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Tag: Pinheirinho

  • PInheirinho – Oitos anos do crime de estado para favorecer bandido especulador

    PInheirinho – Oitos anos do crime de estado para favorecer bandido especulador

    Antes da fundação dos Jornalistas Livres, muitos de nós já fazíamos jornalismo com foco nos direitos humanos e contra os crimes praticados pelo estado. Em 2012, por exemplo, o então governador Geraldo Alckmin, do PSDB de São Paulo, patrocinou, em conluio com o desembargador que já havia inocentado os assassinos do Massacre do Carandiru, uma das maiores violações em massa de direitos humanos desse século no país: a violenta desocupação do bairro do Pinheirinho, em São José dos Campos.

    Na época, e um ano depois, a MediaQuatro, cujos jornalistas também são co-fundadores dos Jornalistas Livres, realizou seis reportagens sobre o caso para a mídia alternativa independente. A primeira, Pinheirinho: Justiça pra quem? foi publicada na Ideias em Revista, do Sisejufe RJ, e no site Ciranda.Net. Depois, outras quatro reportagens foram publicadas na Rede Brasil Atual (Rede Brasil Atual – 04/2012 – Ações apuram danos coletivos, atos de exceção e morte no Pinheirinho , Rede Brasil Atual – 04/2012 – Violência no Pinheirinho foi movida por resistência e vingança,  Rede Brasil Atual – 04/2012 – Sem destino, ex-moradores do Pinheirinho enfrentam especulação e privilégios e Rede Brasil Atual – 04/2012 – Defensor Público do Pinheirinho denuncia prefeitura por mentiras e ‘terrorismo’ contra desabrigados ) . Um ano depois, voltamos a São José dos Campos para uma nova matéria sobre o que havia ocorrido dos ex-moradores: A Pública.Org – 02/2013 – Famílias do Pinheirinho sofrem com abandono e sequelas da operação policial .

  • Assentamento Glória enfrenta ameaça de despejo

    Assentamento Glória enfrenta ameaça de despejo

    Uma das maiores ocupações urbanas do Brasil, na periferia de Uberlândia, teve 5º pedido de reintegração de posse emitido pela justiça mas não foi realizada. Governo golpista pode desalojar 2.300 famílias a qualquer momento.

     

    Desde o final de 2011, 50 famílias, várias despejadas de outra ocupação, começaram a montar alguns barracos em uma grande área na periferia de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, pertencente à União e destinada a um novo campus da Universidade Federal de Uberlândia. No ano seguinte, 120 famílias ligadas ao Movimento dos Sem Teto do Brasil (MSTB) se juntaram às iniciais e fundaram a Ocupação do Glória, também chamada então de Paulo Freire. Hoje são cerca de 15 mil moradores na área que tem ruas demarcadas, lotes numerados, casas de alvenaria, igrejas, pequeno comércio e recebe o nome oficial de bairro Élisson Pietro.

    Foto por Luiz Alberto Júnior
    Foto por Luiz Alberto Júnior

    Para evitar uma tragédia como o Pinheirinho, em São José dos Campos, São Paulo, a UFU e a Prefeitura de Uberlândia entraram num entendimento de doação de um outro terreno para a universidade em permuta com o da ocupação. Entretanto a Secretaria de Patrimônio da União teria recusado o acordo por conta do valor do terreno ofertado pela prefeitura, que seria menor do que o do campus Glória, e entrado na justiça pedindo a reintegração de posse.  Segundo o advogado dos assentados, Higino Marcos, o imbróglio jurídico deveria ter se encerrado em março desse ano, a partir de um acordo entre as partes. Mas a justiça emitiu em abril uma nova ordem de despejo, a 5ª em quatro anos, para execução em 10 dias. Esse prazo já se encerrou e com a tomada pelo poder do governo golpista de Michel Temer, os assentados estão novamente com a espada sobre as cabeças.

    Foto por Luiz Alberto Júnior
    Foto por Luiz Alberto Júnior

    O documentário Faces do Glória, produzido em 2015 por alunos do curso de jornalismo da UFU, mostra a realidade da comunidade e retrata a sua identidade através de depoimentos dos próprios moradores sobre as dificuldades enfrentadas, a marginalização do movimento de luta pela terra e as perspectivas para o futuro em busca da conquista do seu espaço e direitos básicos. Conheça a realidade de um movimento muito estigmatizado, estereotipado e invisível aos olhos da sociedade.

    Produção, edição e finalização do vídeo:  Ana Luiza Figueiredo, Emilio Andrade, Halyson Vieira, Isabela Silveira, Isadora Puríssimo, Iury Machado e Luiz Alberto Júnior

    Orientação acadêmica: Profas. Diva Silva e Christiane Pitanga

     

  • Liminar suspendendo reintegração de posse da Vila Soma em Sumaré (SP) é vitória parcial

    Liminar suspendendo reintegração de posse da Vila Soma em Sumaré (SP) é vitória parcial

    ATUALIZADO:

    Após a suspensão da liminar que suspendeu a reintegração de posse, agendada para este domingo (17), de um terreno da massa falida da empresa SOMA, em Sumaré, no interior de São Paulo, a coordenação da ocupação Vila Soma publicou nota em comemorando a conquista da suspensão. Foi decidido manter o estado de alerta, porém com alterações no cronograma de ações do final de semana, transformando o domingo, que seria um dia de luta, num ato simbólico de reafirmação da ocupação.

    Apesar da suspensão da reintegração,  a vitória é parcial, pois a ação  ainda tramita na Justiça e as famílias da Vila Soma lutam e aguardam o seu desfecho.

     

    A exemplo do que disse o advogado Alexandre Mandl, durante reunião com os movimentos sociais e apoiadores da Ocupação Vila Soma na fábrica ocupada Flaskô, “a cada duas horas chega uma novidade”. E foi bem assim que as coisas aconteceram na quarta-feira (13) em Sumaré, interior de São Paulo.

    Enquanto a tensão aumentava na contagem regressiva para a reintegração de posse da área que abriga cerca de 2,5 mil famílias, marcada para o próximo domingo (17), o ministro Ricardo Lewandowski do Supremo Tribunal Federal (STF) deu um sopro de esperança aos moradores da ocupação.

    Segundo seu entendimento, o cumprimento imediato da operação de retirada dos ocupantes, “poderá catalisar conflitos latentes, ensejando violações aos direitos fundamentais daqueles atingidos por ela”, e diante deste cenário, o ministro deferiu uma liminar em Ação Cautelar (AC 4085), ajuizada pela Defensoria Pública do Estado de São Paulo, suspendendo a ordem de reintegração de posse da área de um milhão de metros quadrados.

    Apesar da comemoração válida, a vitória é parcial. Não podemos esquecer que algo muito similar aconteceu no massacre de Pinheirinho, em São José dos Campos. Na ocasião, no dia 22 de janeiro de 2012, estava marcada a reintegração, porém, no dia 20, a mesma situação ocorreu, com a concessão de uma liminar para o não cumprimento da reintegração. A Justiça Estadual, passando por cima da decisão superior da Justiça Federal, fez-se cumprir a ação e o resultado todos conhecem, uma verdadeira barbárie de repercussão internacional.

    Segundo o estudante universitário Bruno Canova, do movimento Pula Catraca Americana, que participa da rede de apoio à ocupação, “neste momento não devemos esperar nada, devemos nos manter em estado de alerta, não esperando, mas agindo da mesma forma que antes na resistência.” Ele acredita que toda atenção seja dispensada neste momento para que não ocorra a mesma tragédia, pois o cenário é idêntico em diversos aspectos.

    Vila Soma 02 - Reprodução-Ocupacao Vila Soma
    Reprodução-Ocupacao Vila Soma: O advogado da Vila Soma Dr. Alexandre Mandl tenta dialogar com a PM e explicar a situação

     

    DIVULGAÇÃO DA LIMINAR X PRONUNCIAMENTO OFICIAL DA POLÍCIA MILITAR

    A sensação que toma conta das famílias do Vila Soma é de pura angústia. Ao mesmo tempo que houve avanço com a publicação da decisão, lembrando o precedente aberto no caso de Pinheirinho, há um enorme consenso de que as armas da resistência só podem ser abaixadas após um pronunciamento oficial do Governo do Estado, admitindo o cumprimento da liminar e a retirada dos batalhões da Polícia Militar de dentro da Vila Soma e todo o reforço desnecessário convocado que transita por Sumaré.

     

    NÃO ACABOU!

    Mesmo após a notícia da publicação da liminar do STF, houve confusão na Avenida Rebouças, local onde mora a prefeita Cristina Carrara (PSDB).

    Um grupo de moradores da ocupação e mais alguns apoiadores se acorrentaram próximos à residência da prefeita em ato de protesto e estavam acampados por lá. Durante esta madrugada, eles sofreram uma ofensiva da Polícia Militar presente no local com bombas. Em seguida, o grupo de manifestantes voltou para a Vila Soma.

    A cidade toda está vivendo grande tensão com o aparato militar dentro de toda Sumaré. Três batalhões foram acionados e o município sobrevive hoje em torno desta situação.

    Porém, não são só os moradores da Vila Soma que vivem o medo do confronto. Com todas as ressalvas possíveis ao se tecer uma crítica positiva à PM do governador Geraldo Alckmin (PSDB), integrantes da coordenação da ocupação frisaram que existem comandantes da PM local que estão “implorando” para que tudo seja resolvido no diálogo, temendo o pior no confronto com a truculenta tropa de choque.

    Apesar da notável sensibilidade de alguns, a mesma falta para o governador, o que não é surpreendente. Mas a reviravolta pode vir justamente no conflito de interesses políticos.

     

    CLIMA POLÍTICO

    A Secretaria de Segurança do Estado fez um levantamento da situação e entregou ao governador tucano, dizendo que os resquícios negativos da iminência de um confronto para resolução do “problema’, não o afetaria. Este cenário se inverteu com a grande repercussão do caso na imprensa e, principalmente, nas redes sociais. Diversas entidades e personalidades se manifestaram em apoio a Vila Soma, fazendo com que o massacre preparado para o próximo domingo não sujasse apenas as mãos da prefeita Cristina Carrara (PSDB), mas também do próprio Alckmin.

    Pouco tempo após a grande derrota no seu projeto de reorganização escolar para os estudantes secundaristas, sofrer mais um revés popular seria um golpe muito duro e Alckmin dificilmente abaixaria as armas. Sendo assim, sobrou para a torcida a uma ordem superior indicando o não cumprimento da reintegração e que veio.

    Relembrando a repercussão pós-massacre de Pinheirinho, quando grande parte da população era favorável a desocupação, mas mudou de opinião após a ação e suas consequências, politicamente, parece ser mais interessante para Alckmin cumprir a liminar e retirar suas tropas.

    Porém, para quem não tem vergonha de agredir, feroz e covardemente, jovens que se manifestam em plena Avenida Paulista na capital, muitos ainda universitários, brancos e que possivelmente possa se descobrir que algum era filho de alguém “importante”, aos olhares de toda mídia, o que não seria capaz de fazer com os pobres, negros, marginalizados pela Casa Grande burguesia, numa cidadezinha do interior?

    Reprodução-MTST: #VilaSomaResiste
    Reprodução-MTST: #VilaSomaResiste