Jornalistas Livres

Tag: politica

  • Festival Lula Livre movimenta milhares de pessoas na Avenida Paulista

    Festival Lula Livre movimenta milhares de pessoas na Avenida Paulista

    Ocorreu hoje (16), na Avenida Paulista (SP), a segunda edição do Festival Lula Livre. Segundo a organização do evento, composta pela Frente Brasil Popular (FBP), artistas e produtores independentes, passaram mais de 30 mil pessoas pelo festival.

    A primeira edição foi realizada no Rio de Janeiro, em 26 de Julho deste ano, e contou com a participação de artistas consagrados como Chico Buarque e Gilberto Gil. Segunda Ana Flávia Marx, da FBP, o evento tem como missão denunciar as arbitrariedades no processo contra o ex-presidente Lula e exigir a retomada da democracia. “O presidente é um preso político, ele foi barrado na disputa eleitoral porque estava em primeiro nas pesquisas. A mídia esconde essa situação do país, o nosso Estado está longe de ser democrático e de direito, então a gente tem todos os motivos para ir pra rua fazer a nossa manifestação”, declara.

    O Festival contou com a presença de Chico Cesar, Ana Cañas, Otto, Marcelo Jeneci e muitos outros artistas.

    Confira algumas fotos de nossa cobertura:

  • Manuela D’Ávila desafia homem que a chamou de mentirosa a se apresentar no microfone e dizer onde está a mentir

    Manuela D’Ávila desafia homem que a chamou de mentirosa a se apresentar no microfone e dizer onde está a mentir

    O caso aconteceu em frente a PanMetal, em São Paulo, enquanto Fernando Haddad e Manuela D’Avila conversavam com os metalúrgicos.

    Manu: O Lula tá preso porque toda essa elite aqui não gosta do povo, não gosta de gerar trabalho, que não gosta da educação pública que construímos com Fernando Haddad quando era ministro da educação. Lula tá preso porque ele ia ganhar em primeiro turno, por isso que não divulgaram a pesquisa ontem.

    Homem: MENTIRAAAAAA

    Manu: É verdade! Aqui não tem quem mente, aqui tem que luta pra mudar o Brasil e fazer do Brasil um país dos trabalhadores e da trabalhadoras. E eu não sei teu nome mas se tu quiser vir aqui se apresentar e tentar provar qual de nós disse uma mentira, tu pode se apresentar. Eu sou Manuela D’Avila, sou deputada há 12 anos, a mais votada do Brasil nas últimas eleições e não é porque o povo acha que eu minto, mas é porque o povo sabe que eu sou dessa turma que luta pra desenvolver o Brasil e valorizar o trabalho. E não tenho medo de homem que aponta dedo pra mim, companheiro. Abaixa esse dedo que a gente pode construir um Brasil com respeito e dignidade!

  • TVs ferem Lei Eleitoral ao esconder candidatura Lula

    TVs ferem Lei Eleitoral ao esconder candidatura Lula

    Não é novidade pra ninguém que o Brasil vive um processo de Golpe de Estado e, portanto, um Estado de Exceção. Assim, leis, normas e regulamentos que valem para uma pessoa ou empresa não necessariamente são aplicadas a outra. É o que vem acontecendo, por exemplo, na cobertura que as grandes redes de rádio e TV estão dando às diversas candidaturas presidenciais. Enquanto candidatos com porcentagens ínfimas de intenção de voto têm espaço garantido para propagar suas propostas, “ideias” e até mesmo mentiras em rede nacional, a chapa PT-PCdoB, que lidera todas as pesquisas com mais que o dobro da segunda colocação, é colocada sistematicamente fora da telinha.

    O caso mais escandaloso é o da Rede Globo, que em comunicado no Jornal Nacional em 22 de agosto simplesmente anunciou que não daria qualquer cobertura jornalística à candidatura de Lula e Haddad. Veículos impressos ou digitais independentes, como os Jornalistas Livres, têm total liberdade editorial para definir linhas de cobertura, interesses comerciais e mesmo apoios políticos, ainda que a maioria finja ser imparcial. No caso das emissoras de rádio e TV, no entanto, como espectro eletromagnético é limitado, cabe ao poder público decidir quem pode e quem não pode ter um canal, definindo, portanto, regras especiais para seu funcionamento. Como funcionam de facto e historicamente como um oligopólio, contudo, o capítulo de Comunicação da Constituição de 1988, que por exemplo proíbe políticos de possuírem concessões, nunca foi regulamentado. Com isso, na prática, ainda vale a Lei Geral das Telecomunicações, promulgada durante o processo que levou ao golpe de estado de 1964.

    Os “donos da voz”na Abril, Folha e Globo, na primeira fila para ouvirem palestra de William Waak em encontro do Instituto Millenium em 2009. foto: www.mediaquatro.com

    A legislação eleitoral, por outro lado, vem sendo modificada a cada pleito. Atualmente, com algumas mudanças, está vigente a Lei nº 9.504, de 30 de setembro de 1997. Mas, para a Globo, isso parece que “não vem ao caso” (MORO, Sérgio. 2014/15/16/17/18 em relação às acusações contra tucanos).

    A candidatura de Lula à Presidência, queiram ou não, foi registrada em 15 de agosto último e segue vigente.

    Enquanto a chapa (e não apenas o nome dele) não for impugnada (o que não é impossível que aconteça, afinal, como já dissemos antes, estamos em um Estado de Exceção), a Lei Eleitoral EXIGE que concessionárias de rádio e TV deem um tratamento isonômico às candidaturas, não privilegiando (e, por óbvio, depreciando) qualquer candidatura. Aliás, se já não estivéssemos em um Estado de Exceção, o representante da chapa PT/PCdoB deveria ter garantido seu espaço com os mesmos 30 minutos na bancada do Jornal Nacional a que tiveram direito outras quatro candidaturas essa semana. Sexta dia 31 de agosto seria um ótimo dia…

    Veja abaixo o que diz a Legislação Eleitoral sobre isso:

    Artigo 36-A:
    I – a participação de filiados a partidos políticos ou de pré-candidatos em entrevistas, programas, encontros ou debates no rádio, na televisão e na Internet, inclusive com a exposição de plataformas e projetos políticos, observado pelas emissoras de rádio e de televisão o dever de conferir tratamento isonômico;

    Artigo 45: Encerrado o prazo para a realização das convenções no ano das eleições, é vedado às emissoras de rádio e televisão, em sua programação normal e em seu noticiário:
    IV – dar tratamento privilegiado a candidato, partido ou coligação;

    Veja também uma excelente montagem sobre a atuação política da Rede Globo desde 1964, passando pela criminosa edição do debate entre Lula e Collor em 1989 até chegar em William Bonner na maior cara de pau dizendo que “obviamente” não haveria cobertura da nova candidatura de Lula:

     

    https://www.facebook.com/jornalistaslivres/videos/192125934891966/

    https://www.facebook.com/jornalistaslivres/videos/192125934891966/?hc_ref=ART58PQtk-UPJO9iE1c2i916A82vE3iW325eJzDvGMQiXOER_iSesFXisT7-bSoSSd4&xts[0]=68.ARBaWHHeFJUzCmHg0TJ9ZobciyyCovWZCvFXrRbhcyPxH7R8DFBujLD0AvqdKb0LyLA-2_hUzKCsRrnVQ8bJ1vPwWVTGOuqEEtcmb9XnZoBMSpHQ4S9yUCmDdm4c7oyZO6ps0Bs&tn=FC-R&fb_dtsg_ag=Adyc40gx5IjHTnFD1vXIaXCKpCAmM93_dEZmBHXBgnrbhA%3AAdyU3yhCppQz6WRkaBevX0s2EHULVKkumS_IDMzsdOoh7A

  • Orgulhosamente, vote sapatão!

    Orgulhosamente, vote sapatão!

     

    Eu, mulher lésbica… Essas palavras nunca foram proferidas por uma parlamentar no Congresso Nacional brasileiro. A única mulher a afirmar-se bissexual no alto escalão foi a Ministra Eleonora Menecucci, que ao assumir o cargo de Ministra da Secretaria de Política para Mulheres da Presidência da República, em 2012, concedeu entrevista afirmando ser capaz de namorar mulheres e homens e ter orgulho em ter uma filha lésbica.

    A entrevista se tornou um grande escândalo e foram inúmeras as pressões para sua exoneração. O parlamentar e atual presidenciável que não merece ter seu nome referido fez um duro pronunciamento afirmando “Pelo amor de Deus! Uma Ministra! Essa senhora está representando as mulheres brasileiras. Ela representa as mulheres brasileiras dizendo que é homossexual, que tem orgulho de uma filha gay. Para mim, não representa. Para você, mulher que está me ouvindo, tenho certeza de que também não representa.”

    Ela permaneceu no governo até o fim e em sua gestão na SPM criou a coordenação de diversidade sob liderança da saudosa Lurdinha Rodrigues, ativista lésbica.

    Numa sociedade estruturalmente patriarcal como a nossa, defende-se como o lugar ideal da mulher sua casa e não os espaços públicos de Poder. Portanto, toda mulher ao ocupar os corredores do Congresso, do Executivo ou do Sistema de Justiça já é em si capaz de abalar tais estruturas. Quando falamos de mulheres assumidamente lésbicas diante de uma estrutura social centrada no homem e em seus desejos, tratamos de mulheres que afirmam não estarem sexualmente e emocionalmente interessadas na companhia masculina e, portanto, representam uma ainda maior afronta ao modelo de poder idealizado.

    Dizer em alto e bom som “sou sapatão” pode custar a muitas mulheres não só o enfrentamento diário perante seus pares, mas também o próprio cargo público. Não à toa, temos há muitos anos lésbicas no Congresso, elas são parlamentares importantes, aliadas da causa LGBT, mas não ousam pronunciar a palavra “maldita”, lés-bi-ca.

    Estamos diante de novos tempo, se temos retrocessos e fundamentalismos de um lado, também temos um maior debate público sobre as causas feminista e a pauta LGBTI de outro. Algumas campanhas online tem sido organizadas para divulgar as candidaturas com cara gay, bi, lésbica, travesti e trans: #votelgbt, #meuvotoelgbt e Aliança Nacional LGBTI.

    Todas as lésbicas merecem ser eleitas? Para mim, não. É preciso ainda mais, interessam-me candidatas lésbicas, feministas, anti-racistas, aliadas das trans, que realizem um debate em torno da valorização das políticas sociais e entendam da necessidade de continuarmos debatendo classe. E para você? Quais os requisitos para ganhar seu voto?

    Vale sempre a pena complexificar o debate, no entanto, considero importante não permitirmos mais que nos coloquem num lugar de invisibilidade, que tratem como menos importante nossa voz, nossa cara, nossas dores, desejos e pautas. Precisamos ocupar o Poder, ser parte na mudança, tensionarmos com o velho e construirmos o novo. Nosso lugar não é em casa, nossa sexualidade não merece a alcova, mas sim o púlpito.

    É hora de não sermos mais representadas e sim representantes, daquelas representantes que lidam com inúmeras e diversas pautas e que têm orgulho de afirmar: agradecemos por quem caminhou trajetos mais difíceis para estarmos aqui, sentimos por quem pelas contingências sociais, profissionais e familiares teve de se esconder, mas hoje, por mais que ainda seja difícil, já conseguimos expressar publicamente nossas múltiplas identidades e uma delas é somos mulheres lésbicas e temos orgulhos de sê-lo.

    Para isso, pesquise no seu estado, procure outras características e posições importantes para você e vote sapatão!

    Por: Dida Figueiredo –  Professora contratada da FND/UFRJ

    Por: Carol Quintana –  Professora de Sociologia da rede pública do Rio de Janeiro

  • Juventude do PT em Mato Grosso faz moção em defesa da candidatura própria

    Juventude do PT em Mato Grosso faz moção em defesa da candidatura própria

    Moção em defesa da candidatura própria do PT em Mato Grosso
    O golpe liderado pelas forças reacionárias do país vem submetendo o povo brasileiro a um violento processo de empobrecimento e perdas de direitos. Desde a fraude do impeachment que tirou da presidência nossa companheira Dilma Rousseff, presidenta eleita e legítima do país, o governo golpista vem desmontando o Estado, dilapidando nossa soberania e destruindo todas as conquistas populares conseguidas através de lutas históricas e das políticas dos nossos governos.
    O golpe jurídico, parlamentar e midiático suspendeu nossa democracia, cassando direitos e garantias fundamentais e mergulhando o país num Estado de Exceção já conhecido pela população periférica, especialmente pela juventude negra, hoje materializado na perseguição infame e autoritária ao presidente Lula.
    A juventude brasileira é uma das principais vitimas desse golpe. Os golpistas interromperam um ciclo histórico de acesso a emprego, educação e a uma vida mais digna para as juventudes.
    Hoje voltamos aos recordes de desemprego entre os jovens; hoje as universidades fecham novamente as portas aos jovens trabalhadores, negros, indígenas; hoje voltam subempregos e precarização extrema da vida das juventudes na periferia. A geração de hoje e a da próxima década poderão estar submetidas a um sucateamento nunca antes visto da educação, da saúde e ao fim, na prática, da previdência.
    Aqueles que empenharam todas as suas forças para referendar o impeachment fraudulento da presidenta Dilma elegeram ali, conscientemente, o projeto criminoso derrotado nas urnas que hoje arrasa a vida dos brasileiros e das brasileiras.
    Em Mato Grosso assim como na conjuntura política nacional, aqueles que em 2016 foram entusiastas do golpe, não conseguem se aglutinar em somente uma candidatura. O que não significa na prática que todos esses setores pertencentes ao agronegócio genocida têm interesse direto na continuidade e consolidação da Ponte para o Retrocesso.
    Enquanto Pedro Taques (PSDB) foi o primeiro governador do Brasil a se posicionar favorável publicamente no decorrer do processo de impeachment da Presidenta Dilma, Wellington Fagundes (PR) foi um dos principais articuladores entre os parlamentares mato-grossenses na comissão do golpe, instaurada no Senado Federal. Posteriormente, ambos aplicaram na íntegra a cartilha do Imperialismo contra nossos direitos. Emenda Constitucional que congela os investimentos nas áreas sociais (tanto nacional, quanto estadualmente), contrarreforma trabalhista, lei da terceirização irrestrita, reforma do Ensino Médio e assim por diante.
    É notável a movimentação desses setores golpistas (que no fim das contas são todos farinha do mesmo saco) uma estratégia de inviabilizar o PT-MT eleitoralmente. Afinal, em nosso estado, cerca de ⅓ do eleitorado diz que vota no candidato a governador(a) que o Lula apontar.
    A juventude do PT em Mato Grosso considera inconcebível uma aliança com setor que aplicou o golpe nos direitos da juventude e de toda classe trabalhadora.
    Tal fato destruiria todo o esforço de reaproximação da nossa base social e política no estado, esvaziando a possibilidade de reaglutinação do campo popular em torno do PT, e saúda com muito entusiasmo militante as pré-candidaturas ao governo do estado da Professora Edna Sampaio e da Professora Enelinda Scala ao Senado, pois são pré-candidaturas percebidas como legitimas candidaturas das forças que enfrentaram o golpe e defendem a volta de Lula à presidência da República. Abrir mão disto em nome de uma aliança com setores que não tem compromisso algum com nossa defesa de Lula Livre e Lula Presidente significaria trocar a possibilidade de excepcional protagonismo pela condição de partido vazio de significado político, convertido em legenda palaciana por um bom tempo.
    A juventude do PT em Mato Grosso entende que qualquer aliança que não se enquadre com as apontadas no último PED (setores antiimperialisatas, anti-latifundiários, anti-monopolistas e radicalmente democráticas) nos diluiria numa coligação que em nada se comunica com nossa base social e que jamais terá como prioridade a defesa de Lula e a luta contra o golpe em suas mais profundas dimensões.
    A juventude do PT em Mato Grosso acredita que a vontade política da base do partido deve ser respeitada. Não compreendemos a insistência de setores do partido numa aliança que nos rebaixa politicamente no estado sem oferecer nenhum ganho político consistente ao PT, contraposta a uma pré-candidatura petista que defenda Lula Presidente como uma verdadeira saída política contra o golpe, tendo consequentemente reais chances de vitória. Não aceitamos qualquer tipo de veto ao exercício da liderança política por parte de jovens filiados e filiadas, compreendemos que a juventude petista tem autonomia política de ter posição.
    O Partido dos Trabalhadores não tem dono, pertence à sua militância e aos sonhos dos bravos e bravas trabalhadores e trabalhadoras que o constroem diariamente com a força de seus sonhos.
    Convocamos toda a juventude petista para seguir mobilizada e firme em defesa da candidatura própria do PT ao governo do estado, atualmente posta na pré-candidatura de Professora Edna Sampaio, para enfrentarmos no nosso estado as forças golpistas com seus diversos palanques e garantirmos aquilo que para nós é central: a defesa de Lula, do nosso projeto, para mudar, novamente, o Brasil e a vida da juventude mato-grossense.
    XXXXXXXXXXX
    Resolução do Congresso Extraordinário da JPT (ocorrido em junho, em Curitiba)
    1) Dois anos de golpe arremessaram o Brasil no caos social e ameaçam o presente e o futuro da juventude e dos trabalhadores.
    2) Lula é há mais de 100 dias é um preso político, numa prisão oriunda de um processo sem provas, organizado pela operação lava jato com a anuência do STF e as ameaças do exército. O mesmo acontece com nossos companheiros presos injustamente, José Dirceu, João Vaccari Neto e Delubio Soares, vítimas de processos fraudulentos, alimentados pela indústria da delação premiada.
    3) Essas prisões aprofundaram o Estado de Exceção no Brasil e se combinam com a política do governo golpista de Michel Temer. Ambos atendem diretamente aos interesses do capital financeiro internacional, do Imperialismo (principalmente dos EUA) que, frente a crise do capital para garantir a sobrevivência do sistema, desenvolve uma ofensiva contra todos os povos ao redor do globo.
    4) São estes mesmos interesses do capital financeiro que estão por trás dos bombardeios à Síria, do inaceitável massacre de crianças palestinas – e o impedimento ao retorno de seu povo.
    5) É o que está por trás da manutenção da miséria no continente africano, da ofensiva contra os direitos trabalhistas na Europa, da ofensiva estadunidense contra a China e Rússia e suas tensões com a Coréia do Norte, das tentativas de ingerência na Venezuela, com um bloqueio econômico, enfrentado bravamente pelo povo venezuelano que reelegeu Maduro recentemente, além da assembleia constituinte.
    6) É o que está por trás do golpe no Brasil. Um golpe parlamentar, jurídico, midiático, que retirou do governo a presidenta Dilma e o Partido dos Trabalhadores, mas foi muito além, avançando o desmonte da soberania nacional, a manutenção do caráter dependente da economia aprofundando, a precarização do trabalho e a desindustrialização, o ataque as liberdades democráticas e a retirada dos direitos da classe trabalhadora, que são objetivos estratégicos que unificam a coalizão golpista.
    7) Começou por reverter a lei do Pré Sal, importante conquista dos governos Lula e Dilma, cujos royalties estavam destinados à saúde e educação, para entregar o Petróleo brasileiro para as multinacionais e visa ainda atacar a soberania nacional com projetos de privatização da própria Petrobras, da Eletrobras e demais empresas públicas estratégicas.
    8) Acabou com a sequência de ampliação dos investimentos em saúde e educação nos anos de governos do PT para aprovar a emenda Constitucional 95 que congela os investimentos em áreas sociais, deixando estranguladas as universidades públicas, paralisando a expansão de universidades e escolas técnicas, diminuindo as verbas para o FIES e, mais recentemente, colocando fim ao programa Farmácia popular.
    9) Acabou com a valorização do salário mínimo. Aprovou uma reforma trabalhista que rasga direitos dos trabalhadores e com a queda no investimento social provocou a ampliação do desemprego que já chegou a casa dos 13%, que na juventude já alcança os 30%, enquanto 1 em cada 4 jovens está sem trabalhar e sem estudar, o que é demonstrado pela ampliação da evasão em escolas, os quase 200 mil jovens que deixaram as faculdades privadas, os 2 milhões a menos de candidatos no ENEM e a enorme e revoltante volta da fome e da miséria que vem assolando o país, colocando novamente no cenário social o trabalho infantil.
    10) A lista do pacote de maldades do governo golpista não termina por aí, ameaça reverter cada conquista da classe trabalhadora em décadas de luta.
    11) É da subserviência desse governo ao capital internacional que deriva a atual política de preços da Petrobras e a preparação de sua privatização, o que resultou em aumentos consecutivos do preço do combustível e do gás de cozinha, levando milhares de pessoas a cozinhar com lenha e gerando a mobilização dos caminhoneiros que desabasteceu o país e, agora, a dos petroleiros, que acertadamente exigem uma mudança dessa política.
    12) É importante salientar, que em meio a essa ofensiva o povo brasileiro busca resistir de diversas maneiras.
    13) Ainda em 2016 os estudantes secundaristas brasileiros protagonizaram o importante movimento de ocupação das escolas. Estudantes universitários realizam constantemente greves e manifestações, como recentemente na UNB e na UFMT.
    14) Os trabalhadores, organizados por seus sindicatos, a CUT e demais centrais, realizaram a maior greve geral da história desse país – com apoio enfático da juventude – que conseguiu impedir a aprovação da reforma da previdência e dividir os golpistas.
    15) Vem dessa resistência do povo brasileiro a necessidade deles de prender Lula e perseguir o PT e seus dirigentes históricos.
    16) Afinal, passados dois anos, liderando a resistência popular contra o golpe e suas consequências, o PT voltou a ter a preferência de 20%, enquanto Lula chega aos 40% e pode vencer as eleições no primeiro turno. Nesse processo milhares de jovens participaram das manifestações, compareceram às caravanas de Lula pelo país e diariamente dezenas de jovens se filiam ao Partido dos trabalhadores.
    17) A Juventude do PT tem uma enorme responsabilidade pela frente. Nascido da força da juventude sindical, estudantil, militante rural e das comunidades eclesiais de base, o PT ainda se depara hoje proporcionalmente com níveis muito menores de filiados jovens, fruto não apenas do envelhecimento da população, como também da dificuldade objetiva de absorver as demandas e as organizações de juventude atuais.  Nós temos a obrigação de organizar amplamente essa juventude que se dirige ao PT e com ela, ajudar os jovens brasileiros a se ligar às lutas da classe trabalhadora para resistir e virar esse jogo!
    18) Nesse caminho não podemos repetir erros do passado. A situação exige reafirmar a candidatura de Lula. Não há plano B. Eleição sem Lula é fraude!
    19) Lula é o único que pode derrotar a coalizão golpista e todos os seus representantes e as falsas saídas que representam.
    20) A intervenção militar não é solução como bradam grupos de extrema direita ou pessoas manipuladas. A ditadura militar perseguiu trabalhadores, prendeu, torturou e matou. Dilapidou o patrimônio nacional, arrancou direitos e precisou ser vencida com o suor e sangue de milhares de militantes que dedicaram suas vidas à democracia em meio a um processo que resultou na criação do próprio PT e da CUT.
    21) O fracasso da intervenção militar no Rio, com prisões ilegais, ataque as liberdades democráticas, a incapacidade de solucionar a execução de Marielle (Mais de três meses depois!) são outra expressão disso. É preciso, aliás, por um fim nessa intervenção e impedir a constante utilização do exército como meio de repressão do povo, como se viu novamente na greve dos caminhoneiros.
    22) A única solução para a crise do país passa por Fora Temer e pela realização de eleições livre e democráticas, com Lula Livre e candidato, para que o povo possa escolher quem deseja.
    23) Nessas eleições buscaremos eleger os candidatos do PT para assembleias, câmara e senado, além dos governos do Estado. Mas acima de tudo vamos eleger Lula pois ele é o único capaz de impulsionar um programa e uma estratégia de transformações políticas sociais e econômicas profundas no país, em favor da classe trabalhadora. Para isso é necessário revogar as medidas do golpe através da convocação de uma Assembleia Constituinte Soberana (pois com um congresso com as atuais regras não dá), como afirma a resolução do 6° Congresso do PT e como afirmou Lula no histórico discurso de São Bernardo do Campo: “A prioridade é garantir a que este país volte a ter cidadania. Não vão vender a Petrobras! Vamos fazer uma Constituinte! Vamos revogar a lei do Petróleo que eles tão fazendo!” (Lula)
    24) De fato é preciso revogar a lei do Petróleo, recuperar a Petrobras e outras empresas privatizadas a preço de banana, voltar a financiar a saúde e a educação com o Pré Sal.
    25) É preciso combater o genocídio e o encarceramento da juventude. Este genocídio que aflige a juventude negra brasileira tem como base o racismo estrutural que é marca da nossa sociedade. Ele se alimenta da vulnerabilidade extrema na qual se encontram nossos jovens. Para enfrentar essa situação é preciso ter a juventude negra como centro das políticas públicas dos governos petistas, especialmente na Educação, e construindo perspectivas de bem viver para essa população. Precisamos ainda, apresentar um projeto alternativo de segurança pública que passe por desmilitarizar a polícia militar e mude a política punitiva de hiperencarceramento que lota nossos presídios com jovens.
    26) É preciso legalizar o aborto, cuja proibição mata mulheres todos os dias.
    27) É preciso revogar a emenda constitucional 95, voltar a investir em educação, expandir universidades e escolas técnicas, aprofundar o debate sobre federalizar o ensino médio como prometeu Lula, combatendo as falsas soluções da militarização de escolas civis ou de terceirização de escolas públicas.
    28) É preciso colocar um freio no obscurantismo crescente, acabar com os projetos de escola sem partido, enfrentar o machismo e a LGBTFobia crescentes.
    29) É preciso revogar a reforma trabalhista, recuperar direitos dos trabalhadores e empregos para o povo brasileiro.
    30) É necessário um programa de reformas democráticas e populares capazes de superar este modelo econômico conservador e neoliberal em curso no país. E garantir um desenvolvimento com soberania nacional, democracia e garantia dos direitos para a classe trabalhadora, com a reforma agrária, urbana, a reforma tributária progressiva, reforma política, do sistema judiciário (estabelecendo controle social) e democratização da mídia.
    31) Para isso é necessária uma política de alianças com os movimentos sociais e com setores que aglutinem quem partilhe de uma perspectiva anti-imperialista, anti-monopolista, anti-latifundiária e radicalmente democráticas. O PT não deve se aliar com os setores golpistas que são os responsáveis por colocar o país na condição de exceção democrática e pelos retrocessos que afligem a classe trabalhadora.
    32) Essa conjuntura coloca a necessidade de reafirmar o nosso projeto político e nossa identidade partidária. Por isso a JPT defende a centralidade em lançar e fortalecer candidaturas próprias ou a aliança eleitoral que defenda a liberdade e eleição presidencial de Lula. Repudiamos movimentações que busquem abrir mão de nossas candidaturas por acordo que não contribuem para a disputa programática tampouco para os resultados eleitorais e a defesa da candidatura do Lula.
    33) Para garantir Lula Livre, Lula presidente e voltarmos a garantir um futuro para a juventude e os trabalhadores brasileiros temos uma enorme luta pela frente. Temos o desafio de transformar uma luta que até agora foi de milhares numa luta de milhões de homens e mulheres. Precisamos ter firmeza e ousadia!
    34) Buscando enfrentar esse desafio a JPT resolve:
    Organização e lutas
    35) Construir uma grande campanha de filiação para apresentar a militância partidária às jovens e aos jovens dispostos a enfrentar o neoliberalismo e o desmonte de direitos.
    36) Incentivar a organização de atividades de recepção para jovens filiados, principalmente os recentes filiados online.
    37) Organizar e impulsionar núcleos de jovens petistas em bairros, faculdades, escolas e locais de trabalho!
    38) Apresentar a unidade na ação para aprofundar relações entre a JPT e a juventude dos movimentos sociais ou que tem referência no PT e Lula, discutindo os métodos adequados para aprofundar tais ações.
    39) Criar uma plataforma que unifique as candidaturas jovens do PT para contribuir com as campanhas. Deste modo, saudamos as pré-candidaturas da companheira Ana Carolina a Deputada Estadual e do companheiro Adriano Plácido a Deputado Federal, bem como a de qualquer outro jovem que venha disponibilizar seu nome.
    40) Organizar uma campanha de auto financiamento da JPT e manter a defesa de 5% do fundo partidário para a juventude.
    41) Orientar o acompanhamento sistemático da frente Brasil Popular em todos os níveis.
    42) Promover intercâmbios de experiencias com os movimentos sociais e sindicais sobre as diferentes táticas de luta.
    43) Organizar a parceria com a mídia alternativa e popular.
    44) Buscar organizar que todas as candidaturas majoritárias do PT tenham uma coordenação de campanha de juventude.
    45) Organização a jornada de formação da juventude do PT, junto da secretaria nacional de formação.
    46) Buscar organizar os jovens petistas do movimento sindical, em especial da CUT.
    47) Orientar a impulsão e ação de comitês Lula Livre, Lula presidente por todo o país
    48) Organizar uma grande Marcha da Juventude à Brasília no dia 15 de agosto para registrar a candidatura de Lula como candidato a presidente do país.
    49) Organizar uma campanha permanente pela Liberdade dos nossos presos políticos, Lula, José Dirceu, Vaccari e Delubio.
    50) Organizar, enquanto Lula estiver preso, em todo dia 13 de cada mês um dia nacional de mobilização da JPT, com orientação para que secretarias estaduais, municipais, núcleos da JPT organizem panfletagens e manifestações (com panfleto próprio da JPT a ser produzido pela executiva nacional da JPT)
    51) Garantir a realização do 4° congresso da juventude do PT no primeiro semestre de 2019 com etapas municipais, estaduais e nacional, propiciando discussão e participação democrática com a eleição de delegados na base garantindo ampla mobilização, a legitimidade e representatividade na renovação das instâncias da direção da JPT, cujo cronograma e regimento será divulgado até dezembro de 2018.
  • Por que certa elite quer o parlamentarismo?

    Por que certa elite quer o parlamentarismo?

    Rodrigo Perez Oliveira, professor de Teoria da História na Universidade Federal da Bahia (UFBA), com charge de Genildo

     

    O tempo costuma passar mais rápido em experiências de crises tão agudas como essa que vivemos aqui no Brasil desde 2013.

    Mal nos recuperamos do grave desabastecimento provocado pela greve/lockout dos caminhoneiros e a crônica política cotidiana nos coloca diante de mais uma questão que diz muito sobre a crise, que diz muito sobre o Brasil.

    Estou falando da decisão da ministra Carmem Lúcia, presidenta do Supremo Tribunal Federal, de colocar em discussão o regime político brasileiro, dando à plenária da suprema corte a prerrogativa de decidir, sem consulta prévia à nação, se devemos ser governados por uma República presidencialista ou parlamentarista.

    Aos 45 minutos do segundo tempo, por algum motivo que ainda não está claro, Carmem Lúcia recuou e desistiu de pautar a matéria, o que não quer dizer que a discussão tenha sido encerrada.

    Desde que a crise institucional se aprofundou, ainda no mandato da presidenta Dilma Rousseff, que os grupos políticos que se envolveram diretamente na conspiração que golpeou a mandatária eleita em 2014 acalentam o velho sonho do parlamentarismo, que há muito embala o sono da elite do atraso.

    Por que parte das elites brasileiras deseja tanto a implementação do parlamentarismo no Brasil?

    É pra essa pergunta que ensaio uma resposta neste texto.

    Desde já adianto o argumento que me acompanha até o fim desta reflexão: aquilo que há de mais reacionário e atrasado nas elites brasileiras vê no parlamentarismo a possibilidade de uma democracia sem povo.

    É que pras nossas elites, as elites da terra, as elites do atraso e dos privilégios, a democracia não passa de formalidade a ser ostentada para a opinião pública internacional.

    Trata-se uma gente colonizada que morre de medo de levar a pecha da barbárie. É como se a elite do atraso fosse aquele homem endinheirado mas de hábitos brutos que precisa de traje alinhado para frequentar a high society e dizer “vejam como sou civilizado e limpinho”.

    O problema é que a democracia é um combo e traz consigo um probleminha: o tal do povo, sempre tão perigoso e temido. É aqui que o parlamentarismo se torna uma solução, se torna a possibilidade de uma democracia devidamente saneada, controlada e segura.

    Ao longo da história moderna, o parlamentarismo teve diversos formatos, que podem ser resumidos a um aspecto central que bem define essa experiência de governo: o enfraquecimento da instituição Presidência da República.

    Na perspectiva liberal, esse enfraquecimento é visto como algo positivo, pois o voto para cargos legislativos teria maior capacidade de representar os interesses dos eleitores do que os votos direcionados aos cargos executivos.

    Segundo o princípio da representação liberal, o parlamentar, na medida em que é eleito na localidade, está mais próximo do eleitor e, por isso, é mais capaz de representar os interesses da comunidade que o elegeu.

    Acontece que em uma sociedade de modernização incompleta como é o Brasil, o voto para cargos legislativos, justamente por serem regidos pelos interesses locais, são mais sensíveis às pressões e cooptações que acabam falseando a representação política.

    No Brasil, o bairro, o distrito, a comunidade, são territórios dos mandatários locais, que ora podem ser o fazendeiro, o traficante, o miliciano ou até mesmo o pastor neo-pentecostal. Com uma estratégia que combina violência, favores financeiros imediatos e vínculos de foro íntimo, essas lideranças condicionam a escolha do eleitor.

    Ou em outras palavras: o eleitor pobre brasileiro quando vota para vereador, deputado estadual, senador e deputado federal tende a basear sua escolha no medo de uma agressão física, no interesse financeiro imediato ou em relações de parentesco e amizade. Chamo esse voto de “paroquial”, pois ele é praticamente desprovido de qualquer conteúdo programático geral, sendo regido, apenas, pela dinâmica de interesses nada republicanos.

    Quero dizer, então, que o eleitor pobre não é capaz de se fazer representar pelo voto?

    De forma alguma! Somente um elitista incorrigível seria capaz de dizer tamanha bobagem!

    Estou dizendo apenas que por uma série de motivos, típicos de uma sociedade extremamente desigual e que ainda não foi capaz de se modernizar plenamente, essa representação não se dá pelo voto direcionado aos cargos legislativos.

    A representação da vontade do eleitor mais pobre acontece através do voto destinado aos cargos executivos, especialmente à Presidência da República.

    Há aqui uma racionalidade eleitoral que reúne cálculo e afeto.
    Trata-se um tipo de representação política que contraria os preceitos liberais e faz da Presidência da República o coração da democracia à brasileira.

    O brasileiro pobre sabe exatamente o que está fazendo quando vota para Presidente da República.

    O brasileiro pobre sabia exatamente o que estava fazendo quando elegeu e reelegeu Fernando Henrique Cardoso. Por uma sensibilidade prática, as pessoas identificaram a figura de FHC com a estabilidade econômica, o que no cotidiano dos brasileiros pobres assumiu a forma do controle da inflação.

    – Como estava a vida antes de Fernando Henrique ser presidente?

    – Tudo caro nas prateleiras dos supermercados.

    – Como ficou depois?

    – Melhorou. Passamos a viver melhor.

    – Pronto. Vamos votar no cabra!

    A partir do momento em que a imagem de Fernando Henrique Cardoso deixou de estar associada ao controle da inflação e começou a representar o desmonte do Estado, o príncipe dos tucanos passou a ser o maior queimador de filmes da política nacional. Todos que colaram nele e tentaram reivindicar o seu legado foram rejeitados nas urnas.

    O povo não é burro. De burro tem nada não.

    O povo pobre sabia exatamente o que estava fazendo quando elegeu e reelegeu Lula, quando elegeu e reelegeu Dilma. É que chegou um momento em que apenas estabilidade econômica passou a ser pouco.

    O povo queria mais, queria o Estado atuando como agente provedor de direitos sociais. O povo enxergou no Partido dos Trabalhadores e na liderança de Lula o projeto político capaz de viabilizar esse desejo.

    É isso que explica a sobrevivência política de Lula, mesmo após quatro anos de intenso bombardeio. Qualquer outro já estaria destruído.

    Lula lidera com folga as pesquisas eleitorais e seria eleito mesmo preso, talvez em primeiro turno. Não é só carisma. É cálculo. É estratégia. É o povão fazendo política.

    O brasileiro pobre olha para Lula e vê a possibilidade de uma vida mais digna. Vê água na torneira. Vê luz elétrica. Vê crédito facilitado. Vê conforto. Vê consumo.

    – Você vai votar em quem?

    – Em Lula, é claro!

    – Mas ele tá preso. Ele roubou. Deu no Jornal Nacional.

    – Ah sei lá. Só sei que com ele a vida estava melhor. Vou votar nele mesmo.

    Quando o eleitor pobre vota para a Presidência da República, ele está menos exposto à cooptação das elites da terra, das elites do atraso e mais comprometido com os seus próprios interesses. As elites do atraso sabem disso.

    As elites do atraso sabem perfeitamente que ao longo da história do Brasil moderno (de 1930 para cá), as eleições presidenciais lhes trouxeram mais derrotas que vitórias. Tá aí o aspecto incômodo do regime presidencialista: quando vota pra Presidente da República, o povo pobre efetivamente escolhe.

    É por isso que o parlamentarismo é o velho sonho das elites do atraso, sendo o principal projeto institucional do golpe em curso no Brasil.

    Numa República parlamentarista, com a instituição Presidência da República enfraquecida e esvaziada, o povo pobre pode eleger quem quiser que o poder político efetivo estará nas mãos do Congresso Nacional, dos mandatários locais eleitos pelos fazendeiros, pelos traficantes, pelos milicianos, pelos pastores neo-pentecostais.

    Num Brasil parlamentarista, a real vontade dos mais pobres não seria representada no plano da política institucional.

    Sei bem que muitos companheiros de luta são traumatizados com a memória da ditadura militar e, por isso, vivem às voltas com o receio de uma nova intervenção militar que reconduziria as forças armadas ao controle do Estado brasileiro.

    Uma intervenção militar desta natureza é mais que improvável. Os tempos são outros: não há mais a polarização ideológica da Guerra Fria, as forças armadas não possuem mais doutrina de governo. O que existem por aí são três ou quatro generais de pijama, sem tropas, buscando likes no twiter.

    As Forças Armadas estão dóceis ao poder instituído e se tiverem que ir a campo farão no melhor estilo pretoriano: sem nenhum protagonismo, para garantir a “lei e a ordem”, o que na prática significa defender os interesses do golpe neoliberal, um golpe civil, togado e chancelado pelo Sistema de Justiça.

    É fundamental superar os antigos traumas para que nossos sentidos sejam capazes de perceber os novos perigos.

    O parlamentarismo, sim, é uma ameaça gravíssima e uma necessidade de primeira urgência para o golpe neoliberal.
    O golpe neoliberal não fecha sem o enfraquecimento da instituição Presidência da República. O golpe neoliberal não encontrou candidato viável capaz de defender a sua agenda nas urnas.

    Por isso, o golpe neoliberal precisa, desesperadamente, do parlamentarismo.

    Hoje, o parlamentarismo seria mais desastroso para a nação do que qualquer ditadura militar. O parlamentarismo seria capaz de reivindicar a formalidade democrática e expulsar a vontade popular do jogo político, pra sempre.

    Tá aí o velho sonho das elites do atraso. Essa gente é insistente e perigosa.