Na última terça-feira, 17, os acampamentos Zequinha e Pátria Livre, em São Joaquim de Bicas, na Grande Belo Horizonte, foram invadidos por viaturas da Polícia Militar que, sem nenhum mandado judicial, montaram um cerco intimidando as 5 mil pessoas que lá residem. A PM chegou até a armar uma tenda no acampamento. A invasão durou 42 horas, até as 6 horas desta quinta-feira, 19, quando a tropa de choque deixou o local duas horas após o horário estabelecido em acordo.
Porém, os policiais não saíram sem deixar a marca da violência na área, uma fazenda improdutiva do empresário mineiro Eike Batista. Na noite de quarta-feira, a PM destruiu uma bandeira do MST e avançou para dentro dos lotes atropelando os moradores e apoiadores, além de destruir jardins e plantações. Logo após um ato político inter-religioso celebrado pelo bispo Dom Vicente, os policiais desrespeitaram a liderança religiosa da Diocese de Belo Horizonte, atuando de forma desmoralizante e agressiva, afirmando que continuariam a invasão se fosse necessário.
Em uma ação de criminalização dos pobres e dos movimentos populares, a Polícia Militar reproduz na região metropolitana de Belo Horizonte a mesma violência aplicada às famílias Sem Terra de Felisburgo, no Vale do Jequitinhonha, de Campo do Meio, no Sul de Minas, e do Vale do Rio Doce. A responsabilidade das vidas colocadas em risco nesses territórios é do governo de Romeu Zema (NOVO) e do general Mário Lúcio Alves de Araújo, secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, por serem coniventes com a violência da ação irregular irresponsável.
“O que nós vivemos aqui é uma reintegração de posse forçada, na tentativa de nos desestabilizar com tiros e com ameaças, da mesma forma que aconteceu e acontece no acampamento Quilombo Campo Grande, no Sul de Minas, e no acampamento Terra Prometida, no Jequitinhonha. Nós estamos aqui para denunciar o crime da Vale em Brumadinho e a exploração do território pela mineração que não traz riquezas para os municípios, e a única saída para o conflito é a garantia da terra”, disse Mirinha Muniz, da direção estadual do MST.
“A luta continua, seguimos ocupando as terras improdutivas de corruptos, terras da especulação imobiliária e da mineração predatória, combatendo o agronegócio e o capital que nos violenta, contra todas as formas de opressão. A justiça na terra se faz com reforma agrária e não com violência” acrescentou Mirinha.
Doria dá licença para polícia matar – na Folha de S.Paulo
Como é que se deve chamar alguém que “libera” 100 mil homens fortemente armados, que estão sob suas ordens, para matar?
“Assassino” seria um bom jeito de denominar o sujeito que, por acaso, é o governador de São Paulo, João Doria Jr.
Pois Doria é o chefe da maior polícia do Brasil, a terceira maior Instituição Militar da América Latina. Foi ele quem prometeu que, como governador, a polícia atiraria “para matar”. E a corporação está seguindo a ordem:
Nos 6 primeiros meses do governo Doria, a PM matou a cada 10 horas e atingiu o maior número em 16 anos. Entre janeiro e junho deste ano, os policiais militares em serviço mataram 358 pessoas em supostos casos de resistência. Os PMs em folga mataram 56.
“Assassino”. Foi assim que o rapper Marcelo D2 designou Doria, em um post indignado, depois de ler tuit do governador lamentando “profundamente” as nove mortes ocorridas em Paraisópolis, decorrentes de uma ação criminosa e terrorista de policiais militares.
Lamentando “profundamente” como, se foi Doria que deu a licença para a PM matar?
Daí, chega um desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo chamado Luiz Antônio de Godoy, obviamente um homem branco, e resolve tomar uma providência contra todo esse absurdo. O que ele faz?
O desembargador Luiz Antonio de Godoy, que censurou D2 -Foto: Comunicação Social TJSP
As nove vítimas do Massacre de Paraisópolis : quase crianças
Não, ele não exigiu que João Doria engolisse a frase assassina…
Não, ele não repudiou o comportamento dos PMs e cobrou punições exemplares…
Não, ele não se solidarizou às famílias das vítimas, quase crianças, Marcos Paulo Oliveira dos Santos, 16 anos, Denys Henrique Quirino da Silva, 16 anos, Dennys Guilherme dos Santos Franca, 16 anos, Gustavo Cruz Xavier, 14 anos, Gabriel Rogério de Moraes, 20 anos, Mateus dos Santos Costa, 23 anos, Bruno Gabriel dos Santos, 22 anos, Eduardo Silva, 21 anos e Luara Victoria de Oliveira, 18 anos.(Nunca os esqueceremos!)
A grande providência que o desembargador Luiz Antônio de Godoy tomou foi censurar o post do rapper Marcelo D2. Talvez ele ache que assim se dissolva a responsabilidade de Doria na matança de jovens pretos e periféricos. Luiz Antônio de Godoy mandou D2 apagar o tuit.
Ingênuo!
Hoje, centenas de milhares de pessoas em São Paulo sabem o que Doria fez. Sabem!
E continuarão a dizer a palavra que a indignação faz explodir no peito, junto aos gritos de angústia, desespero e dor: ASSASSINO!
O tuit censurado pelo desembargador Luiz Antonio de Godoy, do TJ-SP
Por Claudinho Silva, do SOS Racismo, e Laura Capriglione, dos Jornalistas Livres
O policial militar cabo Thiago Santos Sudré, de São José dos Campos (94 km de São Paulo), que matou no dia 6 de setembro o menino Miguel Gustavo Lucena de Souza, de 12 anos, dentro de um parque de diversões da cidade, tem um histórico sinistro de homicídios. Foi divulgado nesta quarta-feira pelo portal UOL que, antes de matar Miguel, o cabo Sudré, conhecido pela alcunha de “Carioca”, envolveu-se pelo menos em outras oito mortes. Todas as mortes que possuem algum registro referem-se àquilo que, no jargão policial, chama-se de resistência seguida de morte (quando o infrator tenta agredir o policial e este, para se defender da “injusta agressão”, atira em legítima defesa). Curiosamente, nenhuma das ocorrências resultou em ferimentos dos PMs envolvidos, o que enseja a suspeita de que, ou não tenha ocorrido a alegada “resistência”, ou que os infratores fossem ruins demais de pontaria.
O assassinato do menino Miguel foi revelado pelo SOS Racismo e pelosJornalistas Livres. Segundo vizinhos, duas semanas antes, o mesmo cabo invadiu, sem mandado judicial, o apartamento familiar para ameaçar o menino e sua mãe, dizendo a ela: “Se eu pegar o Miguel na rua, pode comprar um caixão pequeno, porque ele não vai voltar mais”. Andréia, a mãe, ainda tentou explicar ao policial que o filho era “dependente químico”, ao que o PM respondeu: “Ele é uma sementinha do mal”. O diminutivo se explica: Miguel tinha apenas 1 metro e 33 centímetros de altura. Era um menininho negro, inteligente e sonhador.
Veja, a seguir, a lista dos outros 8 mortos com a participação do cabo Sudré
Dois suspeitos em janeiro de 2011
Na noite de 28 de janeiro de 2011, dois homens, não identificados, foram mortos a tiros pelo policial. Os suspeitos teriam roubado uma casa na rua Lorenzo Lotto, no Parque Maria Helena, zona sul da capital paulista. Segundo o que afirmou o PM no 92º DP (Distrito Policial), no Parque Santo Antônio, os suspeitos tentaram fugir em um Volkswagen Golf e, durante troca de tiros, foram mortos.
Um em março de 2014
Em 17 de março de 2014, o policial Sudré teria atirado e matado um motorista que teve apenas a idade revelada (33 anos) em Poço das Antas, Caraguatatuba, litoral de São Paulo. Após a participação no caso, ele foi ele foi transferido para o Vale do Paraíba.
Dois em maio de 2015
Em 29 de maio de 2015, o policial participou de uma intervenção que resultou na morte de mais dois suspeitos. Foram mortos Uanderson de Oliveira Gonçalves Martins, 18, e Lucas Aguiar, 17. Naquela ocorrência, segundo a investigação policial apurou, ele não atirou. Durante a ocorrência, os dois jovens estariam conduzindo um carro roubado na estrada Natan Sampaio, no Jardim Capetingal, em São José dos Campos, por volta das 4h. A equipe policial teria dado ordem para que os suspeitos parassem o carro, o que não aconteceu. Nenhum policial se feriu durante a ação.
Um em fevereiro de 2016
Na noite de 8 de fevereiro de 2016, o cabo atirou contra Matheus Pietro Santos Queres, 21, na rua Antônio José Matos Lima, no Parque Residencial União, também em São José dos Campos. Desta vez, o policial informou na delegacia que o suspeito estava com uma motocicleta Honda CB 300R roubada e tinha sob posse uma arma de fogo de uso restrito. Os policiais só apresentaram o caso no 3º DP da cidade dois dias depois.
Um em abril de 2018
Na madrugada de 25 de abril de 2018, o policial estava na equipe que matou Bruno do Nascimento Barbosa, 28, no Parque Novo Horizonte, em São José dos Campos. Segundo a investigação policial, o cabo Sudré não atirou, mas participou da intervenção. Os policiais disseram na delegacia que Barbosa estava com uma arma e atirou contra eles, que “revidaram à injusta agressão”. Nenhum policial ficou ferido na ocorrência.
Um em janeiro de 2019
No noite de 5 de janeiro de 2019, o policial Sudré atirou contra um homem, identificado apenas pela idade (46), na rua Caravelas, no Parque Independência, também em São José dos Campos. Ele teria roubado um estabelecimento e, na tentativa de fuga, teria trocado tiros com o policial.
É sempre a mesma história: “Resistência seguida de morte”
No caso do menino Miguel, o PM Carioca contou que o menino, em companhia de dois outros garotos, teria roubado um automóvel VW Fox vermelho por volta das 18 horas. Localizado o veículo, os policiais iniciaram uma perseguição pelas ruas da zona sul de São José dos Campos, que terminou quando os meninos entraram com o carro em um terreno descampado em que estava instalado um parquinho de diversões. Foi quando o carro colidiu com a grade do carrossel, pondo fim à aventura.
Do veículo saiu correndo o motorista, um adolescente de 17 anos. Dois meninos, de 13 e 14 anos também saíram do carro e jogaram-se no chão. Por fim, saiu Miguel, que estava no banco de trás do Fox. E aí a história contada pelo PM vira a mesma de sempre _“resistência seguida de morte”: Miguel teria tentado resistir à prisão, apontou uma arma para os policiais, ao que Carioca respondeu com dois disparos letais. Diz o boletim de ocorrência: “O óbito foi constatado pelo SAMU, viatura 11103, Dr. Leandro CRM 121002. Nada mais.”
O coronel PM José Eduardo Stanelis, comandante da tropa militar na região do Vale do Paraíba, disse que o garoto morto estava com um revólver INA calibre 32 nas mãos e escondia debaixo do tapete do veículo um simulacro de pistola da marca Smith & Wesson. “Então, provavelmente, eles estavam efetuando roubos na cidade”, raciocinou.
Trata-se de versão bem diferente da apresentada à reportagem dos Jornalistas Livres e do SOS Racismo por pessoas que estavam no parque de diversões na hora em que o garoto foi alvejado pelos tiros do PM. Nada menos do que 100 pessoas lotavam o local nos derradeiros minutos de vida do menino:
“É mentira que Miguel andasse armado. Ele nunca pegou num revólver. Nem de brinquedo”, disseram vizinhos que pediram para não serem identificados por temerem retaliações do Carioca.
“Ele saiu com as mãos para cima, dizendo ‘Perdi, perdi’. Mas o Carioca atirou mesmo assim. O primeiro tiro pegou debaixo do braço [na região da axila]. Depois teve outro. E mais outro.”
“Foi uma correria desesperada no parque, mas logo depois as pessoas começaram a voltar e deu tempo de ver que Miguel estava jogado no chão, de costas, com as pernas dobradas. Ele ainda estava vivo quando o Carioca o pegou pelo pescoço –ficaram marcas de sua mão no pescoço fininho. Miguel morreu com os olhos esbugalhados e a boca aberta, tentando respirar”.
A versão dos PMs começou a desabar no descrédito já na delegacia onde foi lavrado o boletim de ocorrência. “Em sede policial, a vítima do crime de roubo, após olhar os conduzidos (adolescentes que estavam no Fox), não reconheceu nenhum deles como sendo os autores do crime de roubo que sofreu”.
Miguel era um dos seis filhos da cuidadora Andréia Gonçalves Pena, mulher negra, evangélica da Assembléia de Deus e chefe de família. O filho mais velho dela é estagiário na Embraer, cargo que obteve graças às notas excelentes no ensino médio. Uma filha, pelo mesmo motivo, conseguiu estágio em outra gigante da engenharia nacional, o CTA, o Centro Técnico Aeroespacial, jóia tecnológica mantida pela Aeronáutica. Miguel não fazia feio nos estudos e era seguidamente elogiado pelos professores da Escola Estadual José Frederico Marques. Mas o menino era sonhador demais.
“Aviãozinho”
“Foi um sonho”: Residencial Colônia Paraíso
Quando a família mudou-se em 2015 para um dos 528 apartamentos de 48 metros quadrados do “Minha Casa, Minha Vida” encrustado no Campo dos Alemães, foi felicidade total. Ali, bem perto, ficava a ocupação do Pinheirinho, que se tornou tristemente famosa por causa da violenta ação de despejo de 6.000 moradores, ocorrida em 2012. O bairro parecia ter uma sina ruim, mas a inauguração do Residencial Colônia Paraíso deu uma grande esperança de dias melhores para aquele povo, apesar de o nome do conjunto habitacional ter sido tomado emprestado do cemitério vizinho, que se chama Cemitério Colônia Paraíso, ou Cemitério do Morumbi.
“Foi o dia mais feliz da minha vida”, diz a mãe de Miguel, Andréia. “Nunca eu iria imaginar que a gente ia sofrer naquele lugar tudo o que estamos sofrendo”.
Com apenas 10 anos, já no novo endereço, o menino começou a fumar maconha. Logo, o tráfico o recrutou como “aviãozinho” –no organograma da criminalidade, são vendedores de drogas que atuam nas biqueiras. Os traficantes preferem usar crianças com menos de 12 anos nessa função, porque o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei nº 8.069 de 13 de Julho de 1990, diz que menores de 12 anos são considerados crianças e, por isso, inimputáveis penalmente, ou seja, não podem sofrer nenhum tipo de penalidade. As medidas socioeducativas, como a internação na Fundação Casa, podem ser aplicadas apenas para adolescentes, na faixa etária entre 12 e 18 anos. Para Miguel, trabalhar como aviãozinho era uma forma de custear as “viagens” com a maconha.
Receita psiquiátria de Miguel
A mãe, Andréia, nunca aceitou esse caminho para o filho. Ela deu uma surra nele no meio da rua, ao flagrá-lo vendendo drogas –e, por isso, foi chamada às falas pelo Conselho Tutelar. Internou-o durante 27 dias em uma clínica de recuperação para adictos em álcool e drogas, mas teve de tirá-lo porque a tenra idade dele não aconselhava a medida. Procurou ajuda no SAMA (Serviço Ambulatorial Especializado no Tratamento da Dependência Química em Mulheres e Adolescentes), onde uma psiquiatra receitou Carbamazepina, uma droga de tipo “faz tudo”, “indicada para o tratamento de afecções tão diferentes quanto crises convulsivas, doenças neurológicas tipo neuralgia do trigêmeo e para o tratamento do humor bipolar e da depressão, em adultos e crianças”. Implorou no altar e, por fim, pediu ao traficante para que não vendesse mais nada para o filho e nem o empregasse para passar drogas. Nada funcionou.
Sonhador
Miguel era conhecido no bairro porque estava sempre de costas para o vento, empinando pipa, ou correndo atrás de uma que tivesse sido cortada por cerol. Em seu quarto no Residencial Colônia Paraíso, ainda se vêem duas pipas penduradas na janela. Um tio deu ao irmão de Miguel um automóvel Escort velhíssimo, branco. Com os pneus murchos e sem motor, o veículo está estacionado há anos na área comum do prédio. Miguel gostava de passar horas e horas dentro da lata velha, imaginando que dirigia um possante esportivo. E dormia dentro, muitas vezes com outras crianças. O menino amava carros.
A ameaça do PM Carioca, aquela que foi feita no apartamento da família, calou fundo no menino. Ele parou de vender drogas e migrou para o comércio de doces e balas nos semáforos.
A mãe, assustada, levou-o para passar uns dias em Minas Gerais, para acalmar a tensão. Voltaram no dia 5 de setembro e, logo, o menino saiu para a rua. No dia 6, ele estava com a incrível quantia de R$ 75 no bolso, quando deu de cara com um “nóia” que acabara de roubar um Fox Vermelho. Fissurado demais para consumir crack, o ladrão topou “vender” o carro por R$ 150 para Miguel e um amigo, que juntou outros R$ 75. O carro ficaria por isso mesmo (R$ 150) e mais algumas prestações que nunca seriam pagas.
Então, entraram mais dois meninos na brincadeira e os quatro saíram dando rolezinho pela cidade. Foi por isso que a proprietária do carro não reconheceu nenhum dos adolescentes capturados no parque de diversões, como sendo os ladrões que lhe levaram o Fox. Não eram eles mesmo.
As lágrimas das duas mães
Por volta das 22h50, Andréia foi avisada da morte de seu filho. Ela correu ao Distrito Policial e tinha acabado de perguntar para o delegado de plantão quem havia matado Miguel, quando entrou no recinto o policial que até ali Andréia só conhecia pelo nome de “Carioca”. Ao vê-lo, ela foi até ele, dizendo: “Parabéns, você conseguiu. Estou indo comprar um caixão pequeno para o meu filho. Tá satisfeito?” O PM respondeu-lhe: “Sua louca! Se seu filho fosse bom, não estaria dentro de um carro roubado!”
A proprietária do carro, mãe de um menino da mesma idade de Miguel, ao saber da morte dele, fez questão de comparecer ao velório, realizado no dia seguinte no Cemitério Colônia Paraíso, bem perto do condomínio homônimo. “Eu trocaria mil carros para ter a vida do seu filho de volta”, ela disse a Andréia, os rostos das duas mulheres devastados pelas lágrimas.
Miguel morto: camisa do Corinthians no caixão
“Cabo Bruno”
O PM Carioca, ou Cabo Thiago Santos Sudré, do 46º Batalhão de Polícia Militar do Interior, é um sujeito temido no bairro. Sob a condição de se manterem no anonimato, cinco moradores disseram quem é o Carioca:
“Ele vem sempre, a pretexto de fazer a ronda. Entra nos prédios, bate nas portas dos apartamentos. Invade. Vem sem mandado. Entra de qualquer jeito, sem autorização mesmo.”
“Ele é capaz de tudo, senhora. Contrariado, é capaz de enfiar um monte de drogas no primeiro que encontrar, só para acusar de tráfico. Destrói a vida da pessoa e da família, sem dó.”
“É um policial safado. Não é toda a polícia que é assim, mas esse é. Eu não sei o que está acontecendo com os órgãos públicos. Ele mata, forja o confronto e não dá nada contra ele.”
“Se ele não vai com a cara de uma pessoa, ele joga a sacolinha ali cheia de droga e forja um flagrante por tráfico. Ele tentou fazer isso com um amigo e se não fosse a mulher dele chorar e implorar…”
“É um bandido de farda, como aquele cara de São Paulo, chamado Cabo Bruno [refere-se ao ex-PM Florisvaldo de Oliveira, acusado por mais de cinquenta assassinatos na periferia de São Paulo durante os anos 1980]. Eu não sei como esse cara ainda está na polícia.”
PM mata mais
Desde a morte do filho, Andréia tomou para si a missão de retirar Carioca das ruas:
“Ele não pode mais continuar matando crianças. Meu filho eu sei que não volta, mas se eu puder ajudar alguma mãe a nunca sentir a dor que eu estou sentindo agora, minha vida já terá valido a pena.”
Na quarta (18), Andréia foi à Ouvidoria de Polícia do Estado de São Paulo, que instaurou procedimento para investigar a ação do PM que matou Miguel. O ouvidor Benedito Domingos Mariano encaminhou ofício ao corregedor geral da PM, pedindo que avocasse o inquérito policial militar para apuração das circunstâncias da morte de Miguel, em vez de deixar a incumbência a cargo da polícia de São José dos Campos. No mesmo dia, Andréia compareceu à corregedoria e lá fez a identificação fotográfica do policial de codinome “Carioca”.
Segundo a Ouvidoria, pelo menos 14 pessoas morreram em confronto com policiais na Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte, apenas nos seis primeiros meses do ano. O número é 75% maior do que os oito mortos registrados em igual período do ano passado. Os dados certamente estão aquém da realidade, porque não são todos os casos de mortes causadas pela ação policial que são acompanhados pela Ouvidoria.
Depressão, aborto e perda de chance terapêutica
Parque vazio: tudo acabou no dia seguinte à morte de Miguel
O parquinho de diversões instalado no Campo dos Alemães, e que foi cenário da tragédia, encerrou suas atividades no dia seguinte à morte de Miguel. Andréia pediu aos responsáveis pelo parque cópia das gravações das câmeras de segurança, mas não obteve. O terreno agora está vazio, embora a programação previsse o uso daquele terreno como parque de diversões até o Dia das Crianças, comemorado em outubro. O parque foi embora às pressas.
Dezenas de ameaças foram postadas no facebook de Andréia e de toda a família. Uma delas, de autor desconhecido, referia-se a Miguel da mesma forma que o PM Carioca, quando ameaçou o menino: “Sementinha do Mal”. A família foi obrigada a se mudar do Residencial Colônia Paraíso.
No apartamento da família, que foi invadido no domingo (15), por volta das 20h30, a porta foi quebrada, provavelmente por um pontapé. Os armários estão revirados. Documentos e receitas médicas espalham-se pelas camas. Nas paredes, alguém resolveu gravar com um instrumento cortante os nomes de cada um dos filhos de Andréia. Mas o nome de Miguel, todas as vezes que aparecia, recebeu um risco profundo. A mensagem é clara: “Eliminado”.
Uma irmã de Miguel, a mais próxima dele, aquela que várias vezes foi buscá-lo na biqueira para levá-lo de volta para casa, mesmo que à custa de ser injustamente chamada de “nóia”, está deprimida. Ela chora de saudades do irmão enquanto se corta –silenciosamente.
Andréia, que estava com três meses de uma gravidez planejada para gerar uma criança que pudesse se tornar doadora de medula para o filho mais velho dela, sofreu um aborto. O jovem de 20 anos, que sofre de leucemia, perdeu assim uma valiosa chance de cura.
Neste domingo, em contato com a reportagem dos Jornalistas Livres e do SOS Racismo, da Assembléia Legislativa de São Paulo, Andréia disse o que a mantém firme e destemida: “Eu vou conseguir provar que Carioca matou meu filho sem merecer. Eu vou até o fim e Deus vai comigo por Justiça.”
Posição oficial da Secretaria da Segurança Pública
Jornalistas Livres procuraram a Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo para saber quais providências adotará em relação às graves denúncias feitas pela mãe do menino Miguel e pelos vizinhos de São José dos Campos. Eis a nota emitida pela Secretaria:
“Todas as circunstâncias relativas aos fatos são apuradas pelo 3º DP de São José dos Campos e pela Polícia Militar por meio de IPM, que é acompanhado pela corregedoria da corporação. As armas dos policiais foram encaminhadas para perícia, assim como o revólver calibre 32 e um simulacro utilizado pelos suspeitos. Os envolvidos seguem afastados da atividade operacional, cumprindo expediente administrativo, enquanto durarem as investigações.”
O ouvidor da Polícia de São Paulo, sociólogo Benedito Domingos Mariano, tornou-se “persona non grata” dos deputados integrantes da chamada Bancada da Bala na Assembleia Legislativa de São Paulo. Não houve um único dia nesta semana em que um desses deputados não proferisse discurso violento contra Mariano, chamado sempre de “Inimigo da Polícia”. Para culminar a ofensiva, nesta sexta (12/4), o Diário Oficial publicou projeto de lei do deputado estadual Frederico D’Ávila, do PSL, o partido de Jair Bolsonaro, que pretende simplesmente extinguir a Ouvidoria da Polícia e, portanto, o posto de Mariano.
O que deixou os deputados major Mecca, coronel Nishikawa, coronel Telhada, Conte Lopes e Frederico D’Ávila especialmente furiosos foi o fato de Benedito Mariano ter divulgado uma estatística assustadora: em março de 2019, a polícia militar matou 46% mais pessoas do que em 2018! Se, em 2018 foram 52 mortes causadas por PMs, em 2019 esse número saltou para 76!
Foram 76 pessoas mortas depois de SUPOSTAMENTE
terem atacado ou atirado em policiais.
A palavra supostamente foi grafada em letras maiúsculas porque o mais provável é que a maioria dessas mortes nunca seja devidamente investigada.
Veja que absurdo: 3 em cada 100 mortes em supostos confrontos com PMs são investigadas pela Corregedoria da Polícia. A esmagadora maioria (97%) dos inquéritos, porém, corre dentro dos Batalhões em que os PMs envolvidos com mortes trabalham. Ou seja, são os amigos e companheiros mais próximos que investigarão se a conduta policial foi correta ou não. Isso, obviamente, facilita a impunidade.
Benedito Mariano defende que todos os casos deveriam ser investigados pela Corregedoria, já que ela dispõe de técnica, procedimentos e recursos necessários para isso.
Os deputados da Bancada da Bala não podem nem ouvir falar em punição a PMs violentos. Ao contrário, defendem que os policiais tenham uma espécie de “Licença para Matar”.
Esses deputados, defensores da tese segundo a qual “Bandido Bom é Bandido Morto”, ganharam poderosos aliados com a eleição de Bolsonaro e Doria, que em campanha disse que o policial deve “atirar para matar” e que os policiais que matarem devem ter, pagos pelo estado, “os melhores advogados” disponíveis.
Criada em 1995 pelo governador Mario Covas (PSDB), a Ouvidoria da Polícia de São Paulo é o único órgão de que a sociedade dispõe para controlar a atividade policial. É com a Ouvidoria que a população pode contar para obter informações sobre a ação da polícia, conseguir encaminhamento para denúncias contra maus policiais, cobrar providências. Independente da hierarquia da Secretaria de Segurança Pública, da PM e da Polícia Civil, a Ouvidoria é a representante da sociedade diante da instituição policial.
Defender a Ouvidoria e o Ouvidor Benedito Mariano é defender o direito de a Sociedade saber o que se passa dentro dos quartéis e delegacias. É defender um mínimo de transparência em uma instituição tão poderosa quanto a Polícia.
O Rio de Janeiro, Marielle e Anderson, além de tantas vítimas anônimas, sofreram e sofrem os efeitos trágicos de policiais atuando descontroladamente e sem prestar contas de seus atos à Sociedade. Vira milícia. Daí, tudo pode. Inclusive, virar bandido!
O Carnaval de Belo Horizonte abriu com uma tentativa de censura por parte da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG). O capitão Lisandro Sodré, do 13º Batalhão, ameaçou abandonar o policiamento do Desfile do Bloco Tchanzinho da Zona Norte após um dos vocalistas puxar um canto de repúdio a Jair Bolsonaro (PSL) e de apoio ao ex-presidente Lula.
[aesop_video src=”youtube” id=”pVpkLgn3nlE” align=”center” caption=”O portal de notícias BHAZ registrou o grito puxado por um dos vocalistas do Tchanzinho da Zona Norte.” disable_for_mobile=”on” loop=”off” controls=”on” autoplay=”off” mute=”off” viewstart=”on” viewend=”on” revealfx=”off” overlay_revealfx=”off”]
Dezenas de milhares de pessoas acompanhavam o cortejo do bloco, que desfilava pela avenida Sebastião de Brito, no bairro Dona Clara, na região da Pampulha. O evento transcorria normalmente até cerca das 20 horas, quando um dos cantores clamou “Bolsonaro é o cara*** e Lula Livre”. Após a manifestação, Sodré subiu no trilho elétrico do bloco e afirmou que ia abandonar a segurança da festa caso o grito se repetisse. “Ele falou que se a gente continuasse, ele iria embora.” declarou Laila Heringer, uma das organizadoras do Tchanzinho, à Rádio Itatiaia:
“A gente se sentiu intimidado com relação à nossa liberdade de expressão. Nós também nos preocupamos com a segurança de todas essas pessoas que vieram fazer essa festa linda e estão curtindo em paz. E a gente está sendo censurado? Eu não estou entendo o que está acontecendo”
Também a rádio Itatiaia, o major Sérgio Dias, comandante da 16ª companhia do 13º batalhão da PM, sugeriu que os cantores do trio elétrico fizeram um “estímulo a violência” ao criticar Bolsonaro: “Todos nós acompanhamos as eleições no ano passado e como o clima ficou acirrado, como ficou polarizado. Isso não pode ser transportado para um evento carnavalesco. Essa foi a orientação.”
O porta-voz da Polícia Militar, Major Flávio Santiago, admitiu para o portal BHAZ que a polícia vai agir para “coibir manifestações políticas” no Carnaval. “É um ambiente em que não há previsão de manifestações políticas. Como pode haver divergências de opiniões, em um ambiente com muitas pessoas, pode haver uma perda de controle, prejudicando a segurança, podendo provocar até uma briga generalizada, com necessidade de uso de instrumento de menor potencial ofensivo”, afirmou o major.
Se o objetivo era evitar violência, o resultado foi o oposto. Sentindo-se autorizados pela polícia, vários LGBTfóbicos começaram a agredir parte do público. Logo após a intervenção do policial Lissandro, um homossexual foi agredido a socos após ser chamado de “viado”. O conflito foi tanto que o desfile teve que terminar mais cedo que o previsto, explica o bloco Tchanzinho da Zona Norte em nota publicada na tarde de sábado (02/03):
“atitudes como a do capitão Lisandro Sodré, ao contrário de estimular uma convivência pacífica entre pessoas de posicionamentos políticos divergentes (como sempre ocorreu em nossos desfiles), se presta à incitação de atos de intolerância por parte de foliãs e foliões, que se vêem legitimado por atitudes de semelhante intolerância vindas de uma instituição pública de tamanha importância, como é o caso da Política Militar.”
No texto, o bloco reforçou o caráter político da festa e afirmou que pedirá aos orgãos públicos competentes, como a Corregedoria da PM e o Ministério Público, se expressem e tomem medidas cabíveis.
O Carnaval é político
Ao contrário do que dizem os militares, o Carnaval em Belo Horizonte é tradicionalmente um evento político. Hoje com um público estimado de 4,6 milhões e com mais de 600 cortejos de rua, o feriado na capital mineira é uma das maiores festas do Brasil. No entanto, ele se distingue por ter surgido e crescido justamente devido a uma década de manifestações populares. Organizadas por diferentes movimentos urbanos, essas manifestações apelavam para a estética carnavalesca como forma de mobilizar a população e reivindicar diversas demandas sociais. Foram justamente nesses atos políticos que muitos dos blocos atuais foram formados, alguns como o Alô Abacaxi e Angola Janga compostos justamente para defender direitos dos negros, das mulheres e dos LGBTs. Mesmo após se tornar massivo, manifestações, performances e gritos políticos são e sempre foram de praxe durante o evento.
Para mais detalhes sobre o resgate do Carnaval de Belo Horizonte pelos movimentos de rua, clique aqui.
*Reportagem original foi revista às 14:01 do 2 de março de 2019 para acrescentar o posicionamento oficial do Bloco Tchanzinho da Zona Norte.
Uniformes militares, cabelos curtos para meninos, meninas de coque, hasteamento da bandeira e execução do hino nacional, aulas de educação moral e cívica sob a orientação de policiais e bombeiros responsáveis pelo comando disciplinar das escolas. Esse é o projeto piloto que está sendo implementado em quatro escolas públicas do DF desde as volta às aulas, no dia 11 de fevereiro.
“Vocês vão aprender alguns aspectos da doutrina militar, a prestar continência, a marchar”, adiantou o major Edney Freire, responsável pela administração e disciplina do colégio Centro Educacional (CED) 7, em Ceilândia (que agora passará a se chamar Colégio da Polícia Militar de Ceilândia).
Ao contrário do que vem sendo dito pela Secretaria de Estado de Educação do DF (SEEDF), e divulgado amplamente pela mídia (Rede Globo), a Gestão Compartilhada (nome dado à militarização das escolas) não está sendo um processo democrático e, segundo relatos de professores e do Sindicato dos Professores (SINPRO), está em curso um golpe contra professores, estudantes e as comunidades escolares. As assembléias que votaram pela militarização (em 3 das 4 escolas a “comunidade escolar” votou “sim” para a militarização”, mas o SIMPRO alega que tais votações não foram legítimas.
Segundo o regimento que trata dos critérios para a realização e convocação de assembleias extraordinárias, qualquer convocação precisaria garantir no mínimo 15 dias de ampla divulgação. Somente por esse critério as assembleias já estariam completamente deslegitimadas. A ampla divulgação não foi realizada, as assembléias foram “convocadas” com cinco dias de antecedência e em período de férias escolares, quando muitas famílias, professores e alunos não se encontram na cidade.
Alunos de escola pública no primeiro dia de aula no DFPoliciais recebem alunos no primeiro dia de aula no DF
A iniciativa golpista dos setores que apoiam a intervenção militar nas escolas do DF teria se dado diante da firme oposição do corpo de professores que compõem essas escolas. “Precisaram descumprir as normas do regimento de convocação das assembléias pois, diante de um debate amplo com a comunidade escolar, a falácia da Gestão Compartilhada cairia por terra, não só nas quatro escolas escolhidas inicialmente, mas também nas outras 187 escolas do DF, como prevê o governo bolsonarista de Ibaneis”, dizem os professores.
Assembléia controlada pela PM
O golpe das assembleias, nas férias escolares, teve seu primeiro capítulo no CED 308 do Recanto das Emas, quarta escola vítima da militarização. No dia 30/1, o diretor Márcio Jesus Faria, teria convocado uma “assembleia” apenas com uma parte da comunidade escolar, selecionada a dedo as pessoas favoráveis à militarização, e chamou a Rede Globo para cobrir a votação e pegar depoimentos. As pessoas favoráveis a militarização chegaram, no dia da voltação, carregando faixas de apoio à polícia militar, o que é, segundo relatos de professores, incomum. A Polícia Militar também foi chamada, para dar “segurança” para as pessoas que iriam votar. epara tentar inibir qualquer oposição à assembléia. Os professores do CED 308 contrários à militarização não foram convocados, tampouco o sindicato da categoria, o SINPRO.
Ditadura militar no MEC
Para levar a frente a militarização de escolas públicas, duas medidas foram essenciais: a criação da Secretaria Nacional pela Militarização das Escolas e a Militarização do Ministério do MEC (Ministério da Educação), por meio da nomeação de militares para a pasta. Veja a lista abaixo:
General Francisco Mamede de Brito Filho – chefe de gabinete do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira).
Coronel Robson Santos da Silva – assessor especial do ministro da Educação.
Tenente-coronel Marcos Heleno Guerson de Oliveira Junior – diretor de política regulatória da Seres (Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior.
Coronel-aviador Ricardo Wagner Roquetti – Secretaria-executiva do MEC.
Miranda Freire de Melo – Oficial da reserva não remunerada da Marinha Eduardo – Secretário-executivo adjunto.
Luiz Tadeu Vilela Blumm – Coronel da reserva remunerada dos bombeiros – Diretor de gestão de fundos e benefícios do FNDE, Coordenador do financiamento estudantil oferecido pelo Fies (Fundo de Financiamento Estudantil) e do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica).
Coronel da reserva Sebastião Vitalino da Silva– Coordenação-geral de materiais didáticos da SEB (Secretaria de Educação Básica). (Expectativa)
General Oswaldo de Jesus Ferreira – Presidência da Ebserh, responsável pelo gerenciamento dos hospitais universitários federais de todo o país.
A intervenção militar nas escolas faz parte de uma estratégia maior – liderada pelo governo Bolsonaro -de ataque à educação pública, como já foi anunciado pelo governo federal, a ideia é acabar com a alfabetização escolar, implementar a educação à distância e privatizar universidades públicas.
Deputado Distrital da REDE elaborou um Projeto de Decreto que tentará impedir a militarização das escolas do DF
Para impedir a continuidade do projeto que militariza 4 escolas do DF, o Deputado Distrital Leandro Grass (REDE-DF), elaborou um Projeto de Decreto que foi levado, na tarde desta terça-feira (12), à CCJ (Comissão de Constituição e justiça) e CESC (Comissão de Educação Saúde e Cultura) da CLDF (Câmara Legislativa do DF). O projeto de Grass foi recusado pela Câmara Legislativa. Alguns professores manifestaram indignação e foram retirados da Câmara.
E segue o ataque da extrema direita ao pensamento crítico!