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  • Mulheres do DF lançam manifesto para o Dia Internacional de Luta das Mulheres

    Mulheres do DF lançam manifesto para o Dia Internacional de Luta das Mulheres

    Foto: Leonardo Milano / Jornalistas Livres

    08 de março, Dia Internacional de Luta das Mulheres.

    Pela vida de todas as mulheres! Contra o racismo, o machismo e o fascismo!

    Em defesa da democracia

    Somos um país historicamente marcado pela violência contra as mulheres e contra quem ousa se contrapor aos poderosos. Somos o 5o país do mundo com maior índice de feminicídios e o 1o em assassinato de LGBTIs. Vivenciamos estruturalmente o racismo e cotidianamente o genocídio da juventude negra. Somos o 4o país do mundo em casamentos infantis. Somos ainda a 3a nação do planeta em número de conflitos ecológicos e atividades de risco sobre os recursos naturais. Com o avanço da extrema-direita no DF e no Brasil, essa histórica realidade hostil se aprofunda e nossas vidas estão cada vez mais em risco.

    O ataque à democracia, que começou com o golpe misógino contra Dilma Rousseff, alcança níveis inaceitáveis no governo Bolsonaro. Temos um presidente que apoia atos pelo fechamento do Congresso e do STF, ultrapassando todos os limites de desrespeito à Constituição e flertando abertamente com um novo golpe de Estado. Ao personificar a ascensão de forças autoritárias na política, ultraliberais na economia e retrógradas nos costumes, ao apoiar grupos conservadores, com feições neofascistas, e ao manter relações estreitas com milicianos, o governo de Bolsonaro destrói o Estado Democrático de Direito e se transforma numa ameaça real à vida das mulheres.

    Por isso, neste 8 de Março, iremos às ruas mais uma vez para dizer:

    Mulheres contra Bolsonaro! Ditadura nunca mais!

    Pela primeira vez desde a redemocratização do país, o presidente e sua família apoiam publicamente o regime ditatorial e seus algozes, em manifestações reiteradas de apologia à tortura e ao AI-5. Neste 8 de Março, lembramos das mulheres que ousaram se levantar contra o autoritarismo e foram barbaramente torturadas e estupradas pelos militares da época, muitas vezes diante de suas crianças. Lembramos das mães que não puderam enterrar seus filhos e que morreram sem saber o destino de seus corpos. Não nos calaremos diante de um governo ditatorial e patriarcal, que se guia baseado em princípios de violência, opressão e desrespeito às liberdades

    individuais e coletivas. O Estado de exceção se aprofunda, mas não podemos retroceder. Que a democracia não seja uma palavra retórica, utilizada por líderes autoritários, racistas, misóginos e lesbofóbicos!

    Pelo fim da violência contra a mulher!

    Vivemos em uma sociedade machista. Somos vistas como objetos de prazer e propriedade dos homens, que se sentem donos de nossos corpos e de nossas vidas; que nos violentam, nos estupram e nos matam. A cada duas horas, no Brasil, mais de mil mulheres são agredidas, uma é assassinada e onze

    são estupradas. No DF, a situação não é diferente: ocupamos
    a vergonhosa 5a posição no ranking de assassinatos de mulheres no Brasil. Em 2019, 34 mulheres foram vítimas de feminicídio, representando um aumento de 62% dos casos desde 2016. Em 2020, até o dia 3 de março, 6 mulheres já foram assassinadas. A morte da mulher está dentro de casa. São famílias mergulhadas em uma tragédia social, alimentada pelo pensamento de posse sobre a vida do outro.

    Para barrar essa onda, precisamos de políticas concretas de enfrentamento à violência contra as mulheres. Porém, no ano passado, a maioria das vítimas ou de suas famílias no DF não chegou a procurar um equipamento público antes do feminicídio, revelando um quadro de ausência do Estado na proteção da vida das mulheres e de sucateamento dos equipamentos públicos de enfrentamento às violências. Enquanto a ministra da família corta verbas destinadas
    às políticas públicas para o setor, no DF o governador Ibaneis tenta barrar o andamento da Comissão Parlamentar de Inquérito criada em novembro para investigar os feminicídios. E assim a cultura do estupro e da morte se fortalece, incentivada por iniciativas como a liberação
    das armas e a ampliação da excludente de ilicitude, que autoriza a violência letal pelas polícias. No Brasil, a cada dois minutos uma mulher é vítima de armas de fogo. Lutamos pela superação da necropolítica e por uma cultura e políticas públicas de promoção da paz. Lutamos ainda pelo direito das mães de criarem suas filhas e seus filhos sem a manipulação da Lei de Alienação Parental, mais uma forma de violência contra as mulheres.

    Contra o racismo!

    A violência se intensifica de acordo com raça e etnia, orientação sexual, identidade de gênero, classe social, idade e situação de vulnerabilidade das mulheres, atingindo brutal- mente mulheres negras, jovens, pobres, trans. Cerca de 68% das mulheres assassinadas no Brasil são negras. Num país de história e presente escravagistas, mais de 90% das empre- gadas domésticas são mulheres negras. A elas também são destinados os empregos mais precarizados e as piores condi- ções de vida. Somente as ações de resistência promovidas no âmbito do movimento de mulheres negras dão voz e vez às problemáticas que o povo negro brasileiro vive em razão da cor da sua pele.

    A promoção da cidadania das mulheres negras requer a garantia da implementação de políticas públicas de qualidade no combate ao racismo estrutural, presente nas instituições públicas e privadas. No Distrito Federal, é flagrante como
    as políticas de gênero universais não alcançam as mulheres negras, criando um ciclo perverso de reiterada vitimização de nossos corpos nos serviços públicos. Por isso, lutamos pelo re- conhecimento de que vivemos em uma sociedade pluriétnica e plurirracial. Lutamos contra a extinção das políticas públicas afirmativas, contra toda forma de intolerância, pelo reconhe- cimento dos territórios ancestrais do candomblé e umbanda e para que regiões administrativas majoritariamente negras possam ser reconhecidas como territórios culturais.

    Pelo bem-viver! Contra o capitalismo e o desmonte dos serviços públicos

    A propriedade privada dos meios de produção e o modelo de desenvolvimento econômico exploratório e predatório estão na base do sistema capitalista. Neste 8 de Março, ergue- mos nossa voz por uma sociedade que tenha como horizonte a filosofia do bem-viver e que rompa com o patriarcado e sua compreensão de que as mulheres também são propriedade dos homens. Fruto do sistema capitalista, temos uma popu- lação cada vez mais empobrecida, adoecida física e psicologi- camente. E ainda mais oprimida pelas medidas econômicas ultraliberais e excludentes do governo federal. As ações de desmonte do Estado brasileiro, que começaram no governo ilegítimo de Michel Temer com a Reforma Trabalhista, seguem com Bolsonaro, na perversa destruição da Previdência e da Seguridade, na privatização e entrega dos serviços públicos.

    Vivemos um cenário de precarização laboral crescente, com regime de trabalho intermitente, de ampliação do trabalho sem vínculo formal com as empresas ede perda de direitos, consistente com um quadro de desemprego estrutural. As mulheres, sobretudo as negras, são as mais impactadas, por receberem salários mais baixos por funções iguais às dos homens e por terem seus empregos concentrados em ativida- des informais e no trabalho doméstico. O desemprego no DF

    é assustador e as mulheres são as primeiras a ficarem desem- pregadas. Neste cenário de desmonte do trabalho pelo capital, as mulheres que possuem jornada dupla ou tripla são as mais penalizadas pela Reforma da Previdência, pois terão que traba- lhar ainda mais para alcançar o direito à aposentadoria.

    Enquanto isso, o desmonte de serviços públicos como a saúde e a educação nos sobrecarregam ainda mais, pois so- mos culturalmente responsabilizadas com os cuidados dos/as doentes e dos/as filhos/as. Somos nós que sofremos com os ataques ao SUS, a falta de creches e de escolas, de verbas para o serviço social. E que também sofreremos com a desvaloriza- ção do serviço público e as privatizações de setores estratégi- cos, uma ação orquestrada por defensores do Estado mínimo para atender a interesses de grandes grupos econômicos nacionais e internacionais. As mulheres em situação de vulne- rabilidade seremos novamente as mais atingidas, sobretudo as negras e as indígenas.

    No DF, todos os dias morrem pessoas por não conseguirem atendimento médico. As escolas públicas vivem de contribui- ção de mães e pais para fazerem reformas básicas. O alto preço da passagem de ônibus nos obriga a pagar para trabalhar.

    Este é o cenário de caos em que se encontram as mulheres, maiores atingidas pela política econômica de restrição de bens e direitos. Enquanto isso, Ibaneis militariza as escolas e constrói um projeto de educação cada vez mais conservador, seguindo o caminho de Bolsonaro, que quer calar a educação crítica e emancipatória. Neste 8 de Março, lutamos porque somos todas trabalhadoras. Nenhum direito a menos!

    Contra a destruição do planeta e o genocídio dos povos indígenas!

    A lógica exploratória que coloca a ganância acima
    da vida humana e animal e da preservação do meio ambiente também ocupa o Palácio do Planalto. As tragédias de Brumadinho e Mariana não foram acidentes. Foram crimes, com danos ambientais e humanos irreparáveis, impostos pelo grande capital em busca
    de lucro. A explosão de queimadas na Amazônia e os inúmeros assassinatos de lideranças indígenas precisam ser responsabilizados com vigor. Neste 8 de Março,
    nós, mulheres do campo, do cerrado, das águas e das florestas, quilombolas, indígenas e ciganas, as principais responsáveis pela agricultura e pecuária familiares e
    que mais sofremos com as grandes empresas em nossos territórios e com as desigualdades produzidas pela economia capitalista, estaremos nas ruas! Exigimos o direito à terra e ao território das comunidades indígenas, quilombolas e tradicionais. Lutamos por soberania popular e para não sermos expulsas de nossas terras. Pelo reconhecimento do acúmulo das vivências das nossas ancestralidades africana e indígena!

    Pela vida de mulheres lésbicas, bissexuais e trans!

    Nossas identidades de gênero e nossas sexualidades não são ideologias. São identidades genuínas. A luta por sua valorização não é doutrinária, mas libertária, para que ninguém sofra ou tenha direitos cerceados só por ser quem é. Nossa ideologia é o respeito às diferenças.
    A famosa “ideologia de gênero” nada mais é do que
    a doutrina de que “meninos vestem azul e meninas vestem rosa”, negando, desde a infância, nosso direito à autonomia e à singularidade. Neste 8 de Março, lutamos pela visibilidade LesBiTrans. Por uma educação laica e inclusiva às pessoas LGBTI! Por políticas de fomento à empregabilidade para pessoas trans e travestis!

    Pela legalização do aborto!

    Mulheres continuam abortando, mulheres continuam morrendo. O aborto clandestino é uma das principais causas de morte de mulheres no Brasil, vitimando uma de nós a cada dois dias. Esse grave problema de saúde pública mata sobretudo quem não pode pagar por uma intervenção segura: mulheres pobres, negras e menos escolarizadas. Lutamos por direitos reprodutivos e contra a criminalização das mulheres. Pelo reconhecimento à voz da mulher, para que ela possa ser ouvida em seu clamor pela vida! Que a decisão da mulher sobre seu corpo seja respeitada!

    Por mais mulheres feministas nos espaços de poder!

    Em 2020, teremos eleições municipais no Brasil, exceto no DF, nas isso não impede que as mulheres daqui se engajem em candidaturas de feministas no Entorno
    do DF, fortalecendo seus projetos e atuando pela eleição dessas companheiras. Segundo o IBGE, o Brasil ocupava em 2018 a vergonhosa posição de 152° colocado em um ranking de 190 países na representação das mulheres na política. Vivemos o crescimento da extrema direita e de uma onda conservadora que pode levar ao redesenho
    do papel social das mulheres, retrocedendo nossas conquistas emancipatórias. Precisamos de mais de nós na política para lutar por nossas causas e defender nossos direitos. Balas não vão nos intimidar. O assassinato covarde de Marielle nos transformou a todas em sementes que clamam por justiça e igualdade. Queremos mais mulheres feministas ocupando os espaços de poder e decisão! Democracia sem a participação de mulheres não é democracia.

    Por justiça para Marielle, para todas e todos!

    Em 2020, completam-se 2 anos da execução política da vereadora Marielle Franco (PSOL), uma mulher, negra, bissexual, da favela da Maré, brutalmente assassinada junto com seu motorista Anderson Gomes. As investigações têm mostrado que o mandante

    e envolvidos neste bárbaro crime são vizinhos de condomínio do presidente Bolsonaro. A execução de Marielle é um crime político grave e sua resolução é de extrema importância para nossa democracia.Exigimos saber quem mandou matar Marielle e por quê! Também lutamos pelo fim da desigualdade na atuação do Poder Judiciário, que criminaliza os socialmente marginalizados. O Brasil é hoje o 3o país em número de encarcerados, o 4o em mulheres presase tem uma taxade aprisionamento superior à maioria dos países, de 335 pessoas presas a cada 100 mil. Pelo fim do encarceramento das lactantes e pela ressocialização das/os detentas/os.

    Por liberdade de expressão e por outra comunicação no Brasil!

    Somos um dos países com maior concentração
    nos meios e com menor representação de nossas diversidades na mídia. Uma mídia que, quando não silencia nossas lutas, nos criminaliza; que não respeita a laicidade do Estado e que, nos programas policialescos (fundamentais para o crescimento do fascismo no Brasil), legitima uma cultura de violência contra mulheres, pobres e jovens negros. Uma mídia que respalda a ambição da elite econômica e desconsidera os impactos dessa política na vida da população. No 8 de Março, levantamos nossa voz por outra comunicação!

    Por uma cultura viva!

    A cultura representa geração e circulação de renda, bem estar social e formação de identidade cidadã e individual. É um espaço de diversidade e equidade,
    de liberdade de expressão. É uma indústria potente,
    que fala globalmente e que se fortaleceu através das políticas públicas. Mas, desde o início, o governo atual tem desmontado as políticas de desenvolvimento, fomento e promoção à cultura, prejudicando o sustento de milhares de famílias e atacando a sociedade em sua dimensão simbólica. Um país sem cultura é um país sem identidade e soberania. Queremos a volta das políticas públicas para a cultura e mais mulheres nestes espaços! Pelo direito à memória!

    Nossa solidariedade internacional!

    Aos povos que sofrem e que resistem aos golpes de estado e às políticas neoliberais, aos nossos irmãos e irmãs chilenas, equatorianas, haitianas, panamenhas, colombianas, hondure- nhas, bolivianas,externamosnossasolidariedadeeveemente repúdio aos governos opressores. Repudiamos as sanções eco- nômicas dos EUA impostas aos povos de Cuba e da Venezuela. A autodeterminação dos povos é fundamental. Não à invasão da Venezuela; não em nosso nome! Repudiamos também o acordo proposto por EUA e Israel. A Palestina não está à venda! E defendemos a libertação de Julian Assange, que revelou in- formações sobre a intervenção dos EUA na soberania de vários países, entre eles o Brasil.

    Não podemos continuar pagando o preço de um pensamento fundamentalista e viver neste cenário de retrocessos e de terror que se instalou no Distrito Federal e no Brasil. É em cima do corpo das mulheres que o autoritarismo de Ibaneis e Bolsonaro se manifestam. Lutamos por uma sociedade com justiça social. Em, honra daquelas
    que tombaram por sua liberdade e a das futuras gerações, seguiremos na defesa da democracia! Enquanto uma de nós estiver de pé, marcharemos contra essa ofensiva conservadora e a política econômica ultraneoliberal.

    No dia 8 de Março, vamos ocupar as ruas de todo o país. Pela vida de todas as mulheres, contra o racismo, o machismo e
    o fascismo. Vamos juntas!!! Mulheres contra Bolsonaro!

    Nossa agenda de lutas em março

    Nossa luta não termina no dia 8 de Março. Diante da grave conjuntura em que, se aprofundam os ata- ques à democracia, à soberania e aos nossos direitos, também estaremos nas ruas nos dias:

    • 14 de março, quando completam dois anos do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes
    • 18 de março, quando as centrais sindicais e entidades da classe trabalhadora realiza- rão um Dia Nacional de Luta em Defesa dos Serviços Públicos, da Educação e Contra as Privatizações

     

  • Último grito de alerta: o amor antes do fascismo

    Último grito de alerta: o amor antes do fascismo

    FOTOS: TAMIRES DUTRA

    Se me perguntarem o que é a minha pátria, direi:
    Não sei. De fato, não sei
    Como, por que e quando a minha pátria
    Mas sei que a minha pátria é a luz, o sal e a água
    Que elaboram e liquefazem a minha mágoa
    Em longas lágrimas amargas.

    (Vinícius de Moraes)

    “Aproveite, esta pode ser a sua última manifestação de rua antes do fascismo”. Enquanto eu mantinha as mãos e o olhar concentrados na transmissão de um ao vivo para os Jornalistas Livres, um companheiro sussurrou essa profecia nos meus ouvidos. Com o tom grave dos que compreendem a política pela intuição, ele se foi antes que eu pudesse reconhecê-lo. Num misto de dor e alegria cívica, a festa democrática no espaço histórico de lutas do Largo da Catedral parecia cumprir essa profecia. No pesar de uma tragédia iminente e a esperança fortalecida pelo reencontro nas ruas, o povo celebrou o amor pela Mátria e respirou a liberdade como se fosse pela última vez. As cenas se alternavam entre a confiança na virada, a quase catarse, e a melancolia de quem adivinha a sobrevivência rara da democracia. De um lado, um sorriso de conforto do abraço amigo, do outro, as lágrimas, até o pranto sacudido, de quem teme a despedida do amor.

    No sábado foi o culto ecumênico da infinita diversidade humana, o axé em roda gigante, o cordão colorido de mãos dadas no largo da matriz, recebendo as bênçãos do canto sagrado dos escravos negros. Ondas de paz, de alegria e de esperança vibraram nas praças brasileiras em cada canto do país. No domingo, o peito afrontado de dor, compungido de ofensas, barbarizado pelas ameaças do homem, pela covardia dos que têm o dever de defendê-la. Pelas redes sociais, a Mátria assistiu a reencarnação do ódio mobilizar à distância uma multidão de adoradores da violência na avenida Paulista, em São Paulo, ou na avenida Beira-mar, em Florianópolis.

    Não há dor maior do que a dor pela Pátria. A aflição de ver a vida da Mátria escorrer pelos dedos. É como dormir em pesadelo. É como carregar no peito uma pesada ampulheta de areia, a gritar que o tempo se esvai…  Um imperativo com a ordem de consciência: o que mais você pode fazer pra salvar o seu amigo, o seu parente, o seu vizinho, a sua mátria? É como caminhar com um despertador gritando por dentro: acorda teu povo, antes que seja tarde, acorda, acorda! O que fazer para remover a parede de vidro para que ele ouça os gritos dos irmãos e irmãs que ainda ecoam no calabouço, para que ele ouça o clamor da história, o chamado de amor da democracia? 

    Pedra rio vento casa
    Pranto dia canto alento
    Espaço raiz e água
    Ó minha pátria e meu centro
    Me dói a lua me soluça o mar

    (Sophia de Mello Andresen)

    * * *

    Um mar de gente fez as ruas de Florianópolis a sua praia neste sábado de sol de 26°: 10, 15 mil pessoas no momento de ápice. “Só conhece a derrota aqueles que não lutam, aqueles que desistem”. Fortalecendo a confiança na virada, sem tirar a gravidade histórica do momento, o presidente do Partido dos Trabalhadores, Décio Lima, repetiu as palavras do líder uruguaio Francisco Mujica para acolher a multidão que crescia ao redor do Largo da Catedral e da Praça XV sob o sol do meio-dia. O ato Mulheres Com Haddad Pela Democracia, organizado pelos coletivos feministas com o apoio de vários outros movimentos sociais, formou na Praça uma grande roda da diversidade, com negros, grupos LGBTI, artistas populares, indígenas, mulheres, crianças, idosos, trabalhadores e estudantes de mãos dadas, dando um axé para salvar o país da forte ameaça de retrocesso aos piores tempos do autoritarismo com um candidato de discurso neonazista.

    A presença massiva da juventude estudantil marcou a manifestação, que levantou a bandeira da Ditadura Nunca Mais, da educação pública, dos direitos humanos e trabalhistas, da proteção às riquezas nacionais e ambientais, do verdadeiro patriotismo, enfim. Os jovens empunharam com fervor a defesa da Amazônia e do petróleo. Foi um movimento de quantidade, mas sobretudo de qualidade de vibração.Nas ruas, ninguém esqueceu a denúncia de fraude e lavagem eleitoral pelo caixa 2 da campanha de Bolsonaro: a farsa dos algorítimos pelo Caixa 2 patrocinado por empresários catarinenses envolvidos em inúmeras contravenções, como o bilionário Luciano Hang, dono da Havan, foi escancarada nos cartazes, faixas, refrões. Nove cidades de Santa Catarina realizaram atos contra a ameaça neonazista do candidato que usa Fake News nas redes sociais para disseminar o ódio, a mentira e roubar a democracia e as riquezas nacionais: Florianópolis, Balneário Camboriú, Blumenau, Joinville, Jaraguá do Sul, Itajaí, Criciúma, Araranguá e Caçador.

     

    A concentração iniciou às 10 horas, com apresentação de esquetes teatrais, bandas musicais, e ritmos africanos, discursos emocionados se alternando no palco em frente a Praça XV e animando o grito do Ele Não. Já eram 15 horas quando o último grito pela democracia culminou com uma marcha gigantesca, alegre, pacífica e colorida pelas avenidas Paulo Fontes, Hercílio Luz, Mauro Ramos e Praça Tancredo Neves. O som dos tambores de maracatu e dos grupos de cultura popular ecoou pela cidade, fazendo redobrar o ânimo pela virada. Mas o coração de cada militante da democracia alimentava a certeza de que diante da derrota ou da vitória, não poderão mais deixar as ruas. Elas, e não as galerias virtuais, serão o espaço de reconstrução da vida política brasileira nos próximos anos.

     

  • Fernando Haddad visita a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)

    Fernando Haddad visita a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)

    Fernando Haddad, candidato à presidência da República pela coligação “O povo feliz de novo”, reuniu-se nesta quinta-feira (11/10), em Brasília, com Dom Leonardo Steiner, secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).  Ele enumerou cinco temas trazidos pela CNBB como importantes para os católicos: compromisso com a democracia e instituições democráticas; atuação do estado para combater a cultura da violência no país; fortalecimento dos órgãos de combate à corrupção – Ministério Público, Polícia Federal e Poder Judiciário, com orçamento, autonomia e independência; proteção ao meio ambiente; e compromisso com a preservação da vida.

    “Nosso programa de governo prevê ações todas alinhadas com esses princípios e recebendo novos subsídios estaremos aprimorando nosso plano de governo, nessa mesma linha, porque os princípios estão todos de acordo com o que nós imaginamos ser uma sociedade civilizada, da paz e dos direitos”, discorreu Haddad sobre sua conversa com Dom Leonardo.

    Haddad ainda relatou a preocupação da CNBB com o teto de gastos e a reforma trabalhista e reafirmou sua posição de revogar essas medidas.

    O candidato do PT disse, também, que pediu a Dom Leonardo para que recomendasse às pessoas um cuidado maior com as notícias de internet, porque as pessoas estão sendo bombardeadas com informações falsas e, antes de propagar, é necessário checar se é verdade ou mentira.

    “Meu adversário me acusa nas redes sociais de distribuir material impróprio para crianças de seis anos. Em primeiro lugar isso nunca aconteceu e, em segundo lugar, é um desrespeito às professoras do Brasil. Imagina se uma professora vai receber um material impróprio sobre sexualidade e ela vai usar esse material sem questionar?”, disse.

    Para Haddad, as mentiras têm que ser combativas e usar que usá-las para ganhar voto não é recomendável em um estado democrático de direito. “Temos que ganhar a eleição por meio do melhor argumento e não atacando a honra das pessoas com informações falsas”, enfatizou.

    Bolsa família
    Durante entrevista coletiva, Haddad disse aos jornalistas que seu adversário Jair Bolsonaro tenta dar um contraditório cavalo de pau ao anunciar uma décima terceira parcela para o Bolsa Família para tentar atrair votos do Nordeste: “se tem alguém que criticou o Bolsa Família e, de certa maneira, humilhou os beneficiários. ao longo dos últimos dez anos, foi o meu adversário. Aí não é fake news, basta ver na internet as frases que ele pronuncia sobre nordestinos que recebem Bolsa Família”.

    “Por que depois de 15 anos batendo no programa e falando do jeito dele, que a gente conhece, sempre uma maneira muito agressiva de se referir às pessoas que recebem o benefício, vem com esta ideia? […] Ele está há 28 anos na Câmara e só vota contra o trabalhador. Tudo o que ele faz é votar contra o trabalhador. Votou contra a pessoa com deficiência, votou contra o trabalhador na reforma trabalhista, votou contra o cidadão no teto de gastos. Sempre vota contra o trabalhador. Nunca aprovou nada de relevante em 28 anos de mandato e agora quer dar um cavalo de pau e dizer que defende os pobres?”, questionou Haddad.

    Sobre o debate, o candidato petista disse: “eu sou leigo, mas me parece contraditório uma pessoa poder dar uma entrevista que é um debate com jornalista e não poder debater com um adversário. Eu penso que o Brasil merece um debate”.

    Ao final, ao ser questionado sobre o resultado da última pesquisa eleitoral, Haddad explicou que é candidato há apenas 30 dias e “quem saiu dos 4% de intenções de voto para saltar aos 42% também vai chegar aos 50%. Temos duas semanas de trabalho para conseguir esses 8%”.

    Veja também a nota da CNBB sobre o encontro com o candidato Fernando Haddad:

    Nota Pública da CNBB sobre a visita do candidato à presidência Fernando Haddad

    Na manhã desta quinta-feira, 11 de outubro, o secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Leonardo Steiner, recebeu, na sede da entidade, em Brasília (DF), o candidato à presidência da República, Fernando Haddad. Em Nota Pública, emitida após a reunião, o secretário-geral explicita os temas e assuntos abordados com o candidato. No documento, dom Leonardo reafirma que a CNBB é uma instituição aberta ao diálogo com pessoas e grupos da sociedade brasileira e que é comum, em período eleitoral, que candidatos de diversos partidos e grupos políticos solicitem agenda e sejam recebidos pela entidade.

    Na reunião, o candidato expôs suas propostas de governo e sua preocupação com o Brasil. O secretário-geral, por sua parte, abordou com o candidato assuntos que preocupam os bispos do Brasil, como por exemplo, a não legalização do aborto, a defesa da democracia e o combate rigoroso à corrupção, entre outros. Dom Leonardo também apresentou ao candidato o trabalho realizado pela CNBB durante a Campanha da Fraternidade deste ano que tratou, de forma profunda, a mobilização pela superação da violência.

    Acesse aqui a íntegra da Nota Pública.

    NOTA PÚBLICA

    Sobre a visita do candidato Fernando Haddad

    Recebi, na manhã desta quinta-feira, 11 de outubro, o candidato à presidência da República, Fernando Haddad. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) é uma instituição aberta ao diálogo com pessoas e grupos da sociedade brasileira. É comum, em período eleitoral, que candidatos de diversos partidos e grupos políticos solicitem agenda e sejam recebidos, sem a presença da imprensa.

    O candidato não veio pedir apoio e a CNBB não tem partido e nem candidato.  O candidato expôs suas propostas de governo e sua preocupação com o Brasil. Da minha parte, abordei com o candidato assuntos que preocupam os bispos do Brasil: a não legalização do aborto, a proteção do meio ambiente, atenção especial à questão indígena e quilombola, a defesa da democracia e o combate rigoroso à corrupção. Também lembrei ao candidato o trabalho realizado pela CNBB durante a Campanha da Fraternidade deste ano que tratou, de forma profunda, da mobilização pela superação da violência.

    Brasília-DF, 11 de outubro de 2018

     

    Dom Leonardo Ulrich Steiner
    Bispo auxiliar de Brasília
    Secretário-Geral da CNBB

  • Candidato a governo de SC perde adesão de três partidos ao declarar voto em Bolsonaro

    Candidato a governo de SC perde adesão de três partidos ao declarar voto em Bolsonaro

     

    Merísio e Bolsonaro: associação oportunista de candidato ao fascismo implode coligação

    Ele liderava as últimas pesquisas para candidato a governador em Santa Catarina, mas resolveu ampliar a vantagem sobre os demais declarando seu voto em Bolsonaro em pleno horário eleitoral. Em vez de crescer na onda do fascismo no Sul do Brasil, como pretendia, Gelson Merísio (PSD) provocou a implosão da aliança de partidos em seu favor a uma semana da eleição. Hoje, o terceiro dos partidos mais à esquerda que integram a eclética coligação “Aqui é trabalho” anuncia a retirada do apoio a sua candidatura. Ainda pela manhã, o Partido Comunista do Brasil deve emitir nota oficial lamentando o equívoco dessa aliança partidária. Em atendimento aos apelos da base e à indignação dos coletivos feministas e forças de esquerda, a sigla decidiu seguir o posicionamento do Podemos e do PDT, que também repudiaram o voto de Merísio e, na prática, vão abandonar o barco.

    Hoje pela manhã, a denúncia do The Intercept sobre uma rede oculta de hidrelétricas mantidas pelo deputado Merísio, baseada em longa reportagem investigativa, deu aos partidos contrários ao voto bolsonarista do aliado, razões ainda mais fortes para abandoná-lo na disputa. Segundo a reportagem, o candidato da coligação “Aqui é Trabalho” mantém uma rede de negócios oculta, com indício de uso de laranjas, que garante para sua mulher, seus filhos e seus aliados a participação em ao menos oito pequenas centrais hidrelétricas. Pelo menos duas dessas centrais são beneficiadas por incentivos fiscais milionários assinados pelo cunhado Antônio Gavazzoni enquanto secretário da Fazenda de Santa Catarina, tendo como grandes aliados ocultos nessa rede de negócios os empresários da família Vaccaro. Conforme a denúncia, o deputado precisa ser eleito porque essa parceria tem potencial de gerar muitos milhões de reais aos três nos próximos anos. Caso isso ocorra, as empresas também podem se beneficiar da sua influência na liberação de licenças ambientais e nas negociações com o governo federal no mercado de energia, aponta ainda.

    O primeiro e maior constrangimento as forças democráticas que, através de Merísio, se associaram indiretamente ao candidato fascista ocorreu na grande marcha do Ele Não, realizada neste sábado em Florianópolis e em outras seis cidades de Santa Catarina, com a participação de 40 mil manifestantes. Estremecendo os Bolsonaristas, que fizeram um protesto pífio no dia seguinte, com cerca de 500 eleitores apenas, o protesto puxado pelas mulheres funcionou como campo de pressão para que a parte à esquerda terminasse de desfazer a coligação, formada por 15 partidos (PSD/ PP/ PSB/ DEM/ PRB/ PDT/ SD/ PSC/ PROS/ PV/ PHS/ Podemos/ PRP/ PPL e PCdoB), cada qual alinhado a diferentes candidatos à Presidência, como Alckmin, Ciro Gomes, Álvaro Dias e Haddad. Essa esquizofrenia determinada por interesses oportunistas em nível regional começa pelo cabeça da coligação, Gelson Merísio, cujo partido declarou apoio a Geraldo Alckmin (PSDB) nas convenções de junho. A própria sigla comunista encontra uma dificuldade dramática de explicar como apoia sua candidata à vice Manuela d´Ávila na chapa presidencial de Haddad, mas no pleito estadual não acompanha a candidatura a governador de Décio Lima (PT).  Décio liderou com larga vantagem as pesquisas até meados de setembro, quando Merísio e Mauro Mariani (MDB/PSDB) encostaram no político do PT e começaram a abrir uma relativa diferença, mas ainda estão embolados os três na margem do empate técnico, com em torno de 20% cada um.

    UM CAFÉ COM ANGU DE CAROÇO

    Durante Café das Mulheres, Ângela Albino adiantou que partido romperia com a aliança

    No final da tarde deste domingo, o efeito das manifestações já apareceram durante o Café das Mulheres promovido por Ângela Albino com cerca de cem convidados, a maioria do gênero feminino. A candidata à deputada federal pelo PCdoB, hoje suplente na Câmara de Deputados, adiantou em conversas com grupos particulares que o partido retiraria o apoio a Merísio por sua recente decisão de referendar “O Coiso” para a Presidência da República.  Segundo colocado nas pesquisas eleitorais, na quinta-feira, 27/9, Merísio declarou seu apoio pessoal a Bolsonaro, que tem 40% das intenções de voto no Estado. O anúncio foi feito durante o programa eleitoral da coligação, acompanhando a manifestação oportunista dos aliados mais à direita desse pacto estapafúrdio de siglas.

    “Não há possibilidade de rompimento formal, por isso o rompimento é politico”, afirma João Ghizoni, ex-candidato a deputado estadual que teve seu nome impugnado há menos de uma semana. Na prática, além do apoio à chapa PT/PCdoB para Presidência, que já estava dado, o partido vai apoiar de forma não declarada os candidatos a governador, Décio Lima e a senador do PT, Lédio Rosa e Ideli Salvatti. Ghizoni foi atingido por uma decisão intempestiva e discriminatória do Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina, que acatou recomendação do Ministério Público Eleitoral e indeferiu sua candidatura, ignorando uma liminar posterior concedida pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região. O TRF 4 havia reconhecido a inocência de Ghizoni e validado sua condição de candidato ficha limpa. “Estou indignado!  Meu nome foi excluído da urna eletrônica apressadamente e sem qualquer fundamento legal, uma vez que o Processo estava em grau de recursona Justiça Federal, onde foi concedida a liminar”, afirma em nota o político comunista (Leia abaixo).

    Ao contrário de outros partidos, como o Podemos e a Juventude do PDT, que imediatamente manifestaram seu repúdio e se retiraram, o PCdoB emitiu nota no dia seguinte à manifestação de Merísio pró-Bolsonaro lamentando o seu posicionamento, mas afirmando que preservaria a aliança porque se tratava de uma decisão pessoal que não representava a coligação. Conforme o comunicado, para o partido era mais importante manter a estratégia de conquistar um vaga de titular na Câmara de Deputados (com Ângela Albino) e renovar a vaga na Assembleia Legislativa (com o candidato à reeleição a deputado estadual, César Antônio Valduga).

    Uma avalanche de protestos à presença do PCdoB nessa coligação, que já vinha sendo apontada como espúria pelos setores de esquerda antes da aproximação com o bolsonarismo, tomou conta das redes sociais. Durante as manifestações antifascistas de sábado na capital, a militância do partido compareceu em peso, com muitos cabos eleitorais erguendo bandeiras da candidata Ângela Albino. A cobrança das lideranças feministas e a pressão da esquerda vieram forte, e a projeção de Haddad e Manuela na campanha eleitoral falou mais alto.

    (Nota anterior do PCdoB, que será revista hoje com retirada oficial do apoio a Merísio)

    PCdoB-SC diverge da posição de Merísio no apoio ao candidato Bolsonaro

     27 de setembro, 2018

    O PCdoB reitera o seu compromisso com a democracia, o estado democrático de direito e a construção de um novo projeto capaz de conduzir o Brasil ao desenvolvimento econômico, humano e social, através da candidatura Haddad-Manuela, do PT e PCdoB.

    A democracia, o desenvolvimento soberano e a valorização do trabalho, a defesa dos direitos sociais e o respeito aos direitos humanos são valores inalienáveis para o PCdoB e não se coadunam com aqueles expressos e difundidos pelo candidato à presidente, a quem até o presente momento só coube difundir o ódio, a intolerância, o preconceito e o desrespeito com o nosso país.

    O Partido Comunista do Brasil em Santa Catarina, desde as primeiras tratativas visando a formação de uma ampla aliança em torno da candidatura de Gelson Merísio ao governo, teve por premissa o respeito à pluralidade e diversidade de forças e palanques que vieram a compor a chapa estadual.

    É nessa condição que seguimos no arranjo regional com Gelson Merísio, que reúne melhores condições de liderar o programa de trabalho que Santa Catarina precisa e onde o PCdoB poderá buscar seus objetivos de superação da cláusula de desempenho, a eleição de uma deputada federal e a manutenção de sua cadeira na ALESC.

    Contudo, manifestamos publicamente nossa divergência acerca da posição adotada pelo candidato em relação à eleição presidencial. Santa Catarina e o Brasil precisam reafirmar e reforçar valores que nos são muito caros e que custaram a luta, e até mesmo a vida, de milhares de trabalhadores e trabalhadoras.

    Douglas Mattos
    Presidente do Partido Comunista do Brasil de Santa Catarina (PCdoB-SC)

     

    CARTA DE JOÃO GHIZONI (PCdoB), CANDIDATO A DEPUTADO ESTADUAL

    “Estou indignado!  O registro de minha candidatura a Deputado Estadual pelo PCdoB/SC, foi indeferido pelo Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina, que acatou recomendação do Ministério Público Eleitoral.

    Uma LIMINAR da JUSTIÇA FEDERAL no TRF da 4ª Região reconheceu minha inocência, o que confirma que sou vítima, e não culpado. Nunca roubei, nunca deixei ninguém roubar e não respondo a qualquer tipo de processo criminal ou de improbidade, portanto sou ficha limpa.

    A inelegibilidade que me foi atribuída, em razão de eventual punição em processo administrativo totalmente irregular e viciado, de verdadeira “caça às bruxas”, executado pela CGU quando sequer fui comunicado da decisão final, foi afastada por decisão do TRF da 4ª Região.

    A referida decisão eliminou qualquer impedimento para que eu pudesse disputar a eleição. Mas surpreendentemente, este fato não foi considerado pelo TRE/SC.

    Meu nome foi excluído da urna eletrônica apressadamente e sem qualquer fundamento legal, uma vez que o Processo na justiça estava em grau de recurso, onde foi concedida a liminar.

    Concedida a liminar, o TRE/SC protelou o julgamento do dia 24 para o dia 27 de setembro. No julgamento reconheceu a postulação e minha inocência, porém, alegou que não havia mais tempo hábil para reincluir meu nome na urna eletrônica, invocando razões de ordem técnica.

    Por incrível que pareça por questões técnicas, fui IMPEDIDO DE DISPUTAR A ELEIÇÃO!  Meu direito constitucional FUNDAMENTAL foi violado por quem deveria defender.

    É bom frisar que, se o recurso interposto para rever a decisão açodada que indeferiu o registro da minha candidatura e excluiu meu nome da URNA fosse julgado no último dia 24 de setembro, como estava previsto, haveria tempo hábil para corrigir o erro e garantir meu direito Constitucional Fundamental de ser candidato.  Porém prevaleceu a protelação, inviabilizando, na prática, o Recurso Especial previsto em Lei, encaminhado ao TSE.

    O indeferimento da minha candidatura é mais um ato injusto e ilegal, uma atitude inaceitável em um Estado democrático e de direito, a exemplo de tantos outros já ocorridos no Brasil recentemente.

    Diante de tais fatos restam as perguntas que não querem calar:

    – Qual a justificativa para determinar a retirada no meu nome da URNA ELETRÔNICA, uma vez que tramitava na Justiça Federal Processo em grau de Recurso, que reconheceu meu direito?

    – Por que o recurso legalmente interposto não foi julgado no dia 24, como estava previsto, ainda em tempo hábil para corrigir o erro e garantir meu direito Constitucional?

    – Qual o embasamento legal da Procuradoria Regional Eleitoral para solicitar a exclusão do meu nome da URNA ELETRÔNICA, em vez de deixar minha candidatura sub júdice como as demais?

    Diante de tais fatos, peço desculpas e a compreensão de todos, reafirmando: não sou corrupto e nem ficha suja. A JUSTIÇA JÁ RECONHECEU MINHA INOCÊNCIA. Sou vítima, pois meu Direito FUNDAMENTAL de ser candidato, foi irremediavelmente prejudicado por decisão do TRE/SC.

    Como cidadão honrado e militante político, prosseguirei minha caminhada e meus esforços para esclarecer estes fatos, resgatar minha dignidade e minha honra, buscando reparação judicial por perdas e danos, uma vez que meu direito constitucional fundamental foi aviltado por decisão de quem deveria defender.

    É chegada a hora de restabelecer o Estado Democrático e de Direito de nosso País para resguardar nossa democracia, as liberdades e os direitos fundamentais dos cidadãos e das cidadãs.

    Muito obrigado pela sua atenção, fico à disposição para eventuais esclarecimentos.”

     

     

     

     

     

    NO DIA 23 DE ABRIL DE 2013, o deputado estadual Gelson Merísio, hoje um dos favoritos para vencer as eleições ao governo de Santa Catarina, levou um empresário ao gabinete de seu cunhado e então secretário estadual da Fazenda, Antonio Gavazzoni. O empresário era Márcio Vaccaro e estava interessado em incentivos fiscais para instalar uma nova unidade de sua fábrica de sacarias, a Rafitec, que faz embalagens de grande porte, como as usadas para ração e cimento.

    A reunião foi um marco na relação entre Merísio, Vaccaro e Gavazzoni. Anos depois, não só uma nova fábrica da Rafitec foi instalada na cidade de Xanxerê – a 45 km de Chapecó, berço político do deputado – como os caminhos do deputado, do burocrata e do empresário convergiram para uma parceria controversa, com potencial de gerar dezenas de milhões de reais aos três nos próximos anos. Para isso, Merísio precisa ser eleito governador. Para turbinar a campanha, nessa semana, o deputado, que é filiado ao Partido Social Democrático, trocou o apoio a Geraldo Alckmin, estagnado nas pesquisas, por uma declaração pública para o líder das pesquisas ao Planalto: Jair Bolsonaro.

    Intercept descobriu que Merísio mantém uma rede de negócios que estava oculta até agora, com indício de uso de laranjas, e que, na prática, dá para sua mulher, seus filhos e seus aliados a participação em ao menos oito pequenas centrais hidrelétricas. Pelo menos duas PCHs, como são chamadas, são beneficiadas por incentivos fiscais milionários assinados pelo cunhado enquanto era secretário da Fazenda de Santa Catarina. Seus grandes aliados ocultos nos negócios são justamente os Vaccaro. Caso Merísio seja eleito, as empresas também podem se beneficiar da sua influência na liberação de licenças ambientais e nas negociações com o governo federal no mercado de energia.

    Intercept descobriu que Merísio mantém uma rede de negócios que estava oculta até agora, com indício de uso de laranjas, e que, na prática, dá para sua mulher, seus filhos e seus aliados a participação em ao menos oito pequenas centrais hidrelétricas. Pelo menos duas PCHs, como são chamadas, são beneficiadas por incentivos fiscais milionários assinados pelo cunhado enquanto era secretário da Fazenda de Santa Catarina. Seus grandes aliados ocultos nos negócios são justamente os Vaccaro. Caso Merísio seja eleito, as empresas também podem se beneficiar da sua influência na liberação de licenças ambientais e nas negociações com o governo federal no mercado de energia.

     

    Hidrelétricas ligadas a Gelson Merísio

    1. PCH Bom Retiro Energética Ltda.

    2. Foz do Uva Energética Ltda – PCH Panapaná.

    3. PCH Águas do Rio Irani Energética.

    4. PCH Barra das Águas.

    5. PCH das Pedras.

    6. PCH Salto do Soque.

    7. PCH Salto do Soque (PCH Rio das Tainhas).

    8. Ribeirão Manso Energética Ltda (PCH Itapocuzinho II).

     

     

    O desastre da LaMia

    Merísio é apadrinhado pelo ex-governador, Raimundo Colombo, que deixou o cargo em fevereiro para se candidatar ao Senado, e está tecnicamente empatado com seus dois principais adversários: Mauro Mariani, do MDB, e o petista Décio Lima, todos na casa dos 20%.

    A trajetória política do candidato de 52 anos foi meteórica. Em 2004, se elegeu deputado estadual e, de lá pra cá, ocupou a presidência da Assembleia em três oportunidades. Em 2014, foi reeleito para o segundo mandato com a maior votação da história do estado – 119 mil votos. A seta apontava para cima quando ele escapou da morte. Por pouco o acidente aéreo que matou quase toda a equipe de futebol da Chapecoense não vitimou Merísio. Então presidente da Assembleia Legislativa, ele estava confirmado no voo que acabou caindo por falta de combustível na Colômbia.

    Desistiu de última hora. Seu nome estava na lista de passageiros, e ele chegou a ser dado como morto nas primeiras notícias. “Deus nos permitiu continuar”, diz ao falar sobre a tragédia, em tom messiânico. Ele não embarcou porque foi convidado para um jantar com o ministro Teori Zavascki, do STF, que viria a morrer num acidente aéreo quase dois meses depois. O acidente com a Chapecoense lhe rende mídia até hoje. Ele deu entrevistas para jornais nacionais e internacionais e participou da organização das homenagens aos mortos na tragédia.

    Hoje, 15 partidos apoiam sua tentativa de comandar o estado. O abandono de Alckmin era esperado, já que o PSDB não faz parte de sua coligação, mas o fato de o capitão da reserva ser líder isolado em pesquisas em Santa Catarina fez dele o puxador de votos que Merísio precisava na reta final.

    Na declaração de bens entregue por ele ao TSE, presume-se que a única atividade empresarial do candidato seja uma participação em uma empresa de materiais de construção. Mas o centro dos negócios não declarados de Merísio é uma empresa de participações, aberta em nome da mulher e de dois de seus filhos, um deles menor de idade. Só o capital social da empresa (R$ 5,67 milhões) é quase oito vezes superior ao que Merísio declarou ao TSE este ano. A firma chama-se MANG, as iniciais da mulher (Márcia), dos filhos (Arthur,19, e Nicole, 10) e um G final, de Gelson. O endereço é o mesmo do escritório político de Merísio em sua cidade natal e, conforme apuramos, o local onde Merísio “mora” quando está em Xanxerê.

    Três em empresas em 36 dias

    A MANG Participações e Agropecuária Ltda foi criada em dezembro de 2013, mas as movimentações mais relevantes da empresa familiar dos Merísio começaram em 2015. Em 28 de abril daquele ano, a MANG abriu a PCH Águas do Rio Irani Energética Ltda, em sociedade com Márcio Vaccaro. Na época, Merísio era o presidente da Assembleia Legislativa de Santa Catarina. Nos dois anos anteriores, foi integrante da comissão interna responsável pela análise e fiscalização de assuntos energéticos.

    Pouco mais de um mês depois, a MANG e Márcio Vaccaro abriram mais uma firma, a PCH Bom Retiro Energética Ltda. Ambas estão registradas numa sala no mesmo endereço da sacaria Rafitec, da reunião de 2013.

    Parte do sucesso de Merísio com as hidrelétricas se deve ao apoio do cunhado Antonio Gavazzoni, antigo secretário estadual da Fazenda de SC.
    Parte do sucesso de Merísio com as hidrelétricas se deve ao apoio do cunhado Antonio Gavazzoni, antigo secretário estadual da Fazenda de SC. Foto: Divulgação/DN

    Uma terceira sala na Rafitec foi ocupada pela PCH Pesqueira Energética, criada também em maio de 2015, essa sem participação oficial da MANG. No entanto, a usina mudou de nome e de atividade depois de criada – passou a se chamar Vaccaro Empreendimentos Imobiliários. Em agosto deste ano, Vaccaro e sua empresa imobiliária viraram alvo de uma representação criminal pelo Ministério Público catarinense, por poluição. O caso está sendo investigado pela promotoria.

    A abertura de três empresas dedicadas a explorar pequenas centrais hidrelétricas num intervalo de 36 dias aconteceu ao mesmo tempo que Antonio Gavazzoni, o cunhado de Merísio e então secretário da Fazenda, preparava um dos mais anunciados planos de estímulo econômico de Santa Catarina. No mês seguinte à abertura das empresas, mais precisamente em 24 de junho de 2015, o plano SC+Energia foi anunciado publicamente pelo governo. Mais de R$ 5 bilhões em incentivos fiscais seriam concedidos para empreendimentos de energia limpa – as pequenas centrais hidrelétricas entre elas.

     

    Salário de 5 mil, hidroelétrica de 600 mil

    Muita coisa aconteceu desde aquela reunião de abril de 2013 entre Merísio, Vaccaro e Gavazzoni. O cunhado se afastou do comando da economia catarinense no ano passado, depois de ser citado em delação da JBS como cúmplice de pagamento de propina ao governador Raimundo Colombo (a notícia criminal foi rejeitada pelo Tribunal de Justiça de Santa Catarina). O empresário e parceiro Vaccaro viu seu pai ser preso por crime ambiental no Pará, onde a família mantém a maior plantação de açaí do mundo. Oriundos da mesma região de Merísio, os Vaccaro não têm somente a fábrica de sacos – eles também são donos da Açaí Amazonas, a maior produtora global de açaí, com uma área de 1.400 campos de futebol lotada de palmeiras. Essa atividade rendeu aos Vaccaro duas ações penais e uma ação civil pública relacionadas a crimes ambientais. O patriarca teve seus bens bloqueados pela Justiça.

    Márcio Vaccaro
    O empresário Márcio Vaccaro tornou-se sócio de Merísio em diversos empreendimentos. Instagram/Márcio Vaccaro

    Enquanto Vaccaro e Gavazzoni andavam às voltas com os tribunais, Merísio continuou se movendo na máquina pública, inflando os negócios da família e pavimentando seu caminho ao governo estadual.

    Um funcionário de seu gabinete na Assembleia Legislativa há 13 anos é sócio de uma terceira empresa hidroelétrica, a Foz do Uvá Energética. Manoel Mario de Jesus mora numa casa simples em São José, região metropolitana de Florianópolis. A empresa dele está sediada num escritório de contabilidade em uma avenida residencial de Chapecó, a 553 quilômetros da capital. Para entrar na sociedade, ele teve de colocar R$ 600 mil. Seu salário mensal é de R$ 5 mil.

    O funcionário de Merísio não está sozinho na Foz do Uvá, aberta em 2010, quando Gelson Merísio era o presidente do Legislativo catarinense. O empreendimento parece suprapartidário. A sociedade é composta, entre outros, também por uma empresa controlada pelo chefe da Casa Civil de Florianópolis e filho do deputado federal Jorginho Mello (candidato ao Senado pelo PR); por um suplente de vereador na Câmara de Chapecó; e pela mulher de um ex-deputado estadual do PT que teve os direitos políticos cassados por irregularidades praticadas quando prefeito do município de Rio do Sul (SC). Procurado pelo Intercept, Filipe Mello, filho de Jorginho, disse que comprou uma “cota” do projeto, mas que ele nunca foi efetivado.

    E foram todos pra Cancún

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    Facebook/ Rosângela Vaccaro

    A associação com os Vaccaro rendeu à MANG, de Merísio, outras duas participações importantes no setor energético – uma delas, a mais vistosa até aqui. A Rio Tainhas Geração de Energia Ltda foi aberta em 2008, no mesmo endereço que depois serviria de caixa postal para as demais PCHs. A Rio Tainhas já tem autorização para operar a PCH Salto do Sóque e está expandindo seus negócios. No meio do caminho, a PCH Águas do Rio Irani, que tem a firma familiar de Merísio na sua fundação, virou sócia da Rio Tainhas, com 50% do capital. Um outro sócio da Rio Tainhas é Neimar Brusamarello, ex-secretário municipal em Xanxerê. Ele é a quarta pessoa na foto daquela reunião de 2013 com Merísio, Vaccaro e Gavazzoni.

    Vaccaro também é sócio de aliados do homem que quer governar Santa Catarina. A PCH das Pedras, que já conseguiu garantia de venda de energia via leilão da Aneel, é um exemplo. Os sócios do amigo empresário são o amigo do deputado Neimar Brusamarello e o ex-prefeito de Xanxerê, e agora secretário-executivo da unidade local da Agência de Desenvolvimento Regional de Santa Catarina, Ademar Gasparini.O outro presente para a família Merísio veio no mês passado, durante a campanha eleitoral. A Rafitec tinha a autorização do governo para explorar a PCH Barra das Águas. Mas, em 7 de agosto, a Agência Nacional de Energia Elétrica deu sinal verde para que Vaccaro transferisse a licença da pequena central hidrelétrica para a PCH Águas do Rio Irani – da qual a família Merísio tem sociedade. A capacidade total da usina, ainda em construção, será de 8.500 kW. Tomando por base um preço conservador de R$ 200 por mWh, conforme praticado em leilões de energia da Aneel, se a usina comercializar toda a energia que é capaz de produzir, o faturamento bruto dessa PCH chegaria a R$ 15 milhões anuais.

    Vaccaro ainda tem participação na Primaleste Geração de Energia Elétrica Ltda e na Ribeirão Manso Energética Ltda. Em ambas, tem como parceiro Neimar Brusamarello. Ele e Vaccaro são grandes amigos. Em 2016, levaram suas famílias a Cancún para comemorarem seus respectivos aniversários.

    Investimento de longo prazo

    Gelson Merísio disse, em nota enviada por sua assessoria, ter concedido à família os direitos sobre seus bens, numa “organização de sua situação patrimonial”. “A situação do candidato é absolutamente legal”, pontua a nota.

    Sobre as sociedades nas pequenas centrais hidrelétricas, Merísio diz que “não há interesse familiar”. “Os investimentos são em projetos ainda não implantados, os quais, se realizados, poderão garantir um planejamento para o futuro, mesmo na ausência do deputado”.

    Merísio não comentou sua relação com Márcio Vaccaro.

    Sobre o funcionário de seu gabinete que também tem participação em uma outra empresa de energia, o candidato a governador disse que “sobre a vida privada e pessoal do servidor, não compete ao deputado se pronunciar”.

    Vaccaro foi contatado pela reportagem, mas até o momento não respondeu aos questionamentos.

    Semana passada o Ministério Público Federal em Chapecó começou uma investigação sobre o enriquecimento de Merísio. Os procuradores chegaram até o candidato graças a uma denúncia feita no dia 21 de setembro por um advogado da cidade, que citou a participação de Merísio na MANG.

  • #EleNão em Brasília

    #EleNão em Brasília

    Em Brasília, o dia 29/09/2018 foi marcado por muita música e força das mulheres contra Bolsonaro, contra o fascismo. Ensaio fotográfico de Leonardo Milano, para os Jornalistas Livres.

     

  • Retomamos as ruas! Centenas de milhares nas ruas contra Bolsonaro

    Retomamos as ruas! Centenas de milhares nas ruas contra Bolsonaro

    Retomamos as ruas! Depois de 2013, quando a direita sequestrou claramente os atos do Movimento Passe Livre, e exigiu que a esquerda baixasse suas bandeiras, esta foi a primeira manifestação a conseguir soldar a esquerda aos movimentos sociais do povo pobre, os LGBTs, os ecologistas, os ciclistas, o povo de terreiro, os judeus antifascistas, os autonomistas, os secundaristas, os índios —todas e todos sob os cuidados delicados e agregadores das mulheres, a quem coube o chamamento dos protestos #EleNaoEleNunca deste dia 29.

    Foram centenas de milhares de pessoas, espalhadas por cidades tão diferentes quanto Presidente Prudente, em São Paulo, e Teresina, no Piauí. Em todo o mundo, em Liboa, Londres, Paris, Lyon, Buenos Aires, Santiago do Chile, Cidade do México, o povo que zela pela Democracia, pelos direitos Humanos e pelas Conquistas Sociais foi maciçamente às ruas. Organizadores do ato em São Paulo falam em 500 mil pessoas acotovelando-se no largo da Batata, em Pinheiros, na zona oeste da cidade. Os motoristas buzinavam em apoio aos manifestantes. Foi um ato de unidade, reunindo militantes do PT, as candidatas à vice-presidência, Manuela Dávila (PCdoB), Kátia Abreu (PDT), Sônia Guajajara (Psol) e a candidata à Presidência, Marina Silva.

    Campinas, cidade que costuma ser um “balão de ensaio” da opinião pública para as agências de publicidade, bombou. Pessoas que estiveram nas manifestações de 2013 garantem que hoje havia multidão maior nas ruas… Cerca de 50 mil.

    Bolsonaro uniu todos na repulsa pela sua apologia à Tortura e a torturadores, como o coronel Brilhante Ustra, o desrespeito com as mulheres, com o povo negro, com os gays, as lésbicas, os trans. Pela apologia ao estupro (“Não te estupro porque vc não merece”). Pela promessa que fez de acabar com as reservas indígenas. Porque odeia, odeia, odeia e odeia tudo! E odeia mais um pouco!

    Porque já anunciou, ameaçador, que não respeitará o resultado das urnas, caso perca a eleição.

    O povo brasileiro deu uma imensa prova de seu amor pela democracia e pela diversidade.

    A próxima semana conterá alguns dos mais terríveis desafios para nós. Precisamos nos manter unidas e unidos para enfrentá-los e, assim, defender um Brasil justo para todas e todos. Noix!!!!!