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  • Para discutirmos a volta às aulas

    Para discutirmos a volta às aulas

    Na próxima quarta-feira 04.08.2020, deve entrar para votação na Câmara dos Vereadores de São Paulo a PL 452/2020 de autoria do governo Bruno Covas, que estabelece medidas de retorno a volta às aulas presencial, em São Paulo. Neste artigo Joana Monteleone, levanta uma série de questões, não apenas sobre a decisão de retorno, ou de adiamento, mas também as consequências gerais que envolve a volta ou não as aulas. Como o campo progressista quer fazer esse debate?

    Por Joana Monteleone especial para os Jornalistas Livres

    A volta às aulas têm gerado debates acalorados. A data, marcada, pelo estado e pela prefeitura de S. Paulo, para setembro parece ser cedo demais no meio de um número crescente de casos. As discussões se concentram em torno dessa data: voltar ou não voltar em setembro. Mas o problema vai muito além disso, que parece ser um muro intransponível para qualquer tipo de outra discussão sobre o tema. Contudo, não discutir os problemas envolvidos na volta às aulas é deixar a solução para gestores pouco preocupados com a saúde da população e muito preocupados com os negócios privados envolvendo a educação. 

    Vamos pensar que não voltaremos às aulas em setembro. O que acontece depois disso? Quando voltarão as aulas? Em janeiro de 2021? Em fevereiro? Em março? Muitos dizem que só voltam à escola com uma vacina. Mas poucos pensam nas consequências que isso acarretará. E se a vacina demorar? E se só tivermos vacina em 2022? E se o Bolsonaro não quiser comprar a melhor vacina? Por quanto tempo as crianças e adolescentes ficarão trancados em casa sem socialização, com pouco exercício físico, grudados em telas de computador e televisão. Quais as consequências psicológicas de deixar um enorme grupo de crianças presos? Muitos médicos alertam que algumas dessas consequências começam a aparecer: obesidade, crianças sem fôlego, doenças como diabetes descontroladas. Isso sem falar das consequências psicológicas: ansiedade, depressão, angústia, insegurança. E nem vamos mencionar a evasão escolar, que certamente será altíssima no ensino médio, com a pandemia se somando a uma economia em ruínas. 

    ASSISTA A LIVE QUE FOI FEITA NO DIA 21 junho pelos canais dos Jornalistas Livres, sobre a volta às aulas na educação Infantil, em São Paulo.


    Mas é importante pensar as estratégias para o futuro agora e sair da paralisia da volta em setembro. O governo joga com isso para mascarar o absoluto fracasso das aulas online tanto em escolas públicas como nas particulares.  Aliás, pouco se fala que nas escolas particulares, como nas públicas, os professores foram abandonados à própria sorte tentando entender um sistema complexo de aulas à distância. A maioria também não teve acesso a recursos pedagógicos, internet e equipamentos. O governo, e o ministério da Educação que está se fingindo de morto, joga essa volta para mascarar a falta de planejamento, de vontade política de fazer qualquer coisa, além a própria incompetência na gestão da crise. Isso se reflete na enorme insegurança do sistema como um todo, professores, pais e alunos, para a volta às aulas. 

    Para voltarmos em janeiro o seria preciso? Reformar as escolas, abrindo janelas e melhorando a ventilação, equipamentos de proteção pra professores e alunos, equipamentos de higienização, menos alunos por sala e, portanto, mais professores (seria possível contratar mais professores de maneira emergencial? Muitos foram demitidos pelas escolas particulares e precisam de trabalho). Rodízio de alunos por dia da semana. Isso todos concordam, mas vai ser preciso mais. Médicos, enfermeiras e equipes de saúde em visitas permanentes com as escolas – é possível fazer acordos com as Postos de Saúde, as UBSs, dos bairros? É possível usar a rede de transporte escolar para pegar alunos em horários escalonados, incluindo os mais velhos, assim eles não pegam o transporte público? Talvez até buscarem professores?

    Teremos de ter testes e testagens contínuas. Não se pode começar as aulas sem testar todos os professores. E tem-se que estabelecer protocolos de isolamento e rastreamento de contatos caso alguém apresente febre ou sinal de alguma doença. Mas os testes têm de ser contínuos para conseguirem pegar a quantidade de infectados. Quando a vacina chegar, os professores têm de estar no começo da fila. 

    Para a volta em janeiro é preciso começar a preparar e treinar os professores pra dar conta de conteúdos perdidos, de casos de desaprendizagem, defasagem e falta de vínculo com a escola. Planejamentos têm de ser feitos, coordenações têm de afiadas com metas e afetivamente ligadas às crianças, professores sem se fala, têm de treinados, direcionados e apoiados. E esse treinamento tem que começar agora – senão em janeiro e fevereiro não estarão preparados. Esse treinamento pode começar online, mas tem que acontecer. É completamente desumano jogar professores e alunos (e funcionários e coordenação) numa volta da pandemia sem treinamento, acolhimento e ajuda psicológica. 

    E se seguirmos a máxima de sem vacina, sem volta à escola. Ficarmos dois anos em confinamento? Uma criança de 5 anos ficará dois anos sem aprendizagem presencial, sem socialização? Com 7 ela voltará a ter o conteúdo de quando tinha 5? Se ela está mais avançada, vai pular séries? Os alunos de escolas particulares que tiveram aulas online vão ser privilegiados, como sempre, mas as consequências da falta de socialização serão duramente sentidas. O ensino médio sofrerá uma enorme evasão, com os alunos tendo que ir trabalhar para ajudar nas despesas da casa por causa do agravamento da crise econômica. O governo de São Paulo, já sabendo disso, prepara um novo modelo de ensino médio tentando reverter o quadro de evasão. 

    Mas voltando um pouco. Se vamos ter mais tempo de confinamento, que os alunos tenham computadores, internet e acesso a psicólogos e psicopedagogos. Que os professores recebam treinamento pra dar essas aulas (e tb acesso a esses profissionais), livros didáticos condizentes, auxílio-internet e auxílio-computador (que também deve incluir auxílios para luz, uma parte da moradia tem que ser bancada pelo Estado), além de auxílios para livros e materiais para fazer as aulas online. A discussão da volta ou não volta máscara tudo isso, coloca uma barreira impenetrável na discussão. Se não formos nós a proteger professores, alunos e trabalhadores a volta vai ser de qualquer jeito.

    Não seria esse um bom momento para diminuir o gap tecnológico e dar ou emprestar computadores ou tablets com acesso a internet aos alunos e professores? Sar acesso a materiais online de qualidade para professores prepararem as aulas. Filmes, exposições, shows de música, por exemplo?

    No meio dessa volta sem planejamento e desse longo período sem escola presencial já começam a ser divulgadas Fake News dizendo que os trabalhadores da educação não trabalham e são privilegiados. Bolsonaro e seu Ministério da Educação, ao lado de Dória e outros governadores, Covas e outros prefeitos, estão com a caneta na mão preparando o fim da estabilidade por concurso. É acender o fósforo e jogar para o congresso. 

    Sem que o campo progressista discuta, debata e fale sobre a volta às aulas e ensino à distância as soluções vão partir das instâncias governamentais liberais ou de extrema-direita. É preciso dar uma perspectiva de volta e diretrizes seguras para todos. Não é simples. É urgente tomar a frente dessa discussão, senão vai ser mesmo o massacre — não vai ser só um massacre do vírus, mas dos trabalhadores da educação.


    Joana Monteleone, é mãe, professora, editora e historiadora. Autora dos livros “Toda comida tem uma história” (Oficina Raquel, 2017) e “Sabores Urbanos: alimentação, sociabilidade e consumo” (Alameda Casa Editorial, 2015), também é colunista do Brasil de Fato.


    Os Jornalistas Livres tem feito diversas matérias sobre essa questão desde de o início da pandemia.
    LEIA:
    Aulas presenciais para aumentar o genocído?

  • Venda da CESP aumentará a conta de energia dos paulistas

    Venda da CESP aumentará a conta de energia dos paulistas

     

    A Usina Engenheiro Sérgio Motta, ou Usina Porto Primavera

    O tucano Alckmin e sua ganância por dinheiro querem privatizar a Companhia Energética de São Paulo (CESP), uma das instituições de energia mais importantes do Brasil. O “psdbista” envolvido em vários escândalos de corrupção (como o da merenda, por exemplo) adora tirar as empresas do povo paulista e oferecer a preço de banana para seus amigos empresários.

    A linha 5-Lilás do Metrô e Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) também estão na mira.

    Para priorizar os interesses econômicos de grandes empresários e prejudicar ainda mais a sociedade, a venda da CESP aumentará o custo de energia no estado de São Paulo (assim como a privatização da Eletrobras afetará todo o Brasil), e a sociedade pagará a conta mais cara do que já é. Isso sem mencionar a precarização de todos os trabalhadores do setor de energia elétrica.

    De acordo com o edital de venda publicado no site do Ministério da Fazenda, o governo do estado de São Paulo possui 95% das ações ordinárias da CESP, essas com direito a voto, e 40,55% do capital da entidade, que correspondem a R$ 5.975.433.454,43¹. Os acionistas são Eletrobras, HSBC , Squadra Investimentos, UBS AG, outros 4,79%²

    Usina Paraibuna foi concluída em 78 e está localizada em Paraibuna

    A companhia será entregue a preço de banana para empresas estrangeiras (provavelmente para o governo chinês), por uma bagatela de R$16,80 por ação, totalizando R$ 1,96 bilhões de reais, em um leilão que acontecerá no dia 26 de setembro.

    Um dos fatos que está atrapalhando a venda é o curto prazo de concessão da usina de Porto Primavera, que será de 2018 a 2028, mas como para tudo tem um “jeitinho”, o estado de SP tenta um acordo com o governo federal para estender o período por 30 anos, pois os possíveis compradores gostariam de ter mais tempo para desfrutar da hidroelétrica. O possível acordo atraiu especuladores e fez com que os valores das ações subissem em 8%.

    Os eletricitários sabem que a privatização é mais desemprego e mais apagão.

    Em entrevista ao portal de notícias Agência Sindical, o presidente do Sindicato dos Eletricitários de São Paulo, Eduardo Annunciato, menciona as dificuldades que os trabalhadores enfrentarão caso a estatal seja vendida. “Quando privatizam, logo tentam cortar o pagamento dos benefícios conquistados ao longo do tempo. Também trocam parte do corpo qualificado por terceirizados que ganham menos, não têm qualificação, são inexperientes e não dominam detalhes técnicos do setor ou específicos de locais e regiões. Perdem os trabalhadores e perde a sociedade”. O sindicalista também menciona os riscos financeiros da comercialização da estatal. “Se ocorrer a privatização, a consequência imediata será a precarização, como já ocorreu aqui em São Paulo. Os novos gestores enxugam os quadros e demitem. Na sequência, terceirizam, contratando gente inexperiente e sem conhecimento específico do setor.”

    Em nota Annunciato escreveu “Quando o Governo Estadual entrega a CESP na bacia das almas aos interesses privados, deixa 10% da capacidade geradora do país na mão de chinês. Todos sabem que a CTG³ adquiriu nos últimos meses uma parcela significativa do parque gerador do Brasil.”

    Breve histórico

    A CESP possui três usinas hidroelétricas, Porto Primavera localizada no Rio Paraná, Usina Paraibuna, e Usina de Jaguari em São José dos Campos. Juntas somam 1,65 gigawatt em capacidade instalada.

    A companhia foi criada em 1966 com a fusão de 11 empresas do setor elétrico e permaneceu como a maior geradora de energia elétrica do país por 30 anos. A primeira privatização ocorreu em 1996 quando o estado de São Paulo promoveu o processo de privatização do setor de energia. Em meados de 1997 a companhia Paulista de Força e Luz (CPFL) comprou ações da CESP. Em 1998 criaram a subsidiária Elektro e a leiloaram no mesmo ano. Em 2001 o governo do estado interrompeu a privatização, mas em 2016 retomou as vendas, graças ao Conselho Diretor do Programa Estadual de Desestatização.

    Fontes: 1 https://portal.fazenda.sp.gov.br/Noticias/Documents/Edital%20CESP%20-%20RETIFICADO.PDF

    2- http://www.cesp.com.br/portalCesp/portal.nsf/V03.02/Empresa_Abertura?OpenDocument&Menu=5%20-%20menu_lateral@@002#

    http://www.agenciasindical.com.br/lermais_materias.php?cd_materias=7424#.WZ5-n_uzB7Q.whatsapp

    3- CTG: A China Three Gorges Corporation (CTG) é um grupo de energia focado no desenvolvimento e operação de hidrelétricas de grande porte. http://ctgbr.com.br/a-empresa/

  • Hoje faremos a transmissão ao vivo do Ato-reunião convocado pelo MPL em São Paulo.

    Hoje faremos a transmissão ao vivo do Ato-reunião convocado pelo MPL em São Paulo.

    O sexto ato contra o aumento das tarifas do transporte público na cidade de São Paulo, organizado pelo Movimento Passe Livre (MPL), foi mais uma vez marcado pela presença ostensiva da polícia militar. A concentração aconteceu na Praça da Luz partir das 17h, na última terça (26), e seguiu rumo a Câmara Municipal.

    Daniel Arroyo MPL 260116 (31)Daniel Arroyo MPL 260116 (31)O protesto, que teve a participação de cerca de 700 manifestantes, contou a presença de movimentos sociais e estudantis como Anel, União da Juventude Comunista, Juntos, e algumas bandeiras partidárias como PC do B e PSTU. Durante o percurso, que coincidiu com o horário encerramento do expediente comercial, alguns trabalhadores do comércio da região se mostraram apoiadores do ato carregando cartazes com a frase “3,80 não”, ainda assim, o baixo quórum de manifestantes era bastante nítido. Já não se via o mesmo número de estudantes das Escolas em Luta como nas manifestações anteriores, por exemplo, tão pouco de outros movimentos sociais que estavam nas ruas nas passeatas de 8 e 12 de janeiro.

    Foto por Daniel Arroyo

    Monique Felix, do Movimento Passe Livre falou aos Jornalistas Livres sobre o motivo de não divulgarem o trajeto com antecedência: “Desde o final da ditadura militar estamos numa construção de democracia e acreditamos que essa insistência de não divulgar o trajeto previamente, mostra que a população não pode aceitar manipulação política e do Estado”

    O Padre Júlio Lancelotti, da Pastoral do Povo de Rua, lutador incansável das causas de assistencialismo social e direitos humanos, conversou com os Jornalistas Livres durante boa parte do trajeto e concluiu: “Isso parece uma manifestação da PM acompanhada por jovens”. Referindo-se ao forte contingente policial presente. Perdemos a conta de homens e mulheres da Força Tática, Polícia Militar e Tropa de Choque. A imprensa que em sua maioria caminhava à frente da manifestação, era constantemente envelopada por mais de 50 motos da Rocam a cada esquina do centro da cidade. Uma verdadeira demonstração de “poder” do efetivo policial.

    Daniel Arroyo MPL 260116 (8)
    Foto por Daniel Arroyo

    Daniel Arroyo MPL 260116 (8)O trajeto da manifestação foi decidido em assembleia, chamada minutos antes de começar a marcha. Ao todo foram cinco propostas apresentadas e defendidas. O MPL defendeu uma proposição de contrariar a Secretaria de Segurança Pública que havia definido o trajeto que levaria até a Assembleia Legislativa de SP. O movimento entendeu que não era democrático o órgão “guiar” os manifestantes até lá, e perdeu para a maioria dos manifestantes presentes que propuseram uma caminhada mais curta, até a Câmara Municipal, como tem sido a prática das manifestações contra o aumento das tarifas de ônibus e metrô desde o início deste ano: a decisão foi terminar o ato em frente a uma estância do poder municipal novamente. Em 2016 só houve protestos em frente de 1 órgão público estadual na penúltima convocatória, quando o ato passou em frente a Secretaria Estadual de Segurança Pública.

    Sobre a logística, o MPL declarou que os atos têm se concentrado no centro, devido a facilidade de mobilidade para todas as regiões da cidade.

    Já no final da marcha, numa tentativa da PM de fechar o metrô Anhangabaú, bombas de gás lacrimogêneo foram utilizadas mais uma vez pelos policiais para repreender os manifestantes e quem voltava para casa.

    A próxima manifestação está marcada para logo mais, e foi divulgada no formato de ato-reunião com concentração às 17h, no Largo do Paissandú. Isso porque, convidaram prefeito e governador para uma reunião aberta com a população, em frente a Prefeitura, às 19h. Os Jornalistas Livres farão a transmissão ao vivo dos dois locais pelo link: https://jornalistaslivres.org/2016/01/aovivo-manifestacoes-contra-o-aumento-da-tarifa-28012016/

    Vídeo: Bia Alonso e Kátia Passos
    Edição: Bia Alonso

  • #AoVivo | Manifestações contra o aumento da tarifa | 26/01/2016

    #AoVivo | Manifestações contra o aumento da tarifa | 26/01/2016

    19h00 – O trajeto definido é: Av. Mauá > R. Casper Líbero > Av. Ipiranga > Praça da República > Av. São Luis > Av. 9 de Julho terminando na Câmara Municipal de São Paulo

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    18h55 – Começa a caminhada do sexto ato contra o aumento da tarifa802132815_61715_7219108042749048205

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    18h45 – É definido o trajeto do ato, contrariando o caminho inicial, proposto pelo SSP. Segundo defesa feita pelo MPL, o trajeto em questão passa por dois terminais de ônibus, levando a luta a pessoas que não conseguiram chegar até o ato

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    18h26 – Manifestantes fazem assembleia para definir o trajeto do ato. Qualquer um presente na manifestação pode sugerir e apresentar propostas

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    Foto por: Kátia Passos

    17h40 – Tropas já estão presentes na região definida da manifestação

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    17h37 – Ato começa a se desenhar na Estação da Luz; Tropa de Choque já está no local

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    15h48 – Secretária de Segurança Pública divulga trajeto proposto ao manifestantes  – http://www.ssp.sp.gov.br/noticia/lenoticia.aspx?id=36830

  • O foco de hoje é a redução da tarifa

    O foco de hoje é a redução da tarifa

    “Esse aumento vai encher o bolso de pessoas muito ricas a partir do sufoco de maior galera. Quantas vezes as catracas de São Paulo giram por dia? Mais de 10 milhões? E quanto empresários existem? 10?

    O foco de hoje é a redução da tarifa. É claro que a gente sempre tenta discutir termos mais técnicos sobre a mudança de remuneração. Mas o foco desse protesto é a redução da passagem. (…)

    Não é uma questão técnica, é uma questão política: de escolher se o prefeito ou o governador vai ou não peitar esses empresários. Peitar essas pessoas que se dão muito bem com o nosso sufoco, para beneficiar a população.

    Se um governador tem coragem de ficar ao lado de um empresário, a população tem coragem de protestar até encher o saco deles. E a gente vai encher o saco deles. (…)

    Não tem que tirar da gente. Das pessoas que trabalham e que fazem a cidade funcionar. Que os ricos paguem pela crise.”

  • A “guerra” não funcionou antes. Não vai funcionar agora

    A “guerra” não funcionou antes. Não vai funcionar agora

    Dentro de sua conhecida estratégia de “guerra” contra os estudantes que ocuparam as escolas, agora a secretaria de Estado da Educação vem com mais um golpe. Trata-se de tentar imputar ao movimento em defesa da escola pública e gratuita a pecha de vândalos e ladrões

    Por Jornalistas Livres

    Pois foi isso o que a Secretaria da Educação, desde a segunda quinzena de dezembro sob o comando de Cleide Bauab Eid Bochixio, fez nesta quarta-feira (6 de janeiro), ao soltar um comunicado oficial a respeito da desocupação da E.E. Fernão Dias Paes, de Pinheiros, uma das escolas que foram referência na luta contra a “reorganização” que o governo de Geraldo Alckmin tentou impor.

    Imagens: Jornalistas Livres | Edição: Marcela Montserrat

    Com 1.700 alunos, o Fernão Dias foi entregue depois de 55 dias de ocupação à vice-diretora, na presença de um representante da Diretoria de Ensino, de alunos, de um pai, uma mãe e do frei Agostino, além de um membro da Rede Jornalistas Livres, que registrou toda a vistoria técnica realizada.

    Imagens: Jornalistas Livres | Edição: Marcela Montserrat

    Após mais de uma hora percorrendo todas as instalações da escola (entre as 18h50 e as 19h50 do dia 5 de janeiro), a vice-diretora não deu por falta de nenhum item do patrimônio escolar.

     

    “Andamos por toda a escola, entramos em todas as salas, até na sala da vice-diretora e da diretora, cujas portas estavam bloqueadas por livros didáticos ali colocados pelos alunos. Tais livros foram retirados pelo representante da diretoria de ensino, ajudado pelos estudantes. A vice-diretora reclamou apenas da “bagunça”. Disse que seus objetos haviam sido mexidos, mas ressaltou que não faltava nada.”

    Quando a vistoria já se encaminhava para o seu fim, peritos da polícia civil chegaram à escola e solicitaram a presença de representante da diretoria de Ensino.

    Neste momento, a vice-diretora fez a sua segunda queixa. Ela questionou os alunos por que um jogo de camisas do time do Fernão Dias estava jogado em cima de uma mesa e não dentro do armário, como deveria.

    Nosso jornalista livre ressalta que “em nenhum momento”, a vice-diretora reclamou da falta de qualquer objeto. “Nada.”

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    Foto: Sato do Brasil

    Como a vistoria havia sido realizada e documentada em todas as dependências da escola, os alunos resolveram fazer a entrega das chaves para o representante da Diretoria de Ensino, que afirmou que a escola estava sem nenhum dano e em condições de ser utilizada já no dia seguinte à desocupação, como de fato ocorreu.

    Qual não foi a surpresa, portanto, quando a Secretaria da Educação emitiu comunicado com os seguintes dizeres:

     

    “Ao longo da ocupação, qualquer funcionário ligado à escola ou à Secretaria ficou impedido de entrar no prédio escolar. Por isso, uma equipe designada pela Diretoria de Ensino e a direção da escola só puderam averiguar a situação do prédio com uma vistoria técnica iniciada ontem e encerrada apenas hoje. Foram registradas a falta de um notebook, um televisor e um projetor de imagens. Outros dois itens foram encontrados danificados: uma televisão, utilizada no teatro, e uma impressora. Estes itens não estão na lista anunciada pelos estudantes, que deverão ressarcir a administração da escola pelos danos causados. O prejuízo com esses equipamentos fica em cerca de R$ 5 mil.”

    Trata-se de uma desfaçatez incrível!

    Por saber que havia um Jornalista Livre acompanhando a vistoria no dia 5, o comunicado da Secretaria da Educação agora diz que uma tal “vistoria técnica” foi iniciada no dia 5 e só encerrada no dia 6. E imputa aos estudantes a responsabilidade pelo suposto sumiço de um notebook, um televisor e um projetor de imagens. Também afirma que uma televisão, utilizada no teatro, e uma impressora teriam sido danificados.

    Ora, a Secretaria da Educação deveria saber que acusar é fácil. Mas é a ela que cabe o ônus da prova. E se os tais itens já estavam quebrados? E se o notebook nunca existiu? Ou desapareceu antes da ocupação?

    Tentar criminalizar o movimento com acusações infundadas apenas levará a uma radicalização maior da luta e ao fechamento do já difícil diálogo entre os secundaristas e uma secretaria que confessadamente promoveu e promove uma “guerra” aos estudantes.

    Não funcionou antes. Não vai funcionar agora.

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    Foto: Sato do Brasil