governador Alckmin.

    Hoje Doria passou dos limites, quando as suas últimas máscaras que ainda restavam caíram e foram cobertas de sangue do corpo de profissionais da educação, direito básico, que o gestor também está vendendo, ou seja, sucateando.

    O cinismo de Doria, quando em dia de agressões brutais a servidores municipais, lança uma candidatura para cargo de governador é tão desmedida, e até sarcástica, que pode ter sido o tiro no pé que faltava, para que o gestor que se veste de gari, limpa moradores em situação de rua, agride com balas de borracha usuários de drogas na região da Luz, vende São Paulo, apaga grafites da cidades, mata pessoas nas marginais, congela orçamentos em pastas prioritárias e comete tantas outras atrocidades, seja visto, de uma vez por todas, por aqueles que ainda tem dúvida sobre a pose de bom moço do prefake como um homem bizarro que machuca, vende e fere pelos interesses de sua carreira marketeira e política que é a maior ambição desse homem “bem nascido” da Rua Itália.

    Para você entender

    A votação tem como objetivo aumentar as contribuições dos trabalhadores, atualmente 11%, para no mínimo 14%, podendo chegar até 19% para quem tem o salário acima de R$ 5.662.

    Se aprovada na Comissão de Constituição e Justiça, a reforma atingirá praticamente todos os aposentados e pensionistas descontando de 1% a 5% no salário.

    A Prefeitura alega que se a reforma não for aprovada ainda esse ano a aposentadoria dos servidores chegará a um déficit de 5,5 bi. De a acordo com advogados sindicais a PL tem várias irregularidades.

    Nesta terça (13), os servidores municipais participaram de discussões e da sessão da Câmara para debater a reforma previdenciária municipal e pressionar os vereadores a rejeitar o projeto.

    VEJA OS VÍDEOS