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  • #LiberteoFuturo: 5 propostas para adiar o fim do mundo

    #LiberteoFuturo: 5 propostas para adiar o fim do mundo

    #LiberteoFuturo.

    Artistas, intelectuais, ativistas e cidadãos do mundo todo, participam desse Movimento.

    • 153 bilionários do mundo concentram mais riqueza do que 60% da população global
    • A emergência climática condena populações humanas e não humanas em um ritmo sem precedentes
    • Movimento #LiberteoFuturo convoca 5 propostas para adiar o fim do mundo

     

    São Paulo, 1° de julho de 2020 – Muitos têm repetido que o mundo não será o mesmo após a pandemia provocada pelo novo coronavírus. O mundo já não é o mesmo, mas o que vem pela frente pode ser ainda pior. Quais as possibilidades de futuro pelas quais queremos lutar daqui em diante? O que é necessário para que ainda seja possível imaginar um futuro onde queremos e podemos viver?

    #LiberteoFuturo
    Altamira – Sobrevoo sobre áreas desmatadas e/ou atingidas pelo fogo na região do médio Xingu. Foto: Marcelo Salasar/ISA

    Assim nasce o movimento #LiberteoFuturo, com o objetivo de inspirar a reflexão crítica e dinâmica sobre a vida pós-pandemia. Lançado oficialmente a partir deste domingo (5), o coletivo não é liderado por uma pessoa ou organização, mas parte do conceito “Eu+1+, a equação da rebelião”, de autoria do poeta Élio Alves da Silva, do Médio Xingu, Altamira, Amazônia. A ideia central é invocar a responsabilidade coletiva ao reunir todos aqueles que querem fazer parte da criação e realização de mudanças na sociedade atual.

    Para abrir a discussão, no domingo (5), das 18h às 20h, será realizada uma manifestação online através do www.manifao.org. A plataforma possibilita a simulação de uma manifestação de rua online, com conversas ao vivo, abertas a diferentes falas, compartilhamento de fotos e cartazes, performances e exibição de projeções por vídeo.

     

    Wagner Moura, Alice Braga, Eliane Brum, Zé Celso Martinez, Joênia Wapichana, Zélia Duncan, Fabiana Cozza, Antonio Nobre, Sérgio Vaz, Carmen Silva, Eliane Caffé, Jacira Roque de Oliveira (mãe de Emicida e Fiote), Tasso Azevedo, João Cezar de Castro Rocha, Déborah Danowski, André Trigueiro, Júlio Lancelotti e Tati dos Santos, são alguns dos nomes de intelectuais, artistas, ativistas e estudiosos que se mobilizaram para apoiar o movimento.

     

    #LiberteoFuturo
    Foto: Sato do Brasil

     

    O objetivo é incentivar a participação e engajamento nas redes de quem quer construir um futuro que não seja passado, e impedir a volta da anormalidade que condena a nossa e as outras espécies. Não queremos um novo anormal. A plataforma será também um grande mostruário da imaginação do futuro neste momento histórico tão particular, que poderá servir tanto como inspiração para ações como para pesquisas em diferentes áreas.

     

    A desigualdade global (e brasileira) atinge níveis recordes: os 2.153 bilionários do mundo concentram mais riqueza do que cerca de 60% da população mundial. A emergência climática provocada por ação humana exige mudança, ou teremos apenas um futuro hostil para as futuras gerações. A maior crise sanitária em um século impôs o isolamento físico, mas não o isolamento social. As ideias não têm restrições, nem fronteiras.

     

    #LiberteoFuturo
    Povo brasileiro.Foto: Lilo Clareto

     

     

    Como funciona?

     

    O movimento se concentra em cinco propostas principais, que disparam perguntas e convidam a imaginar possíveis respostas:

     

    1. Antídotos contra o fim do mundo: imagine como quer viver
    2. Democracia: proponha políticas públicas, assim como mudanças nas leis e nas normas para reduzir as desigualdades de raça, gênero e classe
    3. Consumo: indique alternativas para eliminar as práticas de consumo que escravizam a nossa e as outras espécies
    4. Emergência climática: sugira ações para impedir a destruição da natureza, garantindo a continuidade de todas as formas de vida no planeta
    5. Insurreição: defina a melhor ação de desobediência civil para criar o futuro onde você quer viver!

     

    As propostas devem ser enviadas em vídeos de um minuto cada. Os vídeos devem ser postados em suas redes sociais com a #LiberteoFuturo ou enviados pelo whatsapp +55 11 97557-9830 após o lançamento, no dia 5 de julho.

     

    Em cada um deles, o participante deve dizer seu nome, e a cidade e país onde vive. Estes vídeos serão reunidos na plataforma digital www.liberteofuturo.net. Não há uma data limite para envio dos vídeos, mas após esta primeira fase, a proposta é colocar a mão na massa e formar uma rede de pessoas comprometidas a debater e executar ações, locais e globais, para libertar o futuro.

    #LiberteoFuturo
    Liderança indígena. Foto: Lilo Clareto

     

    Laboratórios Sociais: Liberte o Futuro

    Os “Laboratórios Sociais: Liberte o Futuro” serão jornadas colaborativas de encontros online para facilitar a criação dos futuros sonhados nos vídeos. A partir das provocações iniciadas pelos vídeos, os laboratórios oferecerão espaços de troca e co-criação para aprofundar, planejar ações e criar estratégias para o futuro, executadas no presente.

     

    Serão 10 oficinas com conteúdos de temáticas contemporâneas e transversais, pensadas para contemplar todos os grupos formados. As oficinas serão documentadas em vídeo, gerando conteúdos, que podem inspirar e auxiliar outras pessoas a se mover para libertar o futuro e, assim, mudar o presente.

     

    #LiberteoFuturo
    Templo indígena de Jaguapirú. Dourados, Mato Grosso do Sul, Brasil. Foto: Pablo Albarenga

     

     

    Redes sociais

    Instagram: https://www.instagram.com/liberteofuturo/?hl=pt-br

    Facebook: https://www.facebook.com/liberteofuturo/

    Youtube: https://www.youtube.com/channel/UCHDA4Nfvu9emyq1juLiUoEw/featured

     

    #LiberteoFuturo
    Simão, Dona Leandra e Nardo sentados em frente à sua casa, em Tey’i Jusu, Caarapó, Mato Grosso do Sul, Brasil. Foto: Pablo Albarenga

    Vídeos #LiberteoFuturo para divulgação

     

    Marcial Macome – 1º – Antídoto:

    https://www.youtube.com/watch?v=dvd_qulgUxs&list=PLL_67OKCHFKqGEa0-_PaqeHhaeqkJvyFf&index=27

     

    Blair – 1º – Antídoto:

    https://www.youtube.com/watch?v=8fxiUWa8p08

    Angélica Fettarez – 1º -Antídoto:

    https://www.youtube.com/watch?v=f2fyXlzHhXk&list=PLL_67OKCHFKqGEa0-_PaqeHhaeqkJvyFf&index=8&t=0s

     

    Dona Jacira Roque de Oliveira – 1º – Antídoto:  https://www.youtube.com/watch?v=vmjH29o0iqY&list=PLL_67OKCHFKqGEa0-_PaqeHhaeqkJvyFf&index=10

     

    Raquel Rosenberg – 1º – Antídoto:

    https://www.youtube.com/watch?v=BOG7_HsyVZU&feature=youtu.be

     

    Tati quilombola – 2º – Democracia:

    https://www.youtube.com/watch?v=_SXo0UvW5lQ&list=PLL_67OKCHFKoGjE-q-uvqeSfraaBryIqQ&index=13&t=0s

     

    Zelia Duncan – 2º – Democracia:

    https://www.youtube.com/watch?v=13fLcC6MjqA&list=PLL_67OKCHFKoGjE-q-uvqeSfraaBryIqQ&index=21&t=9s

     

    Pai Rychelmi – 2º – Democracia:

    https://www.youtube.com/watch?v=LYrNTQwnaHM&list=PLL_67OKCHFKoGjE-q-uvqeSfraaBryIqQ&index=7&t=0s

     

    Anita Juruna – 2º – Democracia:

    https://www.youtube.com/watch?v=NWJiwzpB1yA&list=PLL_67OKCHFKoGjE-q-uvqeSfraaBryIqQ&index=26

     

    Beá Meira – 3º – Consumo:

    https://www.youtube.com/watch?v=hLy4dzN4xGY&list=PLL_67OKCHFKoGjE-q-uvqeSfraaBryIqQ&index=8

     

    Mohamed Rabiu – 3º – Consumo:

    https://www.youtube.com/watch?v=5B7a1cm9FNE&list=PLL_67OKCHFKqA3TTA2kAXuFkABqtNcq6u&index=11&t=0s

     

    Nils – 3º – Consumo:

    https://www.youtube.com/watch?v=dPh4peZgDlU&list=PLL_67OKCHFKqA3TTA2kAXuFkABqtNcq6u&index=19

     

    Cesar Pegoraro – 3º – Consumo:

    https://www.youtube.com/watch?v=RBGtNd8kCl0&list=PLL_67OKCHFKqA3TTA2kAXuFkABqtNcq6u&index=20

     

    Hamaguari Pataxó – 3º – Consumo:

    https://www.youtube.com/watch?v=mLBszL5W9T0&list=PLL_67OKCHFKqA3TTA2kAXuFkABqtNcq6u&index=21

     

    Stuart Basden – 3º – Consumo:

    https://www.youtube.com/watch?v=ptTx-HTbyxA&feature=youtu.be

     

    Bel Juruna – 4º – Emergência climática:

    https://www.youtube.com/watch?v=tWuEhUAzyzI&list=PLL_67OKCHFKpOCm4Xyj0ePI4EmuB3liM4&index=19&t=0s

     

    Hamangai Pataxó – 4º – Emergência climática:

    https://www.youtube.com/watch?v=k5_yPrJ9S7I

     

    Fernando Lufer – 4º – Emergência climática:

    https://www.youtube.com/watch?v=OEJKrUvbz1o&list=PLL_67OKCHFKpOCm4Xyj0ePI4EmuB3liM4&index=17&t=0s

     

    André Trigueiro – 4º – Emergência climática: https://www.youtube.com/watch?v=Zn3fEiwTZKQ&feature=youtu.be

     

    Walter Oliveira – 4º – Emergência climática:

    https://www.youtube.com/watch?v=HI2zC7pOVoc&list=PLL_67OKCHFKpOCm4Xyj0ePI4EmuB3liM4&index=14&t=0s

     

    Cacique Giliardi Juruna – 5º – Insurreição:

    https://www.youtube.com/watch?v=SSfwx0SLCVE&list=PLL_67OKCHFKpV9VVBOu5jV4LhqoAvwpZ8&index=23

     

    Padre Júlio Lancelotti – 5º – Insurreição:

    https://www.youtube.com/watch?v=DGB05cWAVW4&list=PLL_67OKCHFKpV9VVBOu5jV4LhqoAvwpZ8&index=21&t=0s

     

    Beá Meira – 5º – Insurreição:

    https://www.youtube.com/watch?v=cSs4sOf5Ep4&list=PLL_67OKCHFKpV9VVBOu5jV4LhqoAvwpZ8&index=9&t=0s

     

    Paul Angme – 5º – Insurreição:

    https://www.youtube.com/watch?v=IldMqf2ckgw&list=PLL_67OKCHFKpV9VVBOu5jV4LhqoAvwpZ8&index=4

     

    #LiberteoFuturo
    Ato pela Educação. foto: Sato do Brasil

     

  • Movimento Recife Ativista protocola Ação Popular no TRF-5 contra MP de Bolsonaro que blinda agentes públicos.

    Movimento Recife Ativista protocola Ação Popular no TRF-5 contra MP de Bolsonaro que blinda agentes públicos.

    por Movimento Recife Ativista

    Áureo Cisneiros, Presidente do Sindicato dos policiais civis de Pernambuco (Sinpol) e dirigente nacional do movimento de Policiais Antifacismo, Myrella Vitória estudante de Ciências Políticas na Universidade Federal de Pernambuco, Jonata Bruno, Técnico em Enfermagem da rede Estadual de Pernambuco e Anna Karla, mestranda em História, Especialista em Gestão Pública e Co-fundadora da Frente Favela Brasil, protocolaram no Tribunal Regional Federal da 5° Região uma Ação Popular que visa suspender a Medida Provisória 966/2020 editada por Jair Bolsonaro.

    Para Áureo Cisneiros, para quem ganhou a eleição com o discurso de acabar com a corrupção, instalar a “nova política” e acabar com a “mamata”, não é nada disso que vem acontecendo, o que se vê é a perpetuação de práticas que antes eram condenadas pelo presidente e sua base.

    Bolsonaro publicou uma Medida Provisória (MP 966) que anistia todos os gestores públicos – incluindo ele próprio – que tenham cometido crimes com os recursos públicos executados durante a pandemia de Covid-19, uma espécie de salvaguarda para os corruptos. Isso é um escândalo! Depois não adianta ficar postando Fake News para acusar Governadores e Prefeitos por desvio. Basta de tanta hipocrisia!

    Segundo líderes do movimento, a MP de Bolsonaro, fere os princípios constitucionais previstos no Art. 37, da moralidade, legalidade e impessoalidade, dessa forma, abre espaço para imputação de improbidade administrativa.

    Ainda, destacam que no cenário onde o Brasil soma quase 14.000 mortes e mais de 185 mil casos é absurdo que tamanha inconstitucionalidade seja acatada não apenas pelos parlamentares, como também pela justiça brasileira.

  • Cresce o protagonismo de travestis e transexuais no ativismo LGBT

    Cresce o protagonismo de travestis e transexuais no ativismo LGBT

     

     

    A III Conferência Municipal LGBT de São Paulo( CMLGBT-SP), que foi realizada nos dias 04 e 05 de março, foi marcada por um fato inédito na história do movimento LGBT brasileiro: os novos atores e atrizes travestis, mulheres transexuais e homens trans participando de forma maciça da cena política. “Isso está incomodando, principalmente a comunidade gay, porque eram sempre os gays que falavam por todas as letrinhas. Agora a nossa comunidade de travestis, mulheres transexuais e homens trans está se levantando com voz própria”, declarou Lam Matos do Instituto Brasileiro de Transmasculinidade (Ibrat).

    Desde o seu surgimento, no final da década de 70, como o “movimento homossexual”, a militância LGBT sempre foi marcada pela presença hegemônica de ativistas homossexuais masculinos. Já nos anos 80, as mulheres lésbicas se reuniam de forma independente, sendo incorporadas pelo nascente movimento feminista brasileiro. Foi apenas em 1993 que travestis e mulheres transexuais começaram a se articular politicamente, tendo em vista a luta contra a epidemia de Aids que sempre fez muitas vítimas na comunidade trans, fragilizada pela extrema vulnerabilidade social.

    Embora já houvesse o protagonismo individual de homens trans desde 2004, a criação da Associação Brasileira de Homens Trans (ABHT), em 2012, e do Instituto Brasileiro de Transmasculinidades (IBRAT), em 2013, deu o impulso final a uma crescente articulação política de pessoas transmasculinas.

    A III Conferência Municipal LGBT foi organizada pelo Conselho Municipal LGBT, um órgão “de caráter consultivo, deliberativo e propositivo” formado por 10 representantes da sociedade civil LGBT e 10 representantes do poder público, em parceria com a Coordenação Municipal de políticas LGBT. Foi realizada no Hotel Dan, no centro de São Paulo, e contou, em sua abertura no dia 04 de março, com a presença de Rogério Sotilli, secretário de Direitos Humanos da Presidência da República e de Eduardo Suplicy, secretário de Direitos humanos e Cidadania de São Paulo.

    JL - Chapa Renovar a esperança

    A Conferência aconteceu efetivamente no dia 05, com a parte da manhã destinada ao credenciamento dos delegados com direito a voz e voto que iriam participar do evento. Depois do almoço, oferecido apenas aos credenciados no próprio hotel, foi colocado à apreciação o regimento interno da Conferência para os delegados. O artigo 25, que tratava das regras da eleição dos representantes da sociedade civil que devem participar da Conferência Estadual LGBT, foi o ponto de maior disputa política.

    As regras básicas para a formação das chapas eram que elas deveriam ter no mínimo 20 e, no máximo 100 integrantes, e que cumprissem os pré-requisitos de representatividade da comunidade LGBT, obedecendo os seguintes critérios: 60% de pessoas do gênero feminino, 35% de pretos e pardos, e ter pelo menos um morador/a das cinco regiões de São Paulo.

    Thomas Fernando, do Ibrat, apresentou uma proposta alternativa ao sistema de chapas propondo que a disputa fosse individual que, segundo ele, garantiria maior paridade entre os representantes de cada segmento envolvido. Dessa forma, seria possível a eleição de pelo menos oito homens trans em vez de apenas um, ” levando em consideração que o número de homens trans que as chapas incluem é sempre para manter a cota.

    Thomas criticou o governo por ao tornar pública as regras da composição das chapas apenas dois dias antes da conferência. “Como é que a gente vai compor as chapas dois dias antes, agregando tantos diferenciais: raça, idade, segment. Como é que a gente vai montar uma chapa com gente que a gente não conhece?”, desabafou a lideranca do Ibrat. Por votação por contraste, manteve-se o texto original das regras das chapas e foram formadas duas chapas.

    A chapa “Bonde do rabo solto” teve 44 votos e foi defendida pelo advogado Dimitri, que declarou em seu discurso que o nome, “embora pareça jocoso, significa que temos a liberdade de falar em nome dos nossos interesses e não dos interesses da administração pública”, afirmou.

    “Renovar a esperança” foi a chapa ganhadora com 118 votos, e que tinha em sua composição o maior número de travestis, mulheres transexuais e homens trans. A maior parte dos votos foram da comunidade trans que compareceu em peso à Conferência, em especial as alunas do programa Transcidadania que oferece, além das aulas tradicionais, o curso de Direitos Humanos e Cidadania. A chapa foi defendida pela bolsista do transcidadania, a travesti Aline Marques, num discurso inflamado que levantou a platéia aos gritos: “Viva as travestis, viva as travestis”.

    “A gente quer a realidade, a gente quer que todas essas políticas saia do papel de uma vez por todas e venha até nós. Eu trabalhei 21 anos numa esquina e nenhuma dessas polítcas nunca me atingiu, a não ser o que está acontecendo agora.” concluiu Aline.

    O coordenador municipal de políticas LGBT da cidade de são Paulo, Alessandro Melquior, pontuou em uma entrevista exclusiva para os Jornalistas Livres, que depois do lançamento do programa Transcidadania em 29 de janeiro de 2015, tem surgido uma nova articulação política mais empoderada da comunidade trans com o surgimento de três novas organizações na cidade de São Paulo: o Fórum Municipal de Travestis e Transexuais (FMTT) , o Grupo de resistência de travestis e transexuais ativistas (GRETA) e o Centro de Apoio e Inclusão de travestis e transexuais (CAIS).

    “Não só a política LGBT, mas a política trans de uma maneira geral tem conquistado uma visibilidade enorme em São Paulo e isso, obviamente, tem gerado impacto positive. As trans se sentem mais valorizadas, se sentem mais emponderadas para ocupar um espaço”, diz Alessandro.

    Ele avaliou também, que, apesar de todas as dificuldades estruturais, a III Conferência Municipal LGBT de São Paulo teve o mérito de ter sido a maior de toda a história de conferências desse ciclo no Brasil, com a participação de mais 450 pessoas LGBT e observadores. Além disso, ele acredita que o grande diferencial foi a mudança nos atores que sempre tiveram seu lugar de fala na militância lgbt.

    “Esses novos atores que estão surgindo no movimento de travestis, principalmente as novas atrizes, estão querendo espaço e estão conquistando. Acho que o resultado da conferência é isso. Um número gigantesco de travestis e mulheres transexuais que saíram delegadas dessa conferência. Mostrando que tem muita gente nova querendo o microfone, e conseguindo. As pessoas vão ter que conviver com essa realidade”, resume Alessandro Melquior.

    Com relação aos futuros desafios, Alessandro declarou que quer que as conquistas que há existem e que vão aparecer até o final desse ano passem a ser políticas de Estado, e não fiquem suscetíveis a governos. “Que os Centro de Cidadania LGBT e o programa Transcidadania possam ser leis. Assim, o próximo governo, seja ele qual for, não coloque em risco o que se conquistou. O que conseguimos na cidade de São Paulo não é patrimônio de São Paulo, é patrimônio do Brasil. “

  • Folha faz jornalismo-lixo contra os movimentos de moradia

    Folha faz jornalismo-lixo contra os movimentos de moradia

    “Reportagem” da Folha publicada no último domingo, 11 de outubro, tenta lançar um tsunami de suspeitas sobre os movimentos de moradia que atuam na cidade de São Paulo. Sem se identificar, um repórter teria percorrido “15 ocupações de movimentos de sem-teto, de siglas distintas, no centro e na periferia” e flagrado a cobrança de taxas dos postulantes à moradia, e o recurso a ameaças e à intimidação contra os maus pagadores.

    O texto da Folha, ocupando três páginas do jornal (uma imensidão nesses tempos de vacas magras da mídia impressa e de leitores escassos), menciona taxas de R$ 150 a R$ 200 mensais, cobradas de moradores que vivem em ocupações situadas em prédios no centro de São Paulo.

    Isso é muito ou é pouco? A reportagem maliciosa não diz. Se fizesse bom jornalismo, a Folha investigaria a contabilidade dos condomínios. Ou alguém acha os prédios ocupados estavam “prontos pra morar”, como aqueles dos folders e dos anúncios imobiliários que forram as páginas do jornal?

    Sem água, sem luz (muitos com toda a fiação roubada), os encanamentos entupidos ou simplesmente arrancados, sem elevadores, sem extintores ou mangueiras de incêndio, repletos de lixo (só do antigo hotel Cambridge foram retirados 15 mil quilos de entulho!), os prédios dos sem-teto eram sucatas podres antes de serem –aos poucos — revitalizados pelo movimento social.

    E quem paga por isso? O poder público é que não é. A iniciativa privada é que não é. Então, sobra para os ocupantes, na forma das taxas condominiais. Aliás, a reportagem da Folha, se não estivesse atrás de escândalos inexistentes, poderia investigar como as novas tecnologias sociais estão ajudando a baratear os custos de manutenção dos edifícios ocupados.

    Tensão na saída para ocupar prédio no centro de SP. Foto: Maurício Lima, Jornalistas Livres
    Tensão na saída para ocupar prédio no centro de SP. Foto: Maurício Lima, Jornalistas Livres

    Exemplos? No Hotel Cambridge, os moradores fizeram parceria com a Escola da Cidade e estão desenvolvendo uma horta comunitária para ocupar toda a cobertura com verduras e legumes sem agrotóxicos. Foi da mesma parceria que se originou o lindo e inovador mobiliário que decora as áreas comuns do prédio — creche, biblioteca e oficinas de costura e maquiagem feitas com material de reciclagem. E será dessa parceria também que os moradores pretendem ressuscitar um antigo poço artesiano abandonado no subsolo do prédio, a fim de utilizar a água para lavagem do chão e descarga das privadas.

    Mas não.

    Em vez da inteligência, a reportagem da Folha preferiu, a título de escândalo, ouvir banalidades dos “especialistas” de plantão (todo jornal ou revista tem um plantel de “especialistas” disposto a falar o que o veículo quiser, apenas em troca da duvidosa glória de ser citado em letra de fôrma”). Foi assim que se ouviu o “gênio” chamado Edson Miagusko, proferindo as seguintes bobagens…

    “…qualquer tipo de cobrança que é obrigatória deixa de ser uma contribuição.”

    “Esse modelo se aproxima das formas antigas do leão de chácara dos cortiços, que dividia espaços e cobrava aluguel por coerção.”

    E então, como se fosse a comprovação da tese, o texto mau-caráter da Folha emenda: “No hall de uma das ocupações do MLSM em São Paulo, um cartaz escrito à mão avisava: “Senhores moradores, precisamos acertar a contribuição até 25/07/2015. Caso contrário, iremos pedir para deixar o espaço.”

    A seguir tal lógica, o jornal deveria imediatamente, com vigor e coragem, encetar campanha renhida contra a cobrança de taxas de condomínio dos prédios da classe média…! Meu Deus, como é que nunca percebemos que os aparentemente inofensivos boletos de condomínio se “aproximam das formas antigas do leão de chácara dos cortiços”?

    O ápice da covardia e do jornalismo de esgoto foi o texto intitulado “Reunião para prestar contas ocorre em tom de intimidação”. Diz ali que o repórter flagrou uma conversa entre um sujeito, chamado de “Irmão” e uma liderança dos sem-teto da Ocupação Douglas Rodrigues, na Vila Maria. O texto fala em “tom de intimidação” quando o tal “Irmão” faz uma cobrança exigindo… transparência na prestação de contas do movimento. Que coisa horrível exigir transparência!!!

    É mau jornalismo na veia. Jornalismo de adjetivação e de insinuação… Qualquer foca (jornalista iniciante), mesmo os da Folha, sabe que não vale escrever que o cara estava triste. É preciso dizer como se manifestava a tristeza. Ele chorava, soluçava, tremia, tinha a voz embargada são descrições muito melhores do que dizer que o cara estava triste.

    Pois bem. Está dito que o tal “Irmão” intimidava. Como ele intimidava? Gritando? Não diz. Ameaçando? Não diz. O tal “Irmão” estava armado? Não diz. Ah, mas ele estava de jaqueta marrom e óculos escuros. Deve ser isso. Ou o fato de ele ser chamado de “Irmão”, o que levanta a suspeita de que ele seja um membro do PCC, já que os membros do PCC tratam-se dessa forma. Mas também poderia ser um membro de igreja protestante. Então é isso o que se tem: uma jaqueta, um par de óculos escuros e uma insinuação malévola que não tem coragem nem de dizer seu nome.

    Quer escrever que há cobrança de até R$ 1.300, como supostamente denunciado por uma moradora (e negado pela direção da Frente de Luta pela Moradia)? Prove. Simples assim. Vá à luta e prove.

    É claro que os movimentos de moradia incluem alguns oportunistas e exploradores (categoria de que, aliás, o meio jornalístico está cheio). Isso poderia ser uma boa pauta. Mas a preguiça levou a reportagem a transformar a pauta em texto final e a suspeita em tese. O nome disso? Sei lá. Jornalismo falido, talvez.

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    “Quem não luta tá morto!” Este é o lema do MSTC (Movimento dos Sem-Teto do Centro)

    PS: incrivelmente, a Folha esqueceu de mencionar a existência de 290 mil imóveis não-habitados na cidade de São Paulo, segundo levantamento da Secretaria Municipal de Habitação, a partir de dados do Censo de 2010. São imóveis deixados vazios para a especulação. O movimento exige que eles tenham função social. Mas isso não tem importância para a Folha e seu recheado caderno de imóveis, não é?