Jornalistas Livres

Tag: Polônia

  • A CADA UM O SEU?

    A CADA UM O SEU?

    por Fabianna Freire Pepeu*

    Um dia depois de um grupo de estudantes do Colégio Santa Maria, do Recife, postar no Instagram uma foto de uma saudação nazista feita por eles mesmos em sala de aula — cena considerada gravíssima por milhares de pessoas ou “apenas uma brincadeira de jovens” por outro tanto —, jornais ingleses noticiaram um achado ocorrido na Polônia.

    Numa feirinha de antiguidades, um álbum de fotografia estava sendo comercializado. Dentro, imagens de paisagens diversas. Mas o material do álbum gerou incômodo e levantou suspeitas.

    Resumindo: de acordo com especialistas, o álbum foi confeccionado com pele humana de uma das milhares de vítimas do Holocausto e as investigações apontam para as vítimas de Buchenwald, no leste europeu — o primeiro campo de concentração instalado por Hitler.

    Buchenwald esteve em operação de 1937 até 1945, fim da Segunda Guerra. Ali estiveram confinados, além de judeus, comunistas, ciganos, homossexuais, entre outros grupos perseguidos pelo Nazismo.

    Sobre o portão de entrada desse inferno, havia a inscrição: ‘Jedem das seine’ (A cada um o seu). O lugar ficou conhecido pelo tipo de execuções ali praticadas, condições bestiais, experimentos científicos e depravação dos guardas nazistas.

    Na condução das maldades, que poucos conseguem imaginar sem sentir a pressão arterial cair, estava Ilse Koch, mulher de Karl-Otto Koch, comandante do campo. Ilse tinha interesse particular por prisioneiros homens adultos com tatuagem, pois utilizava a pele desses homens para fazer encadernações, toalhas de mesa, abajour e outros objetos.

    pele nazista
    O Museu Estatal de Auschwitz-Birkenau, na Polónia, incluiu na sua coleção um álbum de fotografias cuja capa foi fabricada com pele humana, que se acredita pertencer a um prisioneiro de um campo de concentração alemão.

    Diante desse fato tão atual, a descoberta desse objeto feito de pele com tatoo que mostra a infinita capacidade humana de planejar e realizar atrocidades, eu gostaria de perguntar a esse tanto de pessoas que viram na cena recente ocorrida em Pernambuco — em um dos muitos colégios particulares brasileiros de elite, movidos, como mostram as centenas de denúncias, por preconceito de classe, cor e muitos outros —, se elas continuam achando que tudo não passou de uma “brincadeirinha juvenil?”

    Quem sabe, porque algumas pessoas são mais lentas para ligar os pontos das coisas, elas perceberam, finalmente, a gravidade do Holocausto.

    Sim, estou sendo bem Pollyanna, mas não são essas pessoas mesmo que dizem que a gente deve olhar o lado positivo das situações? O álbum pode servir de despertador, quem sabe?!

    Mas, caso insistam nessa desumanidade frente às dores dos outros e na cegueira política, é fundamental que todas as outras pessoas da roda digam que não, não é possível — de modo algum —, normalizar e aceitar piadas a respeito das vítimas do Nazismo.

    E, afinal, juventude não é sinônimo de falta de empatia. Não são essas pessoas que também falam da redução da maioridade penal (sou contra!) ou essa redução só vale para os jovens da periferia?

    Também não é possível relativizar que pessoas sejam torturadas no Brasil ou aceitar o genocídio da juventude preta e pobre desse país.

    Não, não é possível aceitar que os homens continuem a matar mulheres no país.

    Não, não é possível aceitar que se abandone as regiões pobres do país, enviando recursos apenas para as áreas mais abastadas.

    Não, não é possível aceitar que se deixe a população de rua morrer à míngua, como foi feito com os confinados dos campos nazistas.

    É preciso dar um basta às bestas.

    É preciso dizer não hoje, ontem ou mesmo anteontem, pois é por conta desse relativismo e tolerância com posturas monstruosas que os monstros crescem e reproduzem.

    Pelo enquadramento das bestas humanas que não são apenas os membros desse governo de enlouquecidos e recalcados, além de fascistas, mas também as bestas que usam o elevador e que moram no apartamento ao lado ou no fim da rua.

    Sejamos duros com essa gente má, fascista e oportunista, sem (e isso vai ser difícil!), perder a ternura jamais.

    (*) Fabianna Freire Pepeu é jornalista

  • “Nossos líderes políticos têm se comportado como crianças”

    “Nossos líderes políticos têm se comportado como crianças”

    Greta Thunberg discursou na cúpula do clima das Nações Unidas em Katwice, Polônia. A ativista do clima, de 15 anos, convocou as pessoas a esquecerem os políticos e assumirem a responsabilidade:

    “Por 25 anos inúmeras pessoas se colocaram em frente à conferência do clima das Nações Unidas pedindo aos líderes dos países para pararem as emissões,o que claramente não funcionou, já que as emissões continuam a crescer.

    Então, eu não vou pedir nada. Em vez disso, eu vou pedir às pessoas pelo mundo que se deem conta que nossos líderes políticos nos decepcionaram, porque estamos enfrentando uma ameaça existencial e não há mais tempo para continuar nesse caminho de insanidade.

    (…)

    Não viemos aqui implorar para que os líderes mundiais cuidem do nosso futuro. Eles nos ignoraram no passado e nos ignorarão no futuro. Viemos aqui para que eles saibam que a mudança está a caminho, quer eles gostem ou não.

    As pessoas se levantarão para esse desafio, e como nossos líderes têm se comportado como crianças, nós assumiremos a responsabilidade que eles deveriam ter assumido há muito tempo.”

    Publicado por DemocracyNow.org

    Traduzido e legendado por César Locatelli, para os Jornalistas Livres

  • A luta dos indígenas dos EUA para conter a mudança climática

    A luta dos indígenas dos EUA para conter a mudança climática

    A luta dos indígenas da América do Norte para conter a mudança climática

     

    Parte 1 de 3

    Enquanto líderes mundiais dirigem-se à Polônia, para a cúpula da ONU sobre mudança climática, DemocracyNow! olha para a luta liderada por indígenas contra oleodutos destrutivos e o potencial revolucionário do “New Deal Verde” com Winona LaDuke, líder ambiental dos Ojíbuas, povo originário dos EUA e Canadá, e diretora executiva do grupo Honor the Earth (Honra a Terra). Ela vive e trabalha na Reserva White Earth (Terra Branca) no norte de Minnesota.

    Tradução e edição de Rafa Yamamoto para os Jornalistas Livres

    Parte 2 de 3

    Winona LaDuke descreve seu território cheio de lagos e vida selvagem:”Eu moro em um lugar onde ainda há vida. E assim, aquele lugar é o norte de Minnesota, coberto por tratados territoriais – 1855, 54, 37 e 42 – cheio de arroz selvagem, cheio de lagos, lagos dos quais você ainda pode beber. Lagos que você ainda pode beber. É onde eu moro.” A ativista ambiental detalha o “Green New Deal” (Novo Acordo Verde) que propõe: “Precisamos de um novo acordo que construa infraestrutura para pessoas e não para empresas de petróleo.”

    Tradução e edição de Vinicius Barbosa para os Jornalistas Livres

    Parte 3 de 3

    Winona LaDuke fala das catástrofes de proporções bíblicas e do homem de cabelo laranja: “Sabe, ao sul, você tem as grandes inundações. Para o oeste, toda a costa oeste está em chamas. Para o norte, o gelo está derretendo e os ursos polares estão comendo uns aos outros. E para o leste, você tem um homem louco com cabelo laranja cuja música tema parece ser “Burning Down the House” (Pondo fogo na casa) de Talking Heads.”

    Tradução e edição de César Locatelli para os Jornalistas Livres

    Entrevista publicada por DemocracyNow.org