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  • A saúde e os mártires indígenas

    A saúde e os mártires indígenas

    Amanhece mais um dia. É um sol, água fria. Há desalento na saúde indígena.

    Mais um boletim marca as notas tristes desses dias, mas sei, ser indígena é persistir, meter-se na luta, manter. O número de vítimas indígenas, nas terras do Brasil, só faz crescer com o avanço da pandemia do Covid-19. Tantas lideranças e seus pares partem, nos deixam órfãos entre nações.

     

     

    Aldeia Kalapalo - Alto Xingu
    Aldeia Kalapalo – por helio carlos mello©

     

     

     

    BOLETIM INFORMATIVO DO TERRITÓRIO INDÍGENA DO XINGU

     

    Ogopa Kalapalo, testou positivo para a Covid-19 no dia 07/07 e no dia 09/07 veio a óbito, devido a complicações respiratórias ocasionadas pelo novo coronavírus. Lamentamos muito por mais essa perda no Território Indígena do Xingu. É muito importante mantermos as medidas de prevenção e estarmos atentos à circulação do vírus. São 65 casos confirmados, 60 casos suspeitos e quatro óbitos, no TIX, sendo um deles registrado no município de Canarana. Em caso de sintomas, devemos procurar a equipe de saúde para seguir o tratamento recomendado.

     

    O número de casos nas cidades envolventes da TI Xingu está aumentando!!

     

    Canarana: 154 casos e 3 óbitos

    Querência: 304 casos e 7 óbitos 

    Barra dos Garças: 283 casos e 28 óbitos

    São Félix do Xingu: 784 casos e 8 óbitos

    Sinop: 779 casos e 34 óbitos

     

     Até hoje foram 22.233 casos confirmados e 419 óbitos na bacia do Xingu.

    “Mártires Indígenas”. Tintas acrílica e vinícula; algodão e penas de pássaros recolhidas nas aldeias, 60×80 cm.
    por Denilson Baniwa – “Mártires Indígenas”. Tintas acrílica e vinícula; algodão e penas de pássaros recolhidas nas aldeias, 60×80 cm.

    Atenção! É muito importante tomar cuidado com o uso de remédios não receitados pelos médicos! O remédio só deve ser usado com o acompanhamento do médico! Essa é uma orientação do Ministério da Saúde!

     

     A Barreira sanitária foi implantada! Ela tem a função de controlar as entradas e saídas para proteger o Terra Indígena do Xingu. É muito importante manter o isolamento social e evitar circular nos municípios próximos! 

     

     O número de casos positivos para a Covid-19 em Gaúcha do Norte aumentou de 39 para 54 em apenas uma semana. Não vamos circular nas cidades do entorno!

     

    Recado fundamental aos indígenas sobre as medidas de proteção:

     

    Uso da máscara caseira! 

    Distanciamento de pelo menos 2 metros de alguém que chegar de fora! 

    Lavagem das mãos com água e sabão!

    Uso do álcool gel!

     

     Fique atento! É importante que onde a doença já está sendo transmitida, toda a população siga as medidas de proteção!

     

    Projeto Xingu/UNIFESP
    http://projetoxingu.unifesp.br/

     

    http://projetoxingu.unifesp.br/

  • Inexpugnavelmente

    Inexpugnavelmente

     

     

     

     

     

    Construir um país é derrubar muros, abrir janelas, criar portas.Há uma linha de frente na história, entre pensamento e resistência, escrita por pessoas que pensam e creem nos cuidados com a vida,  saúde coletiva.

    No Brasil colonial eram os curandeiros e barbeiros que propiciavam atendimento de saúde aos menos favorecidos./ desenho por Jean-Baptiste Debret

     

    São antigos os traços, relatos, o percurso dos que querem sim a saúde como direito universal, integral, equânime. 

     

    Será lançado, dia 12, nesta quinta-feira, o LASCOL, Laboratório de Saúde Coletiva, na Escola Paulista de Medicina/Unifesp, na cidade de São Paulo.

     

    Docentes, técnicos, pesquisadores, residentes e alunos da graduação e pós-graduação vinculados à área de Política, Planejamento e Gestão; além de convidados de outras universidades, gestores e trabalhadores do SUS, Conselheiros de Saúde, lideranças e militantes dos movimentos sociais, parlamentares com atuação na área da saúde, etc.

     

     

     

    O compromisso é com a democratização e disseminação de conhecimentos e informações para a sociedade, utilizando a mídia convencional, as redes sociais e outros meios alternativos de comunicação.

     

    Atividades de pesquisa e disseminação de conhecimentos, atividades de extensão, ações diversas com o movimento social, assessoria e consultoria ao que, de fato, importa para se viver numa saúde coletiva.

     

    Políticas sempre em movimento, que necessitam de permanente reflexão em sua construção. E que agora estão em risco.

    A 8ª Conferência Nacional de Saúde (CNS), realizada entre 17 e 21 de março de 1986, foi um dos momentos mais importantes na definição do Sistema Único de Saúde (SUS).

     

     

    Em tempos de conservadorismos e quebra do Estado Democrático de Direito que estamos vivendo, é o próprio SUS, enquanto política pública, universal e gratuita, que está em risco.

     

     

    Abre-se convite aos que não renegam ou abjuram, creem livres, conectam-se.

  • Saúde indígena

    Saúde indígena

    Lideranças indígenas protestam contra as palavras do atual Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS), que anunciou sua pretensão de extinguir a SESAI – Secretaria Especial de Saúde Indígena. Mandetta se pronunciou na Comissão de Constituição e Justiça, dizendo que transformará a SESAI em departamento, inserido numa  Secretaria de Atenção Primária.

     

    A assistência à saúde dos povos indígenas está na hora do caos, anunciam as lideranças dos índios, após ouvirem o pronunciamento do ministro Mandetta. Um grande retrocesso e negação de direitos aos povos indígenas, dizem as lideranças,  será uma grande batalha, a luta continua, pois os povos indígenas foram , são e serão sempre resistência às barbaridades de um sistema cruel e perverso, que ao invés de dar uma melhoria na qualidade de vida dos povos originários do país, promove o retrocesso e a negação dos direitos adquiridos dos povos indígenas. As CASAIs (Casa de Saúde Indígena) da cidade de  São Paulo  e Brasília já suspendem o acolhimento a indígenas que necessitam de abrigo nos grandes centros urbanos, para procedimentos e tratamento. Trabalhadores da saúde indígena estão a três meses sem receber salários.

     

     

    O Brasil conta com 34 DSEIs (Distrito Sanitário Especial Indígena), divididos por critérios territoriais, para adotar medidas qualificadas de atenção à saúde dos povos originários. No Brasil, os povos indígenas compõem 305 etnias, falam 274 línguas e totalizam, aproximadamente, 897 mil indivíduos a serem atendidos pela SESAI.  No atual modelo de saúde indígena, por meio da SESAI, o governo federal desenvolve ações de atenção integral à saúde indígena – sobretudo atenção básica – em consonância com programas do SUS (Sistema Único de Saúde) e práticas de saúde tradicionais indígenas em todo o país.

     

     

    Trata-se de um Subsistema de Saúde Indígena no interior do SUS articulado pela secretaria especial em parceria com órgãos vinculados ao Ministério da Saúde e voltados à atuação local, como os 34 DSEIs espalhados pelo território.

     

     

     

                                                                                                                                                                                Mariana Vick, do Nexo Jornal, escreve:

     

    A política de saúde indígena

     

     

     

     

    O QUE É O SUBSISTEMA

     

    Atribui-se a sigla SasiSUS ao Subsistema de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas, rede específica de serviços de saúde em âmbito federal. O SasiSUS foi criado em 1999, por meio da Lei Arouca, como forma de atender às especificidades sociais e epidemiológicas das populações indígenas. Desde 2010, a Sesai coordena o subsistema.

     

    COMO ELE SE ARTICULA

     

    Uma das principais características do atual modelo de gestão de saúde indígena são os DSEIS, unidades gestoras locais divididas a partir de critérios territoriais, com base na localização de comunidades indígenas. No total, são 34 em todo o país. Além dos DSEIS, a estrutura de atendimento local para a população indígena abrange postos de saúde, polos base (administrativos) e as chamadas Casas de Saúde Indígena.

     

    QUAIS SÃO SEUS SERVIÇOS

     

    A atenção básica (ou atenção primária) está no primeiro nível de atenção dos sistemas de saúde. Caracteriza-se por ações no âmbito individual e coletivo voltadas à promoção da saúde (como programas de educação) e à prevenção, ao tratamento e à reabilitação de agravos.

     

    O atual modelo de gestão atende a parâmetros da Política Nacional de Saúde Indígena, documento de 2002 que garante aos povos indígenas atenção integral à saúde, contemplando sua diversidade sociocultural e admitindo a participação das comunidades para controle dos serviços.

     

    Algumas facilidades do modelo são a proximidade das unidades de saúde com comunidades indígenas, a presença de equipes aptas para lidar com esses grupos e a manutenção dos trabalhadores nos DSEIS, mais resistentes a mudanças políticas que estados e municípios.

     

    Além de ações voltadas à atenção em saúde, a Sesai coordena ações de saneamento e edificações em regiões onde vivem grupos indígenas. É responsável também por articular com estados, municípios e ONGs outras ações em saúde e fortalecer o controle social sobre o setor.

     

    Por que a saúde indígena é diferente

    A política diferenciada de saúde indígena baseia-se no princípio constitucional de que cabe ao Estado assegurar aos povos originários suas culturas, cosmovisões e organizações sociais – devendo garantir, portanto, um sistema de saúde adequado a seus modos de vida.

     

    “Os povos indígenas têm direito a suas próprias medicinas tradicionais e a manter suas práticas de saúde, bem como desfrutar do nível mais alto possível de saúde, e os Estados devem tomar as medidas necessárias para atingir progressivamente a plena realização deste direito”

    Organização das Nações Unidas na Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas, documento aprovado em 2007

     

     

     

    “Para os povos indígenas, a saúde está intimamente relacionada com a Mãe Terra e uma relação equilibrada entre os seres vivos e a natureza. […] [seus sistemas de saúde] articulam diversos aspectos da sua organização social e da sua cultura, a partir do uso das plantas medicinais, dos rituais de cura e das práticas de promoção da saúde”

     

     

     

     

     

    Conselho Indigenista Missionário em encarte educativo sobre saúde indígena, de 2015

     

    No Brasil, a constituição de uma política diferenciada deve se basear na troca de experiências entre equipes médicas e comunidades e na gestão participativa no sistema de saúde, segundo lideranças indígenas. O modelo também estaria relacionado à demarcação de terras, consideradas essenciais para “a vida em seu sentido pleno”.

     

    A gestão da saúde indígena foi transferida ao governo federal tanto pela capacidade técnica da União, maior responsável pela política indigenista, quanto por seu montante de recursos – necessários, por exemplo, para a manutenção de ações permanentes em áreas geralmente remotas. Além disso, o governo não está envolvido em conflitos fundiários que afetam indígenas e lideranças políticas locais.

    As particularidades do atendimento de saúde indígena

     

    CULTURA

     

    O atendimento médico em comunidades indígenas caracteriza-se pelo que se chama de uma “situação de transculturação”, a partir do contato entre o sistema médico oficial e sistemas tradicionais de cura desenvolvidos pelas populações originárias. A “sobreposição” de ambas as medicinas envolve conflitos de compatibilização entre a equipe médica e o grupo atendido, diz artigo de 1989 da Fiocruz. Nesses casos, é importante haver mediação antropológica tanto no acompanhamento de programas de saúde quanto na formação de pessoal na área.

     

    GEOGRAFIA

     

    A maior parte das comunidades indígenas está no Centro-Oeste e na Amazônia, vivendo em aldeias distantes, esparsas e de baixa densidade demográfica. Isso implica dificuldades de acesso que, somadas à deficiência de recursos e de infraestrutura, exigem a articulação de um sistema de comunicações permanente, a fim de dar continuidade a ações (em saúde, por exemplo) voltadas a essas populações.

     

    PERFIL EPIDEMIOLÓGICO

     

    As comunidades indígenas costumam apresentar perfil epidemiológico diferente das não indígenas no Brasil. Incidências maiores de desnutrição, DSTs, doenças negligenciadas e enfermidades preveníveis tendem a ser comuns entre essas populações, devido a más condições sanitárias onde a maior parte delas vive e a dificuldade de acesso a serviços de saúde. Mudanças sociais, econômicas e ambientais também podem levar ao aumento de doenças crônicas (câncer, hipertensão, diabetes) e mentais (alcoolismo, suicídio) entre grupos que têm contato com áreas urbanas. São fatores diretos para esse quadro as transformações aculturativas em seus modos de vida, o estresse social e a marginalidade econômica.

     

    O que diz a experiência

     

     

     

    Antes da criação da Sesai, a saúde indígena era organizada, desde 1999, pela Funasa (Fundação Nacional de Saúde), agência federal responsável por criar políticas na área sanitária, além de atuar por prevenção e combate a doenças e atenção para populações carentes.

     

    Ainda que contasse com a estrutura do Subsistema de Saúde Indígena e os DSEIS – semelhanças com o paradigma atual -, o modelo antigo incluía convênios com municípios e com organizações destinadas a realizar serviços de atenção, prevenção e saneamento. A ideia era considerada uma “solução temporária” para as deficiências em saúde.

     

    Ao longo do tempo, lideranças indígenas consideraram que a manutenção do modelo havia tornado “figurativos” conselhos de participação e “inócuas” deliberações de movimentos organizados ligados à saúde. A falta de controle social resultou em piora da qualidade dos serviços.

     

    Em 2004, a execução direta do atendimento em saúde foi recuperada pelo governo federal, e às conveniadas sobrou o papel de contratar pessoal, fornecer insumos às aldeias e deslocar indígenas de sua residência até equipamentos de saúde distantes, por exemplo.

     

    Além da “falta de controle de recursos” concedidos a ONGs para essas atividades, os problemas de agora, segundo o ministro da Saúde, envolvem o alto volume de indicações políticas nos DSEIS.

     

    Para líderes e organizações do setor, no entanto, o repasse da responsabilidade pela saúde para estados e municípios não resolve problemas como esses – o ideal seria corrigi-los no sistema federal.

    O site do CIMI (conselho indigenista missionário) hoje divulgou porque a proposta de municipalizar a saúde indígena é um erro e está sendo combatida pelos povos indígenas:

     

    Neste momento, passados quase 20 anos da publicação da lei Arouca, que criou o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena, os povos indígenas seguem na incerteza e insegurança quanto ao modo como se assegurará a atenção à saúde no governo Bolsonaro. Mesmo depois de terem sido realizadas cinco Conferências de Saúde Indígena, e nelas terem sido estabelecidas diretrizes e propostas para as políticas, pouco se avançou no sentido de consolidação de um modelo de atenção à saúde: diferenciado e participativo. Segue-se por um caminho sem direção determinada, e o mais grave, desconsiderando as discussões já realizadas em etapas locais e distritais da 6ª Conferência Nacional de Saúde dos Povos Indígenas, que ocorreram em 2018, nas quais se priorizou a discussão e elaboração de propostas tendo em vista o fortalecimento do Subsistema de Atenção à Saúde.

    Um dos pilares da 6ª Conferência Nacional de Saúde Indígena será a defesa da saúde como direito de todos, que só poderá ser garantida pela manutenção e fortalecimento do SUS. Entre os objetivos da conferência está a atualização da Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas, publicada em 2002, e a redefinição das diretrizes, no sentido de efetivamente levar em conta as particularidades étnicas e culturais no modelo de atenção à saúde dos povos indígenas. A conferência tem como tema central: “Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas: atenção diferenciada, vida e saúde nas comunidades indígenas”.

    Lamentavelmente, em meio à realização da 6ª Conferência, cuja etapa nacional se dará em maio de 2019, o governo federal anuncia mudanças nos rumos da política, propondo a municipalização e a estadualização da atenção à saúde aos povos indígenas, sem levar em conta as deliberações das conferências anteriores e, muito menos, as propostas que foram debatidas e aprovadas nas conferências distritais.

     

  • Os gritos de “Fora Temer, fora Golpista” voltam às ruas de BH

    Os gritos de “Fora Temer, fora Golpista” voltam às ruas de BH

    Soa como piada, mas o assunto é sério. A situação do País é calamitosa, pois o (des)Governo atual surgiu de um golpe, é conhecido internacionalmente como trapalhão, foi delatado como corrupto e “chefe da quadrilha mais perigosa do Brasil”. Mesmo assim, o ilegítimo ainda quer tirar direitos e aposentadoria dos trabalhadores.

    Hoje, contra essas atrocidades, em Belo Horizonte, petroleiros, metroviários, técnicos da UFMG, da saúde pública, além de professores da rede Estadual e profissionais da Copasa e da Cemig, entre outros, aderiram à greve geral e se juntaram a milhares de pessoas que protestavam pelo fim das Reformas Trabalhista e da Previdência pelo centro da Capital. A concentração do movimento teve início às 9h na Praça da Estação e os manisfestantes, com faixas e cartazes, se deslocaram em direção à Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

    Robson Silva, presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios, disse que a categoria também paralisou “atendendo ao chamado das Centrais Sindicais e ao clamor da população”. Segundo Robson, a luta é perversa e, por isso, “a esquerda tem que se unificar”.