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Tag: Damares

  • Portela e Mangueira debocham de Damares no subúrbio do Rio

    Portela e Mangueira debocham de Damares no subúrbio do Rio

    A zoação, o bom humor e a crítica são ingredientes inseparáveis do carnaval do Rio de Janeiro, o maior do mundo. Mais uma prova disso se viu na última sexta-feira (18) à noite, em Madureira, no subúrbio do Rio.

    As maiores campeãs e mais populares escolas de samba do Rio, Mangueira e Portela, fizeram uma festa em parceria para criticar a recente fala da ministra Damares Alves, da pasta da Mulher, Família e Direitos Humanos. Damares disse recentemente que estamos “numa nova era no Brasil: menino veste azul e menina veste rosa”.

    A bobagem explícita gerou reações indignadas pelo Brasil, o país que mais mata a população trans em todo o mundo. Só em 2018, foram, pelo menos. 163 mortes violentas de travestis e transexuais.

    “Ridícula”, disse Damião Walsh sobre Damares enquanto ele sambava, vestido de rosa, com sua mãe Zuleika, vestida de azul. Milhares de homens de rosa e mulheres de azul não pagaram para entrar na quadra da Portela. Zuleika, religiosa assim como Damares, ainda disse uma frase que tem muito a ensinar à ministra. “meu filho é gay porque Deus quis assim e tá tudo bem”.

    O assessor de imprensa da Portela disse desconhecer de quem foi a ideia da promoção, mas o fato é que a escola abraçou a ideia. O terceiro mestre-sala da agremiação Emanuel Lima, se apresentou de rosa, dispensando, por uma noite apenas, o tradicionalíssimo azul da Portela. “Aquilo que ela falou foi um absurdo”, disse Emanuel, que parabenizou a iniciativa das duas escolas.

    O povão é claro, também adorou. Pessoas economizaram dinheiro e ainda zoaram da agressão da ministra. “A brincadeira é uma forma de resistência. Esses fascistas que agora estão no poder não vão poder parar o Brasil. O negro continuará vivo, o samba continuará vivo, o carnaval continuará vivo. E continuará vivo assim: com homem e mulher vestindo a cor da roupa que quiser”, disse Mônica Silva, outra que deu de ombros para Damares e deixou em casa o vestidinho rosa de bela, recatada e do lar.

    Imagens: Caetano Manenti Rithyele Dantas

     

  • Ativistas protestam contra Governo Bolsonaro em praça tradicional de BH

    Ativistas protestam contra Governo Bolsonaro em praça tradicional de BH

    Em protesto aos recuos, deslizes e retrocessos do presidente e seus ministros, Belo Horizonte ganhou uma manifestação festiva nesse sábado, 12/01/2019. A “Praia da Estação” consiste em uma performance já tradicional na cidade em que ativistas e pedestres brincam e se banham nas fontes da Praça da Estação, principal espaço público da capital mineira, como forma de protestar e reivindicar seu direito à cidade.

    Com uma história de oito anos, a Praia da Estação foi palco de várias lutas políticas e foi a principal responsável pela restituição do Carnaval de Belo Horizonte, hoje um dos maiores do país.

    Essa edição inaugura 2019 como um ano de forte resistência na cidade, que não perderá os ânimos nem o senso de humor contra o regime fascista do clã Bolsonaro. Intitulada “A Nova Era: Meninos vão de Azul e Meninas vão de Rosa “, o ato foi documentado pelos fotógrafos dos Jornalistas Livres, Maxwell Vilela e Cadu Passos.

     

  • Organização lésbica repudia encontro de LGBTs com Damares

    Organização lésbica repudia encontro de LGBTs com Damares

    A Liga Brasileira de Lésbicas e mulheres bissexuais se pronunciou por meio de carta sobre um encontro entre alguns ativistas LGBTs e a futura ministra dos Direitos Humanos, Damares Alves. No encontro, realizado nessa semana, foi discutido algumas ações da futura pasta da Mulher, Família e Direitos Humanos.

    Veja abaixo a íntegra da carta:

    CARTA ABERTA LBL NACIONAL

    A Liga Brasileira de Lésbicas – LBL é uma articulação política de lésbicas e mulheres bissexuais pela garantia efetiva da livre orientação e expressão afetivosexual. Tendo como princípios: o pluralismo, a autonomia, autodeterminação e liberdade, a democracia, a solidariedade; a transparência; a horizontalidade; a defesa do Estado laico; a defesa dos princípios feministas e suas bandeiras; a visibilidade lésbica e bissexual; a luta antirracista e anticapitalista e de combate às mais diversas formas de LGBTfobia – pautas e princípios esses que o presidente eleito Jair Bolsonaro, seus ministérios e respectivos representantes não apenas se opõem como publicamente propõem extermínio e cerceamento.

    16ª caminhada de mulheres lésbicas e bissexuais de São Paulo, 2 de Junho Foto: Lucas Martins / Jornalistas Livre

    Somos uma rede que em seus 15 anos de existência atuou com posicionamentos independentes, de autonomia política e que nunca se esquivou do debate ético, crítico e coerente em prol da coletividade e da democracia. Desta forma, não acreditamos ser possível aliança com aqueles que pretendem nos exterminar.

    Acreditamos que o controle social tem como função evitar a barganha das pautas inegociáveis de uma sociedade democrática, não sendo possível barganhar direitos LGBTQI+ com um governo que expressa publicamente seu desejo em eliminar a oposição e criminalizar os movimentos sociais. Consideramos impossível ter diálogo enquanto as populações indígenas, comunidades de terreiros, quilombolas e outras organizações e movimentos estão sendo ainda mais dizimadas. Diante do genocídio da juventude negra e do cruel encarceramento em massa que tem cor e classe, não acreditamos ser possível participar de espaços que fomentam a violência estatal e que legitimam as ações da polícia que mata diariamente em nome da segurança pública.

    É irreconciliável negociar garantia de direitos e enfrentamentos a violências específicas de nossa população, como por exemplo, o estupro corretivo, com um Ministério que declara como meta resgatar o “Bolsa Estupro”, um projeto de lei que fere profundamente a dignidade de mulheres, lésbicas e homens trans, visto que é uma vivência que também perpassa nossos corpos. Assim como não é possível conciliar diálogo com defensores da existência da chamada “ideologia de gênero”, e o cerceamento dos debates avançados e dos direitos duramente conquistados pelos movimentos sociais. Sabemos que as instituições democráticas estão fragilizadas e não há garantia de respeito aos princípios democráticos e a laicidade do Estado.

    16ª caminhada de mulheres lésbicas e bissexuais de São Paulo, 2 de Junho Foto: Lucas Martins / Jornalistas Livre

    Acima de tudo, não acreditamos em articulação com governos que apoiaram o golpe institucional misógino, que pretende instaurar uma agenda neoliberal de privatizações destruindo mais de 16 anos de avanços na luta contra a pobreza. A LBL se mantém como oposição política a este governo e faremos o controle social sem nos afastar de todas as lutas feministas, antirracistas e antifascistas, e não coadunamos com a cooptação dos movimentos e de todas as lutas emancipatórias e libertárias. Um governo que propõe extermínio e cerceamento de direitos não “pensa diferente”, mas nos violenta.

    Não nos contentamos apenas com o fato de não retroceder, queremos AVANÇAR!

    Indivíduos do movimento que visam a autopromoção e a busca por ocupação de espaços aliados a um governo fascista, racista e misógino não nos representam e nem legitimam as nossas pautas e buscas por políticas públicas.

    Lésbicas e mulheres bissexuais querem existir com dignidade!

    Liga Brasileira de Lésbicas – LBL – 2018