Na tarde do último sábado foi realizada em Belo Horizonte a já tradicional Marcha da Maconha, levando milhares de adeptos às ruas, praças e avenidas. Querem a liberação da erva e, portanto, sua descriminalização. Poucas horas depois, na manhã deste domingo, 26, os fãs do golpista Bolsonaro foram à Praça da Liberdade para manifestar apoio a seu governo. Diante das imagens, a comparação é inevitável, os defensores da maconha levaram mais gente às ruas do que os bolsonaristas. Confira o vídeo e as fotos:
A produção e difusão industrial de fakenews (como o tal de kit gay) que elegeram Bolsonaro já está invadindo novamente as redes sociais, em especial o WhatsApp, para mostrar que as universidades públicas são lugar de baderna, doutrinação ideológica, orgias, consumo de drogas… Ou seja, dinheiro público jogado fora. Nada mais distante da realidade! Qualquer pessoa que tenha estudado em instituições públicas de ensino superior no Brasil, ou mesmo frequentado esses lugares, SABE que as universidades e institutos federais são locais de muito trabalho e dedicação por professores, pesquisadores e funcionários que em geral recebem mal e têm poucos recursos físicos e financeiros para exercer suas atividades com excelência. Ainda assim, é desses locais que saem as reflexões, estudos, pesquisas e produtos que permitem a evolução da sociedade e uma infinidade de melhorias nos mais diversos campos práticos. Mais de 90% de TUDO o que se desenvolve no Brasil em novas tecnologias em medicina, física, química e nos estudos sociais que alicerçam políticas de infra-estrutura, segurança pública, comunicação, etc, saem das universidades públicas. Acabar com a universidade, é matar o futuro do Brasil. Cortar 30% do orçamento das despesas discricionárias é paralisar essas atividades HOJE!
Mas a comunidade acadêmica não vai se deixar abater tão facilmente. Contra as mentiras espalhadas pelas redes, estudantes, professores e técnicos estão tomando as ruas em todo o país denunciando a estratégia bolsonarista de atacar a inteligência, o pensamento crítico, a argumentação sobre dados e fatos para nos transformar todos em idiotas mais facilmente massacráveis. Em Mato Grosso não podia ser diferente. A primeira iniciativa é a #BalburdiaUFMT (https://www.instagram.com/balburdiaufmt/), marcada por estudantes para esse sábado, 11 de maio, às 16:00 no Parque Tia Nair
Imediatamente, as outras instâncias da universidade encamparam a iniciativa. O sindicato dos professores, em reunião na última quinta feira, decidiu que não apenas irá levar à praça a verdade sobre a produção intelectual e prática da universidade, como também irá promover outras atividades durante a semana, culminando com uma Jornada em Defesa da Educação e adesão total à Greve Nacional da Educação, prevista para o dia 15 de maio, com atos conjuntos com o Instituto Federal de Educação de Mato Grosso e a Universidade Estadual de Mato Grosso durante todo o dia, dentro e fora dos campi de Cuiabá e outras cidades (http://www.adufmat.org.br/portal/index.php/comunicacao/noticias/item/3858-docentes-da-ufmt-aprovam-15-05-como-dia-nacional-de-greve-geral-da-educacao). E também em preparação à Greve Geral de 14 de junho contra esse governo genocida, a reforma da previdência e o desemprego.
É assim, com fatos, com verdade, com vontade, dedicação e trabalho que vamos mostrar ao sinistro da educação que os brasileiros não são idiotas pra comer esse chocolatinho mentiroso e ruim de conta que ele quer nos fazer engolir (https://www.youtube.com/watch?v=yndoGcsExME&feature=youtu.be).
O Brasil, de fato é um país surpreendente. Meu presidente.
De repente, invade sem medo de ser feliz e justo como são os espelhos, a face, a cara da gente, e diz: mando aqui, sou presidente.
Descente, limpo, bebe, fuma, abraça.
No país de brasileiros, quiçá não caibam mais as hipocrisias da grande mídia, é livre a informação do ofício de ser um OFICIAL, palavra confusa, que em meu presidente Abreu traz toda alegria e entendimento dos dias, a notícia que aspira.
Meu presidente talvez tenha feito sim, de repente, o que muitos de nós pensávamos há dias, mal dormidos em noites seguidas e longas, indignações que insistem, entre sonhos, mentem aos ouvidos, às vistas, na rede de comentários de outros capitães.
Mente quem diz que dormiu bem em 2019, tudo assusta nas insônias desse momento.
Os meus inimigos estão no poder, recordo-me Cazuza cantando. E ele insiste, afirma sempre nas rádios que ouço. O poder de Abreu é o poder da arte, que novamente invade o terreno comum dos homens em pleno dia internacional das mulheres.
É isso que espanta e dá cor ao êxtase desse momento de dor. Mas gentileza gera gentileza, dizem os sábios das ruas, e o presidente Abreu está sendo gentil com quem, em escândalo, ouve desmandos, anoitece insone.
O que me encanta é que, em seus ciclos, a arte novamente incide, cunha, acotovela, tramela, ocupa seu espaço. O país de meu presidente Abreu é um abrir de cenas.
Tudo é possível quando não se apequena a poesia desses dias de açoite ou culpa, guarda a razão a arte. A vida e seus quereres, poder e prazer.
Fotos: Maria Eugênia Sá www.mediaquatro.com especial para os Jornalistas Livres
Na capital do agronegócio, não é difícil encontrar quem apoie o fim dos diretos trabalhistas e a solução para os conflitos do campo na ponta do fuzil. Um dos candidatos a senador nessa eleição, por exemplo, era o autor do projeto de lei que permitiria “pagar” os trabalhadores rurais sem usar dinheiro, apenas com roupas, comida e material de trabalho. Mas também há uma valorosa parte da população que compreende o momento delicado que estamos passando e como essa eleição pode se tornar o verniz jurídico-democrático que será usado para acabar de vez com a democracia. Como diz o #CaixaDoisDoBolsonaro, “fazer o país voltar ao que era há 40, 50 anos”. Nesse dia de mobilização nacional, dezenas de cidadãos de Cuiabá, em Mato Grosso, percorreram as ruas do centro velho, por onde há menos de 200 anos circulavam com correntes no pescoço negros traficados da África e indígenas escravizados por bandeirantes, para proclamar que não vamos deixar a democracia ser derrotada sem luta. E a luta hoje é para virar os votos daqueles que foram enganados pelas correntes de FakeNews impulsionadas por esquemas ilegais pagas a preço de ouro por empresários inescrupulosos. Gente que se diz patriota mas constrói em suas lojas réplicas bregas de monumentos de outros países. Contra tudo isso é fundamental votar pela democracia. Votar pelos direitos de todos e todas. Votar em quem não prega a tortura e a morte como solução para os grandes problemas do Brasil. Votar em quem não tem medo de confrontar ideias e programas, cara a cara, ao vez de se esconder atrás de Twitters ofensivos e mentiras por WhatsApp.
A chamada Caminhada Pela Paz e Democracia Com #Haddad13, que começou bem cedo em frente à Igreja do Rosário e São Benedito, passou em frente à antiga e tradicional Igreja Nossa Senhora dos Passos, pelo calçadão de comércio e terminou sugestivamente na Praça da República, onde uma grande estátua da Justiça, feita pelo escultor Jonas Corrêa, têm sempre a seus pés pessoas em situação de rua novamente ameaçados pelos “cidadãos de bem” que em outros momentos já promoveram chacinas para “limpar as ruas”. A estátua, aliás, te outra história interessante. Ao ser inaugurada em 1997, o autor jogou um balde tinta preta no monumento protestando por nunca ter recebido o valor acertado com o poder público para criação da obra. Foi nesse lugar emblemático do Brasil que os manifestantes deram as mãos numa grande roda, concentrando e distribuindo força, empatia, carinho e esperança a quem resiste ao avanço do fascismo no país e no mundo. #NãoPassarão!
Há três dias para o primeiro turno das eleições, que acontece neste domingo, 7 de outubro, as movimentações políticas ganham ainda mais força. Desde segunda, à sexta, uma nova pesquisa de intenção de voto é divulgada e mais especulações postas em circulação. Quem mostra já ter se posicionado, em maioria, são as mulheres. Vestidas de lilás, com seus cartazes em repúdio a posicionamentos machistas, elas pautam o #Elenão dentro e fora das mídias digitais. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as eleitoras são 52,5% de todo o eleitorado brasileiro. Contra comportamentos machistas, homofóbicos e racistas, segundo elas mesmas se identificam, as mulheres somam uma rejeição de 44% ao candidato à presidência da república Jair Bolsonaro, do PSL. O dado é referente a última pesquisa Ibope, encomendada pela TV Globo e o Estado de São Paulo e divulgada nesta segunda-feira (01).
À fim de fortalecer a luta #Elenão em todo o país, milhares de mulheres se reuniram nas ruas de suas cidades em todo o Brasil para pedir pelo voto consciente, isto é, em prol dos direitos humanos: das mulheres, dos lgbt+ e da população negra. A manifestação aconteceu no último sábado, 29 de setembro, mesmo dia em que o presidenciável, Jair Bolsonaro, recebeu alta do Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Maior ato público brasileiro desde as movimentações políticas pró e contra o afastamento da ex-presidente e candidata ao senado de Minas Gerais, Dilma Rousseff, as maiores concentrações aconteceram em São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Recife e Minas Gerais.
Neste último, o estado de Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do país, concentrando 10,65% dos votos brasileiros, as mulheres ocuparam as ruas do centro da capital. Caminhando desde a praça Sete de Setembro até a Praça da Estação, dois pontos turísticos da cidade, os gritos eram de repúdio ao extremismo de direita, e as canções eram feministas, guiadas por diversos blocos de carnaval da capital e tocadas pelo Baque de Mina, bateria unificada toda composta por mulheres. Crianças, casais, idosos, adolescentes, deficientes físicos e artistas diversos construíram juntos a passeata. A trilha sonora era a paródia da música Bella Ciao, símbolo de resistência fascista na Itália da Segunda Guerra Mundial, que foi apropriada para letra de #Elenão. A chuva, não atrapalhou, virou canção: “pode chover, pode molhar, no Bolsonaro eu não vou votar!”, cantavam.
Fotografia por Isabela Abalen – Jornalistas Livres
O motivo por elas:
Mulheres de todas as idades, classes e etnias estavam presentes no ato do último dia 29. Ao perguntarmos a elas o porquê da importância do movimento e o motivo de apoiarem o #Elenão, em sua grande maioria destacaram pontos muito parecidos que coincidem com mulheres de todo país. Os posicionamentos machistas e preconceituosos de Jair Bolsonaro, o qual não possui planos governamentais que favoreçam as mulheres, foram citados diversas vezes. Muitas delas também destacaram que um governo exercido pelo candidato não as representaria, sendo uma das principais motivações para as manifestações que ocorreram em todo país. Confira alguns depoimentos das entrevistadas:
Estou aqui hoje, neste dia 29 de setembro de 2018, para dizer que #Elenão. Porque já chega de machismo fora e dentro do poder. Para o que o cargo exige dele, enquanto ser humano, enquanto profissional e político, particularmente, eu não acredito que ele tenha a menor condição ou estrutura política para reger o país. Além de ser uma pessoa que não tem vontade de ser diferente, ele já sabe o que ele vai fazer, nós já sabemos o que ele vai fazer, então cabe a nós aceitar ou não. Então estamos aqui hoje para dizer que a gente não aceita. E caso ele vença, também não vamos deixar barato. – Ana Roberto, 24 anos.
À esquerda, Ana Roberto, ao centro, Alyne Calixto, artista de carnaval, e à direita da fotografia, Ludmila, também artista de carnaval. Fotografia por Isabela Abalen.
Juliana, durante o ato #Elenão em Belo Horizonte. Fotografia por Isabela Abalen.
Eu sou #Elenão porque ele é racista, homofóbico, machista e misógino. Porque ele ficou 26 anos como deputado e até hoje não aprovou nem um projeto que lei que favorecesse pelo menos os eleitores dele do estado do Rio de Janeiro. Eu sou #Elenão, porque nós precisamos da democracia, de um país que prega o amor, a paz e a solidariedade, e não precisamos continuar a incitar a violência. Por isso eu sou #Elenão. – Michelle, 25 anos.
Eu sou contra o Bolsonaro porque eu sou contra a intolerância, não acho que ele vai melhorar as coisas incitando a violência, liberando armas. Porque ele já ficou 26 anos no congresso e não fez nada de útil pelos direitos das mulheres, dos negros e dos LGBTs, por isso #Elenão. –Juliana, 35 anos.
Valeska, que pertence ao Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra, durante o ato #elenão em Belo Horizonte. Fotografia Isabela Abalen.
#Elenão porque #Elenão tem projeto para a sociedade e principalmente para as mulheres negras e os LGBTs. Então, além de todas as coisas, mas principalmente pelas mulheres, que ele sempre está rebaixando e colocando em último lugar nos planos dele. E não é isso que queremos, queremos uma sociedade igual para todos, onde homens e mulheres ganhem igualmente, sem ter nenhuma diferença. – Valeska, 29 anos.
Eu faço parte desse elenco de artistas do Carnaval de Belo Horizonte e venho dizer que o Carnaval de Belô é um carnaval de política, um carnaval de militâncias e uma delas é com relação às minorias. Eu, como mulher negra, faço parte dessas minorias e nada melhor que eu ou outra mulher negra para dizer que #Elenão. A maioria das mulheres assassinadas no Brasil por arma de fogo são negras, e por isso, #Elenão. – Ludmila, 38 anos.
Michelle, ao meio, com amigas no ato #elenão em Belo Horizonte. Todas vieram de Betim fortalecer o ato. Fotografia Isabela Abalen.
#EleNão é exemplo de honestidade. O processo movido pela ex-mulher menciona ocultação de patrimônio, com imóveis e proventos não declarados. Ele manteve funcionária fantasma em Angra e contratou empresa de fachada na campanha. No Exército, foi repreendido por garimpo ilegal. Está na Lista de Furnas e recebeu de modo disfarçado R$ 200 mil da JBS.
#EleNão é consistente. Até pouco tempo atrás, tinha um discurso firme contra privatizações, mas para agradar a apoiadores ricos começou a se dizer liberal na economia. E como relata um superior seu no Exército, coronel Pellegrino, ele era repelido pela “falta de lógica, racionalidade e equilíbrio na apresentação de seus argumentos.”
#EleNão é tolerante. Muita gente acha que dá pra levar como brincadeira seus disparates, mas são consideradas criminosas muitas de suas falas contra mulheres, negros, LGBTs, índios e militantes de esquerda. Quem conhece bem História sabe que os primeiros discursos de Hitler eram considerados “apenas” bravata, antes de serem colocados em prática.
#EleNão é competente. Em quase 30 anos de vida no Congresso, tem pouquíssimos projetos aprovados, e nem mesmo em suas pautas mais queridas, como segurança pública, atuou com destaque. Jamais presidiu comissões, admite que não entende de economia e se mostra tão despreparado que foi a debate de TV com “colinha” na mão.
#EleNão é um salvador da pátria. #EleNão é confiável. #EleNão é compatível com a democracia.
#EleNão #EleNunca
Ivan Hegen é escritor e mestre em Teoria Literária e Literatura Comparada pela USP