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  • Assassinato político gera protesto neste domingo em Balneário Camboriú

    Assassinato político gera protesto neste domingo em Balneário Camboriú

    Bolsonarista que agrediu idoso até a morte por ódio político foi preso em flagrante e solto dois dias depois para responder em liberdade

    Cresce em todo o país a indignação contra o primeiro crime de ódio político com morte praticado em Santa Catarina por um bolsonarista que na quarta-feira (27) espancou o idoso Antônio Carlos Rodrigues Furtado até a morte em Balneário Camboriú. A revolta aumentou sobretudo depois da soltura do assassino, Fábio Leandro Schlindwein, 44, que havia sido preso em flagrante, na presença de várias testemunhas, e passou a responder processo por homicídio doloso, quando há intenção de matar.

    Na sexta-feira (29), ele foi surpreendentemente solto pelo juiz responsável, por apresentar “bons antecedentes”, apesar dos requintes de crueldade do assassinato registrados no Boletim de Ocorrência e confirmados pelos próprios policiais demonstrarem o seu comportamento violento e perigoso. Na página do juiz, há uma postagem comparando a disputa entre Bolsonaro e “Luladrão” à luta entre Cristo e Barrabás.

    Hoje, às 16 horas, partidos de oposição, entidades democráticas e população local que não concorda com a intolerância fascista realizam um protesto na Praça Tamandaré, na avenida Atlântica em Balneário Camboriú. O ato é promovido por lideranças de partidos de oposição local (PDT, PT, PSoL), com adesão de militantes de toda a região do Vale do Itajái e Grande Florianópolis. Caravanas com ônibus fretados e caronas solidárias estão sendo organizadas durante todo o final de semana, com apoio do PT, sigla à qual a vítima estava filiada desde setembro deste ano, depois de um período de filiação ao PDT. No dia seguinte à noite do crime, a Comissão Executiva Nacional do PT emitiu nota em que classifica a morte do filiado de “barbárie” e “fascismo”.

    Postagem do acusado de homicídio do idoso nas vésperas das eleições para presidente do Brasil, anunciando que eliminaria as “amizades esquerdistas que apoiam o comunismo e o grau de gênero nas escolas”.

    Na quarta-feira (27), na avenida Alvin Bauer,  centro de Balneário Camboriú, o apoiador de Bolsonaro espancou a socos e pontapés o idoso Antônio Carlos Rodrigues Furtado, de 61 anos, até a morte após uma discussão política. Segundo B.O. realizado pela polícia, Fábio Leandro estava “muito alterado e proferindo palavras impróprias de cunho ofensivo”, quando começou a agredir o idoso. Antônio Carlos se afastou do local após as primeiras agressões, mas o acusado foi ao seu encalce, derrubou-o no chão e continuou a espancá-lo já caído e indefeso. O boletim relata que a vítima conseguiu se levantar e pedir para o agressor parar porque estava machucado, mas foi ignorado. Em seguida, teve uma parada cardíaca no local, constatada pela equipe do SAMU, que prestou atendimento à vítima ainda com vida e confirmou o óbito no local.

    Depois de espancar o idoso com ele já caído e na frente de muitas pessoas, o assassino ligou para a polícia dizendo que estava sendo ameaçado. Quando a polícia chegou, testemunhas desmentiram o bolsonarista, que foi preso em flagrante. O acusado trabalhava num estacionamento próximo ao local do crime. Antônio Carlos era um militante de esquerda tradicional na cidade e ultimamente estava desempregado e enfrentando dificuldades financeiras.

    Leia o que diz o relatório da polícia no Boletim de Ocorrência:

    “Foi apurado por meio das testemunhas BSRR e JOR que trabalham na empresa Gringa Top 10 e que no momento dos fatos estavam na janela da loja. Relataram que visualizaram da janela uma discussão entre um masculino de camiseta rosa, chamado FABIO LEANDRO SCHLINDWEIN que trabalha em um estacionamento em frente e um masculino de mais idade. Relataram que o masculino de rosa estava muito alterado e que estava xingado muito o senhor. Relataram ainda que o senhor deu uma afastada, mas ainda sim continuou a discussão. Relataram que o senhor foi para calçada e que em seguida o autor começou agredir a vítima com socos e ponta pés. Momento que a vítima caiu ao chão, no entanto o autor continuou com as agressões com socos e chutes. Ademais, o autor jogou um bolsa com ferramentas na vítima ainda caída ao chão dizendo “viu, viu que ti falei pra sair daqui”. Relataram ainda que em seguida a vítima levantou e disse para o autor “parar de bater que estou machucado”, neste momento a vítima começou a recolher suas coisas, no entanto caiu novamente ao chão desta vez desacordado”.

     

    PROTESTO:  IMPUNIDADE DO ASSASSINO PODE ENCORAJAR NOVOS CRIMES

    Antônio Carlos, 61 anos, se afastou do agressor,  que continuou a persegui-lo e a torturá-lo.  Implorou para que ele parasse, mas foi espancado até a morte

    O “ato de repúdio contra o fascismo e em solidariedade ao companheiro assassinado por ser petista”,  como o protesto está sendo convocado pela Tenda Lula Livre, ligada ao PT em Florianópolis, é cercado de grande tensão. Num cenário onde a população votou em peso no candidato que apregoou durante a campanha eleitoral o extermínio armado  “da petralhada”, os ânimos se acirram contra a repercussão nacional desse crime bárbaro . “Ele coloca em evidência as ameaças contra a democracia e a vida insufladas pela intolerência fascista numa região que é berço da colonização europeia e se considera modelo de civilização”, acentua Zorahia Vargas, organizadora da caravana que sai hoje ao meio-dia, do antigo Terminal Cidade de Florianópolis, com  recursos dos próprios militantes.

    Outras lideranças se manifestam com muita preocupação sobre a falta de rigor do juiz: “Não podemos deixar passar impune este crime gravíssimo porque o ódio político encorajado pelo presidente tende a causar outras vítimas, a matar mais inocentes e a inviabilizar a sociedade civil”, acrescenta Margareth Sandrini.  “Nós temos obrigação de reagir com muita firmeza e vigor porque essa violência insuflada pelo bolsonarismo pode instaurar uma onda de extermínio incontrolável no país e levar a uma situação de barbárie em que a mera existência de um opositor é justificativa para mata-lo”, argumenta o professor William Meister, ex-militante do PSoL, que foi demitido pela prefeitura bolsonarista de uma escola pública em Itapema, município vizinho, por ter apresentado um poema sobre a tortura na semana alusiva ao aniversário do golpe militar de 64.

     

    CONTRADIÇÕES DA POLÍCIA E LIBERAÇÃO DO CRIMINOSO CAUSAM APREENSÃO

    Fábio Lemos foi solto por bons antecedentes, segundo o juiz, embora tenha sido preso em flagrante por assassinato com requintes de crueldade, segundo a polícia

    A guerra provocada pela repercussão do crime pode ser medida nas redes sociais. Os comentários se dividem entre os que manifestam sua indignação contra o assassinato e a liberação de Fábio Lemos Schlindwein, preso em flagrante como autor do crime, e os que se limitam a defender o presidente Bolsonaro do que chamam de “uso político” do crime, embora o próprio acusado  tenha no seu depoimento à polícia alegado divergência política. Alguns bolsonaristas chegam a defender o acusado, dando motivos diversos para o assassinato e outros até culpam a vítima e o PT pelo crime.

    O relatório divulgado pela Polícia Militar sobre o caso afirma que Furtado e o agressor discutiram por motivo político. Nas redes sociais, o  acusado se apresenta como bolsonarista e, em publicações pré-eleições para presidente, avisou que eliminaria todos os petistas, comunistas e esquerdistas de suas redes sociais. O relato da PM diz que, segundo o agressor, o desentendimento começou porque Furtado, que era militante de esquerda e filiado ao PT, “veio conversar com ele sobre política”. Ambos se alteraram e as agressões iniciaram, diz o relato

    As contradições nos depoimentos dos advogados do acusado, Fábio Leandro, e a decisão do juiz estão gerando muita apreensão entre os militantes de esquerda e de entidades democráticas que temem pela condução política do caso.  Schlindwein, foi liberado pela Justiça em audiência de custódia na sexta-feira (29). O juiz Roque Cerutti, da 1ª Vara Criminal, entendeu que, embora haja “fortes indícios” de que a conduta de Schlindwein tenha causado a morte da vítima, ele tem bons antecedentes e, por isso, não se justifica a prisão preventiva.

    Postagem na página do juiz Roque Cerutti

    No entanto, o delegado Aderlan Camargo, responsável pelo caso, afastou a hipótese. Afirmou, na quinta-feira (28), ao jornal local Página 3, que testemunhas ouvidas na delegacia disseram que a discussão teria sido motivada “por uma dívida”, mas não entrou em detalhes. Segundo ele, o agressor teria apresentado versões conflitantes à PM. Diante das contradições, o PDT, partido ao qual o militante assassinado foi filiado até fevereiro deste ano, designou o advogado Alex Casado para acompanhar as investigações.

    Os Jornalistas Livres apuraram, na página do Facebook do juiz Roque Cerutti, uma publicação autorizada por ele, que compara a relação entre Cristo contra Barrabás, com a de Bolsonaro contra o “Luladrão”. A postagem, assinada por Antônio Pardi, um bolsonarista inflamado, avisa que o PT já existia no tempo de Cristo e que mesmo assim “teve quem escolhesse Barrabás”. Balneário Camboriú é uma região assediada por políticos bolsonaristas que apregoam o uso de armas e o ódio contra Lula e o PT, como o empresário Luciano Hang, proprietário das Lojas Havan e a deputada estadual Ana Caroline Campagnollo, que embora sendo de Chapecó, no Oeste de Santa Catarina, fez no município a sua base eleitoral.

     

    TENDA LULA LIVRE

    Florianópolis e Palhoça-SC
    Ônibus Para Balneário Camboriú – domingo dia 1 de dezembro.
    ATO NA PRAÇA TAMANDARÉ, NA AVENIDA ATLÂNTICA EM BALNEÁRIO CAMBORIÚ ÀS 16H.
    ATO DE REPÚDIO contra o fascismo e em solaridariedade ao nosso companheiro assassinado por ser petista, por espancamento, Antonio Carlos Rodrigues Furtado, 61 anos
    1- Saída 1 de dezembro, domingo, às 12 horas, do Terminal Velho Cidade de Florianópolis*
    Retorno dia 1 de dezembro, logo após o ATO
    2- Caso você queira participar da viagem, mande seu NOME COMPLETO; RG com o ORGÃO EXPEDIDOR/ EMISSOR; TELEFONE
    3- Para criança ou para menores de idade:
    carteira de identidade ou se não tiver, certidão de nascimento;
    4- Enviar os dados para o telefone e Watts de Luana 48 99981 4755
    Zoraia 48 98411 4760 Que são responsáveis em fazer a lista
    5- Compartilhe, divulgue, ajude, contribua
    6- Se você puder ajudar deposite para pagar as passagens das pessoas das OCUPAÇÕES:
    Se você não pode ir, adote um militante
    BANCO DO BRASIL
    AG: 5201-9
    C/C 729879- X ou substitui o X pelo zero (0)
    CPF 221432119-53
    Margarete Sandrini
    Envie o comprovante para o watts: 48 996482960
    Os ônibus serão pagos com a contribuição de cada de trinta reais (30,00) que poderá ser depositado na conta acima ou na hora do Embarque.
    #LulaLivre

     

    NOTA DO PT: VIOLÊNCIA FASCISTA FAZ MAIS UMA VÍTIMA NO BRASIL

    Antônio Carlos Rodrigues Furtado, de 61 anos, morreu de parada cardíaca, após ser espancado, quarta-feira (27), por Fábio Leandro Schwindlein, de 44 anos, em Balneário Camboriú (SC).
    Não foi um crime qualquer, dentre tantos nas cidades brasileiras. Ocorreu à luz do dia, numa avenida movimentada. A vítima era um conhecido militante do PT. O assassino, um bolsonarista declarado. O motivo torpe: intolerância política.
    Antônio Carlos foi agredido a socos e pontapés, mesmo depois de cair ao chão e implorar que Fábio Schwindlein parasse de bater, segundo depoimento de testemunhas à Polícia Militar. O bolsonorarista, de porte atlético, gritava ofensas contra o idoso e contra a esquerda enquanto espancava sua vítima.
    O nome disso é barbárie; o sobrenome, fascismo.
    O ódio e a violência do criminoso de Camboriú moveram o assassino de Moa do Katendê, em Salvador, em 2018.
    Ódio e violência estimulados pela impunidade dos assassinos de Marielle e Anderson, no Rio; do sindicalista Carlos Cabral Pereira em Rio Maria (PA); do líder indígena Paulo Paulino Guajajara, em Bom Jesus da Serra (MA).
    Ódio e violência que se voltam contra quem se levanta em defesa da liberdade, da democracia, dos direitos dos trabalhadores e dos oprimidos numa sociedade predominantemente machista, racista, intolerante.
    Ódio e violência disseminados com método nas redes sociais, em escala industrial, por agentes do governo de extrema-direita, seus líderes, ideólogos e propagandistas, pelo núcleo familiar do próprio chefe do governo.
    Disseminados e estimulados pelo discurso de um governante incapaz de conviver com a diversidade, a liberdade de pensamento e manifestação, com a própria democracia. Que se relaciona com milicianos, defende torturadores e já ameaçou metralhar os adversários.
    Ódio e intolerância colocados em prática, todos os dias, por um governo que libera a posse e porte de armas indiscriminadamente, que lança as Forças Armadas contra manifestações pacíficas, persegue os artistas e criminaliza a Universidade.
    Não faltam exemplos na história da humanidade para alertar sobre os riscos que estamos correndo. Os alvos já foram os judeus, os protestantes, os estrangeiros, os negros, os comunistas. A vítima sempre foi a liberdade.
    A intolerância política, em suas mais diversas formas, alimenta-se do silêncio e da omissão da sociedade quando não nos reconhecemos em cada vítima de seus crimes.
    Não podemos nos calar, ou não teremos mais voz.
    O Partido dos Trabalhadores está solidário aos familiares e amigos do companheiro Antônio Carlos Furtado.
    O PT exige que a lei seja aplicada com rigor contra o assassino de Antônio Carlos e os autores de todos os crimes políticos que vêm ocorrendo sob o governo de extrema-direita.
    O PT conclama brasileiros e brasileiras, de todos os partidos, credos e origens, a denunciar e reagir aos ataques contra a liberdade, a democracia e a civilização.
    Não à intolerância, ao ódio, à violência, à barbárie.
    O Brasil quer paz, justiça e democracia.
    Comissão Executiva Nacional do PT
    Brasília, 28 de novembro de 2019

     

     

  • Após movimento negro provocar debates públicos, Salvador já tem oito pré-candidatos negros à Prefeitura

    Após movimento negro provocar debates públicos, Salvador já tem oito pré-candidatos negros à Prefeitura

    Matéria do editor-chefe do Mídia 4P, Yuri Silva, originalmente publicada pelo portal

     

    A disputa pelo comando do Palácio Thomé de Souza, sede da Prefeitura de Salvador, acontecerá apenas em outubro de 2020, daqui um ano e dois meses, mas pelo menos oito pré-candidatos negros já se lançaram como alternativas para ocupar o cargo mais importante da capital baiana.

    A ebulição de pré-candidaturas de lideranças do movimento negro acontece no bojo de mobilizações e debates públicos promovidos na capital baiana, como o lançamento de campanhas públicas para incentivar o lançamento de postulações ao Executivo e ao Legislativo municipal.

    As mobilizações são uma resposta ao fato de que a cidade, que possui 85% de população negra e é a mais negra fora do Continente Africano, nunca conseguiu eleger pelo voto popular um prefeito negro.

    Apenas o jurista Edvaldo Brito, hoje vereador da cidade, foi prefeito de Salvador, mas biônico (ou seja, indicado pelo então governador Roberto Santos, durante a ditadura militar) e por um período de apenas oito meses.

    Além do movimento ‘Eu Quero Ela – Salvador Cidade Negra’, que acabou ganhando o protagonismo das ações, também promoveram debates as articulações de movimentos ‘Agora é ela, Bicão na Diagonal’, que se reúne em torno do Fórum Marielles, e ‘Plataforma Salvador Negra 2020’.

    Após as movimentações, que incluíram um seminário com possíveis postulantes, pré-candidatos dos principais partidos da base do governo Rui Costa (PT) lançaram pré-candidaturas. Só no PT, três nomes estão colocados na disputa oficialmente. A socióloga e militante do movimento de mulheres negras Vilma Reis, o vereador Moisés Rocha e o deputado federal Valmir Assunção são postulantes ao cargo de prefeito.

    Além deles, também colocaram seus nomes o presidente e fundador do bloco afro Ilê Aiyê Antônio Carlos dos Santos, o Vovô do Ilê (PDT), o vereador de Salvador e presidente municipal do PSB Silvio Humberto, a deputada estadual Olívia Santana (PCdoB), e dois quadros do PSOL (o deputado estadual Hilton Coelho e o sindicalista Raimundo Calixto).

    O vereador Edvaldo Brito (PSD) também pode ser candidato, de acordo com comentários de bastidores, mas a reportagem do Mídia 4P não conseguiu confirmar com ele nem com sua assessoria se a informação procede. Caso haja a confirmação, o número de pré-candidatos negros sobe para nove.

    Também está fora da conta das pré-candidaturas negras o deputado federal Pastor Sargento Isidório (Avante), que, apesar de ser da base do governo Rui Costa, não tem identificação com o movimento negro.

    Se seu nome fosse contado e o de Edvaldo Brito for confirmado, o número de pré-candidatos considerados negros chegaria a 10, um recorde histórico. Nunca antes Salvador teve tantas pré-candidaturas com essa característica.

    Direita

    No campo da direita, a questão racial é considerada “superada”. Na base do prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), a questão é vista como algo a ser desconsiderado na eleição do próximo ano, segundo fontes ouvidas pela reportagem do Midia 4P. Principais quadros negros do grupo, a ex-deputada federal Tia Eron e o deputado federal Márcio Marinho, ambos do PRB da Igreja Universal, estão fora da disputa.

    O assunto foi superado, para a base ‘netista’, com a eleição de Célia Sacramento (à época no PV, hoje na Rede Sustentabilidade) na posição de vice-prefeita em 2012 – o que depois terminou em brigas públicas, acusação de corrupção e um rompimento político traumático.

    Tia Eron e Márcio Marinho, dupla do PRB da Igreja Universal / Foto: O Globo

    Dentro do próprio PRB, na melhor das hipóteses, pode sobrar para Marcio Marinho, que é presidente estadual do partido, ocupar o posto de vice na chapa encabeçada pelo deputado federal João Roma, que é branco.

    A candidatura, contudo, teria a função apenas de ‘cumprir tabela’ no xadrez eleitoral, diante da extinção das coligações – isso se a postulação existir de fato.

    Marinho inclusive já foi candidato a vice na chapa de ACM Neto em 2008, quando foram derrotados pelo prefeito João Henrique, que se reelegeu.

     

    2012 foi melhor ano para negros na disputa pelo Executivo, até então

    Foi justamente em 2012, ano em que Célia Sacramento foi eleita vice-prefeita de Salvador, o melhor desempenho de lideranças negras nas eleições municipais da capital baiana para o Executivo.

    Naquela época, além da própria Célia, praticamente todos os candidatos a vice-prefeito/a foram negros ou negras. Foi o caso da própria Olívia Santana, que na época concorreu como vice na chapa do candidato do PT Nelson Pelegrino, sendo derrotados no segundo turno para ACM Neto.

    Márcio Marinho também foi candidato à época, pelo PRB. O candidato Mário Kertész (à época no PDMB) também teve um negro, Nestor Neto, como candidato a vice em sua chapa. Além da candidatura negra do PSOL à Prefeitura, com a figura de Hamiton Assis.

     

    AGENDA DE ENTREVISTAS

    Diante da ebulição de pré-candidaturas negras, o portal Mídia 4P está fazendo uma série de entrevistas com os postulantes negros ao Palácio Thomé de Souza. Até agora, já foram entrevistados Vovô do Ilê (leia aqui), Vilma Reis (leia aqui), Moisés Rocha (leia aqui) e Silvio Humberto (leia aqui).

    Ainda faltam dar entrevista os deputados estaduais Hilton Coelho e Olívia Santana, o deputado federal Valmir Assunção, o sindicalista Raimundo Calixto e o vereador e ex-prefeito de Salvador Edvaldo Brito.

    Hilton Coelho marcou para falar com a reportagem nesta quinta-feira, dia 22. Os demais ainda não confirmaram suas agendas para a entrevista.

  • OS USOS ELEITORAIS DO ANTI-PETISMO

    OS USOS ELEITORAIS DO ANTI-PETISMO

    RODRIGO PEREZ OLIVEIRA, professor de Teoria da História na Universidade Federal da Bahia, com charge de Aziz 

    Neste texto, quero analisar os usos eleitorais do anti-petismo, tratando especificamente das estratégias adotadas pelas candidaturas de Geraldo Alckmin e Ciro Gomes.

    Vou fazer de conta que as eleições estão acontecendo em uma situação de normalidade democrática. Com algum constrangimento, finjo que não sei que o principal candidato foi retirado da disputa em um processo questionado pela comunidade jurídica nacional e internacional.

    Analiso as eleições mesmo tendo seríssimas duvidas se os perdedores aceitarão o resultado. Tenho muitas dúvidas se o vencedor será, de fato, empossado. A mídia hegemônica está tratando general do Exército como interlocutor político, o que é um absurdo em qualquer democracia saudável. O presidente da suprema corte trouxe um militar para o seu gabinete de trabalho, em um comportamento inédito na história recente brasileira. Ainda assim, prossigo examinando a corrida eleitoral, falando das campanhas, das estratégias mobilizadas pelos candidatos.

    Sigo com a análise, um tanto envergonhado, confesso.

    As candidaturas de Ciro Gomes e Geraldo Alckmin se encontram diante do mesmo impasse: não estão conseguindo construir hegemonia dentro dos seus respectivos campos ideológicos. Ao que tudo indica, a crer nos dados divulgados pelas pesquisas, Geraldo Alckmin será derrotado no campo da direita e Ciro Gomes será derrotado no campo da esquerda.

    Hoje, o cenário mais provável aponta para uma disputa de segundo turno entre Fernando Haddad e Jair Bolsonaro.

    As candidaturas de Geraldo Alckmin e Ciro Gomes, como não poderia deixar de ser, tentam reverter a situação, usando o anti-petismo como o retórica eleitoral.

    Alckmin tenta recuperar os votos anti-petistas que Bolsonaro abocanhou, usando como trunfo as simulações de segundo turno realizadas pelos principais institutos de pesquisa, principalmente o Ibope e o Datafolha.

    Os dados apresentam Bolsonaro empatado com Haddad, enquanto Alckmin venceria com alguma facilidade o candidato petista.

    É como se Alckmin estivesse dizendo para o eleitor anti-petista: “Comigo, teremos mais chances de derrotar o PT”.

    Já Ciro Gomes tem um outro fantasma na manga: Jair Bolsonaro.

    Desde o início da campanha, Ciro Gomes vem apostando alto, com coragem, tentando romper com o lulismo e estabelecer um novo alinhamento de forças dentro do campo progressista. Tal como Alckmin, Ciro Gomes também utiliza as simulações de segundo turno como trunfo eleitoral. Como já sabemos, os dados mostram Haddad empatado com Bolsonaro. Já Ciro venceria todos os outros candidatos.

    Ciro Gomes tem ainda outra narrativa: se vencer, diz a campanha cirista, Haddad não conseguirá governar por causa do anti-petismo.

    O argumento está colando em parte do eleitorado progressista, machucado e esgotado com uma crise que se arrasta há cinco anos.

    Cinco anos de crise esgota as energias de qualquer um.

    Mas o que seria mesmo esse anti-petismo? Trata-se de um problema com o PT? Algo semelhante a uma antipatia pessoal?

    Penso que situação seja muito mais complexa, que o buraco seja muito mais fundo, que o problema seja muito mais grave.

    Explico com um exercício de síntese histórica. O conhecimento histórico é útil à vida.

    Entre meados dos anos 1970 e fins dos anos 1980, o Brasil viveu aquilo que costumamos chamar de redemocratização. Foi a transição da ditadura para o governo democrático. O processo foi longo, cheio de idas e vindas, teve perfil conservador e foi tutelado pelos próprios militares.

    Se é verdade que nem tudo na vida são flores, também podemos dizer que nem tudo são espinhos. Mesmo sendo conservadora, a transição trouxe algo de bom: a mobilização de setores importantes da sociedade brasileira na crítica ao autoritarismo.

    Foram anos animados, com grandes atos públicos, engajamento de artistas e intelectuais, greves gerais, milhares de pessoas nas ruas. Desse clima, saíram dois partidos políticos que, cada um a seu modo, passaram a representar as demandas da sociedade civil por um país mais justo e democrático: PT e PSDB, que se tornaram os principais ocupantes do campo político progressista.

    Mas o que é o campo político progressista?

    São os grupos políticos que partem do princípio de que o Estado deve amparar o sofrimento dos mais vulneráveis, daqueles que no conflito social são mais frágeis.

    Os mais frágeis?

    Mulheres, pretos e pretas, comunidade LGBT e, principalmente, pessoas pobres.

    Do outro lado do campo progressista está o campo do atraso.

    O objetivo do campo do atraso é direcionar a riqueza social para uma minoria, justamente aqueles que já são mais poderosos: homens, pessoas brancas e, principalmente, ricos.

    Partidos diferentes, cada um com sua proposta: o PT mais próximo dos movimentos sociais de base. O PSDB mais preocupado em tomar a via da política institucional. Mesmo com as diferenças, não era raro ver PT e PSDB dividindo o mesmo palanque naqueles tempos da redemocratização.

    Isso ficou claro nas eleições de 1989, quando Mário Covas, importante liderança tucana, apoiou Lula no segundo turno das eleições.

    Mas por que fui lá atrás, na redemocratização, se o objetivo é abordar os usos eleitorais do anti-petismo hoje, em 2018?

    É que síntese histórica é igual a canja de galinha e cafuné. Sempre faz bem. Sempre ajuda.

    Estou querendo dizer pra vocês que nos anos da redemocratização o campo progressista brasileiro era formado por alguns partidos políticos: PT, PSDB, PDT e alguns outros com relevância menor.

    Ao longo da década de 1990, com o envelhecimento de Brizola, o PDT se tornou um partido pequeno. Já o PSDB aderiu à agenda do neoliberalismo internacional e se tornou um partido de centro-direita.

    Sobrou quem no campo progressista? Apenas o PT.

    O PT passou a ocupar sozinho esse campo político e, assim, chegou ao governo em 2002. Com todas as contradições e defeitos dos governos petistas, não dá pra negar que eles foram progressistas. Os números são muito reveladores.

    Pessoas pretas, pobres, mulheres tiveram suas vidas melhoradas por meio de políticas públicas. Foi menos do que precisava ser. Foi mais do que tinha sido feito até então.

    E o campo do atraso?

    Cada vez mais passou a odiar o PT. Como esse campo do atraso controla a maioria dos canais de comunicação, esse ódio se difundiu também para setores das classes médias. A espetacularização seletiva das denúncias de corrupção se tornou o combustível desse ódio. Temos aqui o tão falado ‘anti-petismo’.

    Vejam bem, leitor e leitora: não se trata, apenas, de um ódio ao PT. O ódio é direcionado ao grupo político que desde os anos 1990 ocupa sozinho o campo progressista. O ódio é direcionado à agenda progressista, a certo conceito de política, à ideia de que os recursos públicos devem ser usados em benefício dos mais vulneráveis.

    Se a estratégia corajosa de Ciro Gomes funcionar, veremos o estabelecimento de um novo equilíbrio de forças dentro campo progressista. Em questão de meses, o anti-petismo se tornará anti-cirismo, ou anti-pedetismo. Sei lá.

    Se Ciro Gomes vencer e implementar o seu plano de governo (um plano progressista), passará a ser ele o alvo das forças do atraso. Não à toa, bastou Ciro Gomes se destacar nas pesquisas para que aparecesse uma delação que o coloca na mira da Operação Lava Jato.

    Quem acha que o problema das forças do atraso é específico com o PT ainda não entendeu o Brasil.

    Não se trata de anti-petismo, meus amigos e minhas amigas. É só o velho Brasil tentando destruir todos os que modificaram as regras de distribuição da riqueza social. Nem carece de ter modificado muito. Basta ter bulido só um pouquinho.

    Pra concluir meu argumento: à direita e à esquerda, o anti-petismo é retórica eleitoral. Na campanha do PSDB, a retórica é até coerente com o projeto de Brasil das forças do atraso. Basta saber se o PSDB ainda representa essas forças.

    Já na campanha de Ciro Gomes, a retórica do anti-petismo combina oportunismo com ingenuidade. Oportunismo é normal em política, principalmente em época eleitoral. A ingenuidade é o pior defeito que uma pessoa adulta pode ter.

     

     

  • Uma conversa sincera sobre alianças

    Uma conversa sincera sobre alianças

    por Rodrigo Perez Oliveira, professor de Teoria da História na UFBA


    O jogo da política é esporte coletivo. Ninguém faz política sozinho, nem mesmo nas tiranias, nem mesmo nos regimes de poder mais autoritários. As alianças sempre são importantes, estão sempre sendo costuradas, em todos os lugares onde podemos encontrar seres humanos praticando política.

    E os seres humanos, leitor e leitora, praticam política em tudo quanto é lugar, estão sempre costurando alianças. É isso que nos humaniza.

    Costuramos alianças no trabalho, quando nos aproximamos de determinados colegas e nos afastamos de outros. Costuramos alianças até mesmo em casa, na família, quando construímos relações de afinidade e afeto mais intensas com um irmão e não com o outro, com um primo e não com o outro, com a mãe, ao invés do pai.

    Os políticos profissionais, como não poderia deixar de ser, têm na costura de alianças o fundamento do seu ofício.

    Neste ensaio, falo sobre alianças, tomando como objeto de reflexão as tratativas que envolveram PT e PDT visando uma aliança progressista nas eleições presidenciais de 2018.

    Ao que parece, essa aliança não vai acontecer, pelo menos não no primeiro turno. Acho difícil que aconteça depois também.

    Meu objetivo aqui é examinar a movimentação dos atores envolvidos fora do clima de histeria que tomou a militância de ambos. Quero reconstruir as estratégias acionadas pelas lideranças petistas e pedetistas, examinando as suas expectativas.

    Vamos lá, passo a passo, começando por Ciro Gomes.

    A estratégia de Ciro foi coerente com sua leitura da crise. A leitura, talvez, tenha sido equivocada, mas a estratégia foi coerente. Explico.

    Em outubro de 2016, na ocasião das últimas eleições realizadas no Brasil, todos os dados disponíveis apontavam para o colapso do Partidos dos Trabalhadores: redução drástica no número de prefeituras ocupadas, de mandatos parlamentares, sem contar a derrota acachapante em São Paulo, onde Fernando Haddad, em exercício do mandato e com o controle da máquina, foi batido ainda no primeiro turno por João Dória.

    Por aqueles tempos, não seria um absurdo decretar a morte do PT. Foi essa a aposta de Ciro Gomes, que viu aí a chance de inaugurar um outro equilíbrio de forças dentro do campo progressista.

    Durante quase dois anos, Ciro investiu nessa estratégia, criticando duramente os governos petistas. Ora o alvo de críticas era Lula, acusado de não ter feito nenhuma mudança estrutural, “a não ser a tomada de três pinos”, pra lembrar a ironia feita numa entrevista a Lázaro Ramos. Em outros momentos, era Dilma quem estava na alça de mira, acusada de “não ser do ramo”.

    Em entrevista a Paulo Moreira Leite, Ciro chegou a chamar Lula de ladrão, endossando parte das acusações feitas pela operação Lava Jato.

    Tudo isso pode ser somado à ausência de Ciro Gomes nos palanques petistas, tanto em Monteiro, na ocasião da inauguração da transposição do Rio São Francisco (março de 2017), como nas manifestações que aconteceram em São Bernardo do Campo, na ocasião da prisão de Lula (abril de 2018).

    A mensagem estava clara: Ciro estava disputando a hegemonia dentro do campo progressista. Lendo a conjuntura, Ciro achou que poderia vencer, e apostou alto.

    O caminho para a vitória passava pela costura de alianças, e Ciro Gomes sabia perfeitamente disso. Ciro investiu, então, na aproximação com o tal do “centrão”, antigo aliado do PT, especialmente durante a era Lula.

    Foram meses de conversas, de promessas recíprocas. Mas a conjuntura mudou (em momentos de crise, as conjunturas mudam muito rápido) e Ciro Gomes sofreu um duplo revés:

    1°) A recuperação do lulismo

    A agenda do golpe neoliberal se tornou extremamente impopular. O governo de Temer não conseguiu se apropriar da narrativa de combate à corrupção. Além disso, o desmonte do Estado, o ataque à CLT e a tentativa de destruir a previdência pública, colocaram Temer em confronto direto com o imaginário popular, que desde os anos 1930 é atravessado pela ideia de que cabe ao Estado prover direitos sociais e amparar os mais pobres.

    Direitos trabalhistas e previdenciários são coisas sagradas para os brasileiros e brasileiras. O golpe neoliberal foi inábil, afobado e pode até ter colecionado vitórias institucionais (a PEC dos gastos e a reforma trabalhista, por exemplo), mas se desgastou na opinião pública.

    Com esse desgaste, o capital político de Lula foi reabilitado. Lula se tornou o grande antagonista do golpe neoliberal, ainda que quando presidente tenha sido dócil com os interesses neoliberais.

    Lula passou a ser representado no imaginário popular como o novo “pai dos pobres”, personificando a função social do Estado.

    No imaginário dos mais pobres, a imagem de Lula lembra o prato mais cheio, lembra o crédito facilitado, a energia elétrica, a cisterna. A imagem de Lula lembra a “vidinha digna”, que nos valores populares significa comer três vezes por dia e ter algum conforto material para “criar os meninos”.

    Só isso que explica aquele que, ao menos na minha avaliação, é o dado mais impressionante da crise brasileira contemporânea: mesmo preso, mesmo sendo alvo do mais violento ataque midiático da história do Brasil, Lula ainda venceria as eleições presidenciais, talvez em primeiro turno.

    Ciro Gomes subestimou a capacidade do lulismo de sobreviver à crise. Ninguém faz política no campo progressista sem reivindicar o legado de Lula. Ciro achou que dava pra superar Lula. Errou.

    2°) O conservadorismo do “centrão”

    O centrão é conservador, se alimenta da fisiologia e, por isso, diferente do que fez Ciro Gomes, escolheu apostar baixo. Lendo a conjuntura, o centrão acredita que a polarização ideológica que marcou a história política brasileira nos últimos 25 anos irá se manter nas eleições de outubro: PT x PSDB.

    É com esse cálculo, de que a crise não alterou profundamente a sensibilidade do eleitor brasileiro, que o centrão se divide entre um apoio formal a Geraldo Alckmin e um apoio informal a Lula.

    Os partidos do centrão escolheram Alckmin, mas lideranças importantes flertam com Lula, como é o caso de um Edson Lobão, de um Renan Calheiros, de um Eunício Oliveira.

    Ciro queria o apoio do centrão para isolar o PT e, depois, ditar os termos da aliança. Ciro ficou a ver navios. O centrão lhe disse: “Não vamos trocar o certo pelo duvidoso”.

    Depois do “não” do centrão, Ciro reorientou sua estratégia, adotando um tom mais simpático a Lula e ao PT, como ficou claro na sabatina da Globo News, que aconteceu na semana passada. Quando teve que criticar, Ciro criticou Dilma. É redundante criticar Dilma. É fácil criticar Dilma. Com Lula, Ciro foi gentil, elogioso, bem diferente do que fez ao longo de todo esse tempo.

    Por seu lado, o PT, nas cordas e com o seu grande líder preso e inelegível, pensou seriamente na possibilidade de coligar com Ciro Gomes. Hoje, Ciro é mais forte do que qualquer quadro interno do PT. Todas as pesquisas mostram isso.

    O PT abocanhou o PCdoB e o PSB, para isolar Ciro Gomes e forçá-lo a uma aliança tutelada.

    Entendem, leitor e leitora? As duas partes queriam a mesma coisa: isolar o adversário e depois construir uma aliança tutelada.

    Quem perdeu e quem venceu?

    Por ora, só dá pra responder parcialmente.

    Dá pra cravar que Ciro Gomes já perdeu. O PT ainda não perdeu. Pode perder, mas também pode ganhar.

    Ciro apostou alto, foi ousado e corajoso ao confrontar o capital político mais valioso da história do Brasil. Se tivesse dado certo, seria uma vitória épica que refundaria o campo progressista brasileiro. Não deu certo e, se nada mudar, se as lideranças dos dois partidos mantiverem suas posições atuais, Ciro Gomes será o primeiro derrotado nas eleições de 2018.

    Já o PT vai apostar na estratégia da transferência de votos que já deu certo com Dilma. A diferença é que agora Lula não estará solto por aí, fazendo campanha.

    Mas Lula ainda precisa fazer campanha? Ele já não é conhecido, amado e respeitado o suficiente para transferir votos para qualquer poste sem precisar pisar no palanque?

    O PT acha que sim. Só o tempo dirá.

    Verdade, verdade mesmo é que ninguém é mocinho nessa história, tampouco vilão. Tanto Ciro como PT são players se movimentando no tabuleiro da política. Na política, aliado bom não é aquele com quem tenho afinidade ideológica. Esse pode até ser meu amigo, mas pra ser meu aliado precisa trazer algo. Pra que serve um aliado que só traz ideias, que não tem voto, que não tem mandatos no Congresso? Esse aliado não serve pra nada.

    Aliado bom mesmo é aquele que é forte o suficiente para agregar capital político, mas não é forte o bastante para ditar os termos da aliança. É esse o aliado com quem todos eles sonham: a esquerda, a direita e o centrão.

     

  • CIRO CORTEJA COMUNISTAS

    CIRO CORTEJA COMUNISTAS

    Em busca do apoio do PCdoB à sua candidatura presidencial, Ciro Gomes (PDT) tem realizado verdadeiro périplo. Ontem foi a vez de visitar o governador comunista do Maranhão, Flávio Dino.

    Hoje, Ciro (em companhia do presidente do PDT, Carlos Lupi) encontrou-se com Luciana Santos, presidenta do PCdoB, Renildo Calheiros, do Comitê Central comunista e Renato Rabelo, dirigente histórico do partido.

    No PDT, já se fala até em partilha de cargos. E que a candidata do PCdoB, Manuela D’Ávila, abandonaria a disputa presidencial para participar da corrida eleitoral pelo Palácio Piratini, sede do governo gaúcho (Manuela é deputada no Rio Grande do Sul).

    No PCdoB, os encontros sucessivos de Ciro com os comunistas são tratados apenas como “diálogos necessários entre as forças políticas do campo democrático e progressista”.

    Em suas redes sociais, a presidente do PCdoB escreveu: “A convite do pré-candidato Ciro Gomes, em PE, uma conversa de alto nível sobre os desafios brasileiros.” A convenção nacional eleitoral do PCdoB que vai referendar a candidatura de Manuela D’Ávila à Presidência da República acontecerá no dia 1º de agosto (quarta-feira), em Brasilia-DF.

  • EXCLUSIVO: SENADORA KÁTIA ABREU DESEMBARCA NO PDT

    EXCLUSIVO: SENADORA KÁTIA ABREU DESEMBARCA NO PDT

     

    O ato de filiação está marcado para dia 26 de março. Acontecerá durante cerimônia em Brasília. Kátia Abreu se filiará ao PDT (Partido Democrático Trabalhista), de Ciro Gomes e disputará as eleições para governadora de seu Estado, Tocantins.

    Expulsa do MDB, uma das maiores vozes contra o golpe e atleta em atirar vinho na cara do José Serra, Kátia Abreu deve trazer ao PDT conflitos com a pauta indígena, que nunca digeriu.

    Em um cenário que há meses atrás seria impossível, abrirá palanque para Ciro Gomes em Tocantins e, segundo sondagem interna da candidata, tem reais chances de vitória. A amigos, Kátia Abreu diz que vai para o “Tudo ou nada”.

    O PDT, que não tem demonstrado alinhamento de ideologia, vem sofrendo turbulências com candidatos que usam a sigla sem se comprometer com as bandeiras de Darcy Ribeiro e Brizola. Kátia Abreu diz-se empolgada com o projeto desenvolvimentista do Ciro Gomes.

    Nem o PDT e nem a senadora confirmam tal negociação, porém, a assessoria de imprensa da senadora afirma que, pela legislação, Kátia Abreu tem um mês para definir seu destino e admite que o PDT é uma das legendas possíveis.

    Militantes do PDT já comemoraram a chegada.