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Tag: Escola sem partido

  • Pais e alunos repudiam censura em escolas de Minas

    Pais e alunos repudiam censura em escolas de Minas

    Poucas horas após o Ministério Público de Minas Gerais soltar nota na quarta-feira, 28, em defesa da liberdade de ensino e, portanto, contra a chamada ‘escola sem partido’, nesta quinta-feira, 29, docentes, pais, alunos e alunas das unidades do Colégio Santo Agostinho em Belo Horizonte, Nova Lima e Contagem realizaram manifestações contra a adoção da medida defendida por setores do futuro governo federal.

    O Ministério Público se posicionou a respeito após análise de uma ação de alguns pais de alunos junto à 23ª Promotoria de Justiça da Capital, com atribuições na Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, pedindo indenização pelas supostas aulas ministradas sobre gênero e sexualidade no Colégio Santo Agostinho, alegando tratar de “teoria de gênero”.

    Ao acolher a ação, a Promotoria da Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente definiu que a suposta implementação da “ideologia de gênero” poderia expor “inúmeras crianças a uma doutrina exótica e radical, contrária à própria natureza humana”.

    O Ministério Público já havia publicado orientação em defesa da liberdade do ensino devido a um caso semelhante ocorrido em Juiz de Fora, mas a publicação do comunicado nessa quarta foi motivada pela recente polêmica envolvendo a instituição sediada em Belo Horizonte. Na nota o MP “reafirma o seu compromisso pela garantia da liberdade de ensino e aprendizagem”.

    O MP acentuou que “a nota é uma forma de reforçar a posição publicada pelo Conselho Nacional de Procuradores-Gerais ‘pela defesa dos princípios constitucionais da liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber, do pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas’”. O comunicado é assinado pela Coordenadoria Estadual de Defesa da Educação e Centro de Apoio das Promotorias de Justiça das Crianças e dos Adolescentes. Os promotores mineiros lembram que “são inconstitucionais as propostas legislativas visando afrontar princípios, como aqueles conhecidos como ‘Escola Sem Partido’ ou ‘Escola Livre’, devendo o Ministério Público atuar para que seja garantida a todos os brasileiros uma educação pública de qualidade, coibindo-se as tentativas de estabelecer proibição genérica e vaga do conteúdo pedagógico desenvolvido nas escolas, com risco, inclusive, de aplicação persecutória e seletiva da lei”.

    O comunicado do MP mineiro lembra ainda que “a disseminação da ideia de que existe uma doutrinação ‘político-ideológica’ generalizada em curso nas escolas brasileiras desvia o foco dos reais problemas estruturais da educacional, que urge serem superados”.

    Manifestação

    No início da tarde desta quinta-feira, centenas de pais, estudantes e professores/as realizaram o ato “Abraço ao Colégio Santo Agostinho”, realizado nas unidades de Belo Horizonte, Contagem e Nova Lima. A manifestação reforçou a solidariedade à instituição diante dos recentes ataques ao livre exercício da atividade docente e em repúdio à ação judicial proposta por dois promotores do Ministério Público de Minas Gerais, com base em um suposto ensino da “ideologia de gênero”.

    Presente em um dos atos, o vereador Gilson Reis, diretor do Sindicato dos Professores, ressaltou que o ato demostrou o repúdio à Lei da Mordaça, que reforça cada vez mais atitudes conservadoras contra princípios da educação universal. “Setores fundamentalistas da sociedade brasileira estão tentando impor o retrocesso nas escolas e a manifestação aqui hoje é um levante da sociedade. É preciso denunciar essas atitudes, porque o nosso silêncio possibilita o avanço daqueles que querem o retrocesso”, afirmou.

    Durante o ato, os/as estudantes ocuparam as ruas e falaram por eles/as mesmos/as. Tiago Pato Magalhães, aluno do 2º ano do ensino médio disse que todos se uniram para construir o movimento. “Eu sou a favor de toda essa mobilização, porque precisamos de fato ter educação na escola”, ressaltou. Já a estudante do 3º ano do ensino médio, Sofia da Matta, destacou que é importante não só a posição da escola, mas de toda a comunidade: “Em uma sociedade que debate constantemente sobre as liberdades, sobre o direito das minorias, não se pode excluir isso do ambiente escolar, é sempre importante refletir e mostrar que as pessoas estão em busca desse debate”, disse.

    A mãe de alunos Carolina Rodrigues explicou que é um grupo minúsculo de pais que está entrando com a representação junto ao Ministério Público e que, em resposta, já foram colhidas centenas de assinaturas contra os ataques ao Colégio. “A escola não ensina ‘ideologia de gênero’ e, sim, educação sexual, que é de extrema importância para a formação humana”, afirmou.

  • Sindicato lança cartilha contra assédio sobre professores

    Sindicato lança cartilha contra assédio sobre professores

    Com a ascenção do fascismo no Brasil, projetos inconstitucionais que numa democracia de fato seriam simplesmente ignorados, voltam a ganhar força. Nesse final de ano, por exemplo, já tivemos deputada eleita e o próprio futuro presidente pedindo para alunos filmarem professores “doutrinadores” e nomeando profissionais e instituições que estariam no alvo de políticas marchartistas.

    Para ajudar os professores a se protegerem dessa insanidade, a APUB – Sindicato dos Professores das Instituições Federais de Ensino Superior da Bahia acaba de lançar uma cartilha com os artigos da Constituição, legislação ordinária e jurisprudências que asseguram o direto de ensinar e aprender. Informação de qualidade contra as fake news. Por isso os Jornalistas Livres apoiamos e divulgamos esse material

    Para ter acesso à cartilha, clique no link abaixo:

    CARTILHA PROFESSORES PARA REDES SOCIAIS

    E para saber mais, assista ao documentário Escola Sem Censura

  • Prefeitura de Uberlândia censura mostra de trabalhos escolares

    Prefeitura de Uberlândia censura mostra de trabalhos escolares

    NOTA DE REPÚDIO CONTRA A CENSURA DA PREFEITURA À FEIRA CIÊNCIA VIVA

    Nós do Levante Popular da Juventude viemos por meio desta nota, expressar nossa indignação e divulgar a todos o ato de censura sofrido pela feira de Ciências, “Ciência Viva” que estaria programada para acontecer hoje na UFU por meio de stands no bloco 5RB. O descontentamento de pais de alunos gerou uma reclamação a vereadores que fez com que a prefeitura censurasse dois trabalhos que falavam sobre desigualdade de gênero na escola provindos das escolas municipais. Ocasionando posteriormente a censura de dezessete stands que seriam apresentados entre hoje e amanhã na UFU dos mais diversos temas. Os pais, professores e alunos das escolas envolvidas estão indignados com a atitude antidemocrática e autoritária que sem diálogo algum vetou um ano de produção e trabalho dos alunos para que pudesse apresentar seus resultados nessa feira hoje.
    Entendemos que isso fere a liberdade e autonomia da escola, dos estudantes de serem agentes da sua própria história e de sua educação como um todo. Isso fere o Estado Democrático de Direito em que vivemos e só nos mostra e comprova a cada dia que nosso país caminha para um processo de veto ao diálogo, autoritarismo e descaso com a educação pública e de qualidade. Não aceitaremos esse retrocesso, essa imposição sem diálogo e toda forma de vetar os debates que são de extrema necessidade em uma sociedade que oprime maiorias e que é protagonizada pelas minorias.
    O debate de gênero abordaria as desigualdades que ocorrem nas escolas hoje, percebidas, analisadas e enfrentadas pelos próprios alunos que entendidos como pessoas protagonistas de sua própria educação realizaram os trabalhos a fim de solucionar problemas recorrentes do tipo em suas escolas. A importância desse debate se dá na ciência que habita nele, na identificação dos problemas sociais a fim de repará-los e avançarmos na igualdade social em uma sociedade mais justa e melhor para todos.
    A juventude não se calará. Permaneceremos em luta e em apoio àqueles que sofreram diretamente esse veto entendendo que todos sofremos juntos as consequências dessas atitudes autoritárias.
    Juventude que ousa lutar constrói o poder popular!!

  • Deputada eleita do PSL faz campanha pela perseguição política de professores em sala

    Deputada eleita do PSL faz campanha pela perseguição política de professores em sala

    Especulação de que deputada eleita seria nomeada Secretária da Educação pelo comandante Moisés já provoca levante na comunidade escolar
    REPORTAGEM  ATUALIZADA EM: 2/11, às 22h30min

    Nem tomou posse ainda, a militante do MBL, Ana Caroline Campagnolo, eleita deputada estadual em Santa Catarina pelo partido de Bolsonaro, já tenta instalar o terror político e a discórdia nas escolas públicas estaduais, violando as leis e a Constituição.  No domingo, antes da eleição do seu candidato ser consumada, ela espalhou um aviso nas redes sociais exortando estudantes catarinenses a filmarem ou gravarem “professores doutrinadores” em sala de aula que estariam hoje, segundo ela, “inconformados e revoltados” com a eleição de Bolsonaro. Parlamentares, entidades, advogados populares e gestores da educação pública se mobilizam hoje para pedir a impugnação do seu mandato.

    Natural de Chapecó, no Oeste do estado, mas com domicílio eleitoral em Itajaí, a ativista do Projeto Escola Sem Partido incita os alunos a denunciarem os professores descontentes em suas páginas nas redes sociais, onde costuma posar em fotos ameaçadoras com armas de fogo. Filha de um Policial Militar da reserva e evangélica, depois de eleita, ela publicou um post onde afirma: “Acabou a paz da petezada!”. Noutro, ela posa com um cassetete policial com a inscrição “direitos humanos”, como forma de afronta aos professores dedicados ao ensino dos valores baseados na Declaração Universal dos Direitos Humanos.

    Causando indignação nacional, a ofensiva viola vários preceitos legais de proteção às escolas, às crianças e adolescentes e à liberdade de cátedra e será motivo de uma ação coletiva de denúncia criminal no Ministério Público. No aviso que publicou e espalhou nas redes sociais, a militante do MBL derrotada na justiça num longo processo de perseguição contra sua orientadora de mestrado iniciado em 2013, escreve literalmente:

    “Muitos deles não conterão sua ira e farão da sala de aula um auditório cativo para suas queixas político partidárias em virtude da vitória de Bolsonaro. Filme ou grave todas as manifestações político-partidárias ou ideológica. Denuncie!” (Ana Caroline Campagnolo, deputada eleita por Santa Catarina)

    Hoje à tarde, o Sindicato dos Trabalhadores na Educação (Sinte) e vários outros sindicatos estaduais e municipais se reúnem com parlamentares, lideranças de movimentos de mulheres e movimentos sociais da Rede Nacional de Advogados Populares para apresentar uma queixa-crime contra a deputada. Um manifesto assinado por oito grandes sindicatos ligados à educação, incluindo a CUT (leia abaixo), foi publicado no final da tarde de hoje (29/10), na página do Sinte.  Entre vários flagrantes de desrespeito à legislação e aos direitos na área da educação, a ofensiva desrespeita a lei estadual 18.289 de 25 de janeiro de 2008, que proíbe expressamente o uso de celular em escolas públicas e particulares. O Estatuto da Criança e do Adolescente também não permite que alunos e professores sejam filmados em sala de aula sem a sua expressa autorização e a dos pais.

    Os movimentos alegam ainda que o Projeto Escola Sem Partido não integra a política pública de educação em Santa Catarina. Além disso, as postagens da candidata ainda não empossada incitam à violência e à discórdia. “Todos que se sentirem ameaçados por ela podem registrar um Boletim de Ocorrência na Delegacia de Polícia e processá-la, pois sua ação fere a liberdade constitucional de cátedra e viola o direito à proteção de imagem”, afirma a advogada Daniela Felix.

    Aluno aproveita o incentivo à deduragem e delata a própria inquisidora: doutrinação ideológica de quem mesmo?

    Em postagens frequentes, ofensivas e ameaçadoras contra “a esquerdalha” e “petralhada”, as “feministas comunistas”, na qual aparece apontando armas de fogo, Carolina deixa claro que só se elegeu para infernizar a vida de educadores e de alunos que não compactuam com o seu projeto de sociedade falso moralista, excludente e violenta do pensamento único. Em termos concretos, ela acusa os outros do crime de “doutrinação ideológica” que ela mesma pratica e difunde, promovendo a intolerância política e doutrinando as mulheres a serem donas de casa e mães de família submissas, modelo que ela mesma, divorciada e dedicada à política, não segue.

    Como se incitar o ódio contra os movimentos sociais, os partidos de oposição, o pensamento crítico, os grandes legados intelectuais da humanidade, as minorias, a liberdade de ensino não fosse uma doutrina, uma velha doutrina, exterminadora de povos e destruidora da vida em sociedade, chamada NAZIFACSISMO. Uma demonstração bem concreta da hipocrisia do seu projeto e da sua conduta é que durante a campanha do candidato extremista, ela foi trabalhar com a camisa de Bolsonaro. Ironizando o convite à deduragem na escola pública, um ex-aluno seu identificado no twitter como Sebastian (poetjjong), seguiu os seus conselhos e entregou a própria mestra por doutrinação:

    “Professora, lembra do dia que vc usou uma camisa do bolsonaro nas aulas?? pq eu [lembro] sim! ainda por cima posando pra foto com aluno, tsc tsc…”

    The Wall, Pink Floyd em analogia ao Escola Sem Partido

    Ao final do primeiro turno, começou a correr a especulação de que a deputada seria nomeada secretária da Educação pelo comandante do Corpo de Bombeiros, Carlos Moisés da Silva, aposentado aos 40 anos, então candidato a governador pelo PSL, agora confirmado no segundo turno com mais de 71% dos votos. Pela reação da categoria de professores e também de alunos, caso esse boato se confirme, o que está desenhado para o novo governo é um quadro de guerra e de greve já de saída.

    O comportamento persecutório da historiadora do negacionismo, que nega a Ditadura Militar, a tortura, o machismo e até o assassinato em massa de mulheres que foram queimadas vivas no histórico episódio de incêndio a uma fábrica na Inglaterra que marca a luta pelos direitos trabalhistas na Inglaterra, ganha contornos ainda mais doentios com detalhes revelados sobre sua vida pessoal.

    Em Chapecó, a deputada vivia num apartamento adquirido pelo Minha Casa, Minha Vida, Programa de Habitação Popular promovido pelos governos do Partido dos Trabalhadores e foi casada com um militante do PT. Ela chegou a ingressar no Curso de Enfermagem da Universidade Fronteira Sul, criada no Governo Lula da Silva, mas desistiu. Pouco antes de se lançar como Bolsocandidata, ela se mudou para o município de Itajaí, no Norte do Estado, supostamente para aproveitar o Caixa 2 dos biliardários donos das lojas de departamentos do Sul do País, como Luciano Hang da Havan, ou Dalçoquio, que financiou a greve dos caminhoneiros. Através do esquema da Lava-Zap, eles financiaram políticos de extrema-direita como ela, sem nenhuma história de contribuição à sociedade, baseados apenas no discurso do falso combate à corrupção como cavalo de troia para implantar no Brasil um terrorismo de direita. Dizendo-se conservadora e cristã, Campagnolo disputou pela primeira vez um cargo eletivo e jamais ocupou qualquer função pública. Em outras palavras, a “nazipaquita” se elegeu surfando na onda extremista de Bolsonaro e computou 34 mil 825 votos. Sua campanha serviu de exemplo para bolsonaristas ameaçarem professores de perseguição em todo o país.

    PETIÇÃO PÚBLICA PEDE IMPUGNAÇÃO DO MANDATO

     

    Depois das denúncias, Caroline  deixou mais claro o caráter seletivo de sua perseguição. Também diz que estudantes podem usar “gravadores ou câmeras”

    Logo após eleita, o primeiro gesto da musa do fascismo, que fará 28 anos em novembro, foi gravar um vídeo onde ao responder perguntas de internautas afirma que as verbas públicas não resolvem o problema da educação e também acusando a categoria dos professores de serem “dinheiristas, que só pensam no próprio salário”. Todo militante de perfil fascista ama dar publicidade a suas ações de crueldade política, de modo que o horror causado na sociedade encubra a sua mediocridade intelectual e espiritual e o salve do destino à invisibilidade por falta de outros talentos ou méritos.

    As manifestações de repúdio e denúncias contra Campagnolo já começaram a aparecer no domingo (28/10) à noite e pelo movimento nas redes sociais devem originar uma avalanche de protestos. Além de emitir uma nota de repúdio, o Sindicato dos Trabalhadores na Educação de São José (município vizinho a Florianópolis) protocolou no início da tarde de segunda uma representação na Promotoria de Justiça da Capital, em que pede ‘medidas cabíveis’. Afirma a nota pública que a deputada eleita incita o descumprimento da lei do uso do celular e “promove a coação dos professores em sala de aula e o desrespeito aos educadores, comprometendo a didática pedagógica profissional”. A Secretaria de Estado da Educação também emitiu Nota Oficial a respeito e a Ordem dos Advogados do Brasil publicou em sua página uma contundente reprovação da conduta autoritária e anticonstitucional da deputada eleita.

    Em petição pública já com 121 mil assinaturas (atualizado às 19 horas de hoje (29), professores, estudantes e comunidade escolar pedem a impugnação do mandato de Ana Caroline, alegando que a liberdade de expressão dos professores em sala de aula foi explicitamente atacada pelo seu anúncio. O abaixo-assinado denuncia Campagnolo de incitar o ódio ao afirmar inverdades contra professores e provocar um ambiente escolar insalubre. “Nas atribuições em sala de aula, os professores, sobretudo os da área de Humanas, não fazem doutrinação ao ensinarem seus conteúdos, mas os apresentam e promovem debates com a total lisura, respeitando o livre pensamento”. O documento diz ainda:

    “Diante do ocorrido, pedimos que você professor, estudante, pais que prezam por uma Educação livre e democrática, compartilhem e nos ajudem a denunciar a tentativa de cerceamento que os professores já estão sofrendo por uma candidata que mesmo sem ter assumido está se valendo de autoritarismo para promover suas ideias de forma leviana e antidemocrática!”

    A petição lançada no site Avaaz pedindo a impugnação da deputada colheu mais de 413 mil assinaturas até a noite de sexta-feira, 2 de novembro.

     

    DE PERSEGUIDORA DA PRÓPRIA CLASSE À RÉ POR CALÚNIA E DIFAMAÇÃO

    “Candidata armamentista porém fofa”, assim ela se define no Facebook, posando com modelo de arma rosa, especialmente fabricada para mulheres feito ela

    Declarando-se “antifeminista” e “antipetista” radical, a jovem está envolvida em vários casos de perseguição à própria categoria. Graduada em História pela Universidade Comunitária Regional de Chapecó, ela também é professora de ensino médio em uma escola da rede pública estadual de Chapecó. No caso mais famoso, processou sua ex-orientadora de mestrado, a reconhecida historiadora Marlene de Fáveri, após infiltrar-se no Curso de Pós-Graduação em Teorias de Gênero da Universidade para o Desenvolvimento do Estado de Santa Catarina como uma agente do Escola sem Partido. Marlene aprovou-a no curso pelo projeto de pesquisa intitulado Virgindade e famíliamudança de costumes e o papel da mulher percebido através da análise de discursos em inquéritos policiais da Comarca de Chapecó, que propunha um estudo sobre os casos de estupro na sua região durante a década de 80, simulando uma visão crítica sobre a violência da sociedade patriarcal.

    Assim que ingressou no curso, Caroline começou a armar ciladas contra sua orientadora, filmando-a em sala de aula e divulgando suas falas de forma fragmentada e descontextualizada no Youtube e redes sociais. Paralelamente, manifestava nas redes suas posturas dogmáticas e insultantes contra os movimentos feministas e sociais estudados na pós, valendo-se de pensadores homens de posição ideológica de ultra direita e machista, como Olavo Carvalho. Esses e outros comentários desabonadores do próprio curso que ele frequentava foram alertadas à orientadora pelas próprias colegas de classe.

    Quando isso ocorreu, a orientadora assinou a desistência de sua orientação, alegando incompatibilidade metodológica (o que é previsto no regulamento) e Caroline foi encaminhada para outro professor, identificado com ideologia de direita. Ela mudou seu tema de pesquisa para Segurança Pública, mas foi reprovada na banca pela má-qualidade teórica e escrita do trabalho Traços de Violência e por ter perdido todos os prazos regimentares. Depois de reprovada na qualificação, iniciou, em 2016, a perseguição judicial contra Marlene de Fáveri, alegando discriminação religiosa. Em setembro, o processo foi arquivado em primeira instância, na comarca de Chapecó e julgado improcedente por falta de provas. A inquisidora recorreu da decisão.

    De perseguidora, a militante do Escola Sem Partido tornou-se ré quando no mês seguinte o processo foi revertido contra ela por crime de honra, calúnia, difamação e injúria na 3ª Vara Criminal de Florianópolis, em ação que corre em segredo de Justiça. Apoiada por mais de 30 entidades da América Latina, a historiadora Marlene de Fáveri questiona o uso de seu nome e imagem como exemplo de “doutrinação ideológica” em eventos do projeto Escola sem Partido e em publicações nas redes sociais, incluindo vídeos no Youtube e nas divulgações da ação cível indenizatória por perseguição ideológica contra a professora. Somados os crimes ultrapassam quatro anos e não havendo conciliação, podem levar à condenação com pena privativa de liberdade.  . Segundo os autos, os crimes contra a honra da professora foram cometidos em palestras, publicações em redes sociais

    Leia matéria sobre o caso: https://docs.google.com/document/d/1AY00ZREJc3NdpZmDmUZTPQuYe8Yf3N55WWeO0lmmLuU/edit

     

    OAB/SC repudia manifestação que pede a denúncia de profissionais da educação e impede a exposição do livre pensamento

    29/10/2018

    A Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional de Santa Catarina vem a público manifestar repúdio às manifestações que sugerem a denúncia da exposição de pensamentos político-sociais, e identificação de professores em Santa Catarina. Em que pese a polarização observada em todo o país no recente pleito eleitoral, a OAB/SC relembra a importância da preservação dos direitos constitucionais dos cidadãos e das garantias individuais e coletivas conquistadas a duras penas, em prol da construção e consolidação do regime democrático e republicano brasileiro.

    A OAB/SC tem acompanhado com muita preocupação a disseminação de estímulos à perseguição, violência e intolerâncias diante da livre manifestação, incentivo ao anonimato como meio de ofender o direito à discordância de pensamentos. A instituição entende ainda como um agravante, insuflar alunos a agirem como censores/delatores dos seus próprios professores, numa cultura lamentável.

    Por fim, a Ordem reitera a necessidade essencial do respeito à democracia, à Carta Constitucional e à legislação vigente, dentre elas a própria Lei Estadual n° 14.636/2008, que estabelece a proibição do uso de aparelhos celulares em sala de aula.

    Paulo Marcondes Brincas
    Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional de Santa Catarina

    José Sérgio da Silva Cristóvam
    Presidente da Comissão Especial para Estudo e Parecer na Defesa de Liberdade de Expressão e Autonomia Universitária da UFSC

     

    NOTA CONJUNTA DAS ENTIDADES REPRESENTATIVAS DOS TRABALHADORES EM EDUCAÇÃO DE SANTA CATARINA EM REPÚDIO ÀS MANIFESTAÇÕES DA CANDIDATA ELEITA ANA CAROLINA CAMPAGNOLO

    29/10/2018

    Os sindicatos representantes dos trabalhadores em educação das redes pública e privada municipal, estadual e federal do Estado de Santa Catarina denunciam com perplexidade a publicação da candidata eleita Ana Caroline Campagnolo (PSL), no último dia 28 de outubro, logo após a divulgação dos resultados do segundo turno das eleições 2018, na qual a mesma orienta estudantes a filmar os professores em sala de aula para denunciá-los por uma suposta “doutrinação”.

    Esse tipo de ameaça publicada em rede social é um ataque à liberdade de ensinar do professor (liberdade de cátedra), tipicamente aplicado em regimes de autoritarismo e censura. É mais grave ainda por partir justamente de alguém recém-eleita para um cargo público, e que deveria fiscalizar o cumprimento das leis.
    A sugestão de denúncia dos professores por estudantes caracteriza um assédio e uma perseguição em ambiente escolar, algo que remonta aos tempos da ditadura civil-militar brasileira.

    A educação formal brasileira tem seus critérios estabelecidos na Constituição Federal de 88 e na Lei 9.394/96 – a LDB, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, cuja base é a gestão democrática e o pluralismo de ideias.
    Os próprios sistemas de ensino, as escolas e os/as educadores/as têm autonomia para propor, em conjunto com toda a comunidade escolar, o currículo e demais atividades pedagógicas. Atitudes de provocação interferem de forma ilegal e inconstitucional no processo democrático de organização escolar, extrapolando a competência de fiscalização do trabalho escolar e do acompanhamento das atividades profissionais feitas pelas equipes pedagógicas.

    O histórico da candidata eleita é repleto de perseguições, provocações e desrespeitos ao magistério, além de constantes manifestações públicas de incitação à violência. Já declarou que o problema da educação é que “os professores só pensam em dinheiro e seu salário”. Em sua página nas redes sociais, trata os professores como inimigos que precisam ser “desmascarados”.

    Campagnolo também teve uma ação julgada improcedente contra uma professora da UDESC. Neste caso, mais de 30 entidades da América Latina se manifestaram a favor da professora Marlene e contra a candidata eleita.

    A lei da mordaça (“Escola Sem Partido”) em que a deputada baseia seus ataques já foi declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e considerada censura e afronta à liberdade de expressão de estudantes e professores pela Organização das Nações Unidas (ONU).

    Na prática, Ana Caroline comete justamente aquilo de que acusa os docentes: o estímulo à violência e à barbárie. Há pouco tempo, repercutiram na internet imagens da candidata eleita segurando um cassetete com a expressão “direitos humanos” ou empunhando armas.

    Os sindicatos representantes dos trabalhadores em educação repudiam mais essa ofensa e veem tal provocação como uma atitude antipedagógica prejudicial não apenas à educação – a qual deve ser sempre democrática, plural e livre de perseguições –, mas a toda a sociedade.

    Ao contrário do que Campagnolo afirma, as melhorias na educação dependem sim de mais investimentos, especialmente no precarizado setor público – seja para materiais pedagógicos, infraestrutura, valorização salarial, inclusão, concurso público, redução do número de alunos por sala e outros.

    Por fim, a candidata eleita deveria lembrar aos seus seguidores que as agressões e o desrespeito aos professores em sala de aula só vêm aumentando, e que tal posicionamento agrava a violência em um ambiente que deveria ser de civilidade, respeito, aprendizado e formação.

    Não podemos permitir que a escola se transforme em palco desse autoritarismo populista que ataca e ameaça os estudantes, os trabalhadores e as trabalhadoras da educação. É preciso sempre lutar em defesa da educação democrática, plural, laica e de qualidade!

    ASSINAM:
    CUT-SC – Central Única dos Trabalhadores Santa Catarina
    SINTE-SC – Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Santa Catarina
    (FETRAM-SC) – Federação dos Trabalhadores Municipais de Santa Catarina
    SINTRASEM – Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Florianópolis
    SINTRAM-SJ – Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de São José
    SITRAMPA – Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Palhoça
    SINPROESC – Sindicato dos Professores no Estado de Santa Catarina
    SINTRAFESC – Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público de SC

     

    NOTA DE REPÚDIO

    29/10/2018

    Nós do Sindicato dos trabalhadores em educação da regional São José denunciamos a prática da Deputada Ana Carolina Campagnolo eleita para assumir o cargo de deputada estadual em SC em 2019, que em sua última postagem na noite do dia 28/10/2018 induz os alunos a descumprirem a LEI Nº 14.363, DE 25 DE JANEIRO DE 2008, que Dispõe sobre a proibição do uso de telefone celular nas escolas estaduais do Estado de Santa Catarina.

    Tal postagem incita a coação dos professores em sala de aula, e promove o desrespeito aos educadores, comprometendo a didática pedagógica profissional.

    A mesma por ser uma futura legisladora que deve cumprir com suas obrigações constitucionais não pode promover o descumprimento das leis. Nesse sentindo solicitamos ao MP que tomem as providências cabíveis.

    Ingrid Assis
    Dirigente de Assuntos Políticos
    SINTE SJ

     

    COMUNICADO

    SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DE SANTA CATARINA

     

    LEI Nº 14.363, DE 25 DE JANEIRO DE 2008

    Procedência: Dep. Antonio Aguiar
    Natureza: PL./0402.4/2007
    DO: 18.289 de 25/01/08
    Fonte: ALESC/Coord. Documentação
    Dispõe sobre a proibição do uso de telefone celular nas escolas estaduais do Estado de Santa Catarina.
    O GOVERNADOR DO ESTADO DE SANTA CATARINA,
    Faço saber a todos os habitantes deste Estado que a Assembléia Legislativa decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
    Art. 1º Fica proibido o uso de telefone celular nas salas de aula das escolas públicas e privadas no Estado de Santa Catarina.
    Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
    Florianópolis, 25 de janeiro de 2008
    LUIZ HENRIQUE DA SILVEIRA
    Governador do Estado

    CORRESPONDÊNCIAS TERRORISTAS

    Ainda na segunda-feira, o ex-vereador pelo PCdoB de Florianópolis, João Ghizoni, denunciou nas redes sociais o recebimento de uma correspondência apócrifa com remetente de Balneário Camboriú, que fica a meia hora de Itajaí, onde mora a deputada eleita. Dentro do envelope destinado ao diretório do PCdoB, em Florianópolis, havia duas folhas grampeadas, uma com montagens de fotos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na prisão, acompanhadas de ofensas ao candidato Fernando Haddad. A outra folha traz fotos da deputada eleita posando com armas de fogo e a mensagem ameaçadora em letras garrafais no alto da página: “PETISTAS: NÃO SE METAM COM BOLSONARO”. Outra mensagem abaixo das fotos finaliza o recado que lembra táticas terroristas de direita de última categoria: “DEPOIS NÃO DIGAM QUE EU NÃO AVISEI”.

    ATUALIZAÇÕES:

    MPSC DENUNCIA DEPUTADA POR “SERVIÇO ILEGAL DE CONTROLE POLÍTICO-IDEOLÓGICO DE PROFESSORES”

    Enquanto instiga alunos a delatarem professores que não sejam neutros e imparciais, deputada se sente autorizada a propagar sua própria ideologia do ódio. Só que não!

    Numa ação coletiva pública exemplar, o promotor do Ministério Público, Davi do Espírito Santo, entrou na justiça na terça-feira (30) para que a deputada estadual eleita por Santa Catarina, Ana Caroline Campagnolo (PSL) pague indenização de R$ 70 mil por criar um  “serviço ilegal de controle político-ideológico da atividade docente”. Por essa iniciativa, o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) pede a condenação por danos morais coletivos no valor de R$ 1,00 para cada um dos 71 mil 515 seguidores da deputada em uma rede social, tomando como critério de cálculo o potencial de compartilhamento de cada um. O dinheiro deve ser destinado ao Fundo para Infância e Adolescência (FIA), segundo a própria denúncia.

    Ao solicitar o deferimento da liminar (decisão temporária), o promotor pede que ela se abstenha de manter qualquer tipo de controle ideológico das atividades dos professores e alunos de escolas públicas e privadas do estado. A defesa da deputada afirmou que vai aguardar citação formal para se manifestar sobre o caso.  O Ministério Público Federal (MPF) também investiga o caso e instaurou um inquérito sobre o assunto na segunda (29). No pedido de liminar, o MPSC pede à Justiça ainda que a deputada eleita seja obrigada a retirar das redes sociais o post que instiga a perseguição ideológica de professores e ainda que a operadora de celular bloqueie o canal divulgado pela parlamentar para envio dos vídeos resultantes desse processo de “deduragem política” nas escolas públicas.

    A peça jurídica de admirável coragem e brilhantismo para esses tempos de adesão do judiciário à política da truculência, o promotor de justiça David do Espírito Santo foi firme em defesa da democracia constitucional e da liberdade de pensamento. Conforme ele, a deputada “implantou um abominável regime de delações informais, anônimas, objetivando impor um regime de medo”. Ao citar a Constituição Federal, ele destaca: “O direito à crítica pode e deve ser exercido na escola, sem cerceamentos de opiniões políticas ou filosóficas”, afirma o promotor. Nessa linha, a ação civil pública tem como objetivo, segundo o PMSC, “garantir o direito dos estudantes de escolas públicas e particulares do estado e dos municípios à educação segundo os princípios constitucionais da liberdade de aprender e de ensinar e do pluralismo das ideias”.

    O uso de canais informais e privados para o recebimento de denúncias de supostas irregularidades ou desvios de conduta cometidas por funcionários públicos não tem é reconhecido pela legislação nacional, conforme argumentou o promotor. “É ilegal o uso de qualquer outro canal de comunicação de denúncias que não esteja amparado em uma ato administrativo válido”.

    Embora atuasse como professora de Ensino Médio em Chapecó, Ana Caroline, mudou-se para Itajaí nas vésperas do lançamento de sua candidatura, por motivos ainda não esclarecidos. Na noite de domingo, ela fez uma publicação em redes sociais oferecendo um contato telefônico para alunos enviarem vídeos de professores em sala de aula que estejam fazendo “manifestações político-partidárias ou ideológicas”.

    Decisão liminar proíbe deputada de impor “regime de medo e terror nas salas de aula”

    postado em 01/11/2018, 17:37

     

    A ordem liminar do Juiz da Vara da Infância e da Juventude da Capital foi expedida nesta quinta-feira/Foto: Catarinas

    A deputada eleita para a Assembleia de Santa Catarina, Ana Caroline Campagnolo (PSL), terá que retirar do ar imediatamente a publicação que incentiva o controle das atividades dos professores e alunos das escolas públicas e privadas do sistema de ensino do Estado e dos municípios, postada em seu perfil do Facebook. Ela também está proibida de manter o “canal de denúncias” por ela criado sem qualquer amparo legal. Caso a liminar seja descumprida a multa diária é de mil reais.

    Entenda o caso.  

    A ordem liminar do Juiz da Vara da Infância e da Juventude da Capital foi expedida nesta quinta-feira (1/11) e atende ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público de Santa Catarina. Conforme o MP, a deputada violou princípios constitucionais como o da liberdade de expressão da atividade intelectual, científica e de comunicação, “e que deve ser exercida independentemente de censura ou licença (art. 5.º, IX, CF/88”), assim como da “liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber”, bem como do “pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas”, previstos nos arts. 206, II e III da Constituição Federal.

    Ainda de acordo com a decisão, a atitude de Campagnolo infringe o direito dos estudantes, como crianças e adolescentes, à proteção contra toda forma de exploração (art. 227, caput, CF). “Sua conduta ao recomendar a realização de filmagens nas salas de aula representa, exploração política dos estudantes, pois está ligada à intenção de deles tirar proveito, político ideológico, com prejuízos indiscutíveis ao desenvolvimento regular das atividades escolares, quer pelo incentivo à desconfiança dos professores quer pela incitação dos alunos catarinenses ao descumprimento da Lei Estadual n. 14.363/2008, que proíbe o uso do telefone celular nas escolas (…)”.

    Como explica o juiz Giuliano Ziembowicz, na decisão liminar, a deputada eleita teria

    “implantado o que seria um regime de delações informais e anônimas, visando impor um regime de medo e terror nas salas de aula”. Além disso, estaria “desafiando e humilhando professores com suas postagens”.

    Efeito em todo país

    Segundo a decisão, as “mensagens produzem intranquilidade e animosidade nos ambientes escolares, com danos incomensuráveis à educação”. “As ações da requerida na rede social ‘Facebook’ têm gerado efeitos nos outros Estados da Federação, produzindo revolta generalizada dos educadores, que se veem intimidados com a referida atitude da requerida”.

    O juiz defendeu que à deputada eleita, assim como a todos as/os cidadãs/os brasileiras/os, é assegurado o direito de exercer a livre manifestação de pensamento através das redes sociais. “No entanto, a publicação como a que está em tela possui conteúdo que vai além do exercício da liberdade de pensamento e expressão de ideias e críticas… fere diretamente o direito dos alunos de usufruírem a liberdade de expressão da atividade intelectual, científica e de comunicação”.

    Em sua fundamentação, o Juiz faz menção ao posicionamento do ministro do STF Gilmar Mendes sobre a importância do debate nas universidades durante o julgamento, na quarta-feira (31), que suspendeu atos de fiscalização da Justiça Eleitoral em universidades públicas e privadas de diferentes estados.

    “Bem mencionou que as universidades são ambientes de profícuo desenvolvimento do pensamento crítico, inclusive político e de circulação de ideias, onde nascem lideranças políticas vindas dos movimentos estudantis, algo que já foi muito mais presente no Brasil e que merece ser reavivado.”

    Para o magistrado, essa realidade não deve ser diferente no ambiente da Educação Básica, pois, segundo ele, a discussão política deve fazer parte da realidade escolar, sempre com respeito às diversas opiniões, como deve ser. “Efetivando-se, assim, os direitos fundamentais previstos na Constituição Federal e relativos ao tema, com importante incidência do pluralismo de ideias”, afirmou na decisão.

    Quanto ao “canal de denúncias”, o Juiz segue a sustentação do Promotor de Justiça Davi do Espírito Santo na Ação Civil Pública. Diz que os serviços de recebimento de denúncias acerca da atuação de servidor público só podem ser realizados no âmbito do Poder Público, nunca por particulares, sob pena de ferir a Constituição Federal e o princípio da impessoalidade.

    “O princípio da impessoalidade, próprio da Administração Pública e que vem de encontro a qualquer direcionamento ideológico, ao contrário do que aparentemente proporciona o ‘canal de denúncias’ criado e utilizado pela requerida, onde existe expressa referência às eventuais discordâncias ideológicas que são objeto das pretendidas denúncias”, sustenta a liminar.

    Sem base legal também é a implementação de serviço de controle político ideológico das atividades docentes, em prejuízo da liberdade de manifestação e de um universo de estudantes, composto fundamentalmente de crianças e adolescentes.

    A Ação Civil Pública com pedido de liminar foi ajuizada pelo MPSC na terça-feira (30) com o objetivo de garantir o direito dos estudantes de escolas públicas e particulares do Estado e dos municípios à educação segundo os princípios constitucionais da liberdade de aprender e de ensinar e do pluralismo de ideias.

  • Defensores da Educação lançam manual de defesa para professores

    Defensores da Educação lançam manual de defesa para professores

    Os preceitos do projeto Escola Sem Partido começam em 2004, pelas mãos do advogado Miguel Nagib, autor do livro “Deveres do Professor”. Depois, em 2014, Bolsonaro, Erivelton Santana e movimentos políticos de ultra Direita descobrem o documento publicado na internet e dão continuidade à publicização tentando implementá-lo através de Projeto de Lei e com as caravanas da censura realizadas em escolas públicas estaduais, principalmente de São Paulo e Rio de Janeiro, na época das ocupações escolares realizadas por milhares de estudantes, contra o projeto de reorganização escolar que pretendia fechar centenas de salas de aula no Brasil todo.

    Os interessados na Escola Sem Partido, queriam, a todo custo, que a sociedade acreditasse que as ocupações escolares eram levantes capitaneados por professores, que segundo eles, são de esquerda e que aplicam aos estudantes ideologias, baseadas sobretudo em socialismo, comunismo e anarquismo. Como se todos esses sistemas fossem verdadeiras doenças incuráveis e que levam à morte. Como se a liberdade de pensamento e expressão dentro das salas de aula fosse proibida.

    Mas na verdade, esses grupos interessados em perseguir professores e instaurar a Escola Sem Partido, nunca responderam à pergunta inicial, para que possamos juntos, entender o real significado de suas ações, a favor de um projeto que pode significar a soberania do fascismo e violência nas salas de aula: Quais são seus partidos?

    A partir desse cenário, preocupados com a defesa de professores que sofrem diariamente perseguições e violências, na maioria das vezes muito pesadas por parte de dirigentes da Secretaria de Estado da Educação, por pais e às vezes, até por alunos, grupos de professores, diretores de escola, pesquisadores, jornalistas e agentes do Direito criaram o ‘Manual para Professores Contra a Censura’.

    Na obra, estão contempladas doze situações reais de violência a professores em escolas e claro, orientações de como esses docentes podem se defender, seja pela via do diálogo, entre as partes envolvidas na situação, ou como última instância, a utilização de ferramentas do Direito Penal e Constitucional para que os casos sejam solucionados. Uma lista atualizada de órgãos e entidades que estão dispostos a ajudar, também entra no livro. O lançamento está previsto para 15 de setembro e estará disponível na internet e de modo físico.

    OS PROFESSORES E O MEDO

    Para reafirmar a importância de debater esse medo que literalmente trava professores de exercerem seus plenos direitos de profissão, a Ação Educativa promove, em Julho a 3a Semana de Formação em Direitos Humanos e Educação Popular e na manhã da quinta (26) reuniu interessados no tema para mostrar em primeira mão como será o livro.

    Uma campanha de financiamento coletivo também está disponível na internet através do site: http://quatrov.com.br/mini-doc-manual-de-defesa-para-professores.html

    PROFESSORES QUEREM ESCOLAS SEM MUROS

    Um dos participantes da apresentação do manual, Régis, diretor da escola Parque dos Sonhos, na Periferia de Cubatão diz que pensa em escolas sem muros, comunidades escolares que sejam cinemas, bibliotecas, centros culturais itinerantes para que o pensamento dos jovens possa ser elevado “As escolas precisam ser salvas” diz Régis, e uma professora presente, que prefere não se identificar, completa: “Quais são os partidos da Escola Sem Partido?”

    O diretor da E. E. Parque dos Sonhos, em Cubatão também foi veementemente perseguido quando fez uma aula púbica na escola. Desde 2013, ele vem travando diversas lutas e hoje, passados 5 anos, Regis tem uma verdadeira comunidade escolar, formada por pais, alunos e professores, onde todos constroem uma “escola dos sonhos” real. Termiinando as obrigações que o Estado, pelo seu “mérito” de descaso deixa de cumprir.

    Em 2016 a anfitriã do evento, a Ação Educativa fez uma publicação: A ideologia do Movimento Escola Sem Partido, um compilado de textos de 20 autores, que pode ser baixado e usado em conversas em sala de aula (clique aqui para ver a matéria que os Jornalistas Livres publicaram no lançamento desse livro). Depois disso, a empolgação para um novo passo foi pensada, o que apoiou ainda mais a criação do manual para docentes atacados nas escolas.

    Vinícius, professor de Sociologia e também um dos organizadores da obra, escreveu junto com colegas um artigo sobre o tema, que também fomentou o manual. Ele disse que os professores temem alunos e pais. “Se fala em gênero, ele (o professor) pensa: pronto o aluno vai pegar o celular, vai me gravar e com a péssima estrutura e salário e ainda se convive com o medo e assim, temáticas interessantes são cortadas do universo do trabalho por causa desses medos.”

    O fato é que os professores não podem fechar os olhos a realidades catastróficas e tampouco, abrir mão de falar de gênero. “O manual é poderoso para que os professores não sintam medo de abordar o assunto, mas também não é para que eles saiam processando os pais por qualquer coisa.” Finaliza, Vinícius

    Como agente do Direito, a advogada Fernanda Vic, se envolveu no projeto e acha que o seu setor não dá conta de tratar de maneira mais adequada esses casos de defesa de docentes. “Existe um envenenamento do ambiente político das escolas. Temos que pensar uma defesa no sentido amplo para qualificar esse debate. O que mobiliza essas energias todas? O primeiro sentido de defesa que penso é o de trazer a informação. Trazer aos pais qual tipo de energia os levam a caminhar para esse enfrentamento jurídico contra professores. Há boas estratégias de defesa no manual, algumas mais específicas, outras desmistificam questões embaralhadas, do ponto de visita do Direito Constitucional.

    A especificidade na abordagem jurídica tem esse objetivo: transformar para melhorar o debate e qualificá-lo.”

    E a advogada completa: “Como um professor se comporta diante de uma provocação? Não necessariamente deve partir para questões jurídicas. O ideal é estabelecer um diálogo mais seguro e tentar resgatar relações mais possíveis. Neste caso, repito, o Direito deve agir como propagador de melhoria de ambientes.”

    Assim que o livro for lançado, divulgaremos na íntegra nos canais dos Jornalistas Livres. Aguardem!!

     

  • Escola sem pensamento

    Escola sem pensamento

    por Caio Chagas

    Quando o tambor dos estudantes secundaristas bateu na orelha de Geraldo Alckmin (Governador de São Paulo) e de Beto Richa (Governador do Paraná) durante as ocupações de escolas em resistência à PEC 241 no ano passado, aguçou-se o ovo da censura.

    O governo federal viu que não seria tão fácil entregar o que planejou no pós-golpe sem ter uma grande retaliação. No grande lobby feito na transição de Dilma Rousseff para Michel Temer ficou provado o projeto do empresariado de privatização e retirada de direitos dos trabalhadores, visando se aproximar de um modelo das ideias de Milton Friedman.

    A censura do pensamento, que o atual Ministro da Educação Mendonça Filho e os grupelhos como o MBL propõem com o “Escola sem partido” e com a medida provisória da reforma do ensino médio, coloca as próximas gerações com as cabeças voltadas para a idade média e para um controle de pensamento à la 1984, de George Orwell.

    Fortes pressões retiraram da Base Nacional Curricular termos como “identidade de gênero” e “orientação sexual”, tirando a obrigatoriedade de se discutir esses temas em sala de aula. O Supremo Tribunal Federal aprovou o ensino religioso com uma única religião e projetos como o Escola Sem Partido vem brotando em casas legislativas de diversos municípios.

    O movimento Escola Sem Partido foi criado ano de 2004 e é inspirado em uma ONG dos Estados Unidos chamada “No Indoctrination”. Seu criador, o advogado Miguel Nagib, alega que um professor de história havia comparado Che Guevara a São Francisco de Assis. Fez um relatório e passou a distribuir cópias no estacionamento da escola. Gerou muita confusão, mas nada de concreto. Hoje sua pauta acaba por engolir a maioria das discussões em redes sociais.

    O projeto ainda tem em seu decorrer trechos que separam a escolarização, que seria a formação técnica fornecida pela escola e voltada para o trabalho apenas, e a educação que são, segundo eles, os valores morais que devem ser apenas passados pelos pais. O projeto viola o Artigo 216 da Constituição Federal, onde está escrito que é papel da escola a formação cidadã e profissional para cada aluno ou aluna.

    O ideal conservador hegemônico do parlamento brasileiro criou uma caça às bruxas contra quaisquer discussões de âmbito progressista em espaços de aprendizagem como escolas, universidades e até mesmo museus.

    Exposições de arte vêm sendo boicotadas com o argumento de que estão promovendo a pedofilia e a zoofilia, professores vêm sendo fiscalizados por uma suposta doutrinação ideológica ou de gênero. Cada vez mais são impedidas discussões que questionem o moralismo cego da elite e os valores fundamentalistas da bancada da bíblia, do agronegócio e da bala.

    A escola não é um local apenas de formação técnica, ela é acima de tudo um local de construção de conhecimento, que parte de uma relação não hierarquizada entre alunos, professores e a comunidade escolar. Por que tanto ódio pelo diferente, pela diferença? Por que manter esse modelo patriarcal, de homens brancos, ricos, héteros com uma cadeia de relações hierárquicas que põe o adverso como menor, como submisso e subversivo?

    por Caio Chagas

    Paulo Freire, sociólogo e grande estudioso da área da educação, explica, em seu livro Pedagogia do Oprimido, que um modelo de educação no qual os alunos, ao terem um verdadeiro local plural de formação, deixam de ser agentes passivos de recepção de informação e se tornam agentes protagonistas de suas vidas, de seu pensamento e de sua sociedade. Paulo Freire é odiado por diversos setores da elite do país, que não aceitam um modelo inclusivo, construtivista e humanista de aprendizado. Essa mesma elite prefere, claro, um amiguinho chamado Alexandre Frota.

    O pensamento unitário sempre se mostrou perigoso e experiências totalitárias como o nazismo e o stalinismo, perseguiram e mataram milhões em busca de um modelo padronizado de pensamento. Uma sociedade sem debate, sem o conhecimento do oposto, empobrece, inviabiliza cada vez mais seu progresso.

    A destruição da humanidade do outro, do comunista, da feminista, de transexuais, de jovens negros da periferia impede cada vez mais novos pensamentos, novas formas de se viver no mundo. Excluir essas pessoas da sala de aula é matar toda a sua trajetória de luta por igualdade de direitos e pela própria vida.

    Já se percebeu que o conhecimento é a maior arma contra todo esse show de horrores do Congresso que é praticamente o mesmo, ano após ano. Para uma verdadeira transformação política, são necessárias a consciência e a participação das pessoas.

    O Brasil sendo o 5º país no ranking de feminicídio no mundo, pode se dar o luxo de não debater as questões de gênero na escola? O país onde um jovem negro morre a cada 23 minutos não pode debater questões como o racismo ou desigualdade social? O país que mais mata LGBTQIA no mundo deve simplesmente esconder de seus filhos pessoas que têm uma orientação diferente da sua?

    Nunca antes desde a redemocratização tivemos um parlamento tão retrógrado, apoiado num falso moralismo da moral e dos bons costumes, misturado com um ódio a qualquer coisa vermelha. Estamos à beira da ascensão de um modelo fascista e sem participação popular. A elite atrasada de nosso país clama por educação moral e cívica, enquanto professores se encontram na miséria lutando para sobreviver.

    A escola é o primeiro local de convivência com o diferente que muitas crianças tem. A desconstrução faz parte do processo de vivência em sociedade, é extremamente saudável que haja discussões e pontos de vista diferentes, afinal cada um de nós tem uma condição social distinta. O educador transpira os valores que o cercaram em sua vida como qualquer outro ser humano, se ele for calado, toda a sociedade se calara com ele.