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  • 13 de dezembro de 2016 – O começo do fim do mundo

    13 de dezembro de 2016 – O começo do fim do mundo

    Em 13 de dezembro de 1968, o regime militar que governava o país com o apoio do empresariado local e os serviços de inteligência dos Estados Unidos, sócios no golpe de estado que derrubou o presidente João Goulart, promulgava o Ato Institucional Número 5, o AI5. Uma resposta aos movimentos populares, especialmente de estudantes, que clamavam por mais liberdade, trazia em seu preâmbulo a mentira oficial de seu objetivo: “com vistas a encontrar os meios indispensáveis para a obra de reconstrução econômica, financeira e moral do país”. Entre seus artigos, suspendia a garantia do habeas corpus e previa o confisco de bens considerados de origem ilícita (como pedem atualmente os procuradores da Lava-Jato), permitia ao presidente-general intervir nos estados e municípios, cassar mandatos parlamentares e suspender por dez anos os direitos políticos de qualquer cidadão suspeito de subversão. No dia seguinte o Congresso foi fechado e somente reaberto quase um ano depois para referendar a escolha do próximo presidente militar. Foi o início do período mais duro da ditadura, com prisão, desaparecimento, tortura, morte e exílio de milhares de brasileiros.

    Recepção em Brasília - 13/12/2016 - Protesto contra a #PECdoFimDoMundo
    Recepção em Brasília – 13/12/2016 – Protesto contra a #PECdoFimDoMundo

    No dia 13 de dezembro de 2016, o Senado Federal, sob a liderança de um réu no Supremo Tribunal Federal por desvio de dinheiro público, aprovou em segunda votação com os votos de dezenas de senadores igualmente acusados de corrupção, com fartas provas, a Proposta de Emenda Constitucional 55, a PEC55, enviada por um vice-presidente que deu um golpe de estado apoiado pelos setores empresariais e financeiros transnacionais. A lei de arrocho constitucionalizado, algo que nenhum outro plano de “ajuste fiscal” no mundo, mesmo em países com crises econômicas muito mais graves, realizou prevê o congelamento por 20 anos de todas as despesas primárias do governo federal. Isso significa que os investimentos em saúde, educação, segurança pública, cultura, infraestrutura, pagamentos de funcionários públicos, etc, será reajustado nesse período apenas pela inflação do ano anterior. Os gastos com juros dos títulos públicos, por outro lado, ficam livres do garrote. Assim, os confrontos entre setores da sociedade pelo mesmo montante de dinheiro são inevitáveis, da mesma forma que e a deterioração dos serviços públicos e a revolta dos setores mais vulneráveis. A opção do governo para controlar o país foi demonstrada com a intensa repressão vista em todo o Brasil, com manifestações em oito capitais.

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    Em Brasília, os atos estavam marcados para o horário previsto para o início das discussões, 17:00. Mas ao chegarmos à Capital Federal, já encontramos o Congresso cercado com policiais revistando as mochilas e a notícia da mudança do horário de votação para as 10:00. De fato, mesmo com um atraso, antes das 14:00 a PEC 55 fora aprovada por 53 votos a 16, frustrando milhares de ativistas que percorreram centenas de quilômetros para pressionar o Senado mudar de posição. Com isso, as pessoas andavam desnorteadas pela Esplanada dos Ministérios. A maior aglomeração era a fila da esperança de ganhar na loteria. Apenas uma ou outra manifestação isolada denunciava a morte da saúde e educação com a PEC55.

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    Perto das 17:00, horário marcado para as manifestações, anarquistas e BlackBlocs começam a ficar impacientes vendo que a polícia não deixará grupos, bandeiras ou carros de som passarem até o Congresso para a legítima manifestação. Sentem que a repressão espera apenas uma desculpa, como aconteceu dia 29/11. Mas dessa vez, atraiçoados pelo Senado que mudou o horário da votação para desestimular qualquer reação popular, não pretendem recuar.

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    Enquanto aguardam alguns ônibus detidos no caminho, brincam de pular fogueira para passar o tempo.

    Quando já não há o que fazer, numa última tentativa de atravessar o bloqueio policial sem confronto, uma manifestante oferece flores e filosofia à polícia. O oficial da primeira barreira a deixa passar apenas para ser barrada três metros adiante. É exigido dela que tire a máscara e o policial mal aguenta segurar o dedo no gatilho do gás de pimenta, o que efetivamente faz minutos depois e para todos os lados.

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    O grupo de policiais sem equipamento de proteção para o confronto (interessante essa estratégia, não?) que agrediu os manifestantes com gás de pimenta recua sob pedradas. Uma delas realmente atingiu um policial que sangra na cabeça. É a senha para o avanço da tropa de choque que lança uma nuvem de bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo. E, na sequência planejada, a cavalaria.

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    O contraste dos cavaleiros vestidos de negro e armados com longos cassetetes em frente as curvas delicadas nas estruturas em concreto branco da Catedral de Brasília dá o tom de um tempo que deveria ter acabado há 31 anos.

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    O contingente policial é impressionante (e ainda havia fuzileiros navais em alerta atrás do Congresso). Mas pela primeira vez, não foram apenas os manifestantes e transeuntes inocentes que sofreram com as bombas de gás. Também a polícia teve sua dose de ardor nos olhos e garganta. Dois fatores concorreram para isso: o vento a favor dos manifestantes e o fato de que vários usavam luvas para jogar de volta as bombas ou as chutavam.

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    Impedidos de protestar na Esplanada dos Ministérios, local construído para manifestações democráticas, e sem qualquer chance de se aproximarem do Congresso ou do Supremo Tribunal Federal (a opção proposta por alguns grupos para pedir a anulação do impeachment e da inconstitucional PEC55) os manifestantes se espalham pelas ruas de Brasília. A polícia vai atrás, intimidando qualquer um que cruzasse seu caminho e distribuindo fartas quantidades de gás de pimenta.

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    Alguns Black Blocs derrubaram caçambas, incendiaram lixo, um ônibus e depredaram agências bancárias e uma concessionária de veículos enquanto tentavam se reagrupar.

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    E reagrupar de fato era uma necessidade. Por mais de três horas a polícia percorre as ruas da cidade literalmente caçando quem prender. Mas não investe contra grupos grandes, apenas jovens desacompanhados ou em número de no máximo três. Aí, qualquer indício de participação na manifestação poderia ser motivo para revistas e detenções.

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    No final, mais de 70 jovens foram detidos e até agora segue a controvérsia sobre do que serão acusados e em que lei serão enquadrados: se na Lei de Segurança Nacional da Ditadura, em depredação do patrimônio ou na nova lei de terrorismo. Mas depois de uma presidenta legítima ter sofrido impeachment sem um crime de responsabilidade ou qualquer acusação de corrupção, e o presidente do Senado ter recusado uma ordem judicial do Supremo Tribunal Federal sem qualquer consequência, não parece que as leis valem grande coisa nesse país. Ganha quem grita mais alto.

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    Um exemplo é que qualquer pessoa que filmasse as detenções ou questionasse os motivos também era intimidada e ameaçada de ser levada para a delegacia como testemunha e ter seu equipamento apreendido como prova, apesar desse procedimento ser francamente ilegal. Isso aconteceu duas vezes com esse repórter, pelo menos uma com um aluno e mais uma vez com professores da Universidade Federal de Uberlândia que, aliás, foram revistados por duas vezes por grande quantidade de policiais no ponto de encontro com os alunos apesar de nenhum ter participado de qualquer ato de depredação ou confronto em nenhum momento do dia.

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    Felizmente mesmo os cinco alunos detidos no começo do dia por portarem vinagre e máscaras contra gazes (apreendidas nas revistas às quais se submeteram sem reação por não portarem nada ilegal) foram liberados rapidamente e todos retornamos bem a Uberlândia.

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    Da próxima, talvez não tenhamos tanta sorte. Afinal, assim como em 1968 com o AI5, a PEC 55 é apenas o prenúncio de tempos terríveis. As TVs e grandes jornais e revistas alardeiam o tempo todo que essa é a única forma de encontrar “os meios indispensáveis para a obra de reconstrução econômica, financeira e moral do país”. Mas já ouvimos essa história há 48 anos e sabemos o que aconteceu no passado não tão distante…

     

  • Arte e educação de mãos dadas em BH rumo ao #OcupaTudo

    Arte e educação de mãos dadas em BH rumo ao #OcupaTudo

    Foto-reportagem de Maxwell Vilela, para os Jornalistas Livres

    Foto: Maxwell Vilela / Jornalistas Livres
    Foto: Maxwell Vilela / Jornalistas Livres

    Os secundaristas de BH não ficam atrás na onda de ocupações do país. Os artistas Flávio Renegado e Pedro Morais estiveram visitando escolas para um bate papo com os alunos, falaram sobre o poder das ocupações e a necessidade e importância delas para o momento político, bem como o impacto delas na opinião publica.

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    Foto: Maxwell Vilela / Jornalistas Livres

    Eles também falaram da atenção das mídias para o assunto, e os próprios jovens se manifestaram com cartazes dizendo da invisibilização da pauta na imprensa tradicional.

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    Foto: Maxwell Vilela / Jornalistas Livres

    Sobre o que está acontecendo no país com a PEC 241, os aulões seguem por todo o país, e na visita os artistas passaram nas escolas Santos Dumont, Jucelino Kubitschek, e Maria Carolina Campos situadas na região de Venda Nova em Belo Horizonte para, entre abraços e apresentações, dar força para os alunos, a maioria entre 14 e 18 anos.

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    Foto: Maxwell Vilela / Jornalistas Livres

    Para eles, os alunos deram um show de responsabilidade e representatividade com agendas organizadas por mulheres, trans, lesbicas e homossexuais.

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    Foto: Maxwell Vilela / Jornalistas Livres

    As ocupações por si só já são uma aula de empoderamento.

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    Foto: Maxwell Vilela/ Jornalistas Livres

    Flávio Renegado explica a visita falando sobre a potência da luta conjunta dos secundaristas com a classe artística. “O sentimento de democracia e liberdade é que nos movimenta e movimenta esse juventude. Isso tem que ser cuidado e incentivado. Seguiremos lutando!”

    Foto: Maxwell Vilela / Jornalistas Livres
    Foto: Maxwell Vilela / Jornalistas Livres
  • Estudantes da UFU vão parar dias 8 a 10 de junho

    Estudantes da UFU vão parar dias 8 a 10 de junho

    Os alunos da Universidade Federal de Uberlândia – UFU fizeram nessa quarta uma longa e lotada assembleia para denunciar as quedas nos investimentos em educação nos últimos anos, a falta de condições mínimas de ensino em alguns campi, a cultura do estupro e também novas ameaças do regime golpista como cortes de bolsas de iniciação à docência e a chamada Escola Sem Partido. Ao final da assembleia, em votação expressiva, foi decidida a paralização das atividades discentes entre os dias 8 e 10 de junho, coincidindo com o Dia Nacional de Mobilização Contra o Golpe. A primeira manifestação realizada como consequência das lutas estudantis foi a ocupação da reitoria da instituição (veja aqui) pela urgente melhoria na infraestrutura do Campus Monte Carmelo, onde até a água de beber está contaminada com metais pesados. Veja abaixo nota divulgada sobre a mobilização.

    Mais de 500 estudantes lotaram a assembleia da UFU
    Mais de 500 estudantes lotaram a assembleia da UFU

    “Os estudantes da Universidade Federal de Uberlândia se organizaram em um Conselho de Diretórios acadêmicos (CONDAS) no dia 18/05 para realizar a assembleia geral, com todos os cursos, no dia 01/06 para se debater uma possível paralisação estudantil.  Foram dados alguns dias para que os diretórios e centros acadêmicos (DAs e CAs) mobilizassem e levantassem as pautas internas de cada curso para que as reivindicações fossem levadas ao ato.

    A assembleia geral foi realizada no Centro de Conivência, bloco 5N do campus Santa Mônica, contou com mais de 500 alunos representando todos os campi, exceto Patos de Minas, e começou com cerca de 40 falas de estudantes contendo suas pautas e posicionamentos sobre a paralisação, análise de conjuntura, protestos contra o governo interino de Michel Temer (PMDB) e relatos das assembleias de cada curso, realizadas pelos DAs e CAs.

    Assembleia dos Estudantes da UFU votou quase por unanimidade pela paralização
    Assembleia dos Estudantes da UFU votou quase por unanimidade pela paralização

    Foi decidido em votação, por quase unanimidade dos presentes, a paralisação das aulas de 8 a 10 de junho. O ato vai contar com diversas atividades de formação política e os alunos ocuparão os blocos, praças e salas da universidade reivindicando as pautas gerais retiradas da concentração. Dentre elas, as principais são pela melhoria dos campi avançados (Pontal, Monte Carmelo e Patos de Minas) que sofrem sucateamento por falta de verba e espaço físico. Além disso, os estudantes reivindicam ônibus para congressos e viagens de campo obrigatórias para disciplinas, maior investimento na segurança e mais pontos de ônibus próximos aos campi, melhoria na assistência estudantil e são contra a nova portaria do PIBID (Programa institucional de Bolsas de Iniciação à Docência).”

     

  • Escracho a Odelmo Leão, deputado federal, golpista e ruralista de Uberlândia

    Escracho a Odelmo Leão, deputado federal, golpista e ruralista de Uberlândia

    Manifestantes chegaram a parar a Avenida Afonso Pena
    Manifestantes chegaram a parar a Avenida Afonso Pena

    O centro de Uberlândia foi tomado nessa terça, 24 de maio de 2016, por cerca de 200 jovens que se manifestavam contra o golpe comandado pelo ficha suja Michel Temer e seu partido, o PMDB, com o apoio de outros partidos como PP, DEM, PSDB e PSD. Integravam a manifestação, movimentos de juventude que compõem a Frente Brasil Popular, além de ativistas independentes, artistas, produtores culturais, estudantes universitários e secundaristas. Para eles, o golpe que ocorre no Brasil nada mais é do que um acordo da burguesia interna, subserviente a interesses internacionais, para retirar direitos sociais do povo e entregar o patrimônio público conquistado pelo povo brasileiro para corporações estrangeiras.

    A marcha seguiu pelas ruas evocando palavras de denúncia ao pacote de ataques ao povo trabalhador que incluem a privatização da Petrobrás, o fim das receitas vinculadas para a saúde e educação, redução dos direitos trabalhistas e reforma da previdência com aumento de tempo para aposentadoria.

    Marcha percorreu algumas das mais importantes vias de Uberlândia
    Marcha percorreu algumas das mais importantes vias de Uberlândia

    A primeira parada da manifestação foi um escracho em frente ao escritório regional do deputado federal Odelmo Leão, que já foi prefeito da cidade em duas ocasiões e faz parte da ala mais conservadora e reacionária do Congresso Nacional: a B.B.B. – Bancada da Bíblia, da Bala e do Boi. Odelmo, ruralista convicto, é defensor do agronegócio, votou a favor do golpe, e seu nome figura na Lista de Furnas – suposto esquema de pagamentos de propinas a políticos mineiros comando pelo ex-governador do estado, o tucano Eduardo Azeredo.

    O deputado votou, ainda, a favor de projetos que intensificam a terceirização e precarizam as condições de trabalho, permitindo que as empresas possam até mesmo terceirizar a sua atividade fim. Essa mudança daria margem para o funcionamento de empresas com todos os funcionários terceirizados em todos os setores, sejam operários em fábricas, professores em escolas públicas ou mesmo médicos em hospitais. Assim, é quebrado o vínculo entre profissionais e seu público e local de trabalho, já que estariam à disposição das empresas fornecedoras de mão de obra para atuar em qualquer local, horário e sem estabilidade no emprego.

    Além disso, o deputado federal integra o Partido Progressista – PP que, diga-se de passagem, de progressista só tem o nome, pois sua bancada vota constantemente contra os direitos de mulheres, de negras e negros, de trabalhadoras e trabalhadores, e de LGBTs. Se não bastasse o PP é o partido mais citado na Lava Jato e figura entre os partidos mais corruptos do país – segundo um levantamento do TSE, de 2011, o partido é o terceiro mais barrado na Lei da Ficha Limpa.

    Manifestação fez barulho em frente ao escritório de Odelmo Leão
    Manifestação fez barulho em frente ao escritório de Odelmo Leão

    Durante o escracho – ação política à porta de escritório ou residência de alguma figura pública para constrangê-la mediante uma denúncia de interesse popular – os manifestantes através de paródias, cartazes e outras formas de expressão, procuravam evidenciar ao povo uberlandense, quem seria Odelmo Leão: “Um verdadeiro golpista e sem compromisso algum com o Estado Democrático de Direito e nem com o povo”, afirmava uma das manifestantes. “Odelmo está associado a deputados extremamente reacionários como Eduardo Cunha, Jair Bolsonaro e Marcos Feliciano, que defendem esse mesmo tipo de posicionamento político”, completou outro manifestante.

    Após, a parada no escritório do deputado, a marcha seguiu pela Avenida Afonso Pena, uma das principais da cidade, acompanhada de panfletagens para dialogar com a população que circulava pelas ruas. O trânsito chegou a ser travado por alguns minutos, o que causou um certo tumulto e irritação de alguns transeuntes, motoristas e usuários de ônibus. Todavia, os manifestantes seguiram firmes até a praça Tubal Vilela, onde encerraram o ato político com uma plenária em que se definiram novas ações da articulação entre movimentos e ativistas populares.

    Levante Popular da Juventude e outros movimentos escracham político golpista
    Levante Popular da Juventude e outros movimentos escracham político golpista
  • Juventude nas ruas #NAOAOGOLPE

    Juventude nas ruas #NAOAOGOLPE

    Na noite de quinta feira, (21/04) a Av Paulista foi palco de uma manifestação de estudantes contra o impeachment da Presidenta Dilma. O protesto foi organizado e convocado pelas redes sociais, denominado como ” Juventude nas ruas #NAOAOGOLPE”. Os manifestantes partiram do vão livre do MASP, caminharam até a Praça do Ciclista e retornaram ao MASP, onde o ato foi finalizado.

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  • Jovens entram na disputa por novas leis

    Jovens entram na disputa por novas leis

    Por Tatiana Pansanato, da Mídia NINJA, especial para os Jornalistas Livres


    “Gostaria que o Governo do Estado permitisse que dois ou mais negros pudessem conversar na esquina de casa, na rua e a noite, sem que fossem associados ao crime, ao tráfico, ou autuados por formação de quadrilha, essas questões precisam ser pautadas no Executivo”.

    Foto: Márcio Pinheiro

    Esse é o tom das falas da deputada Leci Brandão (PCdoB) na celebração do Sarau de lançamento da Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos da Juventude, liderada também pelo deputado Caio França (PSB). O auditório Paulo Kobayashi da Assembléia Legislativa de São Paulo recebeu dezenas de jovens de movimentos sociais, como estudantes, artistas, coletivos da periferia e de mídia e suas lideranças.

    Foto: Márcio Pinheiro

    O que aconteceu na última quarta-feira (21) foi a ocupação do espaço legislativo pelos jovens da periferia, legitimando que ali também é seu lugar, ao som dos batuques e batidas de funk. Adolescentes de diversas idades que se encontram na música, na dança, na expressão corporal, na cultura, na comunicação e em inúmeros eixos, participavam ativamente do evento, que teve como Mestre de Cerimonia Alessandro Buzo, poeta, escritor e cineasta que está à frente do projeto Sarau Suburbano.

    Nação Hip Hop Brasil também teve participação representativa, assim como a Liga do Funk, movimentos que emergiram nas extremidades e que hoje impulsionam a juventude e as motivam a conhecer e se apropriar de politicas públicas. Não existia na Assembleia Legislativa um espaço onde esses jovens pudessem criar mais políticas — e a Frente Parlamentar vem mostrar que os jovens precisam conquistar seus espaços e ter representantes na Casa da Lei. “Entende-se que esse espaço é criado pelos gabinetes mas os verdadeiros protagonistas dessa história são os jovens”, afirma o deputado Caio França.

    Tubarão do Lixo, poeta e rimador, depois de sua apresentação, que citou mais de uma vez o golpe contra a juventude na tentativa de reduzir a maioridade penal, contagiou os presentes com a sua rima. E veio o grito em uníssono: “Não, não, não à redução”.

    Foto: Buzzo

    Maria das Neves, Diretora de Jovens Mulheres Feministas da UJS, uma das convidadas do sarau, disse que a frente vem para defender incondicionalmente a democracia brasileira contra “aqueles que tentam tomar o poder do nosso país para implementar uma agenda machista e fascista. Contra quem tenta golpear a democracia”.

    O Coordenador da Juventude do Estado de SP, Cleuder de Paula, comentou que “São Paulo é um Estado complexo, com todos os problemas sociais. Estamos organizando a Conferência Estadual da Juventude, visando à instituição do Conselho (referindo-se ao Conselho Estadual da Juventude). É um legado que quero deixar, sabemos que é uma demanda antiga, vai ser necessário muito diálogo e compromisso. Eu como negro e da periferia, quero a participação dos jovens que mais precisam desse espaço.”

    Além da forte participação dos movimentos sociais e estudantis, a Frente já conta com o apoio de 46 parlamentares e das Coordenadorias Municipal, Estadual e Nacional de Juventude que também apoiaram e (re)construíram juntos esse avanço nos direitos socias e humanos dos adolescentes e jovens do Brasil.

    Foto: Márcio Pinheiro

    No Manifesto da Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos da Juventude está dito que se trata de um colegiado suprapartidário constituído por membros do Poder Legislativo estadual e de um Conselho Consultivo formado por membros da sociedade civil. A frente é destinada a promover o aprimoramento da legislação estadual em defesa dos direitos da juventude.A frente visa ainda à melhora dos aspectos da vida do jovem, como educação, empregabilidade decente, acesso ao esporte e cultura, direito à sociabilidade, enquanto elementos-chave para o desenvolvimento humano

    Ao encerrar, Leci questionou: “Eles pensam que a gente é só isso, e aí? A gente é só isso?”, disse, referindo-se ao samba e ao futebol… “Sim, a gente é isso também, mas a gente também é discussão política. Se eles quiserem fazer as coisas desse jeito conservador, reacionário, que discrimina, que criminaliza…a gente vai pro pau.”