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  • Marcelo Freixo, em Lisboa: “Vitória do campo progressista no Rio de Janeiro pode ter reflexo em 2022”

    Marcelo Freixo, em Lisboa: “Vitória do campo progressista no Rio de Janeiro pode ter reflexo em 2022”

    Por Bruno Falci, de Lisboa , especial para o Jornalista Livres

           O deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ) participou de um encontro com a comunidade brasileira em Lisboa, que contou também com a presença de personalidades portuguesas, na última quinta-feira, 09/01/20, na Fundação José Saramago. No dia seguinte Freixo participou de um seminário com o tema Democracia, Direitos Humanos e Violência, juntamente com o sociólogo e professor Boaventura de Sousa Santos, na Universidade de Coimbra. A equipe do Jornalistas Livres Portugal esteve presente em ambos os eventos que você pode ver nos videos no final da matéria.

              Antes do evento, realizado em Lisboa, Freixo concedeu uma entrevista feita de forma colaborativa para o Jornalistas Livres e o esquerda.net , veiculo português, contra-hegemônico, de comunicação digital. Inicialmente, indagado sobre sua condição de pré-candidato a prefeito em uma coalizão com o PT, Marcelo Freixo afirmou que “sempre foi importante a frente ampla de esquerda no Brasil, sobretudo agora no Rio de Janeiro. Se já era um tempo atrás, agora diante de um governo extremista, de extrema-direita violento, de uma ruptura democrática no Brasil, por mais que Bolsonaro tenha sido eleito, eu chamo o governo Bolsonaro de fruto da democracia totalitária, por trás da eleição você tem um governo totalitário que vai rompendo com os processos democráticos importantes no país”.

            Hoje – esclarece Freixo – não há necessidade  de um tanque, nem do fechamento do Congresso para ter um governo autoritário:

            “É o que temos hoje no Brasil. Há um risco eminente de ruptura democrática mais profunda no Brasil. É preciso, então, que as forças progressistas brasileiras entendam a eleição das cidades, a eleição de 2020, como uma eleição muito importante para uma inflexão do processo democrático. O Rio de Janeiro se torna muito emblemático, não porque o Rio seja é mais importante do que outra grande capital, mas o Rio de Janeiro é o berço do bolsonarismo, de onde nasce essa força política mais conservadora e que tem o maior retrocesso desde 1964 no Brasil.

             Freixo afirma que uma vitória do campo progressista no Rio de Janeiro vai ser uma vitória muito importante para o restante do país e pode ter um reflexo muito grande para 2022, lembrando que  a experiência de uma frente ampla deve reunir  não só PSOL e o PT,  que essa frente ampla tem que ser com todo campo progressista que está contra o governo Bolsonaro.

            “Então eu acho que o PCdoB é importante, o PSB é importante, o PDT é importante, partidos também como o PV e a REDE, que muitos podem não olhar como do campo progressista, mas serão bem-vindos, para um debate-programa e por um debate de articulação da frente ampla que pode estar sendo feita nas principais cidades”.

               Freixo também foi refletiu sobre os novos desafios da esquerda, se a libertação de Lula deu um novo ímpeto político e também se com as mobilizações recentes na América Latina é possível se pensar no ressurgimento de uma esquerda revolucionária no continente.

               “ Eu espero que sim. Nos temas que vou tratar em Portugal, nos debates, essa revolução não pode ter só um endereço, a revolução tem que ser um  processo permanente em nosso dia-a-dia e a capacidade mais fraterna de nos organizarmos como força política onde nossas diferenças não podem ser tratadas como maiores que nossos desafios perante s ruptura democrática que hoje está colocada no Brasil. O Brasil é hoje é um dos governos mais a direita do mundo, é um expoente mundial da extrema-direita, então por mais que dentro das forças progressistas possam ter divergências, elas precisam ser tratadas como menores do que o desafio maior de entender o que está acontecendo com esse país porque a situação pode piorar”.

               Lembrando que estamos no primeiro ano do governo Bolsonaro, que tem ainda 30% de aceitação, Freixo acrescenta:

            “Com as medidas mais absurdas, o bolsonarismo sempre teve 10%. Chamo de bolsonaristas as ideias defensoras da ditadura, por exemplo. Ele sempre teve 10%, que para mim já seria alto. Ter 30%  entra no campo do inaceitável.  Por isso, temos que ter um programa para as cidades, um programa para a economia. A gente tem um programa mundial hoje que é o modelo neoliberal dialogando com forças totalitárias porque a democracia passou a ser uma ameaça diante de tantos sobrantes de um modelo de um capitalismo improdutivo.

            Observando que a esquerda deve fazer uma política diferente do que a que foi feita até hoje,  Freixo apresenta algumas indagações:

            “Qual é a nossa proposta econômica, qual é a nossa proposta concreta para a segurança, qual a nossa proposta concreta que unifique o campo progressista e que chame as pessoas para acreditarem novamente na política? Bolsonaro ganha uma eleição dizendo que a política não presta. Assim ele nega a política, o que é uma farsa porque ele sempre fez parte da política. Qual a política que a gente pode apresentar sem que nós não sejamos o establishment, não sejamos a velha política? E ele (Bolsonaro) possa ser o novo que nunca foi. A gente dialoga com uma população que deixou de acreditar em toda a representatividade política, e não é só no Brasil. É preciso fazer uma política diferente do que a gente fez até hoje. É por isso que eu costumo dizer que a nossa democracia não está em nenhum lugar do passado. A nossa democracia está em algo que virá”.

    Veja a entrevista completa a seguir:

     

    Abaixo as coberturas feitas em Lisboa e Coimbra 

    https://www.facebook.com/jornalistaslivres/videos/2896989206978565/

    https://www.facebook.com/jornalistaslivres/videos/2613174478895351/

     

     

  • 1 ano do desaparecimento de Rosiney Trindade de Oliveira em Portugal

    1 ano do desaparecimento de Rosiney Trindade de Oliveira em Portugal

    Texto: Coletivo Vozes no Mundo

    Neste dia 14 de novembro de 2019 completa-se um ano do desaparecimento de Rosiney Trindade de Oliveira, em Portugal, ocorrido em circunstâncias misteriosas e possivelmente associado ao tráfico de mulheres.Muitas e muitos de nós lutamos por melhores condições e direitos na vida de uma mulher, principalmente na condição de imigrante. Infelizmente, Rosy tornou-se mais um caso concreto para esta luta.

    Mulher, trabalhadora, de origem humilde, estava fora dos círculos universitários que dominam a cidade de Coimbra e, portanto, fora de uma rede apoios que facilitaria a denúncia e a atenção ao caso. Rosy é de Curitiba, mas nos últimos anos morou em Itajaí, Santa Catarina. Chegou em Portugal no dia 1 de outubro de 2018 e começou a trabalhar em Lisboa. Poucos dias depois, aceitou uma proposta de emprego anunciada na internet para trabalhar no restaurante Restinova, na região de Coimbra.Como funcionária do restaurante, poderia também usufruir dos alojamentos que existiam nos fundos do restaurante e foi ali mesmo onde Rosy morou por 28 dias. O restaurante, localizado em uma curva mal iluminada à beira de uma pequena estrada, é conhecido por ser parada de caminhoneiros e viajantes.

    No dia 14 de novembro de 2018, durante a madrugada, Rosy desaparece e todos seus pertences, exceto documentos e celular, ficam no alojamento. O caso logo é abordado com um discurso irresponsável, seja pela mídia ou por funcionárias e dono do restaurante, sugerindo um comportamento duvidoso da vítima. De imediato, despejam a clássica versão estereotipada sobre mulher brasileira: “Rosy gostava de beber vinho de noite”, “Rosy usava lingeries” e etc. A irresponsabilidade é tanta que uma das primeiras matérias realizadas mostram funcionárias e repórter revirando as malas de Rosy antes mesmo da polícia chegar ao local.

    Desde então, acontecimentos levantam suspeitas sobre o restaurante e o dono, José Correia, como o caso de uma ex-funcionária que diz ter sido assediada pelo mesmo. Correia se recusa a dar entrevista há mais de 6 meses.
    Enquanto isso, no Brasil, a família tentava se organizar com doações online para conseguirem vir à Portugal, mas o valor arrecadado foi suficiente para pagar apenas a taxa de emissão do passaporte de um deles.

    Neste marco de um ano após o desaparecimento de Rosy, o cenário não é dos melhores. O caso está sendo investigado pela Polícia Judiciária de Coimbra, mas em sigilo. Não há nenhuma informação ou declaração após abril de 2019. São 7 meses em silencio e 1 ano sem respostas. O consulado brasileiro no Porto e em Lisboa se solidarizaram com o caso, mas nunca se pronunciaram ou pressionaram por respostas às investigações.

    No dia de hoje, o Vozes no Mundo – Frente pela Democracia no Brasil, realizou em Coimbra uma manifestação para fazer valer a continuidade de investigações efetivas que, na ausência da família, que não tem condições financeiras de estar presente para garanti-la, pode cair no esquecimento e se tornar mais um dado para a estatística das mulheres brasileiras trabalhadoras desaparecidas em Portugal e na Europa.

    Protesto realizado na cidade de Coimbra na tarde de
  • A eleição de deputadas negras em Portugal e as cicatrizes coloniais

    A eleição de deputadas negras em Portugal e as cicatrizes coloniais

    Opinião por Caeli da Silva Gobbato*

    O país socialista que víamos como uma espécie de respiro da Europa, em relação ao crescimento da extrema direita, está sofrendo uma tensão entre as três deputadas negras que foram eleitas – sendo uma delas “cabeça de lista” do partido Livre, Joacine Katar Moreira – e o primeiro representante da extrema direita a ser eleito em Portugal (não reproduzo aqui o seu nome porque já vimos como a publicidade e exploração midiática pode contribuir para a volta e consolidação de ideias fascistas).

    Joacine está sofrendo ataques de ódio. Após tantos e tantas terem menosprezado suas convicções e sua capacidade, ao mencionarem como fator preponderante a sua gagueira, ela agora está sendo acusada de não priorizar o país que a naturalizou, Portugal, onde vive desde os 8 anos de idade, pelo fato de não ter se oposto a erguer uma bandeira da Guiné-Bissau, seu país de nascimento (o que fez também com a de Portugal e a da União Europeia). Este foi o ponto de partida tomado como base para uma petição que objetiva o impedimento de sua tomada de posse.

    Assistimos incrédulos a estas manifestações e um tanto confusos, afinal não estávamos num “oásis de acolhimento”? “terra pacífica e generosa”, este nosso “país irmão”?

    Apesar de Portugal ter sido o inventor do chamado tráfico negreiro e responsável pela morte, tortura e escravização de seres humanos por quase quatro séculos (oficialmente vetado da atividade no final do século XIX), sempre escolheu apostar no marketing da benevolência dando o nome de Descobrimentos às Invasões, que deram início ao perverso processo de anulação e proibição de toda a cultura que não fosse branca europeia, chamado colonização. E assim prosseguiu difundindo a ideia de países irmãos e camuflando o seu racismo e xenofobia aos brasileiros, africanos, ciganos e portugueses com estas origens.

    Como o Brasil, que custa a reconhecer seu racismo, por aqui negam que a causa de tanta rejeição seja a cor e origem de Joacine. Os motivos são tão frágeis que fica nos rondando a pergunta: Por que, então, afinal, tanto ataque à primeira deputada negra a encabeçar uma chapa?

    Esta pergunta me fez refletir sobre os pilares desta reação e me vem à cabeça dois vídeos bastante representativos do pensamento colonial português, um vídeo antigo de um dos maiores humoristas portugueses, Ricardo Araújo Pereira, e um bem recente, uma reportagem especial da Sic tv.

    No primeiro vídeo, de Ricardo Araújo Pereira (que acredito e espero não ter chance de ser reproduzido por ele nos tempos atuais), o humorista reforça esteriótipos negativos como referir um bairro de maioria pobre e negra como bairro de bandidos e pessoas perigosas e o faz utilizando o recurso da black face, que nasce justamente com este fim, de ridicularizar e incutir periculosidade nos negros com o fim de entreter uma plateia de brancos.

    O segundo, já distante do ambiente do riso, podemos ver uma reportagem de uma grande rede de televisão portuguesa tratando de um tema extremamente grave, que foi a tragédia ambiental sofrida este ano por Moçambique (também sua ex-colônia) e, enquanto o faz, tem o cuidado de preservar e alimentar também esteriótipos racistas. Em poucas palavras, as escolhas da reportagem traçam uma narrativa clara de manutenção da nostalgia colonial, onde os corpos nus das mulheres negras preparam o nascimento dos bebês feitos por uma parteira portuguesa. A repórter pergunta (e muitas vezes responde pelos entrevistados) sobre os detalhes da miséria em que viviam antes da tragédia, ressalta as diferenças marcando o alto nível de natalidade mesmo em situação de calamidade, não fala com médicos ou autoridades locais, com exceção do responsável por gerir as doações feitas por países europeus, a quem questiona o destino das ajudas. E, com grande apelo imagético, mostra mulheres brancas a colocarem tijolos na construção de casas subsidiadas por elas, representando a emissora (com a ressalva de que o material para os tijolos é recolhido no local e a obra feita pelos próprios moradores como forma de incluir a comunidade). Ainda há uma parte onde um padre católico reza uma missa nos escombros de uma igreja.

    Como é que continuamos corroborando sem questionamento com essas narrativas que revelam um país cujo racismo estrutural reforça os feitos heróicos da época áurea nacional sem sequer pensar em fazer um museu da escravatura? É motivo de graça falarmos de um bairro cuja maioria das pessoas, por um processo histórico iniciado por Portugal, tem em comum serem negras e pobres, trabalhadores como nas nossas favelas, é engraçado dizer que são todos bandidos? Não se percebe que é essa a mesma premissa que permite atos de violência nestes locais sem comoção social? Não é perceptível o porquê de tanto ódio à Joacine?

    * Caeli da Silva Gobbato nasceu no inverno carioca de 1985, foi atriz, é produtora cultural com ênfase na escrita de projetos e também jornalista. Cursou Estudos Comparatistas na Universidade de Lisboa e estuda o pós-colonialismo.

  • IDAS E VINDAS, MAS SEMPRE AVANTE

    IDAS E VINDAS, MAS SEMPRE AVANTE

    Por Alexandre Santini e Tiago Alves

    O trajeto das caravelas entre os mares lusitanos e brasileiros já foi travessia dolorosa, marcada pela chaga da escravidão e pelo processo colonial. Já foi trânsito de ouro, café, borracha. Trouxe os primeiros livros do velho mundo e levou as primeiras notícias do novo. Uma ida e volta diversa, ao longo dos séculos, que neste final da década de 2010, é marcada também pelas trocas solidárias de resistência e da luta popular internacionalista. Com esse espírito, a caravana brasileira, vindo de um país que hoje enfrenta a extrema-direita no poder, foi mais uma vez recebida na Festa do Avante 2019 em Portugal, país que vem avançando no desenvolvimento social, com um governo acompanhado por uma coalização de forças que inclui a esquerda e o Partido Comunista Português (PCP).

    O Avante foi um bálsamo de acolhimento, entre os dias 6 e 8 de setembro, na região do Seixal, ao sul de Lisboa, com centenas de atrações políticas e culturais entre debates, atos públicos, shows, exposições, atividades para crianças, feiras de produtos típicos, gastronomia, eventos esportivos e interação entre militantes de partidos comunistas de todos os continentes do mundo. Quase todos os portugueses e representantes de outros países que visitavam a barraca do Brasil, entre uma caipirinha ou uma feijoada em clima de festa, mostravam o seu apoio às lutas dos camaradas brasileiros na resistência a Bolsonaro e ao desmonte nacional que se opera no país. O conhecimento sobre a situação brasileira é crescente e mobiliza, atualmente, a rede internacional dos movimentos populares e partidos do campo progressista.

    Pela primeira vez, inclusive, a barraca do Brasil levou à festa material completo de divulgação das lutas das esquerdas no país. Um pequeno jornal do PCdoB, em dois idiomas, levou informações sobre temas como a questão ambiental e as queimadas da Amazônia, a censura imprensa e o escândalo das mensagens vazadas da Lava Jato, a Reforma da Previdência e o desmonte da educação, ciência e tecnologia. Camisetas e bottons, levados pela caravana brasileira, coloriram a multidão do Avante com as imagens de heróis e heroínas como Lula, o principal preso político do planeta, Marielle Franco, símbolo da luta pelos direitos humanos e pelas populações das periferias, Osvaldão, líder histórico – e ainda pouco conhecido – da guerrilha do Araguaia e Manuela D’Ávila, a comunista mais conhecida do país atualmente e representante da luta das mulheres no país.

    As lições que nos traz a Festa do Avante são muitas. Em 46 anos de existência, o festival organizado por um dos mais importantes partidos de esquerda da Europa projeta e atualiza para as futuras gerações os Valores de Abril, que inspiraram a revolução dos cravos em 1974: solidariedade, paz, convivência, afeto, humanismo, liberdade. Do tradicional ao contemporâneo, estão presentes na festa as diversas dimensões da cultura: a simbólica/estética, a cidadã e a econômica, já que a Festa do Avante é também uma imensa Feira de Economia Social e Solidária, construída com trabalho voluntário e militante, o que é uma das chaves do sucesso, longevidade e sustentabilidade do evento.

    Ao colocar a cultura no centro, o PCP constrói dentro deste festival multifacetado e diverso um ambiente de debates políticos de alta voltagem e relevância. Estão presentes a todo momento as bandeiras de luta do povo português, a solidariedade internacional aos povos do mundo. As eleições legislativas em Portugal acontecem neste mês de setembro. Portanto, as bandeiras e propostas da CDU (Coligação Democrática e Unitária, aliança que reúne o PCP e o Partido Ecológico Os Verdes) deram o tom da intervenção política nesta edição da Festa.

    O Partido Comunista do Brasil caminha para a comemoração dos seus 100 anos de existência, que serão completados em 2020. A luta dos comunistas brasileiros, marcada por uma trajetória extraordinária de sonhos e ações, têm muito a trocar e aprender com a experiência do Avante e do PCP neste festival incomparável. Certamente haverá de ser bonita a festa do centenário dos comunistas no país, e é possível extrair do Avante exemplos, modelos, propostas e formatos possíveis e adequados à nossa realidade, nos inspirem a construir também um grande evento daqui a três anos, com pinceladas rubras de cravo e aromas verdes e doces de alecrim.

    O retorno da terra de Camões, desta vez veio com muito mais ideias e sonhos a bordo, no rumo da América. Cruzando o Atlântico, continuaremos nos fortalecendo e superando, com a fraternidade dos comunistas portugueses, os desafios da nossa jovem democracia. Precisamos, como nunca desse aprendizado diante do que vivemos no nosso país. A tristeza e as dificuldades com o que vem acontecendo são peso difícil de carregar sobre os ombros sozinhos. Mas seguiremos irmanados. Que os ventos sejam bons, que as caravelas de 2019 continuem levando Brasil, Portugal e o mundo sempre avante.

  • Lisboa em solidariedade ao Lula e aos brasileiros

    Lisboa em solidariedade ao Lula e aos brasileiros

    Durante as primeiras horas desta sexta-feira (6), dezenas de pessoas se reuniram na Embaixada do Brasil, em Lisboa, para protocolar um documento em defesa do Lula.

    A iniciativa foi do Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC) e contou com a presença da deputada da Assembleia Nacional Portuguesa Rita Rato, do Partido Comunista Portiguês. Filipe Ferreira, vice-presidente do CPPC, leu o documento, que foi assinado por diversos coletivos, movimentos sociais, sindicatos, ONGs e partidos políticos; em seguida o entregou na embaixada.

    Segue nota

    Solidariedade com Lula da Silva e o povo brasileiro
    Contra o golpe – pela democracia!

    A negação do habeas corpus e a ordem de prisão contra Lula da Silva constituem mais um passo no desenrolar do golpe de Estado institucional no Brasil, iniciado com o afastamento, ilegítimo e escandaloso, da Presidente Dilma Rousseff, em 2016.

    Uma acção que mais não visa do que impedir a candidatura de Lula da Silva às eleições presidenciais em Outubro e assegurar a continuidade de um Governo ao serviço de uma minoria opulenta e economicamente poderosa, perpetuando a desastrosa política que está a reverter e destruir tudo o que de mais positivo foi alcançado pelo povo brasileiro, nomeadamente em matéria de direitos sociais e melhoria das condições vida dos brasileiros, durante os mandatos presidenciais de Lula da Silva e Dilma Rousseff.

    Urge assim dar expressão à mais ampla denúncia deste vergonhoso e gravíssimo processo antidemocrático, desmascarando igualmente a campanha de desinformação e manipulação mediática que lhe dá cobertura.

    Deste modo, os abaixo-assinados,

    • repudiam e condenam com veemência o golpe institucional, as medidas arbitrárias e as acções de violência contra responsáveis e activistas políticos e sociais brasileiros e contra manifestações em defesa da democracia e pelo respeito dos direitos de Lula da Silva;

    • expressam a mais viva solidariedade ao povo irmão brasileiro e à sua luta para salvaguardar os direitos e garantias democráticas no Brasil e resistir a um poder crescentemente repressivo e autoritário.

    Lisboa, 6 de Abril de 2018

    Organizações subscritoras (até o momento):

    A Voz do Operário
    Associação “Os Pioneiros de Portugal”
    Associação Água Pública
    Associação Conquistas da Revolução
    Associação de Amizade Portugal-Cuba
    Associação de Intervenção Democrática
    Associação dos Estudantes da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
    Casa do Alentejo
    Colectivo Andorinha – Frente Democrática Brasileira de Lisboa
    Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses – Intersindical Nacional
    Confederação Nacional de Agricultura
    Confederação Nacional de Reformados Pensionistas e Idosos
    Confederação Portuguesa das Colectividades de Cultura, Recreio e Desporto
    Conselho Português para a Paz e Cooperação
    Ecolojovem – «Os Verdes»
    Federação dos Sindicatos de Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal
    Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgica, Química, Farmacêutica, Eléctrica, Energia e Minas
    Federação Nacional dos Professores
    Federação Portuguesa dos Sindicatos da Construção, Cerâmica e Vidro
    Frente Anti-Racista
    Interjovem
    Juventude Comunista Portuguesa
    Juventude Operária Católica
    Movimento Democrático de Mulheres
    Núcleo do PT em Lisboa
    Partido Comunista Português
    Partido Ecologista «Os Verdes»
    Pró-Vítimas
    Projecto Ruído – Associação Juvenil
    Sindicato dos Professores da Região Centro
    Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local
    Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal
    Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Sul e Regiões Autónomas
    Sindicatos dos Trabalhadores da Hotelaria do Sul
    União de Resistentes Antifascistas Portugueses
    União de Sindicatos do Distrito de Santarém
    União dos Sindicatos de Lisboa

    Por: Bruno Falci e Maíra Santafé

  • Marielle: símbolo internacional da luta por justiça social e pela democracia

    Marielle: símbolo internacional da luta por justiça social e pela democracia

     

    Em Lisboa, onde aconteceu o maior ato, lideranças políticas lembraram que esta execução é consequência do golpe de Estado em curso no Brasil, desde a derrocada da presidenta Dilma, enfatizando o fato de ter sido um crime político, relacionando sua morte à intervenção militar, além de lembrar do assassinato do estudante Edson Luiz, que completa 50 anos no dia 28 de março.

    A manifestação contou com a presença da Secretária de Estado para a Cidadania e Igualdade, Rosa Monteiro, além das deputadas do Partido Socialista, Isabel Moreira; do Bloco de Esquerda, Joana Mortágua; e do Partido Comunista Português, Rita Rato. Entre os organizadores estava o Coletivo Andorinha, formado por brasileiras e brasileiros residentes em Lisboa desde 2016, em defesa da democracia no Brasil.

    Acreditaram que calariam a mulher negra, de comunidade, lésbica, de esquerda. Acharam que amedrontariam a militância, com o aparato repressivo de Estado. Erraram: Marielle se tornou símbolo internacional da luta por justiça social e pela democracia.

    Fotos e vídeos, Bruno Falci; edição, Maíra Santafé; texto Bruno Falci e Maíra Santafé