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Tag: cortes

  • Desgoverno corta o FIES e arrocha funcionalismo em 2020

    Desgoverno corta o FIES e arrocha funcionalismo em 2020

    O FIES, programa de financiamento de mensalidades em universidades privadas a juros baixos, em 2014 chegou a 732 mil contratos. Para 2019, o governo neoliberal anunciou 250 mil contratos. Para 2020 serão apenas 100 mil e para 2021 o número deve chegar a 54 mil contratos. Esses cortes, junto ao sucateamento das universidades públicas, prejudicam especialmente os mais pobres.

    Orçamento 2020: Desgoverno corta 5,8 bilhões do gasto de pessoal e participação cai de 5,7%(2019) para 5,5% do PIB.

    O gasto previdenciário cresce 40 bilhões e a sua participação do PIB cresce de 8,6% (2019) para 8,9% (2020).

    O Beneficio de progressão continuada (BPC) caiu R$ 10 milhões e o gasto com seguro desemprego será de R$ 40 bilhões, o mesmo de 2019. A participação do seguro desemprego frente ao PIB cai de 0,6% (2019) para 0,5% (2020).

    O investimento, somado aqui as empresas públicas, cresce 6,2 bilhões e mantém a participação no PIB.

    O déficit primário previsto para 2020 é de R$ 124,1 bilhões.

    Até novembro o déficit primário foi de R$ 80,3 bilhões e a imprensa deu isto como um número bom para o desgoverno. Ocorre que o governo federal fez uma nova estimativa orçamentária em dezembro e o déficit primário deve ser de 137,6 bilhões ou R$ 1,4 bilhão a menos que o previsto.

  • Após corte de verbas nas universidades feito pelo Governo Bolsonaro, seguranças da UFBA paralisam atividades

    Após corte de verbas nas universidades feito pelo Governo Bolsonaro, seguranças da UFBA paralisam atividades

    Matéria originalmente publicada no Mídia 4P.

    Na noite desta terça-feira, 20, seguranças terceirizados da Universidade Federal da Bahia (Ufba) paralisaram suas atividades. A interrupção do serviço fez com que algumas unidades suspendessem as aulas.

    “A Ufba foi surpreendida com a suspensão dos serviços de segurança agora pela noite, inclusive na Faculdade de Direito. Estamos determinando a suspensão das aulas do último horário de hoje. Amanhã avaliaremos a situação com a reitoria”, afirmou, em nota, o diretor da Faculdade de Direito, Julio Cesar de Sá da Rocha.

     

    A paralisação do serviço da categoria ocorre após o Governo Bolsonaro ter feito cortes nos orçamentos de universidades públicas. Em nota, a Ufba informou que “o serviço de segurança foi normalizado” e que “as atividades da universidade prosseguem normalmente nesta quarta-feira e as aulas, em todos os turnos, serão ministradas”.

    “A Universidade reconhece que a grave situação orçamentária decorrente do contingenciamento de recursos e do bloqueio de 30% de seu orçamento pelo Ministério da Educação afeta os membros de sua comunidade, e pleiteia a liberação imediata de todo o seu orçamento”, ressaltou, em nota, a Ufba.

    Está prevista para esta quinta-feira, 22, uma reunião geral dos vigilantes da empresa MAP, que presta serviço à Ufba. Eles se reunirão às 8h30 no portão do campus de Ondina.

    Em boletim, o Sindicato dos Vigilantes (Sindvigilantes) informou que a empresa MAP comunicou à entidade a suspensão do contrato de trabalho de 338 vigilantes que atuam nas unidades da Ufba.

    O sindivigilantes informou, ainda, que adotará medidas cabíveis e que solicitou reunião com a Ufba. O Grupo MAP e o Sindvigilantes foram procurados pelo Mídia 4P, mas não foram localizados.

  • Future-se: Salto para o passado

    Future-se: Salto para o passado

    Neste episódio, a equipe do Chutando a Escada Podcast, recebe os professores Lucas Tasquetto (UFABC) e Maria Carlotto (UFABC) que falam sobre o Future-se, programa do governo federal para o desmonte das universidades federais brasileiras. Neste episódio, entenda para quem serve esta contrarreforma privatista, saiba quais são as armadilhas e ameaças presentes no projeto e chame o ministro Weintraub pelo o que ele realmente é: um mentiroso!

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    Participaram desse podcast:
    Filipe Mendonça – twitter.com/filipeamendonca
    Geraldo Zahran – twitter.com/gnz20
    Lucas Tasquetto – facebook.com/lucas.tasquetto
    Maria Carlotto – facebook.com/lucas.tasquetto

     

    Podcasts citados na abertura do episódio

    El Efecto • Carlos e Tereza (videoclipe) – https://bit.ly/2SVuft4

    Chute 056 – Educação Superior, direito ou negócio? – https://bit.ly/2KdtWpA

    Chute 079 – Cobrança de mensalidade nas universidades federais: para que e para quem? – https://bit.ly/2Ye0CJn

    Chute 111 – Balbúrdia nas Universidades Federais – https://bit.ly/2K5E05a

    #122 | Teologia de Boteco | Teologia no Café (ao vivo), com os ouvintes de São Paulo! – https://bit.ly/2YtYkBf

    Babel Podcast – https://spoti.fi/2KhFzeW

    Punho Podcast – https://spoti.fi/2Zx0PDS

    As Árvores Somos Nozes – https://bit.ly/2yucKGE

    *** Textos sobre o Future-se ***

    -Fernando Cássio (org.) ‘Educação contra a Barbárie’, Editora Boitempo (2019) – https://amzn.to/30WAEa0

    -Minuta do Projeto de Lei do Future-se – https://wp.me/a8QmEq-jx

    -Future-se: Leia a íntegra da proposta do MEC sobre mudanças na gestão das universidades federais, 17/07/2019, G1 – https://glo.bo/2JJlZbo

    -Weintraub propõe a universidade amordaçada, 23/07/2019, Maria Carlotto – https://bit.ly/2YdIr1J

    -Universidades: a “nova” estratégia do governo, 17/07/2019, Maria Carlotto – https://bit.ly/2YqAKcH

    -Fio do Daniel Cara: https://bit.ly/2NYW2Kd

    -Fio do Fernando Cássio: https://bit.ly/2K7W7aA

    -Danilo Tavares aponta os problemas da “consulta pública” do MEC: https://bit.ly/2GDHXf7

    -Roberto Leher (UFRJ), Análise preliminar do Future-se – https://wp.me/a8QmEq-jz

    -Future-se: a privatização da universidade ganha novo disfarce, 16/07/2019, Blog do Prof. Christian – https://bit.ly/2KduCv8

    -10 pontos negativos do projeto FUTURE-SE do Ministério da Educação, 17/07/2019, Lopo Guará – https://bit.ly/2YxWNOw

    Sonoras:

    Ministro usa chocolates para explicar bloqueio de recursos – https://www.youtube.com/watch?v=ozgLJzZeLRk

    PGR pede condenação do ministro da Educação, Abraham Weintraub – https://www.youtube.com/watch?v=Aa7L8aB6KXw

    Veja as polêmicas do novo ministro da Educação, Abraham Weintraub – https://www.youtube.com/watch?v=59uYR3Y_E5w

    Trilha sonora:

    Another Brick in the Wall, Pt. 1 – Pink Floyd
    Back to the Future: Main Theme – Alain Silvestri
    Receita Pro Fracasso – Dead Fish
    Carlos e Tereza – El Efecto
    O dia em que a terra parou – Raul Seixas

  • Fature-se ou FXXX-SE – MEC mente ao dizer que mercado vai investir em educação

    Fature-se ou FXXX-SE – MEC mente ao dizer que mercado vai investir em educação

    FUTURE-SE É O PROGRAMA
    DO DESMONTE DA UNIVERSIDADEOS FINANCISTAS DO MEC apresentaram hoje pela manhã o projeto Future-se, que busca alterar radicalmente o ordenamento jurídico, patrimonial, pedagógico, trabalhista e o papel social das Universidades públicas. Toda a apresentação tinha o figurino de encontro de negócios espertos. Não faltaram painel de Led e apresentador de bleiser azul marinho sem gravata a recitar vantagens para todos, promessas de happy startups, criação de fundos, investimentos, PPPs, organizações sociais e a possibilidade de professores “ficarem ricos”.”Nós nos inspiramos em Friedman”, foi dito a certa altura. Às escâncaras, trata-se de um acelerado processo de privatização das instituições públicas, que ganharão suposta eficiência e vinculação ao mercado, como as krotons da vida.NO GOVERNO FHC, anos 1990, as privatizações eram alardeadas como forma de se superar a chamada ineficiência estatal, a falta de telefones, as carências no mercado de energia, os cabides de emprego, os cartórios corporativos etc. etc. Para chegar ao objetivo pretendido, foi preciso massacrar a opinião pública com a ladainha de que a venda de estatais era o segredo para a superação de nosso “atraso”, e que com auxílio do mercado estaríamos em sintonia com o “primeiro mundo”.

    No governo Bolsonaro, nem argumentos desse tipo há mais. Existe chantagem, feita por quem nada tem a ver com educação. Cortam-se orçamentos – o que inviabiliza de imediato o funcionamento das instituições – , coloca-se a faca no pescoço de reitores, professores, alunos, técnicos administrativos e monta-se um teatro midiático, cuja adesão seria opcional.

    A UNIVERSIDADE PÚBLICA BRASILEIRA é um modelo internacional de sucesso. Ela não apenas produz ciência de ponta, como se volta – na maior parte dos casos – para a resolução de problemas concretos e materiais da sociedade. A “torre de marfim” autossuficiente tornou-se anacrônica, em especial ao longo das últimas décadas, fruto da expansão de unidades pelo país.

    O aumento do número de vagas, as políticas de cotas e sua presença cada vez maior na vida pública faz dessas instituições a marca de um Estado que verdadeiramente se articula com as demandas sociais. Temos aqui algo raro nos Estados Unidos ou na Europa Ocidental: universidades de massa, amplas, plurais e financiadas com o dinheiro dos impostos.

    HÁ UMA DÉCADA, o documentário “Inside job”, de Charles Ferguson, ganhou o Oscar da categoria ao fazer uma varredura profunda nas causas e consequências do tsunami financeiro originado nos EUA, em 2008. Secundariamente, a fita exibiu a imensa teia de interesses privados que se sobrepõem à Universidade estadunidense. Lá, é bom lembrar, cresce a legião de jovens inadimplentes que não conseguem arcar com os altos custos das anuidades (O ministro da Educação afirma que não haverá cobrança de anuidades. Por enquanto).

    Três professores de Harvard – também operadores no mercado financeiro – foram desmascarados diante das câmeras por darem aval acadêmico à saúde financeira de empresas e países a peso de ouro.

    Harvard é um centro de excelência global, especialmente nas áreas de Direito e Finanças. Tem cerca de 23 mil alunos e é privada. A USP tem 95 mil alunos e é pública.

    SEGUNDO O CENSO DA Educação Superior do INEP, o Brasil possui “296 Instituições de Educação Superior (IES) públicas e 2.152 privadas, o que representa 87,9% da rede. Das públicas, 41,9% são estaduais; 36,8%, federais e 21,3%, municipais. Quase 3/5 das IES federais são universidades e 36,7% são Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (IFs) e Centros Federais de Educação Tecnológica (Cefets)”.

    Com raríssimas exceções, a pesquisa está concentrada nas públicas. Por esse motivo, é aí que se concentra o pensamento crítico e seus resultados em diversas áreas se traduzem em importante apoio para políticas públicas.

    Os milicianos da gestão Bolsonaro não conseguem externar a mesma distorção conceitual que fazem no debate da Previdência, de que “o sistema dá prejuízo”.

     

    Se olharem apenas para o que o orçamento do MEC, com pensamento terraplanista de contador, “o sistema dá prejuízo”, sim.

    O raciocínio é evidentemente torto. Direitos e serviços públicos não são negócios regidos pelas sacrossantas leis do mercado, mas pelo benefício universal que geram. O modelo de gestão proposto pelo “Future-se” é o “Vire-se” para captar recursos. Quem conseguir dinheiro, segue funcionando – com alta ingerência de investidores nos conteúdos pedagógicos – e quem não conseguir, adentrará literalmente no programa “Foda-se”

    Como o projeto bolsonarista é o da entrega da Petrobrás, da Embraer, da Eletrobrás, do saneamento e do desmonte do BNDES, do SUS e de várias ferramentas do desenvolvimento e da soberania nacional, acabar com a Universidade é algo que está na conta. Pesquisa e inovação de ponta será feita pelos novos donos desses ativos.

    Impedir esse ataque fulminante é impedir que se acabe com o futuro do país. Apesar do nome do programa ser o horrível trocadilho Future-se.

  • Professor expõe cortes feitos por governador petista em universidades baianas

    Professor expõe cortes feitos por governador petista em universidades baianas

    O GOVERNO DA BAHIA POSSUI PROJETOS PARA AS UNIVERSIDADES ESTADUAIS?
     
    Gildeci de Oliveira Leite*
     
    Afirmar que o governo do estado da Bahia não apresentou projeto para as universidades estaduais baianas (UEBAS) pode ser falso. Ter o propósito de executar algo, ter um plano detalhado de um empreendimento, possuir um conjunto de ideias, esboçar um trabalho, tudo isso é sim ter projeto. Pensando assim, o governo do estado da Bahia já apresentou e executou alguns projetos. 
     
    É verdade que algumas execuções não ficaram restritas às universidades. O aumento da contribuição previdenciária, por exemplo, foi um projeto executado para todos os servidores do estado da Bahia, assim como a precarização do PLANSERV (plano de saúde dos servidores). Já a extinção da aposentadoria integral não afetou todos os servidores, liberando deste infortúnio as remunerações maiores, punindo professores e demais servidores estaduais. Especialmente para os professores das UEBAS, em 2015 o governo acabou com a licença sabática.
     
    Temos ainda o fim estabilidade econômica, da licença prêmio e os sucessivos cortes orçamentários. No final de 2018, como presente de Natal, os pesquisadores das UEBAS tiveram suas cargas horárias prejudicadas em 1/3, pois o governo aumentou a carga horária mínima de sala, diminuindo o tempo da pesquisa acadêmica. Como já dito em outras oportunidades, o desenvolvimento do país está diretamente atrelado a seu desenvolvimento crítico e científico.
     
    Portanto, projetos o governo do estado da Bahia os tem para as UEBAS. Contudo, até o momento, projetos que em nada contribuem para o fortalecimento das UEBAS, patrimônio do povo da Bahia.
     
    Em meio à greve deste primeiro semestre de 2019, declarações de autoridades representativas do governo do estado parecem tentar confundir a população baiana, quando afirmam que entramos em greve negando ao governo a possibilidade de negociação. Seria mais um projeto executado pelo governo do estado da Bahia, talvez o principal, tentar colocar a opinião pública contra os docentes das UEBAS?
     
    Não devemos esquecer o recente anúncio de corte de salários! Faz-se necessário afirmar que os sindicatos das quatro universidade estaduais baianas – UNEB (Universidade do Estado da Bahia), UEFS (Universidade Estadual de Feira de Santana), UESC (Universidade Estadual de Santa Cruz) e UESB (Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia) – sempre estiveram e estão dispostos ao diálogo, ao contrário do governo.
     
    Fala-se muito do momento político do país, fala-se muito dos contingenciamentos orçamentários, inexistentes na Bahia quando os investimentos se referem a possibilidades de inaugurações públicas, ações de fácil encantamento.
     
    A opção apenas pelas possibilidades de inaugurações de obras aponta para a desistência do investimento na educação cidadã. Têm-se abandonado o caminho da contribuição para a consciência popular, afirmando com as ações do governo, que o patrimônio imaterial não tem valor.
     
    Desta forma, as ações do governo dizem que a cultura, a educação, a formação do povo seriam menos valorosas do que tudo aquilo que for construído de concreto armado e/ou de pedra e de cal. Precisamos valorizar, edificar patrimônios materiais e imateriais. Há recursos para obras, para educação, para a ciência e a tecnologia.
     
    Desprezando o valor dos patrimônios imateriais, é natural que os maiores equívocos do governo do estado da Bahia sejam as suas ações contra as universidades. Mas há caminhos para que as obras não parem e para que os patrimônios imateriais baianos não fiquem sujeitos à deterioração.
     
    Há alguns anos tenho proposto uma articulação entre o ensino superior e o ensino básico. Tudo indica que existe algo já sendo gestado, infelizmente sem a oitiva do movimento docente, da sociedade civil organizada.
     
    Não podemos criticar a extinção dos canais de participação social nas políticas públicas pelo governo federal e propor algo para a execução das UEBAS, FAPESB (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia), IAT (Instituto Anísio Teixeira) sem a ampla participação do movimento docente.
     
    Os caminhos devem ser da participação de todos os segmentos sociais nas decisões e, principalmente, do devido aproveitamento das competências das UEBAS nos planos de trabalho das secretarias de Estado.
     
    Por quais motivos as Secretarias de Estado não aproveitam as produções dos pesquisadores das UEBAS para a melhoria de suas ações e criação de outras ações? Por quais motivos a inteligência das UEBAS não é contratada para questões relacionadas às diversas Secretarias de Estado?
     
    Por mais irônico que possa parecer, com a inexistência de projetos que inter-relacionem UEBAS e secretarias de Estado, o governo, que tanto fala em economia de recursos, certamente gasta mais, podendo gastar melhor, portanto, investir. Um consultor para, por exemplo, a Secretaria de Segurança Pública ou quem sabe para a Secretaria de Políticas para Mulheres, com certeza irá utilizar o conhecimento gerado em uma universidade pública, ensinado e muitas vezes produzido por uma UEBA.
     
    O que falta para a construção de legislação, editais de pesquisa e/ou intervenção de interesse do estado da Bahia com concorrência exclusiva ou prioritária de pesquisadores das UEBAS e de grupos de pesquisas aos quais fazem parte?
     
    A explicação é simples e merece ser simplificada para o grande público. O governo paga por serviços, que são criados e ensinados nas universidades, contudo quem ganha por esses serviços não são os professores pesquisadores, seus grupos de pesquisa, técnicos, estudantes ou as universidades, mas empresas privadas. Há algo mais absurdo do que o estado contratar empresas de capacitação docente, quando os capacitadores das capacitadas empresas foram capacitados nas UEBAS?
     
    Ou, pensando nas obras da ponte Salvador – Itaparica, quão absurdo tem sido a ausência das UEBAS na percepção do impacto ambiental, cultural e nas formulações para a construção da ponte, seja para ensinar, seja para aprender? Por quais motivos as expertises jurídicas, médicas, arquitetônicas, educacionais das UEBAS não são contratadas pelo governo do estado para atender às populações carentes da Bahia?
     
    Com certeza o envolvimento das UEBAS na execução e proposição de diversas políticas públicas do estado, além de valorizar nossas universidades, beneficiaria o povo, geraria considerável economia de recursos financeiros.
     
    Se iniciativas como as propostas aqui forem implementadas, a FAPESB, o IAT ou as próprias UEBAS terão capital financeiro suficiente para suas atividades, para suas comunidades. Entretanto, tudo deve ser devidamente conjugado com outras ações de valorização do magistério superior das UEBAS, como as pautadas por nossos sindicatos. Não há dificuldades na implementação de ações derivadas do que aqui se propõe. Afinal de contas, a atual gestão do governo do estado possui ampla maioria na Assembleia Legislativa do Estado da Bahia. Sendo assim, tendo o poder, não pode faltar vontade e/ou visão política.
     
    Tenho certeza que a maioria das comunidades acadêmicas das UEBAS continua à disposição para contribuir com nosso estado.
     
    *Gildeci de Oliveira Leite é escritor, professor da UNEB – Universidade do Estado da Bahia e sócio do Instituto Geográfico e Histórido da Bahia – IGHB
  • A SALA DE AULA É UM ESPORTE DE COMBATE

    A SALA DE AULA É UM ESPORTE DE COMBATE

    Os severos cortes à educação brasileira, em todos os seus níveis, anunciados pelo governo Bolsonaro (PSL) nos últimos dias, provocaram em meu corpo dores físicas. Trabalhar com a educação nesse país já é muito desgastante por vários motivos, desde a falta de condições de trabalho, as muitas turmas e salas superlotadas, a violência, o desgaste emocional e psicológico, os BAIXOS SALÁRIOS PAGOS, dentre tantos outros motivos que levam centenas de professores e professoras a pedir licença médica por condições de estresse, depressão e a síndrome de burn-out, e até mesmo a largar o magistério. PROFESSOR NÃO É VAGABUNDO. Resiste quem consegue. Enquanto professora, eu posso dizer que o chão da sala de aula não está nada fácil e que o ódio que este governo tem de nós, professoras e professores, nos atinge em todos os âmbitos de nossas vidas. PRECISAMOS NOS PROTEGER.

    A reforma da previdência, que ataca duramente as professoras e professores deste país, ao propor acabar com a aposentadoria especial, que existe justamente porque há um reconhecimento que a profissão docente é extremamente estressante, nos tira o nosso direito de se aposentar e nos obriga a trabalhar praticamente uma década a mais. O maldito projeto Escola Sem partido, ou melhor, Lei da Mordaça, não foi aprovado no congresso nacional porque é inconstitucional e inviabiliza a própria razão de ser da educação, que depende da liberdade de pensamento para existir enquanto tal. A função da escola se inviabiliza com a CENSURA, que é o que propõe de fato esse projeto, mesmo assim, ele parece estar legitimado na escola e na sociedade. A quantidade de professoras e professores sendo assediados, perseguidos, demitidos e respondendo a sindicâncias é enorme. PROFISSÃO DE RISCO. As denúncias só aumentam e revelam o quanto a censura já está entre nós. Esse projeto estimula o ódio e a consequente desvalorização dos docentes no país, seja na opinião pública, ao diminuir o trabalho docente como mera “doutrinação”, seja estimulando os alunos a filmar, expor e denunciar seus professores e professoras, numa campanha nacional encabeçada pelo MBL (Movimento Brasil Livre). Um dos efeitos mais nefastos e, propositalmente, é a lógica de colocar aluno contra professor e vice e versa. A união entre estudantes e professores é muito poderosa na sociedade e ameaça qualquer governo. A relação ensino-aprendizagem passa diretamente pela mediação entre os discentes e docentes e é uma relação muito mágica, afinal de contas, somos nós e eles em sala de aula, cotidianamente durante o ano inteiro e, em alguns casos, por mais de um ano de convivência. É UMA RELAÇÃO HUMANA, de carinho, amor, respeito e afeto.

    O ataque a nós, professoras de sociologia e filosofia, é ainda maior, porque, inevitavelmente, os conteúdos de nossas aulas são os assuntos que eles querem censurar. As nossas aulas permitem a escola abordar temas que eles não querem que falemos em sala de aula e que, inclusive, eles querem reprimir e censurar na sociedade, como a discussão de gênero e sexualidade, o ensino da História e Cultura-Afro-Brasileira e a discussão sobre as doutrinas sociais (capitalismo, socialismo, comunismo e anarquismo). Quando eu pego o currículo mínimo de Sociologia do Estado do Rio de Janeiro, eu entendo o porquê eles têm tanto medo da nossa disciplina e, por isso, precisam reprimi-la veementemente.

    Eu vejo a SOCIOLOGIA como ferramenta possível de compreensão da estrutura da sociedade brasileira e ensinar sociologia para alunos do ensino médio é possibilitar a esses jovens compreender os mecanismos de opressão dessa sociedade, dessa maneira, a educação se torna aquilo que Paulo Freire chamou de “PRÁTICA DA LIBERDADE”, isto é, “o meio pelo qual homens e mulheres lidam de forma crítica com a realidade e descobrem como participar na transformação de seu mundo”. Em tempos de FASCISMO, censura, repressão, apologia a ditadura militar e uma FALSA DEMOCRACIA, pensar é muito perigoso. Quem conhece a história da sociologia na educação básica desse país sabe que ela é intermitente, isto é, acompanha a vida política. Em períodos de expansão da democracia ela aparece nos currículos escolares, enquanto, em períodos ditatoriais e de repressão, ela desaparece das escolas. Portanto, a luta dos professores e professoras pela sociologia na escola é uma luta pela democracia. A retirada da disciplina e a perseguição aos docentes é um bom termômetro do nível de democracia ou não que estamos vivendo.

    Em tempos de tantos ataques aos direitos da classe trabalhadora, nós, professoras da rede estadual de ensino do Rio de Janeiro, estamos há 5 anos sem reajuste salarial. O arrocho implementado na gestão do governador Pezão está acarretando a perda de poder aquisitivo dos salários que não são corrigidos anualmente, conforme determina a lei. A categoria já acumula mais de 28% de perdas salariais. Esse ano, o governador Wilson Witzel (PSL) já declarou que não haverá reajuste salarial para os servidores públicos do Estado do Rio de Janeiro. Diante de tantas desumanidades e adversidades, nós, professoras e professores deste Estado, devemos não somente ousar lutar, mas temos a responsabilidade de não esmorecer durante a jornada. Por nossos alunos e alunas, por nossa categoria, por nós mesmas, pela educação no Brasil, não nos abateremos e resistiremos com muita coragem. SOMOS REFERÊNCIA, para muitos jovens. NINGUÉM SOLTA A MÃO DE NINGUÉM.

    Amanhã, em sala de aula, eu nem sei por onde começar o SEGUNDO BIMESTRE, pois acreditar que a escola é uma bolha, uma ilha e que está isolada da sociedade, com certeza não é a minha prática docente. Até porque a sociologia urge em discutir o que se passa na sociedade, portanto, amanhã nós vamos entrar em sala de aula de cabeça erguida, SEM MEDO e vamos discutir sobre a EDUCAÇÃO BRASILEIRA, ontem, hoje e amanhã. Vamos pensar sobre que escolas e universidades nós queremos! Vamos denunciar os cortes na educação do governo Bolsonaro e os impactos dessas medidas no chão de cada escola desse país. Cada educadora e educador, que luta e acredita numa educação melhor, mais justa e menos desigual, vai encontrar a sua resiliência dentro e fora de sala de aula. Nós não vamos desistir facilmente e nós estamos com os estudantes. A nossa luta unificou, é funcionário, estudante e professor! Eles querem a gente doente, triste, sem força e sem dinheiro, para nos enfraquecer, mas eles não vão conseguir. Como Conceição Evaristo diz, “eles combinaram de nos matar e nós combinamos de não morrer”.

    CAROL QUINTANA, professora de sociologia, coordenadora do SEPE Teresópolis e ativista LGBT

    CONTRA OS CORTES NA EDUCAÇÃO DO GOVERNO BOLSONARO!

    NÃO A DESVINCULAÇÃO DO FUNDEB!

    NÃO A REFORMA DA PREVIDÊNCIA!

    NÃO A LEI DA MORDAÇA!

    TODO APOIO A LUTA DOS ESTUDANTES E PROFESSORES! RUMO À GREVE GERAL DOS TRABALHADORES DA EDUCAÇÃO!