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  • “Eu pedi para ele parar, ele continuou”, diz jovem que acusa Neymar de estupro

    “Eu pedi para ele parar, ele continuou”, diz jovem que acusa Neymar de estupro

    Pela primeira vez desde que a imprensa divulgou seu boletim de ocorrência, a modelo e estudante de Design de Interiores Najila Trindade Mendes de Souza, que acusa o jogador Neymar de estupro e agressão, deu sua versão dos fatos ao público. Entrevistada pelo repórter Roberto Cabrini nesta quarta-feira (05/06), a jovem afirmou que foi violentada em 15 de maio, após ir a Paris para se encontrar com o atacante.

    Najila disse que ao chegar no hotel, o jogador mandou mensagem por WhattsApp dizendo que iria a uma festa mas passaria lá antes para lhe dar um beijo. “Quando chegou lá, estava tudo bem, mas ele estava agressivo, totalmente diferente do cara que eu conheci nas mensagens. Como eu tinha muita vontade de ficar com ele, tentei manejar a situação. Começamos a trocar carícias, nos beijar e ele me despiu. Até aí, foi tudo consensual. Ele começou a me bater. No início foi ok, mas depois ele começou a me machucar muito. Eu falei ‘para’ e ele falou ‘desculpa, linda’”. E continuou a relação.

    Najila foi didática. Contou que perguntou a Neymar se ele tinha camisinha e, diante da negativa do jogador, teria dito: “Então, não vai acontecer nada”. O silêncio do rapaz foi interpretado como um acato à sua decisão. Mas, “ele me virou e cometeu o ato. Pedi para ele parar, ele continuou. Enquanto ele cometia o ato, continuou batendo na minha bunda, violentamente”. Najila conta que tudo aconteceu em “questão de segundos”. “Falei ‘para, para, não’. Ele não se comunicava muito, ele só agia”, mostra um dos trechos da entrevista que é possível assistir aqui:

    A mulher quer transar. Começam as carícias, o clima esquenta porque ela quer transar e ok. MAS há duas coisas importantes sobre o que é consentimento:

    1) A mulher não quer transar sem camisinha. Se tivesse, tudo bem. Porém, o cara decide sozinho que vai transar sem a camisinha e inicia a relação. É ESTUPRO.

    2) Durante o sexo, a mulher reclama que está doendo ou por qualquer outra razão e pede pra parar. O cara não para. É ESTUPRO.

    Qual a dúvida? Tudo o que acontece depois do “não” é estupro.

    A polêmica sobre os fatos cabe aos investigadores. Mas na entrevista a moça foi didática.

    Tem muito homem defendendo estuprador porque existe uma cultura que ignora o “não” de uma mulher e segue. É estupro. Não há dúvida nenhuma. Se não para, é estupro. Ponto final.

  • Neymar expõe a seus 119 Milhões de seguidores fotos intimas da Mulher que horas antes lhe acusou de estupro

    Neymar expõe a seus 119 Milhões de seguidores fotos intimas da Mulher que horas antes lhe acusou de estupro

    Na última sexta-feira (31) foi registrado na 6ª Delegacia de Defesa da Mulher, em Santo Amaro, capital paulista, um boletim de ocorrência no qual o jogador Neymar Jr. é acusado do crime de estupro. Segundo a denunciante -que não teve seu nome divulgado por segredo de justiça- o fato teria ocorrido no dia 15 de maio em Paris, FR.

    Diante da repercussão do caso, no dia seguinte a data em que o documento foi protocolado, Neymar Jr. publicou em sua página no instagram um vídeo onde o próprio fala sobre a necessidade de expor todas as conversas que teve com a denunciante, a fim de divulgar não apenas as mensagens que foram trocadas, como também -nas palavras do próprio- provar tudo o que aconteceu. A divulgação da conversa se deu ao final deste mesmo vídeo, onde, ao fazer uso de um recurso de filmagem de tela, o jogador deslizou pelo histórico de mensagens do celular.

    Dentre as mensagens divulgadas por Neymar é possível ver inúmeras fotografias intimas da denunciante, incluindo uma mensagem onde a mulher chega a pedir a ele que por favor não compartilhe o conteúdo enviado por ela. No entanto, o que chama ainda mais atenção no vídeo é que ao deslizar a tela o atleta expõe não apenas o nome, como também o sobrenome da denunciante, informações até então resguardadas pelo segredo de justiça.

    A publicação do vídeo descrito acima ensejou uma série de acontecimentos. Na Policia Civil do Rio de Janeiro; uma investigação entorno da divulgação indevida feita por Neymar Jr. Na internet; uma série de manifestações em apoio ao atleta, estas, em sua grande maioria fundamentadas pela credibilidade atribuída à Neymar, e por classificarem a mulher como oportunista e mais uma série de outros desqualificativos inspirados exclusivamente no conteúdo exposto pelo atleta.

    Diante dos últimos acontecimentos, ficam as dúvidas. Seria interessante para o jogador infringir a sua privacidade e a da jovem em prol do apoio de milhões de brasileiros ansiosos para vê-lo marcar na Copa América, (14/06). Ou, a divulgação das imagens contidas no vídeo, seria resultado da inobservância de uma assessoria jurídica e de imprensa, de um atleta que lhes rende milhões de euros ao ano.

    Por fim, importante lembrarmos a maneira na qual um contingente expressivo de nossa sociedade interpreta esses tipos de crimes, considerados “crimes virtuais”.
    Episódios onde a exposição do corpo e da identidade das mulheres envolvidas é banalizada em privilégio do homem, seja na tentativa de preservar imagem deste, ou até mesmo com o propósito de amenizar ou ocultar alguma ilicitude.

    Atualmente Neymar Jr. é o brasileiro com maior número de seguidores na plataforma do Instagram, cerca de 119 Milhões de pessoas tem acesso às suas postagens. O vídeo mencionado na matéria já foi retirado da página do atleta após algumas horas no ar. No entanto, é impossível estimar o numero de pessoas que já tiveram acesso ao conteúdo, visto que, o vídeo já se encontra em outras plataformas.

    Segundo o Código Penal;
    Art. 218-C. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, vender ou expor à venda, distribuir, publicar ou divulgar, por qualquer meio – inclusive por meio de comunicação de massa ou sistema de informática ou telemática -, fotografia, vídeo ou outro registro audiovisual que contenha cena de estupro ou de estupro de vulnerável ou que faça apologia ou induza a sua prática, ou, sem o consentimento da vítima, cena de sexo, nudez ou pornografia: (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)

  • EDITORIAL: Neymarzinho e Neymarzão às voltas com a mulher-diaba!

    EDITORIAL: Neymarzinho e Neymarzão às voltas com a mulher-diaba!

    Neymar é inocente! A Globo quer que seja! O machismo quer que seja! A CBF quer que seja! Os patrocinadores dele querem que seja —Neymar possui patrocínio de “gigantes”, como Nike, Air Jordan, Qatar Nacional Bank, Beats by Dre, Red Bull, McDonald’s, Wish, EA Games, Gillette, Honda, Mastercard e Panini, entre outros.

    “A mulher que o acusa é uma oportunista”.
    “Foi uma armadilha”.
    “Um homem tentou chanteagear o pai do Neymar em nome dela”.

    O big business em torno da marca Neymar Jr. se crispa de nervoso com a acusação: “ESTUPRADOR”.

    ♦Ah, mas a moça foi pra Paris com tudo pago pelo craque! Ficou hospedada em um hotel de luxo.
    ♦Trocou mensagens “quentes” com Neymar, afirmam as colunas de fofocas e os programas vespertinos da TV, como se isso justificasse alguma coisa.

    “Quem está na chuva é pra se molhar”, alega o machismo!

    Então, vamos lá!

    1. Neymar gravou um vídeo logo depois de a moça fazer a denúncia do estupro, em que confirma que os dois combinaram o encontro e que ele a convidou para ir a Paris. Também teria havido troca de mensagens e de fotos e vídeos entre eles, com conteúdo erótico.
    2. Pela denúncia divulgada, Neymar chegou ao hotel embriagado e a forçou ao sexo contra a vontade dela. O nome disso é ESTUPRO. Sempre que um homem força uma mulher a atos sexuais contra a vontade dela, o nome é ESTUPRO. Pode ser um desconhecido, o marido, pode ser namorado, amante, pode ser ficante, rolo ou o que for. É ESTUPRO. E quem o comete é ESTUPRADOR.
    3. Só o machismo e a rendição sem vergonha ao poder econômico e midiático de Neymar e seus patrocinadores autoriza alguém, no atual estágio das investigações, a atacar a honra e a credibilidade da moça que denuncia o atleta.
    4. O pai de Neymar disse que um advogado apresentou-se em sua casa, dizendo representar a moça e chantageando-o para não acusar o jogador. O nome desse advogado? Ninguém sabe. A conversa com esse advogado também não foi registrada pelo empresário-pai de Neymar, apesar de ter sido realizada no apartamento dele. Esquisito, não é? Alguém parou para pensar que essa reunião, se ocorreu —SE—, pode não ter sido pedida ou organizada pela moça?
    5. Para provar que foi “seduzido” pela moça, Neymar mostrou vídeos íntimos que ela lhe mandou. Cometeu mais um crime. Divulgar a intimidade de alguém é crime, e é passível de indenização por dano moral e material, como determina a Constituição Federal em seu artigo 5º inciso X: “São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.”
    6. Neymar Jr. e os executivos dos negócios que envolvem sua marca sabem muito bem que a moça ficaria famosa se aparecesse como a nova namorada do craque… Se ela fosse mesmo uma oportunista, uma aventureira, ela poderia conseguir uma vaga como apresentadora em algum programa da RedeTV, virar “fazendeira” na Record, aparecer na capa da revista Caras, dar uma entrevista no Fantástico, ou o que for. Por que ela teria preferido esse penoso caminho da denúncia, sabendo que enfrentaria o machismo e todas as suspeitas que, inevitavelmente recairiam –como estão recaindo— sobre ela?
    7. Infelizmente, em pleno 2019, e apesar de lutas travadas por mulheres corajosas como as que denunciaram o assédio em Hollywood ou na TV Globo, antes de mais nada, as pessoas ainda desconfiam da mulher, “diaba”, “sedutora”, “traiçoeira”, “bruxa dos infernos”, que enganou o pobre menino rico Neymar. Coitado!
    8. E, como a Justiça no Brasil está em frangalhos, pautando-se vexaminosamente pelo poder da big mídia, o mais provável é que assistamos à Copa América que se iniciará no dia 14 de junho abraçados e abraçadas, todas e todos, em firme convicção (porque é isso o que importa, não é?) na “honestidade” do atleta cai-cai. Porque, sabemos, no fundo, que o que conta é a bola rolando, os milhões entrando e algum blá-blá-blá que o Galvão Bueno invente pra nos distrair dessa triste realidade.

    #Metoo

  • Por que torcer pela seleção brasileira? Porque o golpe não pode roubar nossas paixões.

    Por que torcer pela seleção brasileira? Porque o golpe não pode roubar nossas paixões.

    O país vive uma crise política sem precedentes. A presidência foi aviltada por um corrupto notório que, não se explica porquê, é blindado das acusações comprovadas que lhe são feitas há quase dois anos. A economia não se recuperou. O desemprego não caiu. As garantias do estado democrático de direito estão longe de serem realidade. O candidato que o povo quer ver na presidência está preso e os esforços dos golpistas para impedir sua candidatura são flagrantes.

    E vai começar a Copa do Mundo. Cujo nome oficial é “Copa do Mundo da FIFA”, que vai ser transmitida pela Rede Globo, maior apoiadora de todos os nosso golpes, que vai ser disputada pela Seleção Brasileira de Futebol, liderada por Neymar, acusado de sonegação de impostos e que tirou foto com Aécio Neves, coordenada pela CBF, afogada na lama da corrupção e de denúncias internacionais, patrocinada pelo Itaú, que lucra com todas as nossas crises, e que veste a camisa amarela, da cor do pato, oficialmente adotada pelos paneleiros em seu surto coletivo de ignorância.

    Eu sei de tudo isso.

    Mas eu ando pela cidade e vejo bandeirolas verde e amarelas penduradas nas ruas, a bandeira do Brasil pintada no asfalto. Não foi Michel Temer que mandou pintar. Vejo o trabalhador no boteco na hora do almoço comentando animadamente os esquemas táticos, melhores atacantes, maiores perigos de cada equipe. Escuto sem querer no ponto de ônibus o pessoal mandando aquele audio do zap combinando o churrasco que vai fazer no dia 17 para assistir à estréia do Brasil.

    Nada disso é motivo para pensar que essas pessoas estão deixando os seus problemas de lado, que estão se esquecendo da luta diária, dos embates políticos que precisam travar. Quem não gosta de futebol tem todo o direito de ignorar o mundial, mas a conversa de que torcer pela seleção é prenúncio de alienação é mais velha que andar pra frente. A cada quatro anos a Copa do Mundo se transforma na origem de todo os males da população brasileira.

    Não adianta, porque o povo brasileiro gosta de futebol. É uma paixão genuína e histórica, como o samba, como o carnaval. Nós já perdemos espaço político para o golpe, mas não podemos deixar os paneleiros nos roubarem essa paixão, não podemos lhes dar o monopólio da cor amarela. É muito arrogante e elitista achar que o povo brasileiro é incapaz de separar o desempenho da seleção do cenário político nacional. Que é incapaz de separar o belo gol de Neymar dos seus posicionamentos infelizes e das falcatruas dos seus contratos milionários. Não foram as vitórias de 58 e 62 que levaram ao golpe de 64, não foi a vitória de 70 que deu poder a Médici. Não foi a derrota honrosa de 82 que proporcionou a redemocratização. Não foi Romário que elegeu FHC em 94. Não foi Ronaldo que elegeu Lula em 2002.

    No fundo, é comum a elite desacreditar o mundial porque na falsa preocupação com a alienação do povo está o desprezo pelos gostos populares. A frase mais repetida é aquela que diz “Enquanto você grita gol, o Brasil vai pro buraco!”. Pois é, o Brasil está realmente num caminho sombrio, mas ele continua nesse caminho sombrio enquanto você almoça, enquanto você aprecia uma cerveja artesanal, enquanto você lê Brecht, enquanto você faz psicanálise, enquanto você tira um tarô, enquanto você vai ao teatro, enquanto você ouve Beyoncée, enquanto você dança, enquanto você faz xixi. Nada disso desautoriza ninguém. Todo mundo tem direito aos seus divertimentos. Não tentem azedar a alegria do povo de estar junto e curtir a copa, até porque não vão conseguir, só vão azedar ainda mais a si próprios.

    Então eu vou assistir os jogos do Brasil, torcendo muito. E continuo na luta. Porque a copa é a cada 4 anos, a luta é todo dia.

  • Por que não torcer pela Seleção Brasileira? Porque não é a Seleção Brasileira!

    Por que não torcer pela Seleção Brasileira? Porque não é a Seleção Brasileira!

    “Noventa milhões em ação
    Pra frente Brasil, do meu coração
    Todos juntos, vamos pra frente Brasil
    Salve a seleção!
    De repente é aquela corrente pra frente, parece que todo o Brasil deu a mão!
    Todos ligados na mesma emoção, tudo é um só coração!
    Todos juntos vamos pra frente Brasil!
    Salve a seleção!
    (Pra Frente Brasil – Hino da Seleção Brasileira de 1970)

    Durante a Copa do Mundo realizada no México, em 1970 a grande dúvida, que incomodava a parcela da população brasileira que tinha consciência política e que, portanto, se posicionava contra a ditadura, era se deveria ou não torcer ou até mesmo assistir aos jogos da Seleção Brasileira de Futebol.

    A Seleção Brasileira de 1970 era a representante legítima do que havia de melhor no futebol brasileiro à época, diferentemente do que ocorre com a Seleção Brasileira dos dias de hoje.

    Nomes como Pelé, Rivelino, Tostão e Carlos Alberto Torres faziam a festa da torcida nos times em que jogavam, aqui mesmo no Brasil.

    Não havia, como na Seleção de hoje, os jogadores chamados de “estrangeiros”. Todos jogavam no Brasil, o que criava grande empatia com o torcedor. Qualquer pessoa na rua dizia de cor a escalação do time, inclusive dos times onde cada atleta daquela seleção atuava.

    O futebol ainda não havia sido tomado de assalto pelas grandes marcas, pelos grandes anunciantes. Os atletas não tinham assinados contratos milionários, e se preocupavam mais em jogar bola do que com cortes de cabelo exóticos ou desfilar a bordo de carrões com roupas de gosto duvidoso.

    Aliás nenhum daqueles atletas tinha histórico de envolvimento em escândalo de sonegação de impostos, por exemplo.

    A Copa do Mundo de 1970 foi a primeira a ser transmitida pela TV, ao vivo, via satélite e em cores.

    Mas vale ressaltar que a maioria dos brasileiros era bem pobre e não tinha TV, quem diria a cores.

    A ditadura militar, com uma tremenda visão de comunicação de massas, organizou eventos em locais públicos, onde foram transmitidos todos os jogos, ao vivo e em cores.

    Portanto a grande contradição que havia entre torcer ou não pela “Seleção Canarinho” de 1970 não estava relacionada diretamente com a qualidade técnica daquele time, que aliás era magnífica.

    A contradição entre torcer ou não residia no fato de que aquela Seleção representava oficialmente o regime político do país comandado pela ditadura militar, ou seja, todo e qualquer sucesso do time era automaticamente transformado em dividendo político pela ditadura.

    Não foi a toa que o ditador Médici em pessoa levantou a taça da conquista da Copa do Mundo das mãos do próprio capitão da Seleção, Carlos Alberto Torres.

    O ditador Emílio Garrastazu Médici, aliás, torcedor fanático por futebol, fez questão de associar sua imagem pessoal à imagem da Seleção Brasileira, vencedora da Copa do Mundo.

    A ditadura civil-militar colheu muitos dividendos com a conquista da Copa do Mundo do México em 1970. A vitória foi atribuída, mesmo que inconscientemente, à ideia de “eficiência” do regime, cuja influência se fez presente até mesmo na escalação do time que embarcou para o México.

    João Saldanha, que era técnico da Seleção por méritos e aclamado por todo o Brasil, enfrentou a ditadura, fazendo valer sua decisão de não escalar Dario “Dadá Maravilha”, um centro avante mediano, mas sugestão do próprio Médici.

    Resultado: foi substituído em cima da hora por Zagalo, um treinador medíocre, sem o menor brilho, absolutamente inexpressivo.

    E Dadá Maravilha embarcou com a equipe.

    O paralelo que busco estabelecer sobre o dilema que o torcedor de 1970 tinha e o torcedor de hoje tem, entre torcer ou não pela Seleção, é que a seleção de 1970, como narrei acima, mesmo representante da ditadura, era uma equipe que encantava, que enchia os olhos do mundo todo com seu futebol arte.

    A seleção de hoje, além de ser medíocre, não tem a menor empatia com o povo brasileiro.

    Suas cores e sua marca mais conhecida, a CBF, são instantaneamente relacionadas pelo povo ao golpe que roubou a democracia do país e o jogou na pior crise política de sua história.

    O ídolo maior da Seleção de 1970, Pelé, nunca se apresentou como cidadão politizado, e não entrarei, pelo menos nesse artigo, no mérito de sua contribuição pessoal para a ditadura mas, diferentemente do ídolo da seleção de 2018, Pelé não contribui diretamente para a idiotização da população brasileira.

    E se assim o fez, fez de uma maneira velada e quase à revelia, ouso dizer.

    Em contrapartida fica impossível dissociar a imagem de Neymar, principal jogador da Seleção atual, com a imagem de sonegador de impostos, um criminoso sentado no banco dos réus, ou mesmo da em vídeo gravado junto com o amigo Aécio Neves, apoiando a candidatura daquele que em sua campanha dizia que “combateria a corrupção”, mas foi flagrado pedindo R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista, além de ameaçar “matar antes da delação” o transportador da propina.

    A Seleção Brasileira de 1970 ainda era a uma seleção de futebol, a despeito de ter sido cooptada e controlada pela ditadura.

    Por pior que esse fato possa parecer, ainda dava para torcer por ela, valendo-se do argumento do futebol arte, do esporte enquanto cultura, do encantamento que aquele apanhado de jogadores muito acima da média exercia sobre o povo.

    A seleção brasileira de 2018 é a seleção das grande marcas, a seleção do selfie, a seleção da meritocracia individual, a seleção dos escândalos, a seleção que dá manchetes pelo penteado de um jogador, ou das idas e vindas de seu relacionamento amoroso, mas que pouca ou nenhuma manchete dá por conta daquilo que seria, em tese, sua razão de existir: o futebol.

    Não é uma seleção de futebol, é um grupo de representantes das marcas envolvidas no evento, meros anunciantes pagantes.

    É uma Seleção que não encanta, não empolga, não emociona.

    Não convence.

    Vale lembrar os escândalos da CBF, que controla a Seleção, e como a imagem dessa mesma Seleção está ligada a Rede Globo de Televisão, a emissora que apoiou a ditadura que vigorava quando a Seleção de 70 ganhou a Copa, e que ajudou a desferir o golpe de 2016, quando esse arremedo de time de futebol, que alguns ainda, romanticamente, insistem em chamar de “seleção”, começou a ser convocado.

    A seleção de hoje não tem empatia com o povo — quantos jogadores dessa seleção jogam no Brasil?

    A verdade é que a Seleção Brasileira perdeu seu romantismo. Isso não é de hoje, mas com o golpe ficou mais aparente.

    Tudo nos jogadores é falso, tudo muito estudado, tudo artificial, planejado.

    São caras e bocas, sempre as mesmas declarações vazias de jogadores que jamais tomam partido sobre nada, absolutamente fúteis, alienados.

    Apenas garotos propaganda de si mesmos e seus estilos de vida absolutamente inimagináveis para o povo brasileiro.

    A conclusão a que chego é que acabou o amor entre a população brasileira e a seleção.

    Duzentos e sete milhões sem ação
    pro abismo Brasil, mas salve a Seleção!
    Todos juntos vamos
    pro abismo Brasil,
    mas salve a Seleção!
    De repente é aquela sensação de impotente
    parece que todo o Brasil é um apagão
    todos frustrados sem qualquer emoção
    tudo é um só golpe povão
    todos juntos vamos, pro abismo Brasil, Brasil,
    mas salve a Seleção…
    (Esse deveria ser o Hino da Seleção Brasileira de 2018)