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  • Os coleguinhas fotógrafos não querem ser chamados de golpistas

    Os coleguinhas fotógrafos não querem ser chamados de golpistas

    São golpistas sim e agora aguentem as consequências!

    Quando começou todo o processo do impeachment, eu era a única voz entre os fotógrafos que cobrem o Palácio do Planalto que dizia que era um golpe. Chegava todos os dias para trabalhar e, em alto e bom som, soltava um “bom dia mídia golpista!”. No começo, os coleguinhas levavam na brincadeira, mas o tempo foi passando e o golpe se consolidando.

    Quando o processo passou na Câmara, eu virei alvo de piadinhas nos corredores, coberturas jornalísticas e nos bares. Fui chamado de louco, disseram que eu precisava tomar remédio. Ouvi muita piadinha dentro do Planalto e no Congresso dos fotógrafos machões, homofóbicos, preconceituosos, arrogantes e misóginos. São analfabetos políticos. E, ainda se acham melhores do que qualquer trabalhador por ter uma credencial para entrar nos Palácios.

    Nos anos do PT, ouvi frases como: “Como o ar esta fedido hoje aqui”, referindo-se aos integrantes de movimentos sociais que participavam de cerimônias. Que nojo! Para esse tipo de gente, pobre não tem direito a frequentar aeroporto. Isso sem falar dos comentários misóginos sobre a presidenta Dilma. É de dar asco!

    O que esperar de um fotógrafo que fala que o maior problema do casamento são as mulheres?! A misoginia ajudou a derrubar a primeira mulher eleita desse País. Se fosse um homem no lugar dela, não teria passado pelo que Dilma passou. Para esse tipo de gente, as suas mulheres devem ser lindas, recatadas e do lar.

    Ouvi também dos coleguinhas jornalistas que eu estava remando contra a maré. Era maluco de ser uma voz solitária no meio daquele massacre midiático. Olhares de reprovação. É como se falassem: o que esse petista está fazendo aqui? O jornalismo que idealizamos morreu e um novo jornalismo alternativo está surgindo e expondo as “grandes” redações, que transformaram fotógrafos em meros apertadores de botão. Recebem uma pauta e sequer sabem o que está por trás dela. Há uma grande diferença entre petista e jornalista e espero que procurem no dicionário a resposta.

    Agora não querem ser chamados de golpistas?

    SÃO GOLPISTAS e a nossa imprensa está na lata de lixo da

    história, ao contrário da mídia internacional, que enxergou o golpe.

    Quando estavam batendo na presidenta Dilma não queriam saber o que viria depois, agora aguentem as consequências de ter que ir para as ruas e serem escrachados durante as coberturas das manifestações contra o governo golpista, contra a mídia golpista e contra os corruptos que vocês ajudaram a colocar no poder.

    Aguentem e paguem pelas mentiras ditas, mentiras fotografadas e por ter ajudado a derrubar uma presidenta eleita com mais de 54 milhões de votos. Não é por acaso que a credibilidade da imprensa vai ladeira abaixo. Os leitores/eleitores estão cobrando. Fizeram agora paguem.

    Não venham com a desculpa de que são trabalhadores

    e a culpa é dos donos dos jornais.

    Vocês são os jornalistas que estiveram na linha de frente na hora buscar as informações e sabiam muito bem o que seus editores queriam e fizeram direitinho para manter seus empregos. Ligaram o foda-se para o País e a democracia. Não tentem arrumar um culpado pelo seus erros, vão ser chamados de golpista sim. Seus chefes golpistas, que ajudaram o golpe, vão continuar nas suas salas com ar condicionado e vocês vão ter que ir para ruas e as ruas os esperam.

    Estou na profissão há 35 anos, cobri a redemocratização, reforma constitucional, impeachment do Collor, anões do orçamento e fiz tantas outras matérias maravilhosas. Nos últimos anos, no entanto, a parcialidade virou rotina, omissão, manipulação… dois pesos e duas medidas. O objetivo era tirar o PT do poder. Não vi nada parecido com outros partidos. E hoje, a mídia altenativa, como os jornalistas livres, mídia ninja e tantos outros surgiram com o compromisso com a verdade e a democracia.

    Ontem fui acusado de viver para ter likes.

    Nós, verdadeiros jornalistas queremos divulgar a verdade

    e os likes são resultado do nosso trabalho sério e honesto.

    Mostramos a verdade, sem manipulação, ao contrário dos veículos tradicionais. Não concordo com a violência e me solidarizo com meus colegas, Lula da Record e Kleiton do UOL, profissionais que respeito. Venceram na profissão e foram atacados por radicais de esquerda. Sigo na luta para acabar com a corrupção e desigualdade social.

    Minha escola de jornalismo sempre foi a liberdade e democracia.

    Não faço e nunca vou fazer parte de grupinhos que se comunicam e trocam mensagens pelo WhatsApp para não perderem uma foto e serem demitidos. Meu compromisso é com o leitor. Não tentem arrumar o culpado de tudo que vocês provocaram. Um dia espero que a consciência mostre o quando foram pequenos.

  • Por que a mídia ignora Serena Williams?

    Por que a mídia ignora Serena Williams?

    No último sábado, 9 de julho, Serena Williams venceu a final de Wimbledon e chegou ao seu 22º título de Grand Slam de simples. Com a vitória, ela igualou o recorde de Steffi Graf e garantiu para si o posto de maior da história do tênis.  Sobre o significado do feito de Serena, Djamila Ribeiro escreveu um importante texto que vale a pena ser lido (aqui) e sobre a dimensão esportiva do feito  Andy Bull do Guardian escreveu o artigo “Quebradora de recordes incomparável, Serena é a maior que já existiu. (aqui em inglês)

     

    Facebook de Serena Willians
    Facebook de Serena Willians

    Serena é a melhor e nem assim deixa de ser atacada. Ela cometeu o terrível crime de sair do seu lugar e jamais será perdoada, mas ao mesmo tempo vai incentivar outras a sair. Por isso acho que não devemos ligar para haters. Se Serena sendo a deusa do universo é atacada, imagina nós meras mortais. Devemos nos focar na luta para que uma mulher negra campeã no tênis não seja mais exceção, assim como na universidade e em outros espaços.

    Djamila Ribeiro no Facebook

     

     

     

     

     

    Verdade seja dita, “ser duas vezes melhor” não é suficiente nem pra começar a dizer o quão melhor do que todos e todas Serena novamente se tornou.  Ela é a melhor que já existiu.

    Andy Bull no The Guardian

    Faltando um mês para as olimpíadas, uma atleta que virá ao Rio de Janeiro torna-se a maior da história na sua modalidade. Esse é um acontecimento que merece respeito e destaque, certo?

    Só que não…

    Para Serena, a imprensa brasileira dedicou pouquíssimas linhas e quase nenhum destaque. Por que será?

    Segue uma análise das publicações de alguns portais e blogs esportivos brasileiros na segunda feira, 11 de julho, pós-fim-de-semana de finais em Wimbledon.


     

    globoesporte.com 11/07 17h21min
    globoesporte.com 11/07 17h21min. Braço de Serena
    Globoesporte.com – Seção de Tênis

    Serena não protagoniza nenhum destaque no portal da família Marinho. Os destaques são para a ausência de Sharapova nas olimpíadas, o título masculino em Wimbledon de Andy Murray e para a premiação conjunta de Serena e Murray, com destaque para o braço musculoso da tenista. Serena ganhou Wimbledon pela sétima vez porém “(…) um dos atributos mais chamativos da número 1” são seus braços.

    ESPN.com.br – Seção de Tênis

    A filial brasileira da rede americana ESPN já foi referência no jornalismo esportivo. Não é mais. O destaque na página era o título de Murray e não havia na aba de destaques qualquer menção a Serena Williams.

    espn.com 11/07 17h29min
    espn.com.br 11/07 17h29min. Nada de Serena

    Blog do FIninha. 11/07, 17h28min. q parágrafo para Serena, 4 para Murray
    Blog do Fininho. 11/07, 17h28min. 1 parágrafo para Serena, 4 para Murray
    Blog do Fininho

    O ex-tenista Fernando Meligeni mantém um blog no portal da ESPN Brasil.  Nele publicou o post “Batalhas mentais e campeões merecidos: um resumo do que foi Wimbledon” em que abriu com uma foto de bastante destaque para campeã, mas parou por aí. No texto dedicou apenas um parágrafo para Serena Williams, quatro para Murray e três para Federer. (Serena 1 x 4 Murray)

    Lancenet.com – Seção de Tênis
    A aba de destaques de tênis do jornal esportivo Lance! não teve nenhuma citação a Serena Williams e, como no caso do globoesporte.com, o foco era para a punição de Sharapova.

    lancenet.com 11/07, 17h42min. Nada de Serena.
    lancenet.com 11/07, 17h42min. Nada de Serena.

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    tenisbrasil.com.br 11/07 15h05min. Não há TAG de busca para o nome de Serena
    Tênis Brasil

    O feito de Serena também não mereceu grande atenção do portal dedicado exclusivamente ao tênis. Na aba de destaque, entre “Hewitt comenta sobre a aposentadoria de Federer” e “Murray encosta em Djokovic no ranking do ano”, a única matéria que citava Serena era  “Kerber assume o número 2” onde o ranking mundial era analisado e o foco era a posição de Angelique Kerber, vice-campeã em Wimbledon. Nessa matéria, apesar de citar a permanência de Serena no topo, o nome da campeã não é sequer “tageado”.

    No Blog do Chiquinho, do jornalista Chiquinho Leite Moreira e hospedado no Tenis Brasil, nada de muito diferente do encontrado em outros lugares. Um post analisando as finais de Wimbledon com um parágrafo comentando a vitória de Serena Williams e três a de Andy Murray. (Serena 1 x 3 Murray)

    Blog do Chiquinho. O triplo de espaço para Murray.
    Blog do Chiquinho. O triplo de espaço para Murray.
    Blog do Tênis. 4 parágrafos para Murray, 3 para Serena.
    Blog do Tênis. 4 parágrafos para Murray, 3 para Serena.

    Pelo mapa de TAGS do blog dá pra se notar o pouco espaço destinado para a maior tenista da história comparado a outros atletas
    Pelo mapa de TAGS do blog dá pra se notar o pouco espaço destinado para a maior tenista da história comparado a outros atletas
    O Blog do Tenis, do jornalista José Nilton Dalcim e também hospedado no Tenis Brasil, tratou a vitória da Serena no artigo “Murray já pode pensar no número 1”. O jornalista escreveu três parágrafos para Serena e ressaltou a importância histórica do feito, para Murray foram destinados quatro parágrafos. (Serena 3 x 4 Murray)
    Blog do Juca

    Juca Kfouri, que sempre guardou bom espaço em seu blog para os feitos de Federer e Nadal, também não publicou nada sobre a conquista extraordinária de Serena.

    Não se encontra nada no Blog do Juca sobre Serena Williams
    Não se encontra nada no Blog do Juca sobre Serena Williams

    Então é assim, uma mulher negra atinge o topo do esporte, torna-se uma das maiores atletas da história, a maior de todos os tempos em sua modalidade e nem assim consegue um espaço minimamente digno na imprensa brasileira. Por quê? Porque a mídia privada brasileira é racista e machista e não permite às mulheres negras nem sequer espaço digno em seus veículos para celebrarem suas vitórias, conquistas e alegrias.

    Para exaltar o feito de Serena segue um vídeo feito pela BBC, a tv PÚBLICA britânica, em que Serena recita o poema STILL I RISE de Maya Angelou

     

    Ainda Assim me Levanto (Maya Angelou)

    tradução Francesca Angiolillo

    Você pode me inscrever na história
    Com as mentiras amargas que contar
    Você pode me arrastar no pó,
    Ainda assim, como pó, vou me levantar

    Minha elegância o perturba?
    Por que você afunda no pesar?
    Porque eu caminho como se eu tivesse
    Petróleo jorrando na sala de estar

    Assim como a lua ou o sol
    Com a certeza das ondas no mar
    Como se ergue a esperança
    Ainda assim, vou me levantar

    Você queria me ver abatida?
    Cabeça baixa, olhar caído,
    Ombros curvados como lágrimas,
    Com a alma a gritar enfraquecida?

    Minha altivez o ofende?
    Não leve isso tão a mal
    Só porque eu rio como se tivesse
    Minas de ouro no quintal

    Você pode me fuzilar com palavras
    E me retalhar com seu olhar
    Pode me matar com seu ódio
    Ainda assim, como ar, vou me levantar

    Minha sensualidade o agita
    E você, surpreso, se admira
    Ao me ver dançar como se tivesse
    Diamantes na altura da virilha?

    Das choças dessa história escandalosa
    Eu me levanto
    De um passado que se ancora doloroso
    Eu me levanto
    Sou um oceano negro, vasto e irrequieto
    Indo e vindo contra as marés eu me elevo
    Esquecendo noites de terror e medo
    Eu me levanto
    Numa luz incomumente clara de manhã cedo
    Eu me levanto
    Trazendo os dons dos meus antepassados
    Eu sou o sonho e as esperanças dos escravos
    Eu me levanto
    Eu me levanto
    Eu me levanto

     

     

     

     

     

     

  • Povo nas ruas dá um chega-pra-lá no golpe

    Povo nas ruas dá um chega-pra-lá no golpe

    Mal se via o asfalto das avenidas Augusto de Lima e João Pinheiro quando, às 17h30, o ato pela democracia e contra o golpe saiu da Praça Afonso Arinos parra ter sua apoteose na Praça da Estação. Depois do comício das Diretas Já e da visita do papa, Belo Horizonte nunca tinha visto tanta gente nas ruas. Mas agora o grito da multidão era outro e bastante afinado: “Não vai ter golpe”. Em defesa do estado de direito democrático e contra a manipulação da mídia, não faltaram também gritos de “O povo não é bobo, abaixo a Rede Globo”.

    photo_2016-03-19_12-35-08Foto por Lucas d’Ambrosio / Jornalistas Livres

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    Foto: Gustavo Miranda/ Jornalistas Livres

    O presidente do Sindicato dos Jornalistas, Kerison Lopes, fez questão de acentuar que os “trabalhadores da imprensa” defendem a democracia e não podem ser confundidos com seus patrões. “O que a televisão fala é o pensamento da família Marinho. Os trabalhadores são outra coisa e estão aqui para dizer que não vai ter golpe”, disse.

    O clima alegre e pacífico da manifestação seguiu até as 22h30, quando o músico Gabriel Guedes encerrou o show apresentado logo após o ato político encerrado na Praça da Estação. Flávio Renegado, Vander Lee , Celso Adolfo, Pedro Morais, Ana Cristina, Coletivo Negra, Tiago Delegado, Sérgio Pererê, entre dezenas de artistas que fizeram questão de participar do ato, marcaram presença na noite em defesa da democracia.

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    Foto: Coletivo Área de Serviço

    O número de participantes superou as expectativas: cerca de 60 mil pessoas, entre as quais sindicalistas, representantes de movimentos sociais e artistas diversos. A presidente da CUT, Beatriz Cerqueira, comemorou o sucesso do ato e afirmou que o povo na rua é a única forma de o povo combater o golpe, e adiantou que a partir de ontem o movimento sindical estará de plantão para ir às ruas tão logo os trabalhadores sejam convocados para a luta pela democracia.

    O ato, que começou diante da Faculdade de Direito da UFMG, se encerrou na Praça da Estação com o show Canto da Democracia, o manifesto da cultura pró-democracia, ornamentado por bandeiras vermelhas, bandeiras do Brasil e muitas faixas dos manifestantes alusivas ao nosso momento político, em defesa do governo Dilma e de Lula.

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    Foto: Lucas Bois/ Jornalistas Livres

    O ex-presidente foi lembrado nos discursos e no refrão “Lula guerreiro do povo brasileiro”. Bastante festejado ao chegar à Avenida Afonso Pena, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, discursou mais tarde em cima do carro de som estacionado na Praça da Estação, representando a presidenta Dilma e o Ex-presidente Lula no ato.

    Na linha de frente da passeata, os integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Os jornalistas marcaram presença com as faixas “Jornalistas contra o golpe”. Os organizadores afirmam que representantes de 853 municípios mineiros estavam representados, e entre petroleiros, artistas, metroviários, professores, estudantes e muitos outros grupos, a seriedade da festa da democracia se fazia presente e pautava as próximas lutas que acontecerão em todo o país durante este período de instabilidade política.

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    Fotos: Mídia NINJA e Isis Medeiros/ Jornalistas Livres

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    Nicole Marinho/ Jornalistas Livres

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    Fotos: Maxwell Vilela/Jornalistas Livres

    Enfim, o ato do dia 18 em Belo Horizonte, assim como no Brasil inteiro, foi um verdadeiro Basta àqueles que querem impor novo golpe político no país, desrespeitando a democracia e a vontade do povo depositada nas urnas. Foi também um aquecimento para o ato programado para o próximo dia 31, com ênfase em Brasília.

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    Geanini Hackbardt /MST MG

     

  • Segurança do metrô ataca a imprensa livre

    Segurança do metrô ataca a imprensa livre

    Por Laura Capriglione, especial para os Jornalistas Livres

    Além do massacre do estudante Heudes Cássio Oliveira, de 18 anos, aluno do 3º ano do ensino médio da Escola Estadual Fernão Dias, em Pinheiros, a segurança do metrô de São Paulo também protagonizou cenas de violência explícita contra a imprensa livre nesta segunda-feira, 21/12. Desta vez, os homens de preto do metrô exercitaram suas habilidades na arte de espancar, humilhar e aterrorizar contra o fotógrafo André Lucas Almeida, que registrava o protesto estudantil para a Agência Futura Press.

    O repórter-fotográfico acabava de cobrir a passeata contra a “reorganização escolar” do governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP), que saiu do Masp e foi até a praça da Sé, no centro de São Paulo. Quando a manifestação já se dispersava, dentro da estação Sé do metrô, André pegou o seu bilhete único e passou pela catraca.

    Neste momento, os participantes do ato realizavam o chamado “catracaço”, que consiste em pular e catraca e usar o metrô sem pagar a tarifa.

    Segundo André, “o segurança chefe liberou de boa para os estudantes pularem; ninguém quebrou nada; só entraram para pegar o trem.”

    Foi então que entraram em cena alguns seguranças mais exaltados, que começaram a tirar o cassetete e a ameaçar. O recado era claro: ninguém mais pularia.

    Bastou um jovem (que havia ficado para trás) tentar pular e começaram as agressões dos seguranças.

    “Foi do nada. De repente, um segurança do metrô, sem qualquer identificação, veio por trás de mim com tudo e deu uma porrada com o cassete na minha lente”, lembra André.

    Trata-se de uma lente 17-40mm, que vale R$ 3.500. Quem vai pagar por isso?

    Quando o fotógrafo foi perguntar ao segurança o porquê da agressão, recebeu como resposta unicamente “ironia e tiração de sarro”.

    Jornalistas Livres entraram em contato com a assessoria de imprensa da Companhia do Metrô e endereçaram a ela as seguintes questões:

    Prezados Senhores,

    Sou repórter da rede Jornalistas Livres e gostaria de ouvir a posição da empresa a respeito dos espancamentos praticados por seguranças da Companhia do Metrô de São Paulo contra manifestantes que acabavam de participar do ato contra a “reorganização escolar” proposta pelo governador Geraldo Alckmin.Queríamos saber entre outras coisas:1. Por que os seguranças não portavam identificação? Se essa identificação é obrigatória nas fardas dos PMs, porque não seria entre os seguranças do metrô?2. Quem cuida do treinamento dos seguranças do Metrô?3. Em que casos eles intervêm? Existe uma normatização dos procedimentos? É possível vermos essas normas?4. Os seguranças do Metrô são funcionários da empresa ou são terceirizados?Estou à disposição para contato…Atenciosamente.

    Em resposta às questões colocadas, a assessoria do Metrô nos enviou a seguinte nota oficial, às 15h02:

    Nota do Metrô

    Na noite desta segunda-feira (21), grupo de manifestantes invadiu o sistema metroviário, burlando as catracas da estação Sé. Agentes de Segurança do Metrô, em conjunto com a PM, atuaram para conter o grupo de invasores. Mesmo sem pagar tarifa, alguns manifestantes conseguiram embarcar enquanto outros foram contidos e retirados da estação. A ocorrência está sendo apurada pela Companhia.

    Desde já, e com o único propósito de ajudar o metrô em sua “apuração” e a coibir a prática de violência contra manifestantes e a imprensa, Jornalistas Livres publicam a série de fotos em que aparece o segurança agressor, no momento em que “tirava sarro” do fotógrafo André.