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  • “Corte das bolsas significa evasão de universitários mais pobres”, diz estudante da UFMT

    “Corte das bolsas significa evasão de universitários mais pobres”, diz estudante da UFMT

    O corte nas bolsas da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) reportado semana passada pelos Jornalistas Livres (veja aqui) tem afetado diversos estudantes. No dia 11 de outubro (sexta-feira) a universidade cortou todas as bolsas de tutoria, monitoria e extensão sem qualquer aviso prévio aos estudantes. O auxílio, que não chega a um salário mínimo (R$ 400 e R$ 800), é utilizado pelos alunos para a permanência, alimentação e custos com o faculdade. Sem o recurso, os estudantes de Comunicação Social procuram novas alternativas para vivenciar os programas que a UFMT oferece.

    Sonhos interrompidos 

    Esse é o caso de Pollyana Diva Rodrigues da Silva, 23, estudante de Rádio e TV, que recebia R$ 400 por participar do projeto de extensão do Teatro Universitário. Com o dinheiro, a graduanda pagava a alimentação e ajudava nas despesas de casa, incrementando a renda da mãe, que é empregada doméstica.

    Pollyana foi aprovada, recentemente, no programa de intercâmbio para estudar em Cúcuta, Colômbia, na Universidad Simón Bolivar. Os critérios exigidos para a aprovação em uma universidade estrangeira levam em conta o coeficiente durante o curso, se o estudante não possui mais de uma reprovação e/ou trancamento, e se recebeu prêmios ou menções honrosas. Apesar do sonho de realizar o intercâmbio, a UFMT não paga o translado e o custo com as passagens. “Eu estava contando com a bolsa, isso pode me prejudicar muito. Nós estamos buscando outras alternativas através da vakinha online, rifa e eventos beneficentes”, comenta Pollyana.

    “O corte das bolsas de extensão, monitoria e tutoria significa evasão de universitários mais pobres da faculdade e/ou paralisação das atividades”, relata David da Silva Ferreira de Souza, 21, graduando em Publicidade e Propaganda. Assim como Pollyana, David também foi bolsista e conseguiu permanecer no curso graças aos auxílios, já que o universitário é natural de Sorocaba (SP) e sua mãe não consegue ajudá-lo financeiramente.

    Pollyana recebeu o prêmio de melhor roteiro de documentário do Centro Oeste, em maio, no Congresso da Intercom, principal entidade de estudos da comunicação no Brasil

    Aprovado para estudar em Bragança, Portugal, David também tem procurado outros meios para arrecadar verba. “Desde a 8° série tenho vontade de realizar intercâmbio. Infelizmente, pela condição financeira, nunca foi possível”, relata.

    Cortes atrapalham pesquisas 

    De acordo com a apuração do emanuelzinho, existem 1.111 pesquisas registradas pela UFMT. Além de fomentar a ciência, as pesquisas constroem uma sociedade melhor, levando informação e conhecimento público e gratuito. Os bolsistas estão se movimentando para reverter a situação, e amanhã (22), participam de uma reunião com o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe) para discutir a questão.

    Outra estudante afetada pelo corte de bolsas é Verônica da Rocha Paulino, 20, estudante de Comunicação Social – Rádio e TV. A bolsista recebia R$ 400 para trabalhar na Agência Experimental de Comunicação (TOCA). “O projeto surgiu para fazer as atividades que, muitas vezes, a gente não consegue realizar dentro da sala de aula”, explica Verônica. O trabalho desenvolvido pela TOCA, criada em 2017, possibilitou a universitária de ser uma das primeiras narradoras de esportes em Mato Grosso, transmitindo ao vivo, pelas redes sociais, a Liga das Nações de Voleibol Masculino em junho.

    Verônica já participou de outros projetos além da TOCA. “Eu passo praticamente o dia inteiro na universidade. Eu chego em torno das 6h e saio por volta das 19h/20h, todos os dias. Às vezes sábado eu estou aqui também”, relatou a universitária. Com a bolsa, Verônica comprou um novo computador para conseguir estudar e ainda auxilia nas despesas de casa.

    De acordo com a União Estadual de Estudantes (UEE MT), 329 bolsas de extensão, 342 de monitoria e 50 de tutoria foram cortadas, totalizando 721. A UFMT ainda não divulgou o número oficialmente.

    Apesar do Ministro da Educação, Abraham Weintraub, ter anunciado na última sexta-feira (18) o desbloqueio de 100% do orçamento das universidades e institutos federais, a UFMT não se posicionou sobre o retorno das bolsas ou porque elas foram bloqueadas. Porém, mesmo sem o auxílio, vários estudantes permanecem em suas atividades e pesquisas.

    Você pode ajudar Pollyana e David através da vakinha online clicando aqui e aqui.

    Matéria original em: https://www.muvucapopular.com.br/mato-grosso/corte-das-bolsas-significa-evasao-de-universitarios-mais-pobres-diz-estudante-da-ufmt/31570

     

  • Estudantes da UFMT se mobilizam contra corte de bolsas

    Estudantes da UFMT se mobilizam contra corte de bolsas

    Os ataques à educação superior no Brasil seguem cada vez mais intensivos. Mas alguns alvos parecem ser preferenciais. Um exemplo é a Universidade Federal de Mato Grosso, cuja comunidade mais uma vez foi surpreendida com uma medida drástica, sem precedentes e sem qualquer aviso prévio: o corte de TODAS as bolsas tutoria, monitoria e extensão a partir do último dia 11 de outubro, sendo que os programas de extensão foram avisados apenas na segunda 14. Centenas de alunos, estima-se entre 800 e 900, necessitam desse auxílio, entre R$ 400 e R$ 900, para permanecerem na universidade. E muitas atividades, especialmente na extensão, que é a prestação de serviços para a comunidade fora da universidade, precisam dos bolsistas para seguirem funcionando.

    Assim como aconteceu em 16 de julho, quando a Energisa simplesmente cortou a luz de cinco campi, ninguém foi avisado com antecedência, nem mesmo os gestores da Pró-Reitoria de Cultura, Extensão e Vivência – PROCEV e da Coordenação de Extensão – CODEX. Assim, esses departamentos acabaram de chamar uma reunião com os coordenadores, bolsistas e voluntários de projetos de extensão para o próximo dia 23, às 10:00 no teatro da universidade para discutir a suspensão das bolsas e também o possível cancelamento da X Mostra de Extensão da UFMT, programada para os dias 29 de outubro a 1º de novembro.

    Desde segunda, 14, alunos, professores e coordenadores buscam, sem sucesso, entender quem é o responsável pela suspensão e sob quais critérios o corte foi definido. O despacho 1895053 do processo SEI 23108.083943/2019-85 foi assinado por uma assessora da reitoria, a ordenadora de despesas Cendyi Prado, que aparentemente ninguém conhece. A reitora, Myrian Serra, atacada pessoalmente como má gestora pelo ministro da educação em julho, quando houve o corte de luz, e novamente em setembro quando Abraham Weintraub esteve em Cuiabá para lançar o programa de escolas militares no estado e foi flagrado tramando um golpe para a troca da reitoria, está de férias. O vice-reitor, Evandro Aparecido Soares da Silva, que ocupa em exercício nesse momento o maior cargo da universidade, ainda não esclareceu os motivos do corte e nem se foi dada, e por quem, à ordenadora autoridade para isso.

    Enquanto isso, professores e alunos se articulam para barrar as suspensões. Nessa sexta, 18, houve uma reunião de emergência na Faculdade de Comunicação e Artes que deliberou por questionar formalmente as instâncias superiores da UFMT e exigir transparência na decisão. Uma nota oficial deve ser divulgada em breve. Já os estudantes de Comunicação Social, via Diretório Acadêmico, divulgaram hoje uma nota exigindo que os editais de bolsas sejam honrados pela instituição e se colocando à disposição para, se for o caso, debater sobre cortes que não prejudiquem os alunos mais necessitados e não destruam dois dos pilares da missão da universidade, junto com o ensino: a pesquisa e a extensão. Veja abaixo a íntegra da nota:


     

     

    Cuiabá, 18 de outubro de 2019.

    NOTA

    O Diretório Acadêmico de Comunicação Social vem por meio desta se manifestar sobre as últimas medidas tomadas pela Administração Superior da Universidade Federal de Mato Grosso. Consideramos totalmente errados os cortes das bolsas de tutoria, monitoria e extensão. Muitos estudantes necessitam de tais recursos como complemento de suas rendas e, em muitos casos, a bolsa acaba sendo o único meio de renda que possibilita a continuidade de estudos e participação integral dentro da universidade. Do mesmo modo, é uma irresponsabilidade da Instituição para com a sua comunidade o não cumprimento de editais elaborados pela mesma. Outro ponto importante a se destacar é que a extensão é um dos pilares da Universidade, juntamente com o ensino e a pesquisa. Nela atende-se diretamente o público externo através de trabalhos realizados, principalmente, por estudantes. Destacamos, ainda, que tais medidas apontam para um projeto de universidade que não é inclusivo por executar medidas que excluem parte significativa do corpo que forma a Universidade Federal de Mato Grosso.

    Por fim, solicitamos aos conselheiros do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe) que considerem nossas reivindicações na próxima Reunião Extraordinária, marcada para o dia 22/10, e colaborem na busca de alternativas de redução de gastos em meios que não afetem diretamente na manutenção do corpo estudantil dentro da UFMT.

    Pedimos que nossas considerações sejam atendidas e esperamos que a reunião do Consepe possa reverter tal medida.

     

    Atenciosamente,

    Diretório Acadêmico de Comunicação Social (DACOS – UFMT).

    UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

    ENDEREÇO: Av. Fernando Corrêa da Costa, nº 2367 – Bairro Boa Esperança. Cuiabá – MT – 78060-900 FACULDADE DE COMUNICAÇÃO E ARTES

    DIRETÓRIO ACADÊMICO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

     

     

     

  • CAPES: A casa foi derrubada

    CAPES: A casa foi derrubada

    por Epitácio Macário

     

    O conselho superior da CAPES enviou ofício ao MEC advertindo que se for realizado corte no orçamento previsto para a instituição em 2019, em agosto do próximo ano será necessário suspender o pagamento de:
    * 93 mil bolsas de mestrado, doutorado, pós-doctor;
    * 105 mil bolsas de programas voltados para a formação de profissionais da educação básica.

    Além disso, serão interrompidos o sistema Universidade Aberta (UaB) prejudicando 245 mil beneficiários e programas de cooperação internacional.

    Ou seja, será decretada a falência do órgão e, com ela, a desestruturação da pós-graduação no país.

    Levando em consideração que cerca de 80% das pesquisas no Brasil são desenvolvidas em programas de pós-graduação, os cortes orçamentários liquidarão a pouca produção científica e tecnológica no país.

    Elaboramos os gráficos abaixo utilizando dados de pesquisa realizada pelo professor Luiz Fernando Reis da UNIOESTE e dados sistematizados por nós em pesquisa do laboratório Cetros Uece.

    Os gráficos evidenciam uma crise muito grave do sistema de pós-graduação, pois enquanto o número de matriculados em cursos de mestrado e doutorado cresceu, e também o número de bolsas concedidas pela CAPES, o orçamento vem sofrendo queda vertiginosa.

    Não é preciso muita expertise para concluir que ocorrerá grave desmantelamento e fechamento de vários programas de pós-graduação.

    A questão que se coloca é se a autodenominada “comunidade científica” vai descer do salto e abraçar os embates políticos – necessários e urgentes – que se impõem.

    Outra questão não menos importante é sobre os sujeitos sociais, as forças políticas atuantes na sociedade brasileira que podem assumir essa tarefa de lutar junto com cientistas, estudantes, professores, pesquisadores, comunidades acadêmicas.

    Não, não será nenhuma fração da burguesia que vai empunhar essa tarefa.

    Serão os movimentos sindicais e sociais que lutam histórica e heroicamente por direitos, por democracia e por justiça social os sujeitos que podem abraçar esta causa.

    Para tanto, será necessário que cientistas, pesquisadores, pós-graduandos, comunidades acadêmicas digam clara e inequivocamente qual o sentido das universidades e da produção de C&T para a vida das amplas massas do povo que sofre horrores para sobreviver.

    E não vale contar as pueris historinhas que falam da presença da ciência em nosso cotidiano – no giro do liquidificador, na TV de led, na combustão dos motores, na vacina contra a H1N1. Até que vale , mas isso não fere sequer a casca do problema.

    Sera necessário mostrar que é possível desenvolver um conhecimento voltado para as amplas maiorias do povo, para solucionar os problemas que as afligem.

    Vamos apostar alto; que esta unidade aconteça. É por isto que lutamos.