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  • Diário do Bolso: tem gente duvidando que testei positivo para a covid-19

    Diário do Bolso: tem gente duvidando que testei positivo para a covid-19

    José Roberto Torero

    Ah, Diário, quanta desconfiança…

    Você não imagina, mas o pessoal está duvidando que eu tenha testado positivo para a covid-19.

    Será que foi por causa que eu briguei para não mostrar meu teste anterior, que teria dado negativo, e agora fiz questão de mostrar este, que deu positivo?

    Será que é por causa que os outros testes tinham nomes diferentes do meu, e este tem o meu próprio nome?

    Será que pensam que eu quero fingir que estou com covid para dizer que fui curado pela cloroquina?

    Será que acham que vou usar isso para não ter que dar depoimento pessoalmente na PF?

    Será que acreditam que eu quero dar uma de coitadinho, só por causa queeste é o pior momento do meu governo e meu ibope está mais por baixo que umbigo de cobra?

    Será? Será?

    Ah, Diário, eu mereço tanta desconfiança?

    Eu já menti alguma vez?

    Kkk!

    #diariodobolso

    Por José Roberto Torero, autor de livros, como “O Chalaça”, e vencedor do Prêmio Jabuti de 1995. Além disso, escreveu roteiros para cinema e tevê, como em Retrato Falado para Rede Globo do Brasil. Também foi colunista de Esportes da Folha de S.Paulo entre 1998 e 2012.

    PS: Faltam seis dias para o fim da campanha do Diário do Bolso 3. Estou pensando em mandar uma pílula de cloroquina como brinde, porque aquela porcaria tá sobrando, talkei? Olha o link aqui: https://www.catarse.me/DiariodoBolso3?ref=project_link

  • Diário do Bolso: fui traído pelo Trump

    Diário do Bolso: fui traído pelo Trump

    *José Roberto Torero

    Ontem eu chorei, Diário. Chorei como nunca chorei na vida, porque precisava desabafar.

    Como é que ele fez isso comigo? Como é que falou uma coisa daquelas na frente de todo mundo? E tudo o que eu fiz por ele? Ah, que ingratidão, Donald… Só faltou errar meu nome e me chamar de Javier Bolsonaro.

    Olha só o que ele disse, Diário: “Se você olhar para o Brasil, eles estão passando por dificuldades. Eles estão seguindo o exemplo da Suécia, que também está passando por dificuldades terríveis. Se tivéssemos agido assim, teríamos perdido 1 milhão, 1,5 milhão, talvez 2,5 milhões de vidas ou até mais”.

    Pô, no fundo, ele disse que eu sou um retardado, que eu só fiz bobagem e que sou muito pior do que ele.

    Mas, poxa, eu fiz tudo o que ele fez. Ele disse que a cloroquina ia salvar todo mundo, eu repeti. Ele saiu da OMS, eu também já disse que quero sair. Ele falou que era só uma gripe, eu chamei de “gripezinha”. Caramba, fiz até manifestação com a bandeira do país dele…. Entreguei meu coração e minha hemorroida, mas fui traído.

    Custava botar a culpa na natureza? Ou no Doria? É o que o meu pessoal já está fazendo: estão dizendo que o STF decidiu que a covidé responsabilidade dos governadores e dos prefeitos.

    Afinal de contas, eu sou só o presidente, pô!

    Querem que eu faça o quê? Que articule os estados, que eu forme comitês de cientistas, que crie um gabinete de crise, que faça barreira sanitária entre regiões, que coloque um ministro da saúde?

    Eu tenho mais com o que me preocupar, cacete! Tanto que ontem, na inauguração do primeiro hospital de campanha feito pelo governo federal (meio atrasado né?), eu disse que ia dar boas notícias ao Brasil. Mas, em vez de falar de vacina ou um treco assim, eu contei que ia liberar a importação de armas. Não é uma coisa realmente importante? Não é o lugar e a hora certa para falar nesse assunto?

    Olha, Diário, tem gente que acha que por eu só falar de arma, por eu não usar máscara, por eu fazer rolezinho toda semana, por eu não dar os dados pro Jornal Nacional e por eu não colocar um ministro no ministério da saúde, eu sou meio retardado.

    Mas e daí se eu for?

    Só por isso não tenho direito de ser presidente?

    *José Roberto Torero é autor de livros, como “O Chalaça”, vencedor do Prêmio Jabuti de 1995. Além disso, escreveu roteiros para cinema e tevê, como em Retrato Falado para Rede Globo do Brasil. Também foi colunista de Esportes da Folha de S. Paulo entre 1998 e 2012.

    #diariodobolso

  • Diário do Bolso: manipulando os números da pandemia

    Diário do Bolso: manipulando os números da pandemia

    *José Roberto Torero

    Péssimo dia, Diário. Péssimo!

     

    Foi só mastroço no enrugado.

     

    Pra começar, o Olavo de Carvalho teve um ataque e me xingou de tudo quanto é nome. Será que ele virou comunista? Será que foi hipnotizado pelo governo chinês? Será que estava bêbado?

     

    Acho que ele quer é que eu ajude a pagar os 2,8 milhões que ele vai ter que dar pro Caetano Veloso, que ganhou uma ação judicial aí.

     

    O Olavo até mandou que eu enfiasse a comenda que eu dei para ele na minha hemorroida. Eu não costumo desobeder o cara, mas aquela medalha é grande, pô.

     

    O Luciano Hang, aquele da estátua da Liberdade, também foi xingado. Ficou com medo e tentou fazer uma vaquinha naquele grupo de empresários de direita pra ajudar o Olavo. Mas parece que não conseguiu nada. Os caras responderam o zap do Veio da Havan com umas frases do tipo: “O Olavo deve estar louco”, “Vive de criar polêmica” e “Manda ele vir pro Brasil”.

     

    O filosofostrólogo também deu uma indireta pros advogados, pedindo que trabalhassem de graça pra ele. Mas advogado trabalhar de graça não é fácil, não. Acho que o Olavo vai ter que empenhar uns rifles dele lá.

     

    Outra bola que eu tomei nas costas foi do Carlos Wizard, que ia ser secretário de alguma coisa no Ministério da Saúde. Eu já tava apostando que ele ia fazer umas contas para inglês ver e que ia ter uma pedalada funerária pros números da covid diminuírem. Mas ele pediu o boné e foi embora.

     

    Será que começaram a cancelar matrícula no curso de inglês dele? Será que ele viu que os números reais da covid iam ser piores ainda? Será que pelo menos consigo um curso grátis pro Dudu?

     

    Pelo jeito, a missão vai sobrar pros militares mesmo. Tudo bem, eles têm experiência em esconder mortos. E nem tô falando em cadáver de comunista, Diário. Estou falando que tem que fazer que nem fizeram com a meningite durante a ditadura. Sumiram com os números. O que os olhos não leem, o coração não sente.

     

    Moro, Teich, Olavo, Wizard… É, o pessoal tá pulando fora do barco.

     

    Até nas ruas eu tomei pau. Teve mais vermelho que amarelo nas manifestações de ontem. E, pra piorar, não teve nenhum quebra-quebra. A PM está me decepcionando.

     

    Tem dia que é noite, Diário…

     

    #diariodobolso

    *José Roberto Torero é autor de livros, como “O Chalaça”, vencedor do Prêmio Jabuti de 1995. Além disso, escreveu roteiros para cinema e tevê, como em Retrato Falado para Rede Globo do Brasil. Também foi colunista de Esportes da Folha de S. Paulo entre 1998 e 2012.

  • Diário do Bolso: mais de quinhentos dias de des-governo

    Diário do Bolso: mais de quinhentos dias de des-governo

     

    Parabéns para mim, nesta data querida, muita infelicidade, muita gente sem vida!

    Eeeeeeee!

    Quinhentos dias, Diário!

    Quem diria que eu chegaria a tanto?

    E olha, foram quinhentos dias agitados. Só lembrando rápido aqui, sem pensar muito, que isso me dá preguiça, teve:

    queimadas na Amazônia, a mocreia do Macron, as laranjas do PSL, a briga com o PSL, as rachadinhas do Flávio, a embaixada do Dudu, os tuítes do Carluxo, o sumiço do Queiroz, Golden Shower, a demissão do Bebianno, a demissão do Ricardo Galvão do Inpe, o Leonardo Di Caprio, o comercial de nióbio, o “I loveyou” pro Trump, a censura do comercial do Banco do Brasil, a reforma da previdência, a distribuição de medalhas pros meus filhos e pro Olavo, a balbúrdia do Weintraub, a manga da Teresa Cristina, o pum da Regina, o discurso do Alvim, a empregada na Disney do Guedes, a Vaza Jato do Moro, a arminha na Marcha para Jesus, as vaias no Maracanã, os governadores “paraíbas”, o discurso na ONU, as leis que facilitam a compra de armas pelas milícias, o Carioca…

    Pausa para descanso.

    Já respirei, vamos lá. E agora nesses últimos dias teve a “gripezinha”, a demissão do Moro, a demissão do Mandetta, a indicação do Ramagem, a troca na PF do Rio pra proteger minha turma, a cloroquina (pô, só eu, o Trump e o Maduro vemos como ela é boa?), os rolezinhos pelo golpe, a invasão do STF com os empresários, os cumprimentos com ranho, o exame escondido, o dólar a R$ 5,90, os 15 mil mortos oficiais (fora os do paralelo), os mais de 200 mil infectados e, finalmente e, ufa!, a demissão do Teich (aliás, ainda não sei quem vai ser o novo ministro da Saúde. Só sei que não vou contratar pela CLT, não. Vai ser freelancer, kkk!).

     

    Olha, Diário, a verdade é que nunca antes na história desse país teve um presidente tão manchetoso quanto eu.

    Tô de parabéns ou não tô?

    PS: A ilustração é do Ivo Minkovicius.

    Por José Roberto Torero, autor de livros, como “O Chalaça”, e vencedor do Prêmio Jabuti de 1995. Além disso, escreveu roteiros para cinema e tevê, como em Retrato Falado para Rede Globo do Brasil. Também foi colunista de Esportes da Folha de S.Paulo entre 1998 e 2012.

    @diariodobolso

     

    Leia mais Diário do Bolso em:

    Diário do Bolso: o Messias da cloroquina e o Trump

     

     

     

    Diário do Bolso: a rainha do gado

    Diário do Bolso: as meias do Guedes

    Diário do Bolso: enganando Moro e provocando a demissão

    Diário do Bolso: coloquei o coveiro para cuidar da saúde

     

    Diário do Bolso: meu melhor amigo é meu inimigo

     

     


  • Diário do Bolso: intimidando enfermeiros e intervenção na polícia federal

    Diário do Bolso: intimidando enfermeiros e intervenção na polícia federal

    José Roberto Torero*

    Diário, o pessoal do RH aqui no governo está trabalhando muito. E não é só por causa das vagas que eu mandei dar pro Centrão, não. Tem mais coisa:

    Eu coloquei na direção da PF o braço direito do Ramagem (será que o ramagem é canhoto? Não, meus funcionários jamais serão canhotos!) e no mesmo dia ele já puxou o cara da PF do Rio aqui pra Brasília. Lá no RJ vamos colocar alguém pra quem eu possa ligar. Tenho que ter alguém da minha confiança perto do Witzel.

    Meus filhos ficaram bem alegres com a mudança. Aposto que no dia dos pais eles vão caprichar. Devo ganhar uma caixa bem cara de chocolate do Flavinho, mais uma bandeira americana do Dudu e um poodle do Carluxo.

    Preciso também dar um jeito é de promover o Renan da Silva Sena, o cara com camisa amarela que foi intimidar os enfermeiros que estavam homenageando os 55 profissionais da saúde mortos pela pandemia. Ele émissionário evangélico da Igreja Batista Vale do Amanhecer e funcionário terceirizado da Damares, no Ministério da Esposa e dos Direitos Sei lá o Quê.

    O Renan (acho que eu tenho um filho com esse nome…, ou será que é Bernard?) está empregado na empresa G4F Soluções Corporativas Ltda, que tem um contrato com o ministério no valor de R$ 20 milhões de prestação serviços operacionais e apoio administrativo.Ele está como analista de projetos do setor socioeducativo, mas o que ele mais faz é aparecer em passeata a meu favor ou contra meus inimigos, como aquela na frente da Embaixada da China. O cara não aparece nem exerce suas atividades no ministério desde março porque disse que está doente. Podia ter aproveitado pra se consultar com os enfermeiros, kkk!

    E teve ainda um caso de recontratação. Foi aquele maestro, o Dante Alguma Coisa, que disse que o rock é coisa de Satanás. Os olavistas me encheram o saco (eles enchem e puxam, cada hora é uma coisa) e eu coloquei o cara de volta na Funarte. A Regina Duarte teve que engolir essa. Vai se acostumando, kkk!

    *José Roberto Torero é autor de livros, como “O Chalaça”, vencedor do Prêmio Jabuti de 1995. Além disso, escreveu roteiros para cinema e tevê, como em Retrato Falado para Rede Globo do Brasil. Também foi colunista de Esportes da Folha de S. Paulo entre 1998 e 2012.

    @diariodobolso

  • Diário do Bolso: a PF é o partido da fofoca

    Diário do Bolso: a PF é o partido da fofoca

    José Roberto Torero*

    Diário, a Polícia Federal resolveu abrir o bico.

    Foi só o Moro e o Valeixo saírem do governo que começou a aparecer um monte de coisa contra os meus meninos. Vingança pura!

    Contaram pros caras do Interceptque o dinheiro das rachadinhas do Flavinho foi usado para financiar os prédios ilegais construídos por milicianos.

    O Queiroz repassava a grana pro Adriano (aquele que foi assassinado há uns meses) e o Flávio recebia os dividendos.

    Pô, mas agora é crime investir na construção civil? Por isso que esse país não vai pra frente. Não valorizam quem quer fazer as coisas!

    E ontem estava na capa da Foice de S.Paulo: “PF aponta Carlos Bolsonaro como articulador de fakenews”.

    Tão dizendo que isso ajudou a me eleger e que são ataques contra meus inimigos, como o Botafogo, quer dizer, o Rodrigo Maia.

    Pô, mas agora é crime inventar umas mentirinhas? É só pra divertir um pouco. Quem é que não riu da mamadeira de piroca e do kit gay? A internet é o brinquedo das crianças de hoje.

    Faltou o Dudu? Não faltou. No texto da Folha diz que o Eduardo também está sendo investigado pela PF no caso das fakenews.

    Olha, no tocante a abreviaturas, PF deve ser a sigla de “Perseguidor de Filhos”.

    Diário, falam que ser pai é padecer no paraíso. Mas paraíso é o cacete! Ser pai não é nem purgatório. É um inferno! Você tem que cuidar pros bostinhas não baterem a cabeçae ficarem meio lesados (mas eles batem mesmo assim), tem que ajudar na escola (quer dizer, pagar professor particular), tem que dar umas tabefes pra parar de fazer troca-troca e, depois de tudo isso, ainda tem que colocar um amigo como diretor geral da PF para eles não irem presos.

    Ainda bem que o Alexandre Ramagem, novo chefão da Polícia Federal, é chapa dos garotos. Até passou oreveilão…, reveillom…, reveilhom…, o fim de ano com o Carlos e o Índio.

    Esse aí não vai deixar nenhuma investigação seguir em frente. Vai é acabar com a PF, que pra mim quer dizer Partido da Fofoca. E sabe como é, Diário: a fofoca é a mãe do impitimem (ou será que se escreve impitimã?).

    @diariodobolso

    *José Roberto Torero é autor de livros, como “O Chalaça”, vencedor do Prêmio Jabuti de 1995. Além disso, escreveu roteiros para cinema e tevê, como em Retrato Falado para Rede Globo do Brasil. Também foi colunista de Esportes da Folha de S. Paulo entre 1998 e 2012.