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  • Pernambuco se une para discutir reformas Fiscal e do Ensino Médio

    Pernambuco se une para discutir reformas Fiscal e do Ensino Médio

    Por Jonatas Campos, especial para os Jornalistas LIvres

    O plenário da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) não comportou os cerca de 500 estudantes, professores e representantes de entidades educacionais que estiveram presentes à audiência pública que tratou das ocupações nas instituições,tanto do ensino médio quanto universitário. A reunião teve que ser transferida para o estacionamento do Palácio Joaquim Nabuco, onde foi montada uma estrutura com microfone e som para que a audiência fosse realizada.

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    Os estudantes têm ocupado escolas, institutos e universidades federais como forma de protesto à reforma do Ensino Médio, proposta pela Medida Provisória nº 746, e à PEC nº 55, também conhecida como PEC do Teto dos Gastos Públicos,que institui um Novo Regime Fiscal que deve vigorar por 20 anos e que, se aprovada no Senado, vai afetar as áreas da saúde, educação e previdência social. As iniciativas são do Governo Federal.

    A reunião, promovida pelas Comissões de Educação e Cultura e de Cidadania, Direitos Humanos e Participação Popular, resultou na formação de um grupo de trabalho composto por representantes das comissões do Poder Legislativo, da OAB, do Ministério Público, das ocupações e da Secretaria de Educação do Estado, que também será convidada a participar. O primeiro encontro do grupo será na terça-feira (22), às 10h, no Ginásio Pernambucano.O objetivo é acompanhar o andamento das ocupações.

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    A audiência pública encaminhou ainda algumas ações, como oficiar ao Senado Federal a necessidade de suspender o processo legislativo da PEC nº 55 e possibilitar a participação da sociedade civil, sugerir à Câmara dos Deputados a rejeição da MP nº 746 e recomendar ao Governo do Estado que se abstenha de qualquer medida de força para promover as desocupações das escolas.

    Os presidentes das comissões, Teresa Leitão (PT) da Educação e Edilson Silva (PSOL) da Cidadania, afirmaram que a Alepe é um espaço democrático, em que todos têm voz. O parlamentar do PSOL defendeu o “debate republicano” como essencial para fortalecer ademocracia. Já Teresa Leitão afirmou que “não é possível governar sem ouvir quem é alvo e sujeito das políticas governamentais”. A audiência pública contou ainda com a presença da deputada Priscila Krause (DEM) que defendeu as iniciativas do atual governo e afirmou que a PEC é necessária.

    Os parlamentares ouviram estudantes que estão ocupando as escolas e universidades, bem como alunos que defendem o fim das ocupações. Também se manifestaram,membros de entidades sindicais e professores contra e a favor do movimento estudantil. Representantes da OAB e do Ministério Público de Pernambuco ressaltaram que a democracia precisa ser respeitada e que os estudantes têm o direito de se manifestar. Eles ressaltaram ainda que não será admitida violência policial contra os ocupantes das instituições de ensino.

  • Reitoria da Universidade Federal do Pará está ocupada desde ontem

    Reitoria da Universidade Federal do Pará está ocupada desde ontem

    Depois de assembleia dos estudantes, parte dos discentes  ocuparam ontem, 7 de novembrode 2016, o prédio da reitoria da UFPA. Em assembleia confusa parte dos estudantes que não concordaram com a Ocupação impediram o acesso ao prédio dos estudantes pró-ocupação.

    Houve princípio de tumulto com registros isolados de agressão de membros das duas partes.

    A assembleia que estava prevista para dar voz aos representantes de centros acadêmicos inscritos acabou não acontecendo pela falta de organização e por falas terem sido abafadas pela maioria.

    A partir daí a coordenação da plenária decidiu que os pró ocupação deveriam sentar para constar voto e o mesmo foi pedido depois para os contra ocupação que recusaram o método abordado e ainda reivindicando que somente alunos devidamente identificados votassem. Como isso não ocorreu, houve a divergência que se vê no vídeo no ato da ocupação do Prédio da Reitoria.

    Após a resolução da divergência, os estudantes conseguiram ocupar a reitoria da Universidade Federal do Pará. Lutando contra a PEC 55 (antiga PEC 24, corte de verbas durante 20 anos nas áreas de saúde e educação) e a MP da reforma do ensino médio apoiando os secundaristas.

    Em nota, a UFPA informou que está acompanhado e pretende dialogar com os estudantes contrários a PEC 55 e a reforma e entende que essa é uma manifestação justa e espera que o Governo e o Congresso devem tomar outras atitudes para a crise fiscal mantendo os investimentos na Educação e Saúde.

    Confira a nota divulgada pela UFPA a integra:

    A Universidade Federal do Pará (UFPA) informa que reconhece a legitimidade, respeita e dialoga com os movimentos contrários à aprovação pelo Congresso Nacional da Proposta de Emenda Constitucional 55/2016, que congela por vinte anos os gastos públicos.

    Conforme declarado em Nota Oficial de seu Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão, datada de 25/10/2016, a UFPA espera que o Governo e o Congresso Nacional, em entendimento com a sociedade, construam uma solução para a crise fiscal que preserve a capacidade de investimento público em Educação, Ciência e Tecnologia, garantindo um ciclo de desenvolvimento com inclusão e superação da pobreza e da desigualdade.

    Assessoria de Comunicação Institucional

    Após ocupação, estudantes da OcupaUFPA fazem uma carta aberta aos que apoiam a causa explicando os motivos que os levaram a manifestar-se dessa forma, confira abaixo:

    “Nós, estudantes de pós-graduação da Universidade Federal do Pará (UFPA), nesta Carta Aberta, apresentamos nossa posição à sociedade brasileira ostensivamente contra a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) agora sob o No. 55 no Senado, antes PEC 241 na Câmara Federal. Nossa oposição incorpora o movimento dos estudantes brasileiros que neste momento ocupam mais de 1.100 instituições de ensino público em nosso país em protesto ao governo ilegítimo que tomou de assalto o Brasil e, com ele, o desmonte do Estado Democrático de Direito através da institucionalização do atraso que nega direitos sociais e coletivos garantidos especialmente nos governos de esquerda.
    Há um movimento político no Brasil em oposição ao golpe, e que hoje tem no movimento estudantil uma de suas principais forças de combate. As ocupações em escolas, institutos e universidades fazem parte da resistência ao desgoverno de Michel Temer. A hora de refiná-la é agora, e isso envolve diversos aspectos, tais como organizar as bases populares e sociais, politizar o debate não permitindo reducionismos e fazer a contra-informação da mídia-mercadoria. Não é possível fazer política hoje no Brasil sem “nacionalizar” o debate. A PEC 55 é um criminoso pé de chumbo no acelerador da crise sofrida pela nação brasileira.
    A própria Universidade Federal do Pará, por meio do seu Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão se declarou, em coro, contrária a PEC 55, por considerar que “a medida encerra graves riscos ao financiamento da educação e da pesquisa científica e tecnológica no país, comprometendo o enorme esforço realizado nos últimos anos com vistas à expansão da educação superior pública e à internacionalização da ciência nacional em patamares de excelência”. Cabe a nós, estudantes, cobrar da Administração Superior um posicionamento mais firme contrário ao governo ilegítimo, é preciso que a UFPA se posicione contra a redução de vagas da Graduação, contra o corte de bolsas e diante de medidas como a PEC discutir o orçamento da instituição de forma PARTICIPATIVA.
    No âmbito da pós graduação diversos retrocessos já foram anunciados como por exemplo, a redução em quase 30% na oferta de bolsas de produtividade, inclusive sobre bolsas ainda em vigência, e que pleiteiam renovação para dar continuidade em suas pesquisa.
    Ao mesmo tempo, que se aprovou tal congelamento de gastos em direitos sociais, visando o estancamento da crise financeira atual, a contrassenso, a mesma Câmara de Deputados aprovou, 8 horas depois, um aumento de salários de servidores públicos federais, que, estima-se, custará em torno de R$ 3,094 bilhões por ano ao Tesouro Nacional. No âmbito internacional, a mídia também noticia o fato e avalia esta PEC como um retrocesso para o Brasil. E mais: um perigo eminente para um projeto de sociedade de um país em desenvolvimento.
    Essas são apenas algumas das incongruências políticas que têm se observado na atual conjuntura, que, quanto mais procurar informar-se poderá ter sua compreensão estendida e, consequentemente, avaliar-se-á preocupantemente. Outras medidas virão e, pior, não só do governo golpista. Do judiciário, por exemplo. Gilmar Mendes acaba de aderir à tese da supremacia do negociado sobre o legislado nas disputas entre o capital e o trabalho. E anulou a jurisprudência que consagra a extensão do acordo anterior em caso de impasse em negociações. ‘Protegia só o trabalhador’, justificou.
    Sabemos que nos encontramos em situação de privilégios em relação aos alunos da Graduação, que vem sendo historicamente sucateada. Realizamos também a auto-crítica em assumir que a Pós-Graduação por muito tempo se manteve apática diante das pautas dos estudantes da UFPA, mas na atual conjuntura assumimos um compromisso de reforçar a luta estudantil por uma Universidade Pública, Gratuita e de Qualidade.
    Logo, nosso posicionamento será de LUTA. Vamos #ocuparocampusUFPA! vamos #OCUPARBRASIL! E exigimos que nossos representantes, agora do Senado Federal, ouçam nossos gritos e o de milhões de estudantes do País e coloquem sua credibilidade a serviço da defesa da democracia social, do Estado de Direito, da universalização de direitos previstos na Carta Cidadã de 1988, da participação popular na repactuação necessária do desenvolvimento brasileiro e, portanto, contrários a PEC 55.

    Fora Temer !
    Nenhum direito a menos!

    Ocupa campus UFPA !

    Belém, 07 de novembro de 2016.”

     

     

  • Entenda as ocupações em Brasília em 10 minutos

    Entenda as ocupações em Brasília em 10 minutos

    A ocupação de escolas e universidades públicas ganha cada vez mais força em todos país.

    No Distrito Federal, cerca de 15 unidades educacionais já aderiram ao movimento que quer impedir os retrocessos da PEC 241,  a #PECdofimdomundo, e da MP 746 (da reforma do Ensino Médio).

    No Centro de Ensino Médio Elefante Branco, em Brasília, Adrielle Galdino e Marcelo Acácio, que organizam a ocupação, explicaram hoje aos Jornalistas Livres porque não aceitam nenhum direito a menos.

    As entrevistas completas você vai encontrar em:

     

  • Nas ocupações só tem vagabundo? Como diria Caetano: “Você é burro!”

    Nas ocupações só tem vagabundo? Como diria Caetano: “Você é burro!”

    Nas ocupações só tem vagabundo, nas ocupações não fazem nada, são todos manipulados comunistas, tudo petista… É isso que se fala, mas será verdade?

    Os estudantes estão ocupando as escolas contra medidas do Governo que cortarão verbas da educação e mudarão o currículo do Ensino Médio contra a vontade dos alunos, país e professores. Tomada por uma medida autoritária e sem dialogo o governo estipulou a reforma por meio de uma MP (medida provisória, ferramenta do executivo para propor leis) sem discutir com nenhum dos envolvidos. É uma mudança que vai afetar a vida de todos, uma vez que muda a organização curricular: três opções serão dadas, uma mais focada nas matérias de “exatas”, outra nas matérias de “humanas” e terceira uma formação técnica-profissional. São mudanças importantes, há anos discutidas na formulação da BNCC (Base Nacional Comum Curricular).  Mas, como é de princípio golpista, a reforma não foi feita pelas vias democráticas onde se pode haver discussão e o envolvimento dos interessados, mas imposta pelo governo. Assim os alunos demandam, forçados pelo autoritarismo do governo, o direito a opinar.

    Os alunos, então,  fazem da ocupação um momento de aprendizagem, organizando-se para manter o funcionamento em ordem, limpando, cuidando da segurança, organizando aulas, oficinas e shows. Em todo momento ressaltam a importância da autonomia do movimento. Quem decide tudo que acontece dentro das escolas ocupadas são os próprios ocupantes. Pais, professores, apoiadores e visitantes podem conhecer, mas o comando e a voz é dos alunos. A ocupação é um espaço de autonomia total dos estudantes. São dois os motivos de tamanha atenção e importância para autonomia: o jogo político e a nova visão sobre a escola que os ocupantes criaram.

    O jogo político no qual estão envolvidos acabou saindo da esfera escolar. Pelo governo e seu aliados são acusados de serem massa de manobra da esquerda, em uma tentativa de enfraquecer o presidente. Por transeuntes pouco interessados que vem as ocupações por fora são acusados de vagabundos e baderneiros. Assim para tentar se preservar assumem eles mesmo as obrigações de comunicação e entrada de visitantes. Não querem ser incriminados nem que terceiros falem por eles, se preocupam com o protagonismo do movimento para que a bandeira contra a reforma se mantenha no centro do debate. Não têm interesse partidários feitos por eles. As rodas de conversa e discussão são focadas em questões de ensino e presenciamos até discussões sobre cada item da MP da reforma.

    Mas a principal motivação para a autonomia do movimento tem uma razão interna. Os ocupantes vendo a falta de espaço e voz que tiveram para falar sobre o rumo da as educação perceberam como a escola pode ser diferente. Eles mesmo estão, simultaneamente as ocupações, propondo uma revolução educacional. Tem uma bandeira de não deixar passar a reforma, mas não são contra as mudanças. A escola sempre foi tida como um espaço de controle e imposição (reforçado pelo absurdo e desnecessário formato de prisão que as grades e portas de aço confere), que  não interessava nem tinha conexão. Mas ao ocuparem perceberam nela um espaço novo, um espaço que pode ser deles.

    As ocupações  de escolas subverte a lógica do espaço público no Brasil. Normalmente o espaço público é tomado pela esfera privada e domado pelo interesse de alguns ou é relegada ao espaço de ninguém abandonada.  Há anos se vê a diferença qualitativa entre escolas privadas e publicas.  Mas essas ocupações conseguiram trazer o interesse e principalmente noção de que ela pertencia a todos eles. Com a tomada de posse da escola eles passaram a ver nela não mais um lugar de controle, mas um lugar  de desenvolvimento da autonomia, um lugar onde se pode pensar e fazer política, e trazer o espaço público para o controle daqueles que o usam, deixa de ser um lugar da autoridade para ser um espaço do coletivo, voltado para discussões, para atividades que interessam.

    Assim passaram a cuidar dela. Em uma boa parte das ocupações que visitamos os alunos tinham limpado as escolas como nunca antes elas tinham sido limpas. Encontraram bibliotecas, livros, computadores, laboratório, salas e materiais que haviam sido escondidos por burocrata, seja pela falta de interesse em fornecer os materiais ou interesse em esconde-los. Passaram a explorar a escola.  Os estudantes que mantem sempre um número de ocupantes  dentro da escola, mas mantem um sistema de revezamento para que possam ir par casa ou o emprego. A cozinha é o ponto central da ocupação, as refeições são feitas todos os turnos e assim viram o ponto de encontro e discussão. As atividades cotidianas das aulas são trocadas por um dia cheio de atividades culturais e musicais como acontece hoje (25) no Colégio Estadual do Paraná:

    A falta de conhecimento da forma como são organizadas as ocupações geram falsas acusações. Esses estudantes, diferentemente do resto da sociedade brasileira, identificaram o espectro que nos rondam e tornaram-se a muralha mais resistente. E sem perceber colocaram a questão da autonomia oposta a autoridade.
    Para aqueles que acusam os estudantes de serem massa de manobra, a resposta é, parafraseando Caetano, “você é burro”. Ou deixa de ignorar os fatos, e conhece as ocupações ou continua na ignorância.

    Veja o vídeo: