Jornalistas Livres

Tag: 8M

  • #8M em Cuiabá

    #8M em Cuiabá

    #8MCuiabá
    Maria Eugênia Sá – www.mediaquatro.com – especial para os Jornalistas Livres
    Mato Grosso tem um dos mais altos índices de feminicídio do Brasil. Em 12 anos de Lei Maria da Penha, comemorados ano passado, 18 mil mulheres receberam medidas protetivas impostas pelo Estado principalmente a ex-companheiros. Das 36,6 mil denúncias recebidas até 2018, segundo o Tribunal de Justiça, 255 casos de feminicídio ainda estavam a espera de julgamento.
    A comemorações do Dia Internacional da Mulher em Cuiabá foram, portanto, um importante momento de debate e luta. Mas as centenas de pessoas que participaram do evento nesta sexta-feira, chamado por centrais sindicais e partidos políticos de esquerda, também tiveram espaço para arte, música, convívio e sororidade.  
  • Lisboa – Portugal, centenas de mulheres caminham pelo Dia Internacional das Mulheres

    Lisboa – Portugal, centenas de mulheres caminham pelo Dia Internacional das Mulheres

    Na noite de ontem, 8/3, em Lisboa – Portugal, centenas de mulheres fizeram uma caminhada, saindo do Terreiro do Paço, pelo Dia Internacional das Mulheres.

    Além das reivindicações de paridade salarial, divisão dos trabalhos domésticos e nos cuidados com os filhos, pelo fim das violências sofridas em vários níveis, entre outras, havia um grupo suprapartidário, organizado como Coletivo Andorinha, denunciando o golpe de Estado no Brasil e em repúdio à arbitrariedade judicial contra Lula.

    “Estamos no ato do 8 de março de Lisboa, aqui reivindicando sem esquecer do Brasil, que a gente tem muita luta esse ano, uma eleição importantíssima. A gente tem que defender o Lula, a gente tem que defender o Brasil, tem que ir contra esses machistas do Congresso”, disse Lígia Toneto, militante do Partido dos Trabalhadores, residente em Lisboa.

     

    Veja o vídeo

    Amanhã, 10/3, ocorrerá a Manifestação Nacional Movimento Democrático das Mulheres, tradicionalmente organizada no primeiro sábado de março, que promete ser maior do que a de ontem.

    Bruno Falci, de Lisboa – Portugal

    (texto, fotos, vídeo do Bruno Falci; edição Maíra Santafé)

  • O 8M será antirracista ou não será

    O 8M será antirracista ou não será

    O 8 de março de 2018 será o dia do feminismo para os 99%. Um dia de mobilizações ao redor do mundo de mulheres jovens e velhas, das trabalhadoras, negras, cis, bi, lésbicas e trans. Das mulheres mais pobres, das trabalhadoras sexuais, das migrantes e refugiadas. Um feminismo de muitas.

    No Brasil cerca de 25% da população é composta por mulheres negras, no entanto o machismo aliado ao racismo nos coloca o status de minoria social. Mulheres negras estão subrepresentadas em todos os espaços de poder e prestígio social. Por outro lado, entre aqueles índices que configuram vulnerabilidade social, nós somos maioria. Somos as primeiras nos índices de mortalidade materna, as que mais morrem por aborto inseguro, encarceramento feminino, trabalho informal. O percentual de mulheres brancas com diploma é o dobro de pretas e pardas, segundo o IBGE. Enquanto os números de feminicídio entre mulheres brancas diminui, entre mulheres negras aumentou.

    Por estarmos nos postos mais precários, sofremos com a dificuldade em conciliar nosso trabalho com o acompanhamento de nossos filhos e os seus relacionamentos. Por não nos encaixarmos nos padrões brancos e elitistas, temos dificuldade em nos amar por completo. Nos sobra pouco espaço para uma vida emocional saudável e fortalecedora. O que vemos muitas vezes entre mulheres negras é um retrato da dor, de cansaço extremo e também de muita solidão, quer pela falta de suportes institucionais e familiares, ou pelo suporte emocional.

    Estamos na ponta de lança dos efeitos da retirada de direitos que culmina na precarização do trabalho, da educação, da saúde pública nos afeta diretamente. A política de genocídio da população negra muito encabeçada pela política de guerra as drogas através de ações violentas do estado, mata nossos filhos, nossos companheiros, nossas crianças e a nós, temos nossas casas invadidas pela polícia nas favelas e periferias. A intervenção federal militar que acontece hoje no Rio de Janeiro é também fruto dessa lógica que torna nossas vidas e dos nossos descartáveis.

    No 8M, “queremos mostrar que, se nós paramos, o mundo para”: isto é ainda mais verdade para as mulheres negras. Somos a força que mantém acesa a chama que estava justamente na origem do 8 de março, que está conectada à reivindicação por melhores condições de vida e de trabalho por mulheres brancas há mais de um século. Hoje, em pleno século XXI, a luta das mulheres negras, imigrantes e afrodescendentes, continua nesse plano de reivindicações e é por isso que a nossa força aumenta e se lança a este 8 de março para que ele cresça em sentido e radicalidade. E é por isso que o 8M será antiracista ou não será, não trará consigo a força de toda esta história e muitas outras.

    Sobrevivemos ao colonialismo, à escravatura e ao tráfico de pessoas escravizadas, lutamos ainda hoje para sobreviver ao racismo e outras formas de violência. Aprendemos com nossas ancestrais e a cada nova geração utilizamos antigos e novos instrumentos de batalha e formas de resistência, mostrando a importância do feminismo negro para o combate às diversas formas de discriminação de gênero, do racismo institucional, da segregação social e habitacional. Angela Davis uma vez disse que quando a mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela. Neste 8 de março nos movimentamos em direção às ruas contra a reforma da previdência, contra a intervenção federal, pela legalização do aborto, pela vida de todas as mulheres. Vem com a gente!

    Dani Monteiro – Ativista Feminista e Antirracista