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  • Instituto Lula: sobraram questionamentos, faltaram respostas

    Instituto Lula: sobraram questionamentos, faltaram respostas

     

    Um exército sem generais. A base do Partido dos Trabalhadores compareceu ao Instituto Lula no domingo (16/8), mostrando sua força. Os dirigentes do partido, no entanto, faltaram mais uma vez

    Nesse domingo, 16, foi realizado no bairro do Ipiranga em São Paulo, em frente ao Instituto Lula, um ato em defesa da democracia que reuniu cerca de 5 mil pessoas. A ação foi uma resposta ao grupo que pede o impeachment da presidenta Dilma, chegando ao fanatismo de recorrer às Forças Armadas.

    O ato contou com bateria de escola de samba e com a aguerrida militância, não só do Partido dos Trabalhadores, mas dos movimentos populares e sindical. Dentro da programação do ato, foi realizada a 3ª Jornada pela Democracia, projeto que propõe debates temáticos com transmissão ao vivo pela TVT. Essa é a segunda vez que a Jornada é realizada como forma de enfrentar a narrativa golpista das manifestações chamadas por movimentos como o Movimento Brasil Livre e o Vem para Rua.

    Participaram dos debates nomes como Laerte, Sérgio Shecaira, Vagner Freitas, Raimundo Bonfim, Paulo Teixeira e Eduardo Suplicy, entre outros. A escolha do local do ato tem uma importância ainda maior: há duas semanas o Instituto Lula sofreu um atentado. Foi a prova de que a intolerância pode chegar ao seu nível mais extremo, o da violência.

    Adriano Diogo, ativista pelos direitos humanos e #JornalistaLivre, foi um dos debatedores e acompanhou o ato. Veja sua percepção sobre o dia:


    “Venta nas Ruas um ar frio
    Cheio de medo.
    Venta nas ruas um ar pesado
    Cheio de pranto.
    Venta nas ruas, frias ruas
    Um cheiro de morte…
    Venta nas ruas, frias ruas
    Onde vivem de joelhos
    Venta nas ruas, onde morre o horizonte
    Venta nas ruas, tristes ruas
    Onde floresce a morte…
    A morte…
    A morte…”

     

    Música “Venta nas Ruas”. Cortejo de João Guilherme Ratcliff — líder revolucionário da Confederação do Equador, condenado à morte na cidade de Recife.

    Quando eu cheguei ao Instituto Lula nesse domingo, fui positivamente surpreendido por uma multidão de umas 5 mil pessoas. Imaginei que seria uma apenas uma pequena concentração simbólica de militantes. Mas ao contrário. As pessoas chegavam de vermelho, principalmente do movimento sindical, sorrindo. Uma festa. E as entidades que chamaram o ato usaram todo o aparato necessário para reproduzir esse clima. Os balões dos sindicatos marcavam a forte presença dos movimentos: Apeoesp, CUT, Sindicato dos Bancários e outros. O ato foi chamado por entidades, como o Instituto Lula, a Central Única dos Trabalhadores e a Central dos Movimentos Populares.

    O ataque ao Instituto na semana retrasada deu um peso ainda maior ao evento. Finalmente eu pude ver o local onde a bomba estourou, a porta ainda estava toda perfurada, mostrando os fragmentos do projétil.

    Os debates da Jornada pela Democracia complementaram a função política do ato. Foi como uma enorme aula pública, que a multidão acompanhava atenta. A mesa de que participei era composta pela secretária nacional de Juventude da CUT, Léa Marques, e pelo padre Zé Geraldo, com a mediação da jornalista Katia Passos, também dos Jornalistas Livres.

    Mas quem eram as pessoas de relevância política que estavam lá? Muitos jornalistas, médicos, intelectuais, professores. Muitos militantes históricos que foram tentar dialogar com alguém. A mobilização do PT foi concentrada na Grande São Paulo e região do ABC. Alguns deputados e alguns vereadores marcaram presença, mas, no geral, a representação do partido foi fraca.

    Qual era a cara das pessoas que estavam lá? Era a da indagação na busca de respostas e orientação. Houve isso? Muito pouco, muito pouco. Isso, apesar de, no mesmo final de semana, a revista “Veja” trazer um relatório sigiloso do Coaf (Conselho de Controle de Atividades) abrindo todo o sigilo bancário de Lula e do Instituto, colocando sob suspeição toda a biografia do Lula. Como é que um documento sigiloso do Governo Federal foi parar nas mãos da revista, sem que o ex-presidente estivesse a par da situação?

    As pessoas queriam saber: “O que Lula fala sobre isso?” Logo ficou-se sabendo que Lula tinha ido no próprio domingo de manhã a Brasília, para conversar com Dilma. “O que foi fazer lá?” Aceitou a indicação como ministro para ter o foro privilegiado? Ou preferiu a dignidade de não se acobertar em um cargo de ministro?

    Ele não aceitou o cargo de ministro. Mas quem estava lá não sabia disso. Não sabia também se havia chance de ele ser preso. E não era só isso que não sabiam.

    Veja a situação: de um lado milhares de pessoas no Brasil inteiro, paramentadas de amarelo, em um nacionalismo exacerbado; do outro 5 mil pessoas militantes sinceros querendo saber o que estava acontecendo e por que estava acontecendo.

    E qual era o único encaminhamento que havia na única mobilização que fez o enfrentamento ao golpe no dia 16: a perspectiva de organizar bem o dia 20.

    Organizar bem o dia 20 para quê? Como? Qual a orientação? Um verdadeiro exército sem generais.

    Mais uma vez a militância de esquerda e a base petista se mostravam prontas para o embate de ideias e as ações políticas, mas estavam órfãos e atônitos.

    Esperava-se uma grande representação partidária e dos governos do PT da Grande São Paulo. Esperava-se também uma maciça participação de parlamentares, secretários de governos; respostas a tantas infâmias. Dentro daquele público tão diversificado e qualificado, tão pouca gente para orientar, responder e alimentar as esperanças. Apenas a direção do Instituto Lula, que deu todo o suporte e estava lá, enfrentando as dificuldades.

    São Paulo jogou toda a sua energia de mobilização no ato do dia anterior na Arena Corinthians. Milhares de pessoas foram em busca da regularização de seus terrenos. Mas e a mobilização, e o repúdio ao ataque ao instituto? E a resposta ao que acontecia com pessoas enlouquecidas com as mentiras assacadas contra tudo de bom que aconteceu no país nestes últimos 12 anos?

    Desde a época que antecedeu a ditadura não víamos manifestações tão agressivas e tão antipopulares. Desde a época que antecedeu o golpe de 1964 não víamos um congresso tão conservador e tão anti-democrático.

    Na porta do Instituto Lula, estavam presentes a resistência, a esperança, a coragem e a certeza que esse país pode continuar melhorando e acabando com o analfabetismo político.

    Mas era um exército sem generais.

    Uma tribo sem caciques.

    Uma nação sem dirigentes.

    Diante de tantas indagações, pouquíssimas respostas.

    Talvez naquele dia, na porta do Instituto, as pessoas pudessem se perguntar livremente: cadê os nossos aliados? Cadê os nossos coligados? Cadê os partidos que fazem a base de sustentação a nossos governos? Estavam lá ou estavam na Paulista de verde-e-amarelo, batendo bumbo e chamando o golpe?

    Qual foi o erro que cometemos e por que os cometemos nesses 35 anos de vida? Por que não explicamos mais e melhor o que foi a Ditadura? Por que não contamos direito o que foi a tortura, as prisões e os desaparecimentos dos adversários do regime dos militares? Por que esquecemos os atentados a bomba contra bancas de jornais, contra o Riocentro, contra sede da OAB do Rio de Janeiro… E agora ficamos perplexos com o arremesso de um artefato explosivo contra a nossa própria casa, a casa que abriga o Lula.

    Por que omitimos de nossa base que tantas pessoas foram vitimadas pela ditadura? Por que cedemos nos planos municipais de educação à perseguição de gênero para os mesmos grupos monarquistas que saíram às ruas em 1964 em nome da família?

    Por que permitimos que as panelas da burguesia voltassem a rufar contra a liberdade do povo brasileiro?

    Poderíamos chamar de uma acefalia política. Mais de 5 mil pessoas se dirigiram a um encontro com imensa representatividade simbólica. Havia muitos militantes históricos, que participaram de lutas e da fundação do PT. Todos foram com uma expectativa muito grande. E onde que as pessoas obteriam respostas? Na internet, nas redes sociais, ou mesmo consultando os sites dos grandes jornais e das grandes emissoras de televisão. Isso é: no campo antagônico, o mesmo que estava promovendo os atos na avenida Paulista.

    Muitos dirigentes não foram ao Instituto Lula porque viajaram, pois acreditaram que a bandeira branca apresentada pelo editorial do jornal “O Globo”, dias antes da manifestação seria o suficiente.

    Nem o próprio Lula foi pautado para receber a multidão e foi enviado para Brasília em um café da manhã no Palácio Presidencial que gerou muitas dúvidas e controvérsias.

    O Instituto Lula estar posicionando é fundamental, eles têm cultura política, de golpe, mas não é o suficiente. Essa cultura não foi disseminada no PT. Sempre se priorizaram alianças, governos de coalizão. A nova geração tem dificuldades de compreender o momento político do Brasil por que nunca lhe foi transmitido esse DNA do que foram os 21 anos de Ditadura no país.

    Muitas pessoas queriam saber qual foi a posição do partido em relação à chacina ocorrida em Osasco, uma cidade governada pelo PT, enquanto o secretário estadual da segurança pública fazia fotos e poses no ato da avenida Paulista apoiando os golpistas. Saíram sem respostas.

    Espero que, assim como eu, que fui tão animado, as 5 mil pessoas que lá se dirigiram tenham voltado com um pouco de esperança.

    O dia 20 não é auto-organizativo. Não vai surgir de uma geração espontânea. É necessário explicar para as pessoas o que é um golpe e quais as suas consequências trágicas para um povo e para um geração.

    Democracia tem imperfeições, mas não há nada melhor que tenha sido inventado na humanidade. É como ar que a gente respira, pode ser poluído, impuro, mas é a essência da vida.

    Esperamos que o Brasil sobreviva a esse tsunami nacionalista verde-e-amarelo.

    E que as cores do arco-íris sobrevivam na enorme aurora da esperança.

    Agosto, 2015.

  • O povo foge da ignorância, apesar de viver tão perto dela

    O povo foge da ignorância, apesar de viver tão perto dela

     

    No último domingo (16), convoquei dois amigos para ir comigo nas manifestações na Praça Santos Andrade, centro de Curitiba. Nós três somos filiados ao Partido dos Trabalhadores, militamos diariamente e ocupamos cargos de direção em gestão de representação do movimento estudantil.

    Como uma experiência quase antropológica, adaptamos ao contexto com camisas ‘normais’, retirei adesivos da mochila e celular (referentes ao coletivo que integro no movimento estudantil), pulseira da Marcha das Margaridas (havia participado do evento dois dias antes) e demais acessórios. Adotamos o papel de ambulante e das 13h até 17h acompanhamos o ato vendendo bebidas (melhor maneira de conversar com as pessoas sem ter que interpelar).

    A experiência foi muito interessante, respeitamos a democracia, o direito da livre manifestação e aproveitando pra exercer alteridade, que não é simples, dessa formar observar além da generalização de que são “burros”, “ignorantes”, “loucos”, “coxinhas”. Até porque os grupos que reivindicavam intervenção (golpe) militar e reclamavam da “ameaça comunista” são bem menores, mas incômodos e raivosos.

    O intuito era compreender a participação daquelas que não compõe o ato cegamente pelo ódio, desrespeito, desejo de vingança, incapacidade de abrir mão dos privilégios ou mesmo de enxerga-los, esses são notáveis que o diálogo não está aberto e o delírio predomina. Portanto, queríamos fomentar o diálogo para entender o que eles querem dizer com o “Fora Dilma”, “Fora PT” e pedir impeachment, REFORÇO, ouvir o que eles entendem por tais expressões, não colocar nas categorias do que eu entendo como tais expressões.

    Fica visível que a maioria dos presentes não pertence a grupos sociais mais pobres e sim das classes alta e média, também eram brancos em sua maioria, pude contar meus dois amigos e mais seis pardonegros em meio de mais 30 mil pessoas (campo de visão do local que estávamos), isso não deslegitima a natureza ou invalida a pertinência das reivindicações dos presentes, também não a configura como plural e diversa como em 2013, mas reforça autocrítica em buscar onde estão as falhas que culminam nas atuais crises, digo no plural, porque vejo três crises diferentes (financeira, política-institucional e a social).

    Foto: Isabella Lanave/R.U.A Foto Coletivo

    Um dos momentos que mais evidenciou pra mim, o esvaziamento de discurso dos participantes da manifestação, foi quando ao retornar das manifestações, encontramos uma família que mais cedo havia nos visto na fila do mercado e nos observou vendendo durante toda à tarde de sol intenso as bebidas. Perguntaram-nos se havíamos vendido tudo e elogiaram nossa tenacidade, enfatizando nosso esforço, o que tornou contraditório os elogios a nós, foi que essa mesma família horas antes bradava xingamentos aos petistas como “vagabundos”, “preguiçosos” e que “vivem de bolsa esmola”.

    Em suma, a experiência não foi fácil eu confesso, ouvi diversas vezes hostilidades à presidenta Dilma que jamais desejaria presenciar (como militante, mas principalmente como mulher) e incitação de discursos violentos que destoam do caráter político direcionando para a misoginia, preconceito, machismo e ódio às pessoas das classes mais baixas, questionamentos me inundaram durante o tempo que estive lá, mas compreender mesmo sem concordar é fundamental para quem defende a democracia.

    A superação da crise política e econômica passa por processos bem mais difíceis do que prevíamos, as tais reformas de base, mesmo que complexas, são as únicas formas reais de solução e enquanto não houver mudança no sistema político e sistema financeiro, permanecem esvaziados os discursos que tanto foram repetidos naquele domingo.

    Foto: Isabella Lanave/R.U.A Foto Coletivo
  • A cobrança e o cobrador

    A cobrança e o cobrador

     

    Conviria que FHC não pedisse hoje de Dilma a grandeza que lhe faltou em um episódio crucial de sua trajetória política

    Em janeiro de 1997, três anos depois da posse de Fernando Henrique Cardoso no Planalto, a Câmara dos Deputados aprovou a reeleição do presidente da República, governadores e prefeitos. Para entrar em vigor já no pleito seguinte, em cada caso. Em junho do mesmo ano, o Senado ratificou a decisão. Como tanto se disse à época, mudaram-se as regras no meio do jogo.

    Entre uma votação e outra, a Folha revelou que dois deputados acreanos do PFL (hoje DEM), Ronivon Santiago e João Maia, receberam R$ 200 mil cada um para votar pela reeleição. Expostos, renunciaram.

    No ano passado o jornalista Fernando Rodrigues lembrou que “dezenas de congressistas teriam participado do esquema. Nenhum foi investigado pelo Congresso nem punido.”

    Fernando Henrique Cardoso, que nesta segunda-feira (17/8) cobrou da presidente Dilma Rousseff um “gesto de grandeza” — ou renunciando, ou confessando “em voz franca” que errou — não teve a grandeza de renunciar à disputa do segundo mandato a que passou a ter direito em meio a uma maracutaia.

    Nem jamais admitiu que isso tenha sido em erro. Apenas em 2007, acossado numa sabatina, reconheceu — a contragosto — que “provavelmente” houve compra de votos pela reeleição. Mas negou, agora sim em voz franca, que o governo federal, o PSDB ou “muito menos” ele próprio tenham tido parte com a armação.

    Armação da qual, de toda forma, ele foi o beneficiário por excelência. E em relação à qual, ainda que não tivesse movido uma palha para desencadeá-la, tinha o “domínio do fato”, como diria o presidente do Supremo, Joaquim Barbosa, ao condenar José Dirceu no julgamento do mensalão sem provas específicas.

    Conviria, portanto, que FHC não pedisse hoje de Dilma a grandeza que lhe faltou em um episódio crucial de sua trajetória política.

    Quanto mais não seja, porque ainda falta demonstrar que também ela se reelegeu na esteira de um malfeito.

     

     

  • Golpistas levam menos gente para manifestações: Lula vira alvo nas ruas e na tela da Globo – exported from Medium

    Golpistas levam menos gente para manifestações: Lula vira alvo nas ruas e na tela da Globo – exported from Medium

     

    Repete-se a tática de março: manifestações, mesmo esvaziadas, Brasil afora servem como “esquenta” para o ato em São Paulo na parte da tarde. Mas nem os takes fechados são capazes de disfarçar que os protestos são pífios

    As primeiras cenas, ainda de manhã, provocam desânimo entre âncoras e repórteres da Globo. No intervalo do programa esportivo, perto de 10 horas da manhã, entra o link de Brasilia: “são 500 pessoas na Esplanada dos Ministérios…”, diz o repórter. A imagem mostra um imenso vazio. Claro que logo começa um incrível atropelo de números: 2 mil, 5 mil, logo 25 mil pessoas. E segue a imagem do vazio.

    De repente, na transmissão de Brasília, o áudio da Globo falha, a câmera treme, e do estúdio o apresentador tenta salvar a situação: chama agora imagens de Belém (PA), e ali parece haver mais gente. A Globo trabalha com takes fechados durante toda a manhã. Repete-se a tática de março: manifestações, mesmo esvaziadas, Brasil afora servem como “esquenta” para o ato em São Paulo na parte da tarde.

    Em Salvador, o take mais aberto derruba a estratégia da Globo: pouca gente na rua

    Mas nem os takes fechados são capazes de disfarçar que em Belo Horizonte, Maceió, Salvador e no Recife os protestos são pífios. No Rio, há mais gente na praia do que no asfalto de Copacabana — onde se repete o discurso de ódio e os apelos por intervenção militar.

    Logo fica claro que a decisão da Globo de poupar Dilma e o governo, para evitar o desarranjo da economia, não significa recuo nos ataques a Lula e ao PT.

    No Recife, o cinegrafista da Globo passeia pela manifestação, e encontra cartazes pedindo a prisão de Lula. O enquadramento muda rápido para um plano mais geral (o profissional deve ter achado que aquilo estava demais). Mas a câmera logo volta aos cartazes, agora em take bem fechado: Lula atrás das grades.

    A impressão foi de que alguém deu a instrução, pelo “ponto”: foca no barbudo.

    Logo depois, Alex Escobar (narrador esportivo medíocre) tenta “narrar” a manifestação de Belém. Ele lê para o telespectador uma faixa agressiva contra Lula e Dilma. E conclui: “um claro protesto contra a corrupção.”

    Não, caro Alex: o protesto não é contra a corrupção. Mas contra o PT. Se fosse contra a corrupção, Aécio não teria se sentido tão à vontade para desfilar no também esvaziado ato de BH. E Cunha não teria sido poupado. Aliás, uma faixa aberta em BH chegava a afirmar (em lapso freudiano): “somos milhões de Cunhas”. Aí, tudo ficou mais claro.

    Cunha poupado. E todo ódio centrado em outro personagem: Lula, Lula, Lula. Esse era o nome. Era isso que importava.

    Se esse dia de manifestações mais fracas por todo o país teve um toque diferente foi o fato de Lula ter sido transformado em alvo central. Tanto nas ruas quanto nos comentários de quem estava no estúdio.

    Outro exemplo: a equipe da Globo mostra manifestação de apoio ao ex-presidente, em frente ao Instituto Lula em São Paulo. Manifestantes gritam: “mexeu com Lula, mexeu comigo”. Cristiana Lobo, no estúdio, comenta: “é… mas a sociedade vai querer mexer sim com o Lula.”

    Hum… Qual sociedade, Cristiana? Ela procura falar em nome da sociedade. Mas fala mesmo em nome dos patrões.

    Nada, na Globo, se faz sem a decisão tomada nas reuniões do “comitê” (que reúne João Roberto Marinho e os dirigentes dos principais veículos da família: jornais, TV, rádio, internet). Cristiana Lobo se traiu no ar: a decisão é levar Lula para o canto do ringue. E depois, se possível, para a cadeia. Com ou sem provas. A decisão já está tomada. Isso está claro.

    Este blogueiro passou no fim da tarde pela manifestação petista em frente ao Instituto Lula, e ouviu exatamente essa análise de duas pessoas próximas ao ex-presidente: “a Globo não vai aliviar para o Lula, vai partir pra cima. Temos informações claras sobre isso.”

    – Guerra de Imagens–

    Um boneco de Lula, com roupa de presidiário e marcado com o número 13, foi o principal “fato” do dia na guerra de imagens. A figura apareceu no esvaziado protesto de Brasília. E deve povoar as capas de jornais nesta segunda-feira.

    O Lula “presidiário” cumpre a clara tarefa de dar fôlego à narrativa de que a prisão do ex-presidente é algo desejável e “natural”.

    As manifestações do dia 16 tiveram mais uma vez cartazes absurdos, com pedido de golpe e intervenção militar. Em quase todo o país, o número de participantes foi muito inferior ao que se viu em março. Em São Paulo, também, menos gente foi às ruas; mas a queda não foi tão grande. E de toda forma mais de 100 mil pessoas estiveram na Paulista — segundo o “DataFolha”.

    Este blogueiro passou por lá, conversou com muita gente, e pode dizer que a maioria absoluta era formada por anti-petistas raivosos. Gente que sempre detestou Lula e o PT, e agora se sente mais à vontade pra manifestar esse ódio. O povão que votou em Dilma, e está ressabiado com o governo, este não foi pra rua — de novo.

    – Aécio derrotado –

    Mãos ao alto: Aécio saudado em BH, pelos manifestantes do protesto “apartidário”

    As manifestações terminam também com um claro derrotado: Aécio Neves. Ele precisava de um “estouro da boiada” nas ruas, para pressionar Globo e grandes empresários a centrar fogo em Dilma, e “bombar” de novo o impeachment. Com menos gente na rua do que em março, o delírio golpista de Aécio fica inviabilizado.

    Parece ganhar força no PSDB a ala mais moderada, que aposta em manter Dilma cambaleando no governo, ao mesmo tempo em que se sangra a figura pública de Lula — ara evitar sustos em 2018.

    Ninguém deve se enganar: o tom da cobertura na Globo mostra que Lula agora é o alvo central.

    As condições para uma eventual prisão do ex-presidente não estão dadas. Juridicamente, não há nada concreto contra ele. Mas o jogo começou.

    – A narrativa midiática –

    A essa altura, o que se procura é construir uma narrativa midiática que permita — ainda que com indícios absolutamente frágeis — submeter Lula a um constrangimento absoluto, sob a condução do juiz Sergio Moro na Lava-Jato.

    Ninguém deve ter dúvidas: Moro vai tentar. Ninguém deve ter dúvidas: a operação já começou. E ninguém deve ter dúvidas: a operação de caça a Lula conta com apoio decidido dos principais meios de comunicação do país, especialmente a Globo.

    Dilma ganhou tempo pra respirar (sobre isso, clique aqui para ler o texto de Renato Rovai). E Lula ganhou a certeza de que é o alvo da operação jurídico-midiática que tenta, já em 2015, antecipar o resultado e liquidar a fatura da eleição de 2018.

     

  • “Não vai ter golpe.” Entendeu?

    “Não vai ter golpe.” Entendeu?

    Desde pelo menos o início da década de oitenta, milhões no Brasil sonhavam com a democracia que já acenava no horizonte de um governo civil-militar que dava seus últimos suspiros.

    A luta de muitos cujas vidas foram devassadas, atormentadas e destruídas enquanto lutavam contra o golpe de 64 e, depois, pela conquista da democracia no Brasil, foram e são testemunho dessa transição lenta e inconclusa que germinou esperanças, provocou canções, espetáculos de teatro, obras de arte, deu guarida à indignação de trabalhadores, incitou intelectuais e acadêmicos a saírem de suas cadeiras e gabinetes, instruiu políticos a defenderem uma pauta republicana e amadureceu estudantes.

    Uma nova ética foi inaugurada no Brasil, que muitos ainda chamam de princípios da esquerda. Nessa pauta se incluem principalmente o combate sem tréguas às iniquidades que fundam a nação brasileira e, mais tarde, a luta pelo alinhamento entre o estado democrático de direito e os direitos humanos no país.

    Iludidos ou não, muitos que engrossaram tais fileiras plantavam no Partido dos Trabalhadores as melhores esperanças e talvez –secretamente — a revolução tão aguardada, que ocorreria por vias institucionais e eleições livres e justas.

    Mais de 12 anos depois das primeiras eleições presidenciais, o Partido dos Trabalhadores chegaria ao poder, e essa foi uma conquista de parte da sociedade brasileira e dos muitos que lutavam e lutam por um Brasil republicano.

    O PT no poder surpreendeu e decepcionou, foi corajoso e covarde, foi republicano e autoritário, condenou corruptos e se corrompeu, acertou e errou.

    A despeito do que pesa mais na balança nesse momento e destacado pelas análises sérias desse período — que hoje são a minoria sobre esses últimos quase 13 anos — o PT foi e é um partido que hoje se encontra no poder há mais de 12 anos, e que desde 2002 vem sendo reconduzido ao Planalto, sucessivamente, pelo cidadão que compareceu às urnas a cada nova eleição. Dessa trajetória, o que podemos afirmar é que o PT soube esperar.

    Soube aguardar a democracia, soube aguardar as eleições. Soube perder para Collor de Melo em 1989, para Fernando Henrique em 1994 e 1998 e se preparou para as eleições nos anos vindouros e venceu. O PT — com todos os seus erros e problemas que são muitos — , e cortando na própria carne, é o governo que mais apurou (e permitiu apurar) irregularidades, mazelas e corrupções de toda espécie, incluindo as de pessoas importantes do empresariado, da classe política e de seu próprio partido e governo. Jamais se viu tantas figuras ilustres das elites financeiras e políticas no banco dos réus, investigadas e sob suspeita.

    Como efeito e decorrência disso, os poderes judiciário e legislativo autônomos permitem uma das oposições mais críticas e francamente opositoras ao governo da história do país e tais lideranças dos poderes instituídos trabalham, para o bem e para o mal, segundo o regimento atual das câmaras legislativas.

    Os atuais líderes da câmara e do senado foram, também eles, duas vezes eleitos, primeiro pelos cidadãos brasileiros e, depois, para assumirem as respectivas presidências da câmara e do senado, pelos seus pares, igualmente eleitos pelo voto popular e, enquanto cumprirem o regimento e o decoro, será difícil acusá-los de irregularidades do ponto de vista do exercício de suas funções.

    Entretanto, nesse embate e nessa crise política que se aprofunda, mas que historicamente sempre existiu no país, há uma verdade inconteste que precisa ser repetida, alertada, denunciada: há hoje no Brasil um golpe de Estado a caminho. Um golpe que inclui e é efeito das oligárquicas concessões de rádio e TV — que o governo foi incapaz de apurar e redistribuir de forma mais representativa e equânime — e das negociações políticas e fraturas ideológicas às quais o Partido dos Trabalhadores muito rapidamente cedeu, estabelecendo ligações partidárias com o principal objetivo de se preservar no poder.

    Às tendências hegemônicas do PT parece nunca ter ocorrido que a fidelidade às suas bases é o que o levou e o levaria ao poder novamente, quantas vezes fosse possível e necessário, desde que o partido tivesse o que dizer e a quem convencer, e desde que tivesse quem se dispusesse a fazer isso (seus militantes e simpatizantes) em nome das bandeiras que historicamente carregava.

    O PT envergonhou o que no Brasil denominamos de princípios fundamentais e inegociáveis das esquerdas, aqueles que orientam na luta contra a assimetria de poder político e econômico no Brasil — e hoje, quem diria, o PT tem receio das manifestações de rua; seja por ser hostilizado por elas, seja por temer o risco de ver seu apoio muito reduzido e alquebrado.

    O partido então enfrenta a sua mais importante crise, desde sua fundação, e deve enfrentá-la com dignidade.

    Mas o que o PT, seus eleitores do passado e do presente, e todos os partidos e cidadãos que se auto denominam democráticos ou republicanos não podem aceitar é o golpismo, que pretende a alternância de poder à força e sem sustentação e que quer arrancar do poder executivo um partido que chegou a ele respeitando todos os preceitos da democracia representativa, persuadindo eleitores, e não por efeito de conflitos armados ou de pressões por renúncia ou impeachment sem circunstância e fundamento.

    Impeachment e renúncia não podem ser nem pleiteados e nem reivindicados a não ser implodindo a jovem democracia brasileira que mal chega aos seu 30 anos.

    Para as ruas devem ir agora e depois não apenas os petistas e os apoiadores do PT, hoje em menor número do que no passado, mas todos aqueles que lutaram para que partidos nascidos na democracia chegassem ao poder; porque democracia significa também a maturidade de aceitar a derrota e se preparar para novos pleitos.

    Sem isso os regimes não passam de pseudodemocracias, simulacros de falso republicanismo. E é evidente que diante do golpismo que se articula e organiza, o país necessitará da mesma energia e as mesmas virtudes que o reconduziram à democracia em 1985.

    Uma enérgica e contundente reação “nas escolas, nas ruas, campos e construções” contra o golpismo branco, que desmerece as últimas eleições e quer atropelar o tempo institucional que regula o voto, será urgente e necessária.

    Sem o respeito às decisões colhidas de eleições democraticamente instituídas e geridas, a pátria estará não apenas dividida, mas inteiramente afogada no ideário: se não ganho, não vale. E daí por diante a situação será imprevisível.

    Se o golpe se deflagra, a autorização para que resultados colhidos das urnas sejam desmerecidos e não reconhecidos no futuro terá sido dado.

    Quem disse que o impeachment ou a renúncia da atual presidente encerraria a crise política?

    Quem disse que outros milhões de brasileiros que no passado votaram em Lula e Dilma aceitarão passivos Aécios, Cunhas e quem mais vier, se empurrados goela abaixo, deslegitimando o voto conquistado historicamente com sangue, suor e lágrimas por grande parte da população brasileira?

    Como disse Renato Meirelles, presidente do Data Popular, em entrevista ao “El País”, a insatisfação com o governo não quer dizer desejo de que a presidente saia. Pode, inclusive, também expressar o desejo de que melhore. Para que, ao final do mandato, ela venha a fazer jus aos votos confiados a ela.

    Creio que para aqueles que levaram os membros do poder executivo e do legislativo ao poder pelas urnas e pelo voto a notícia deve ser emitida clara e limpidamente e sem hesitação: Não vai ter golpe!

    Respeitem o voto conquistado e que ainda rege nossa claudicante democracia.

    Mas se o golpe vier, isso não resultará num fim pacificador, ao contrário, convocará o início de reações e conflitos que podem vir a ser incontroláveis e cujo desfecho será imprevisível. Se o respeito ao voto do cidadão for desfeito, a cada um não restará muito mais do que agir por conta própria, num país onde as posições de consenso e as instituições são, constantemente, ridicularizadas e lançadas à lata do lixo.

    Caberá sempre ao eleitor decidir e reavaliar seu voto na próxima vez em que estiver diante das urnas. O sequestro do voto é um atentado grave à cidadania e aos cidadãos, num país em que o futuro da democracia ainda é totalmente incerto e nebuloso.

    Apertar o botão verde nas próximas eleições será o efeito de um sistema eleitoral que se moderniza e se consolida, e que se tornou tão propalado mundo afora, ou não será muito diferente de um vídeo game inútil e risível em que é sempre possível recomeçar o jogo do início diante da derrota.


    Paulo Endo* é psicanalista, professor da Pós Graduação em Humanidades, Direitos e Outras Legitimidades e do Instituto de Psicologia, ambos da USP, membro da Cátedra UNESCO de Educação para a Paz, Direitos Humanos, Democracia e Tolerância da USP.

  • Podemos —  Ação nas ruas e nas redes pela democracia plena e contra os golpes financeiros internacionais

    Podemos —  Ação nas ruas e nas redes pela democracia plena e contra os golpes financeiros internacionais

     

    por Vinicius Souza e Maria Eugênia Sá — www.mediaquatro.com — especial para os Jornalistas Livres

    O modelo atual das democracias representativas está em cheque. Em vários países, os partidos tradicionais entregaram o poder real ao sistema financeiro internacional. O exemplo mais gritante dessa realidade é a Grécia, onde a Troika (título dado à entidade, sem existência legal e nem submissão a qualquer legislação internacional, formada pelo Fundo Monetário, Banco Central Europeu e Comissão Europeia) acaba de obrigar o atual governo a aceitar um novo acordo recessivo mesmo com a oposição clara da população firmada por um plebiscito. Mas não é o único. Os povos da Espanha, Portugal, Irlanda e também Brasil ouvem diariamente, em quase todos os meios de comunicação, a ladainha de que não existe alternativa à política de austeridade e recessão que leva ao aumento do desemprego, da desigualdade social, da violência e dos lucros dos bancos. “O Podemos, um partido político nascido dos movimentos sociais e da resistência democrática popular à Troika, surgiu do grito: Sí, se puede”, explica Rafael Mayoral, advogado e secretário de relações com a sociedade civil e os movimentos sociais do partido.

    “Lutamos contra a cultura do medo, da desesperança e do pensamento e discurso único de que não é possível fazer as coisas de outra maneira”

    Em visita de quatro dias ao Brasil, Mayoral deu essa semana uma coletiva de imprensa no Centro de Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé, em São Paulo. E como não podia deixar de ser, a imprensa foi um dos focos da conversa. “A hegemonia da mídia é inquestionável. A TV estatal tem perdido audiência porque tem uma baixa qualidade e basicamente transmite a mensagem do Partido Popular. Já na imprensa escrita, há uma posição muito próxima do regime, mas temos de reconhecer o trabalho de alguns jornalistas que tentam fazer com que a informação chegue apesar das diferentes linhas editorias. Os meios audiovisuais são monopolizados por um par de grupos econômicos”, explica. “Nós enfrentamos essa situação afetando a realidade e ao mesmo tempo tentando modifica-la. Outra coisa importante é que as empresas privadas precisam vender seu produto e num momento de crise social o discurso político vende, porque as pessoas estão procurando referências políticas. É aí que conseguimos alguma penetração. É como um “cavalo de Troia”. Eles são obrigados a falar de nós, não necessariamente bem. De qualquer forma, cada vez mais falam de nossas propostas. Mas entendemos que temos uma necessidade de impulsionar uma maior democratização dos meios públicos que hoje são pequenos por causa de imposições legais, com mecanismos que garantam a pluralidade de ideias e participação social”.

    O Podemos, contudo, não se limita aos meios tradicionais. “Utilizamos todas as forma de comunicação que podemos, mesmo ferramentas como Twitter e Facebook, que não foram pensadas para comunicação política. Em 2008, por exemplo, convocamos uma eleição por SMS”, diz Mayoral. “O que fazemos é uma reapropriação dessas redes pelo povo. Apostamos muito também na transmissão de vídeos por streaming (ao vivo via internet) para conseguirmos, em assembleias decisórias sobre a organização do partido, a participação no pico de 50 a 60 mil pessoas”. As redes digitais também são essencial para a estratégia de financiamento do Podemos, concentrada em microcréditos e Crowdfunding (exatamente como os Jornalistas Livres). “Todos os partidos espanhóis possuem dívidas enormes com os bancos e portanto não podem agir contra seus interesses”, afirma. “Procuramos sempre formas de participação política direta, numa alternativa ao regime. É por isso também que temos uma grande preocupação com o acesso e a neutralidade da Internet”.

    “É um escândalo a Lei da Mordaça e os primeiros que deveriam se revoltar contra isso são os jornalistas, que podem sofrer graves punições por seu trabalho de cobertura”

    Filho das grandes manifestações dos Indignados e do chamado 15M, de 15 de maio de 2011, o Podemos segue apoiando-se num diálogo permanente com os movimentos sociais e com um pé nas ruas. “Quem quiser entender, que entenda. Não estamos nem à direita nem à esquerda. Viemos de baixo. O ator que devemos construir não é um partido, mas o próprio povo, para que as pessoas consigam assegurar seus direitos humanos, sociais, financeiros. Isso só é possível conversando sempre com todos os movimentos sociais, sejam sindicais, por moradia, aposentados etc. O objetivo não é construir um programa do Podemos, mas um programa da maioria da população. Por isso, apesar de podermos indicar todos os candidatos de nossas listas de votação, incluímos muitos nomes que não fazem parte do partido”, explica Mayoral. “Nesse sentido, é um escândalo a Lei da Mordaça, que proíbe reuniões políticas nas ruas com mais de 20 pessoas e os primeiros que deveriam se revoltar contra isso são os jornalistas, que podem sofrer graves punições por seu trabalho de cobertura. O objetivo é paralisar os movimentos sociais pelo medo de sanções. Mas continuamos nas ruas e temos conseguido vitórias contra as sanções nos tribunais. Lutando contra o medo e a paralisia”.

    O Podemos não pretende, também, ser modelo para nenhum partido ou movimento. E da mesma forma não se espelha em paradigmas europeus datados ou novos sul-americanos. Apenas observa e tenta aprender com as experiências dos demais e se solidariza com as lutas dos povos. “Assim como nós, a Irlanda e Portugal, a Grécia, por exemplo, faz parte de um sul político sob achaque. O que está sendo imposto aos gregos é uma violação dos direitos humanos. Temos de recuperar nossa soberania e nossa democracia. Assim, temos de reconhecer que a Grécia rompeu o consenso midiático e político europeu perguntando ao povo o que ele queria. Com isso, derrubou a falsa máscara de interesse pelo desenvolvimento da Troika, mas saiu derrotada na guerra do terrorismo econômico”, analisa.

    “Eles foram derrotados porque não tiveram apoio de nenhum dos governos europeus vendidos aos bancos e à Alemanha e porque não tinham um plano factível. Contudo, acho tremendamente injustas as críticas, principalmente dos partidos de esquerda que não combateram a Troika, a quem lutou com tudo que pode e perdeu. Na Espanha, em 2011, a Troika promoveu um verdadeiro golpe de Estado financeiro, impondo uma modificação constitucional que impedia qualquer gasto social até o pagamento da dívida e o bipartidismo que dominava o país apoiou esse golpe, nos transformando em colônia e raptando nossa soberania”. Com o fim da hipocrisia econômica da falsa democracia, Mayoral acredita hoje tudo é possível na Espanha. “Estamos sofrendo todo tipo de pressão, mas vamos lutar até o fim para vencer. Tudo está mudando!”

    Veja aqui a íntegra da coletiva, transmitida pela Pós-TV.