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Tag: Greve Geral

  • Greve geral de 1917 foi sangrenta e vitoriosa

    José Martinez deixou a Espanha e chegou a São Paulo com a família nos primeiros meses de 1917. Veio com o pai, que logo ficou seriamente doente, a mãe e um irmão menor. Por conta da situação, José, com apenas 21 anos, foi o único da família a conseguir um emprego – era sapateiro. Todos dependiam dele. No dia 9 de julho, irrompe uma greve, reprimida a tiros por soldados armados a mando do então governador do Estado, Washington Luís. Uma bala acerta José. Seu enterro torna-se um símbolo da violência contra os trabalhadores – e alimenta uma vitoriosa greve contra jornadas de trabalho de 12 horas por dia, sem direitos, sem proteção, com mulheres e crianças dentro das fábricas em condições precárias. Seu funeral atraiu uma multidão, que seguiu o caixão até o Cemitério do Araçá, onde foi enterrado sob uma forte comoção popular.

    José, no entanto, não foi o único morto dessa greve vitoriosa. A repressão tombou dezenas, talvez centenas de trabalhadores. Essa informação, sobre os aspectos mais sangrentos da greve de 1917, que era corrente no movimento operário do início do século, foi apagada da memória do país.

    A redescoberta da informação e da vala no Cemitério do Araçá é resultado do trabalho do pesquisador e jornalista José Luiz Del Roio, que lança em junho o livro Greve de 1917: os trabalhadores entram em cena, pela Alameda Editorial.

    Nele, Del Roio mostra que o jornal ítalo-paulista Fanfulla, ligado ao consulado italiano, contava-se em cerca de cem o número de operários mortos. Trata-se, portanto, de avaliação bastante cuidadosa em relação aos acontecimentos.

    Ainda segundo o jornal, havia notícias de que 212 covas teriam sido abertas no cemitério. Enquanto isso, os jornais mais ligado à elite paulistana, como O Estado de S. Paulo, falavam em 18 mortos apenas.

    A maior manifestação operária do país até então paralisou 35 empresas e envolveu mais de 20 mil trabalhadores – logo seguidos pelos condutores de bondes da cidade, pelos padeiros, leiteiros, garçons, vendedores, trabalhadores da Cia. de Gás e da Light. Por alguns dias a cidade ficou às moscas. Nenhuma carruagem circulou. O país seguiu os operários paulistas. Pararam fábricas, lojas, bondes, comércios de rua em várias outras cidades importantes – incluindo a então Capital Federal, o Rio de Janeiro. O Brás era o centro nervoso da greve, onde se reuniam as lideranças operárias.

    O governo logo começou uma brutal repressão, com o uso de violência extrema contra os manifestantes. O Delegado Geral transferiu suas atividades para o Brás, para coordenar melhor a ação da polícia. Essa ação ficou conhecida como noite de São Bartolomeu paulista – os policiais matavam manifestantes, incluindo mulheres e crianças, com sabres e tiros, segundo relatos da época.

    Apesar da violência policial e dos desaparecimentos nunca explicados, a greve é considerada vitoriosa pelos trabalhadores. “A greve de 1917 representou o ápice do sindicalismo revolucionário”, escreve Del Roio. “A greve em São Paulo conseguiu vitórias. Houve aumentos salariais, redução de jornadas de trabalho e limitação à exploração da força de trabalho feminino e dos menores de idade. Conseguiram até que se emanasse uma lei no Estado de São Paulo, a nº 1.596 de 29 de novembro de 1919, que proibiu o trabalho noturno para mulheres e os menores de 15 anos, e estes só poderiam labutar 5 horas diurnas.”

  • O País está parado! Viva a Greve Geral!

    Greve Geral contra as Reformas mostra a resistência da classe trabalhadora

    O Brasil acordou diferente!

    Apesar das ameaças patronais, da campanha maciça da mídia oficial ameaçando os trabalhadores e o povo de represálias, da pressão do Judiciário, querendo aplicar multas milionárias nas entidades sindicais; apesar deste cerco monstruoso, a greve geral é um sucesso até agora!

    As imagens falam por si. Lembram, por exemplo, os movimentos paredistas da Argentina: ruas vazias, rodovias bloqueadas, terminais de transporte público entregues às moscas e, claro, a policiais.

    Nas principais capitais, a adesão é maciça.

    São Paulo, verdadeira capital do país e termômetro de qualquer mobilização, tem a greve amplamente vitoriosa. O cenário se repete nas principais capitais.

    A reação desesperada das autoridades de abortar o movimento fracassou de modo retumbante. Não há como conter o riso e o desprezo diante das atitudes de gente como o prefeito Dória, com suas tentativas grotescas de cooptar aplicativos de táxis para furar a greve —nem isso conseguiu.

    Até o momento, a força dos trabalhadores e do povo se impõe contra as reformas reacionárias perpetradas pelo governo golpista de Michel Temer.

    A aprovação da reforma trabalhista em primeira votação por um congresso desmoralizado teve efeito contrário ao imaginado pelas forças do atraso.

    Só fez jogar lenha na fogueira da paralisação nacional.

    Como sempre tem acontecido, os atos de violência partem das tropas da repressão: bombas de gás, balas de borracha, cacetadas a esmo. São, contudo, impotentes para conter a a ira do povo em defesa de direitos históricos que os patrões e o governo a seu serviço, com o apoio escancarado da “grande mídia”, tentam esmagar.

    A greve já é um sucesso!!


    Publicado originalmente por Frente Brasil Popular

  • Juristas Feministas se posicionam pela Greve Geral

    Juristas Feministas se posicionam pela Greve Geral

    O Coletivo Parajás, Coletivo Feminista de Juristas de Campinas /SP e região, se posicionou, por meio da Nota Pública abaixo publicada, em apoio à Greve Geral das trabalhadores e dos trabalhadores, e no dia 28 de abril, sexta-feira, pararão contra os retrocessos do governo de Michel Temer.

     

    Nota do Coletivo Parajás – Greve Geral 28/04/2017

    Desde abril de 2016, vivemos sob um “estado inconstitucional de coisas”. O golpe parlamentar – trasvestido de “impeachment” – aplicado no Brasil pelo conluio de um certo grupo político/midiático/empresarial, iniciou, como era de se esperar, uma fase de absoluto desrespeito a direitos garantidos desde a promulgação da Constituição de 1988. Em nenhum momento esse mesmo grupo golpista apresentou um projeto político para o Brasil que fosse inclusivo, democrático, sincrético ou humanista. Ao contrário, a agenda do golpe que vem sendo aplicada desde então nos “presenteia” cotidianamente com esses verdadeiros desmontes, por alguns chamados de “reformas”, que retiram direitos da classe trabalhadora e acirram ainda mais a desigualdade social.

    Entendendo ser a opressão de gênero também decorrente da sociedade capitalista, sabemos que o golpe aplicado no Brasil vem afetando sobretudo a população em situação de maior vulnerabilidade social, principalmente as mulheres. Somos nós que sempre recebemos salários em média menores, que nos responsabilizamos com a sobrejornada do trabalho reprodutivo e que dependemos ainda mais dos serviços e das políticas públicas. Esses desmontes, portanto, nos afetam diretamente.

    Os recentes projetos de lei de alteração dos direitos previdenciários e trabalhistas apresentados por esse governo ilegítimo são, juntamente com a aprovação da emenda do teto dos gastos públicos, reflexos do golpe iniciado em abril de 2016, que buscou implementar uma agenda política e econômica de cunho liberal, favorecendo ainda mais os detentores do capital e excluindo essencialmente nós, mulheres, da garantia de direitos.

    É contra essa agenda que pararemos na próxima sexta, dia 28/04. Somente uma greve geral pode barrar o golpe e todos os seus reflexos e retrocessos. Nenhum direito a menos, pela retomada do estado democrático de direito!

    Coletivo Parajás – Campinas/SP

  • De braços cruzados: metroviários contra o fim da aposentadoria e da CLT

    Que o metrô de São Paulo iria parar na greve geral de 28 de abril já era um fato amplamente conhecido. Faltava conhecer a extensão da greve dos metroviários paulistanos. E ela foi decidida em assembleia realizada na noite desta quinta-feira, 27 de abril, véspera da greve geral, na sede do sindicato da categoria, no Tatuapé, Zona Leste da capital paulista. Por ampla maioria, os cerca de 400 metroviários presentes decidiram interromper todas as atividades por 24 horas. E em um adendo não previsto originalmente na pauta, os metroviários reunidos na assembleia acataram a sugestão de não implementar o plano de contingência que a Companhia do Metropolitano costuma exigir dos funcionários.

    A decisão foi antecedida por discursos inflamados de líderes das mais variadas tendências representadas no Sindicato dos Metroviários de São Paulo em repúdio às reformas trabalhista e previdenciária por meio das quais Michel Temer, do alto de uma aprovação popular de 4% dos brasileiros, tenta cumprir o arrocho encomendado pelos patrocinadores do golpe contra Dilma Rousseff.

    Paulo Pasin, presidente da Federação Nacional dos Metroferroviários (Fenametro), considerou acertada a decisão tomada pelo conjunto dos metroviários de não acatar o plano de contingência. “O plano de contingência é uma medida unilateral da empresa e que coloca o usuário em risco”, advertiu ele em entrevista ao Jornalistas Livres. “No plano de contingência, supervisores mais antigos que no passado operaram trens são chamados para essa tarefa”, explicou ele. “Mas esses supervisores não estão mais habituados a conduzir os trens. É uma medida irresponsável do governo do Estado”, criticou.

    “Nossa greve não é um pedido de ‘Fora Temer’”, esclareceu por sua vez o coordenador-geral do Sindicato dos Metroviários, Wagner Fajardo. “Nós queremos derrubar qualquer possibilidade de liquidação dos direitos dos trabalhadores”, prosseguiu ele, em resposta a uma equipe de reportagem da Rede Globo, que esperou a assembleia terminar e a quadra do sindicato começar a se esvaziar para entrevistar o líder sindical. No decorrer da assembleia um funcionário da emissora captava solitariamente o som ambiente.

    Ao JL, Fajardo disse considerar que a categoria está coesa. “A assembleia de hoje foi maior que a do dia 14. Há um sentimento muito grande de repúdio a essas reformas. Vamos ter uma greve com muita representatividade”, concluiu.

    Retaliações – A assembleia ocorreu no mesmo dia em que a administração do Metrô de São Paulo decidiu pelo corte do adicional por periculosidade pago aos funcionários que se expõem a riscos nas oficinas da empresa no pátio Itaquera. A decisão foi recebida pela categoria como uma retaliação à mobilização dos metroviários. “A direção do Metrô e o governo Alckmin sabem da dimensão estratégica que a categoria tem, então tenta atacar a categoria atuando por área, tirando um direito aqui, outro direito ali, não só para atacar a greve geral, mas também para desmoralizar os metroviários e privatizar o Metrô”, opinou Pasin.

    No decorrer da semana, a direção do Metrô protagonizou outro episódio que pode ser visto como retaliação ou até mesmo ameaça aos metroviários: os funcionários do Metrô receberam em suas casas uma carta advertindo a eles que sejam “consiêntes” em suas demandas durante a campanha salarial, que irá começar em breve, pois a empresa estaria atravessando dificuldades neste momento de crise econômica.

  • Ministério Público do Trabalho defende Greve Geral

    Ministério Público do Trabalho defende Greve Geral

    O Procurador Geral do Trabalho, Ronaldo Curado Fleury,  se manifestou, através da Nota Pública abaixo, sobre a Greve Geral anunciada para o dia 28 de abril de 2017, próxima sexta-feira. A Greve Geral, que não tem uma liderança, chama os trabalhadores para esvaziar as ruas contra os retrocessos da Reforma da Previdência, da Reforma Trabalhista e da Lei da Terceirização

    NOTA PÚBLICA

    O MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO, considerando a Greve Geral anunciada para o dia 28.04.2017, vem a público:

    I – DESTACAR que a Greve é um direito fundamental assegurado pela Constituição Federal, bem como por Tratados Internacionais de Direitos Humanos ratificados pelo Brasil, “competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender” ( art. 9º da CF/88);

    II – ENFATIZAR a legitimidade dos interesses que se pretende defender por meio da anunciada Greve Geral como movimento justo e adequado de resistência dos trabalhadores às reformas trabalhista e previdenciária, em trâmite açodado no Congresso Nacional, diante da ausência de consulta efetiva aos representantes dos trabalhadores (Convenção OIT n. 144);

    III – REAFIRMAR a posição institucional do Ministério Público do Trabalho – MPT contra as medidas de retirada e enfraquecimento de direitos fundamentais dos trabalhadores contidas no Projeto de Lei que trata da denominada “Reforma Trabalhista”, que violam gravemente a Constituição Federal de 1988 e Convenções Fundamentais da Organização Internacional do Trabalho;

    IV – RESSALTAR o compromisso institucional do MPT com a defesa dos Direitos Sociais e com a construção de uma sociedade livre, justa, solidária e menos desigual.

    Em Minas Gerais, o Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região determinou a suspensão do expediente no dia 28 de abril, sexta-feira. Participaram da decisão representantes de entidades como a OAB e a Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho. A decisão foi unânime e muitos desembargadores se pronunciaram contra as Reformas Previdenciária e Trabalhista, propostas pelo governo de Michel Temer.

  • Mais de 40 líderes religiosos apoiam a Greve Geral

    Mais de 40 líderes religiosos apoiam a Greve Geral

    Confira abaixo os líderes religiosos que declararam apoio à greve geral:

    Dom Reginaldo Andrietta – Jales-SP
    Dom Odelir José Magri – Chapecó-SC
    Dom Antônio Carlos – Caicó-RN
    Dom Farei Rubival – Grajaú-MA
    Dom Fernando -Olinda-Recife
    Dom Manoel João Francisco – Cornélio Procópio-PR
    Dom Gilberto Pastana- Crato-CE
    Dom Anuar Battisti – Maringá-PR
    Dom Manoel Delson – Arqui. da Paraíba-PB
    Dom Edmar – Paranavaí-PR
    Dom Francisco Biasin – Barra do Piraí-Volta Redonda-RJ
    Dom Paulo Mendes Peixoto – Uberaba-MG
    Dom Adriano Ciocca Vasino – São Félix do Araguaia-MT
    Dom José Eudes Campos do Nascimento – Leopoldina-MG
    Dom José Maria, Bispo da Diocese de Abaetetuba – PA.
    Dom António Carlos, de Caicó – RN
    Dom Vital Corbellini – Bispo de Marabá – PA
    Dom Carlos Alberto, Diocese de Juazeiro – BA
    Dom Flávio Giovrnali de Santarém – PA
    Dom Celso Antônio – Apucarana-PR
    Dom Aloísio, da diocese de Teófilo Otoni – MG
    Dom Walmor Oliveira de Azevedo-Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte-MG
    Dom João Justino de Medeiros Silva-
    Arcebispo Coadjutor eleito de Montes Claros, transferido de Bispo Auxiliar de Belo Horizonte-MG
    Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães-Bispo Auxiliar de Belo Horizonte-MG
    Dom Edson José Oriolo dos Santos-
    Bispo Auxiliar de Belo Horizonte -MG
    Dom Otacílio Ferreira de Lacerda-
    Bispo Auxiliar de Belo Horizonte -MG
    Mons. Geovane Luís da Silva- Bispo Auxiliar eleito de Belo Horizonte-MG
    Mons. Vicente de Paula Ferreira -Bispo Auxiliar eleito de Belo Horizonte-MG
    Dom Guilherme Porto – Bispo Diocesano de Sete Lagoas -MG
    Dom José Aristeu Vieira – Bispo Diocesano de Luz – MG
    Dom José Carlos de Souza Campos –
    Bispo Diocesano de Divinópolis – MG
    Dom Miguel Ângelo Freitas Ribeiro –
    Bispo Diocesano de Oliveira – MG
    Arcebispo Dom Luiz Mancilha Vilela- ES
    Dom Mario Antonio da Silva, Bispo de Roraima – RR
    Dom Sergio Castriani – Arcebispo de Manaus – AM
    Dom Jaime Vieira Rocha – Arcebispo de Natal – RN
    Dom Zanoni Demettino Castro – Arcebispo de Feira de Santana – BA
    Dom Jacinto Brito – Arquidiocese de Teresina – PI
    Dom Roque Paloschi, bispo de Porto Velho – RO
    Dom Philip Dickmans – Bispo de Miracema – TO
    Dom Egídio Bisol – Bispo de Afogados da Ingazeira – PE
    Dom Paulo Francisco Machado – Bispo de Uberlândia – MG

     

    *Se a sua escola não consta neste lista, ou se você tem conhecimento de outras escolas particulares que aderiram à Greve Geral, envie para jornalistaslivres@gmail.com que atualizaremos a lista!