Jornalistas Livres

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  • Mulheres em luta contra o capital

    Mulheres em luta contra o capital

    Por Clara Luiza Domingos, especial de Lisboa para Jornalistas Livres*

    No dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher Trabalhadora, as ruas de Portugal foram ocupadas pelas milhares de portuguesas e mulheres imigrantes em Portugal que estavam em luta contra o machismo sistêmico e cultural. Proposto pela marxista alemã Clara Zetkin, o Dia Internacional da Mulher Trabalhadora é o símbolo da luta emancipadora das mulheres e permanece como um importante dia de luta pelo progresso social e igualdade de direitos.

    Ameaçadas pelo feminício, violadores, impedidas de ter acesso a um aborto seguro e legal em muitos países, corpos explorados, disparidade salarial entre homens e mulheres, sobrecarga pelo trabalho doméstico invisibilizado, jornadas duplas, triplas, relações abusivas. Essas são algumas das dificuldades que a mulher do segundo milênio ainda enfrenta e a impede de alcançar emancipação plena. Essas, entretanto, são também a força motriz para que a mulher, ainda que subjugada frágil pela sociedade, se rebelem radicalmente contra o sistema, exijam mudanças no comportamento dos homens e paralisem as ruas a cada novo dia 8 de março.

    Em Lisboa, duas organizações feministas distintas foram responsáveis por mobilizazem milhares de mulheres para irem às ruas na data simbólica. Por vias diferentes da cidade de Lisboa, mulheres protestaram por seus direitos e reconhecimento, acusando bravamente a estrutura capitalista pela posição de exploradas, cuja mulher ainda está inserida nos dias de hoje. 

    No marcha que seguiu pela Avenida da Liberdade de Lisboa, conduzida pelo Movimento Democrático de Mulheres, pertencente ao Partido Comunista Português (PCP), camponesas e mulheres do interior de Portugal mostraram o poder do feminino e a sabedoria das mais velhas. Mulheres da terra marcharam com seus trajes típicos e cânticos de força. Assista à cobertura da marcha ao vivo feita pela equipe de correspondentes do Jornalistas Livres em Portugal. Logo no início, são as mulheres alentejanas expressam um de seus cantos:

    https://www.facebook.com/jornalistaslivres/videos/555113275351448/

    Cobertura: Bruno Falci / Jornalistas Livres

     

    Múltipla e diversa, a Rede 8 de Março unificou coletivos e organizações feministas para que as mulheres saíssem juntas pelas ruas de Portugal na data representativa para a Greve Internacional Feminista, em direção à Assembleia da República de Portugal. Todas as vozes foram bem-vindas, cada qual com sua bandeira, num único tom, fazendo prevalecer a luta de seus direitos. Além de Lisboa, as cidades de Coimbra, Porto, Braga, Aveiro, Amarante, Évora, Faro, Viseu, Vila Real e Ponta Delgada tiveram as ruas tomadas pela onda roxa de mulheres marchando juntas por igualdade de direitos.

    https://www.facebook.com/jornalistaslivres/videos/2308165219480664/

     

    https://www.facebook.com/jornalistaslivres/videos/192909505303072/

    Cobertura: Clara Luiza Domingos

     

    manifesto da Rede 8 de Março destaca-se que as mulheres em toda sua pluralidade têm se levantado em defesa dos seus direitos, contra a violência, a desigualdade e preconceitos. “As violências que sofremos são múltiplas, a Greve que convocamos também o é. No dia 8 de Março faremos greve ao trabalho assalariado, ao trabalho doméstico e à prestação de cuidados, ao consumo de bens e serviços”

    Andreia da Rede 8 de Março explicou os pilares do manifesto e o porquê de acreditarem que este são os próximos passos para a emancipação da mulher em Portugal.

    Durante a Greve, a atriz feminista, performer audiovisual e produtora de arte Samara Azevedo, representou o Coletivo Andorinha – Frente Democrática Brasileira de Lisboa. Em sua fala, ela marcou o posicionamento do coletivo em defesa das tantas brasileiras e outras imigrantes de Portugal que são muitas vezes estigmatizadas e vítimas da violência racista e xenofóbica. 

    O Coletivo Andorinha – Frente Democrática Brasileira de Lisboa surgiu em 2016 juntamente com as manifestações que aconteceram em todo Brasil e em várias cidades do mundo contra o golpe parlamentar-jurídico-midiático em curso na época, para fazer resistência internacional em defesa da presidenta democraticamente eleita Dilma Rousseff. Assista a fala de Samara Azevedo abaixo:

    https://www.instagram.com/tv/B9fZZlVn2qf/

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

    Diferentes nacionalidades, representações políticas, coletivos, organizações se concentraram no Largo Camões antes de iniciarem a marcha até a Assembleia da República. O fotógrafo e filmaker Guilherme Stein contribuiu com o Jornalistas Livres em Lisboa e produziu um vídeo durante o momento a concentração da Greve Internacional Feminista. Pilar Del Rio, jornalista, escritora, tradutora espanhola e presidente da Fundação José Saramago foi uma das mulheres mandou uma mensagem de resistência via vídeo.

    Vídeo e edição: Guilherme Staine

     

    Greve Internacional Feminista em Portugal

    O Jornalistas Livres em Portugal também acompanhou os atos da Greve na cidade de Porto e Coimbra. Em Coimbra, a Rede 8 de Março mobilizou mais de 500 pessoas para o ato. A organização liderada pela Rede também contou com o apoio de outros coletivos da cidade, bem como a reivindicação de pautas diversificadas. Coimbra é uma cidade com mais de 4 mil estudantes internacionais, o que proporcionou à Marcha uma variedade de denúncias e reivindicações internacionais.

    https://www.facebook.com/jornalistaslivres/videos/256303835365021/?vh=e&d=n

    https://www.facebook.com/jornalistaslivres/videos/1274645632925233/?vh=e&d=n

     

    Cobertura: Luiza Abi Saab

    Na Cidade do Porto, PT, também foi a Greve Feminista Internacional que mobilizou as mulheres locais. A marcha celebrou a diversidade. Mulheres e simpatizantes do movimento feminista em busca da melhoria da educação, igualdade social, pela precariedade e desigualdade laboral,  e o não ao feminicídio, que está a crescer em Portugal. Por isso, nas ruas elas pedem: Basta!

    https://www.instagram.com/tv/B9et5UcB-4R/?igshid=t9tpqek7ob6x

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

    Cobertura: Nilce Costa

  • Mulheres do MST ocupam Ministério da Agricultura

    Mulheres do MST ocupam Ministério da Agricultura

     

     

    Cerca de três mil e quinhentas trabalhadoras rurais sem terra ocuparam o Ministério da Agricultura na manhã desta segunda-feira (09).

    Vindas de todo o Brasil, as mulheres protestaram contra os retrocessos promovidos pelo governo Bolsonaro nas políticas sociais, ambientais e agrárias. O ato, que faz parte da Jornada de Luta das Mulheres Sem Terra, também foi uma resposta do MST a Jair Bolsonaro, que vem tentando enfraquecer e criminalizar o movimento responsável por produzir boa parte dos alimentos saudáveis que chegam à mesa dos brasileiros.

    Fotos e vídeo: Leonardo Milano/Jornalistas Livres

    https://www.facebook.com/jornalistaslivres/videos/219549542433141/

     

  • #8MCuiabá – Pela vida das mulheres

    #8MCuiabá – Pela vida das mulheres

    Por: Maria Eugênia Sá – www.mediaquatro.com

    Debaixo de muito sol e com uma sensação térmica acima dos 40 graus, dezenas de mulheres da Grande Cuiabá se reuniram hoje na Praça Ulisses Guimarães para protestar contra o feminicídio e exigir direitos iguais.

    Com uma tenda para atender as crianças que acompanhavam as mães, carro de som para as falas e shows e produtos artesanais, as manifestantes distribuíram um Manifesto Pela Vida das Mulheres. Nele, realçaram as conquistas históricas, como o direito ao voto, e as lutas atuais, como o fim da violência de gênero, sexual e estrutural.

    Além das pautas próprias, as manifestantes também exigiram a revogação das reformas da previdência e trabalhista e a garantia de acesso à saúde e educação, incluindo as creches, já que apenas 30% da demanda por esse serviço é atendida pelos governos do estado.

    O manifesto acusou, ainda, o governo federal:

    Temos o direito de viver uma vida livre de qualquer tipo de violência, agressão física, violação e abusos sexuais, mas o Estado Brasileiro, através do atual governo (Jair Bolsonaro), e sua prática machista, racista, misógina e LGBTfóbica, nos expõem e nos coloca num “lugar frágil” e, por isso, vulnerável.

     

    Outra figura de destaque no Manifesto foi a ministra Damares que, com suas falas alucinadas e sua arbitrariedade de atitudes, quer “negar essa violência e a nossa necessidade de igualdade: temos um governo que tenta destruir os direitos que conquistamos com muita luta”.

    Para a professora e coordenadora de imprensa da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso – Adufmat, Lélica Lacerda, conta em vídeo, os motivos das manifestações: a criação de uma nova cultura, política e economia que promovam a igualdade entre os gêneros.

    Veja abaixo a rápida entrevista

    Outras fotos do evento

    #8MCuiabá – Foto: Maria Eugênia Sá – www.mediaquatro.com
    #8MCuiabá – Foto: Maria Eugênia Sá – www.mediaquatro.com
    #8MCuiabá – Foto: Maria Eugênia Sá – www.mediaquatro.com
    #8MCuiabá – Foto: Maria Eugênia Sá – www.mediaquatro.com
    #8MCuiabá – Varal com mulheres vítimas de feminicídio em MT – Foto: Maria Eugênia Sá – www.mediaquatro.com
    #8MCuiabá – Varal com mulheres vítimas de feminicídio em MT – Foto: Maria Eugênia Sá – www.mediaquatro.com
    #8MCuiabá – Varal com mulheres vítimas de feminicídio em MT – Foto: Maria Eugênia Sá – www.mediaquatro.com
    #8MCuiabá – Varal com mulheres vítimas de feminicídio em MT – Foto: Maria Eugênia Sá – www.mediaquatro.com
    #8MCuiabá – Varal com mulheres vítimas de feminicídio em MT – Foto: Maria Eugênia Sá – www.mediaquatro.com
    #8MCuiabá – Varal com mulheres vítimas de feminicídio em MT – Foto: Maria Eugênia Sá – www.mediaquatro.com
    #8MCuiabá – Lélica Lacerda, da Adufmat, fala às mulheres – Foto: Maria Eugênia Sá – www.mediaquatro.com

     

     

  • Ato em defesa da vida e dos direitos das mulheres aconteceu  em  Campinas (SP)

    Ato em defesa da vida e dos direitos das mulheres aconteceu em Campinas (SP)

    No sábado, 07 de março, centenas de pessoas  se reuniram em Campinas no Largo do Rosário para o ato do Dia Internacional da Mulher.  Durante parte da manhã  aconteceram  diversas  intervenções artísticas  chamando a atenção para o tema  do ato –  “Em Defesa da Vida de Todas as Mulheres” –  e as pautas do constante ataque e retrocesso do governo do presidente Bolsonaro (PSL)  que atingem diretamente as mulheres, principalmente as mais pobres, negras e periféricas.

    As vítimas de feminicídio foram lembradas e homenageadas, as  pautas como a reforma da Previdência Pública, o desmonte do SUS (Sistema Único de Saúde) e da Educação Pública, o ataque aos direitos das trabalhadoras e a democracia estiveram em evidência também durante o ato na praça.  Na sequência  mulheres, crianças e homens seguiram  em manifestação pacífica  pelas ruas do centro da cidade em defesa da democracia, da educação, da saúde, dos empregos, pelo fim do feminicídio e contra o desmonte das políticas sociais.
    Em  algumas cidades do interior paulista  os atos aconteceram no sábado para que as pessoas pudessem participar  do 8 de Março na capital, no domingo .

    #8M #8MCampinas

    fotos : Fabiana Ribeiro | Jornalistas Livres

     

  • Mulheres do DF lançam manifesto para o Dia Internacional de Luta das Mulheres

    Mulheres do DF lançam manifesto para o Dia Internacional de Luta das Mulheres

    Foto: Leonardo Milano / Jornalistas Livres

    08 de março, Dia Internacional de Luta das Mulheres.

    Pela vida de todas as mulheres! Contra o racismo, o machismo e o fascismo!

    Em defesa da democracia

    Somos um país historicamente marcado pela violência contra as mulheres e contra quem ousa se contrapor aos poderosos. Somos o 5o país do mundo com maior índice de feminicídios e o 1o em assassinato de LGBTIs. Vivenciamos estruturalmente o racismo e cotidianamente o genocídio da juventude negra. Somos o 4o país do mundo em casamentos infantis. Somos ainda a 3a nação do planeta em número de conflitos ecológicos e atividades de risco sobre os recursos naturais. Com o avanço da extrema-direita no DF e no Brasil, essa histórica realidade hostil se aprofunda e nossas vidas estão cada vez mais em risco.

    O ataque à democracia, que começou com o golpe misógino contra Dilma Rousseff, alcança níveis inaceitáveis no governo Bolsonaro. Temos um presidente que apoia atos pelo fechamento do Congresso e do STF, ultrapassando todos os limites de desrespeito à Constituição e flertando abertamente com um novo golpe de Estado. Ao personificar a ascensão de forças autoritárias na política, ultraliberais na economia e retrógradas nos costumes, ao apoiar grupos conservadores, com feições neofascistas, e ao manter relações estreitas com milicianos, o governo de Bolsonaro destrói o Estado Democrático de Direito e se transforma numa ameaça real à vida das mulheres.

    Por isso, neste 8 de Março, iremos às ruas mais uma vez para dizer:

    Mulheres contra Bolsonaro! Ditadura nunca mais!

    Pela primeira vez desde a redemocratização do país, o presidente e sua família apoiam publicamente o regime ditatorial e seus algozes, em manifestações reiteradas de apologia à tortura e ao AI-5. Neste 8 de Março, lembramos das mulheres que ousaram se levantar contra o autoritarismo e foram barbaramente torturadas e estupradas pelos militares da época, muitas vezes diante de suas crianças. Lembramos das mães que não puderam enterrar seus filhos e que morreram sem saber o destino de seus corpos. Não nos calaremos diante de um governo ditatorial e patriarcal, que se guia baseado em princípios de violência, opressão e desrespeito às liberdades

    individuais e coletivas. O Estado de exceção se aprofunda, mas não podemos retroceder. Que a democracia não seja uma palavra retórica, utilizada por líderes autoritários, racistas, misóginos e lesbofóbicos!

    Pelo fim da violência contra a mulher!

    Vivemos em uma sociedade machista. Somos vistas como objetos de prazer e propriedade dos homens, que se sentem donos de nossos corpos e de nossas vidas; que nos violentam, nos estupram e nos matam. A cada duas horas, no Brasil, mais de mil mulheres são agredidas, uma é assassinada e onze

    são estupradas. No DF, a situação não é diferente: ocupamos
    a vergonhosa 5a posição no ranking de assassinatos de mulheres no Brasil. Em 2019, 34 mulheres foram vítimas de feminicídio, representando um aumento de 62% dos casos desde 2016. Em 2020, até o dia 3 de março, 6 mulheres já foram assassinadas. A morte da mulher está dentro de casa. São famílias mergulhadas em uma tragédia social, alimentada pelo pensamento de posse sobre a vida do outro.

    Para barrar essa onda, precisamos de políticas concretas de enfrentamento à violência contra as mulheres. Porém, no ano passado, a maioria das vítimas ou de suas famílias no DF não chegou a procurar um equipamento público antes do feminicídio, revelando um quadro de ausência do Estado na proteção da vida das mulheres e de sucateamento dos equipamentos públicos de enfrentamento às violências. Enquanto a ministra da família corta verbas destinadas
    às políticas públicas para o setor, no DF o governador Ibaneis tenta barrar o andamento da Comissão Parlamentar de Inquérito criada em novembro para investigar os feminicídios. E assim a cultura do estupro e da morte se fortalece, incentivada por iniciativas como a liberação
    das armas e a ampliação da excludente de ilicitude, que autoriza a violência letal pelas polícias. No Brasil, a cada dois minutos uma mulher é vítima de armas de fogo. Lutamos pela superação da necropolítica e por uma cultura e políticas públicas de promoção da paz. Lutamos ainda pelo direito das mães de criarem suas filhas e seus filhos sem a manipulação da Lei de Alienação Parental, mais uma forma de violência contra as mulheres.

    Contra o racismo!

    A violência se intensifica de acordo com raça e etnia, orientação sexual, identidade de gênero, classe social, idade e situação de vulnerabilidade das mulheres, atingindo brutal- mente mulheres negras, jovens, pobres, trans. Cerca de 68% das mulheres assassinadas no Brasil são negras. Num país de história e presente escravagistas, mais de 90% das empre- gadas domésticas são mulheres negras. A elas também são destinados os empregos mais precarizados e as piores condi- ções de vida. Somente as ações de resistência promovidas no âmbito do movimento de mulheres negras dão voz e vez às problemáticas que o povo negro brasileiro vive em razão da cor da sua pele.

    A promoção da cidadania das mulheres negras requer a garantia da implementação de políticas públicas de qualidade no combate ao racismo estrutural, presente nas instituições públicas e privadas. No Distrito Federal, é flagrante como
    as políticas de gênero universais não alcançam as mulheres negras, criando um ciclo perverso de reiterada vitimização de nossos corpos nos serviços públicos. Por isso, lutamos pelo re- conhecimento de que vivemos em uma sociedade pluriétnica e plurirracial. Lutamos contra a extinção das políticas públicas afirmativas, contra toda forma de intolerância, pelo reconhe- cimento dos territórios ancestrais do candomblé e umbanda e para que regiões administrativas majoritariamente negras possam ser reconhecidas como territórios culturais.

    Pelo bem-viver! Contra o capitalismo e o desmonte dos serviços públicos

    A propriedade privada dos meios de produção e o modelo de desenvolvimento econômico exploratório e predatório estão na base do sistema capitalista. Neste 8 de Março, ergue- mos nossa voz por uma sociedade que tenha como horizonte a filosofia do bem-viver e que rompa com o patriarcado e sua compreensão de que as mulheres também são propriedade dos homens. Fruto do sistema capitalista, temos uma popu- lação cada vez mais empobrecida, adoecida física e psicologi- camente. E ainda mais oprimida pelas medidas econômicas ultraliberais e excludentes do governo federal. As ações de desmonte do Estado brasileiro, que começaram no governo ilegítimo de Michel Temer com a Reforma Trabalhista, seguem com Bolsonaro, na perversa destruição da Previdência e da Seguridade, na privatização e entrega dos serviços públicos.

    Vivemos um cenário de precarização laboral crescente, com regime de trabalho intermitente, de ampliação do trabalho sem vínculo formal com as empresas ede perda de direitos, consistente com um quadro de desemprego estrutural. As mulheres, sobretudo as negras, são as mais impactadas, por receberem salários mais baixos por funções iguais às dos homens e por terem seus empregos concentrados em ativida- des informais e no trabalho doméstico. O desemprego no DF

    é assustador e as mulheres são as primeiras a ficarem desem- pregadas. Neste cenário de desmonte do trabalho pelo capital, as mulheres que possuem jornada dupla ou tripla são as mais penalizadas pela Reforma da Previdência, pois terão que traba- lhar ainda mais para alcançar o direito à aposentadoria.

    Enquanto isso, o desmonte de serviços públicos como a saúde e a educação nos sobrecarregam ainda mais, pois so- mos culturalmente responsabilizadas com os cuidados dos/as doentes e dos/as filhos/as. Somos nós que sofremos com os ataques ao SUS, a falta de creches e de escolas, de verbas para o serviço social. E que também sofreremos com a desvaloriza- ção do serviço público e as privatizações de setores estratégi- cos, uma ação orquestrada por defensores do Estado mínimo para atender a interesses de grandes grupos econômicos nacionais e internacionais. As mulheres em situação de vulne- rabilidade seremos novamente as mais atingidas, sobretudo as negras e as indígenas.

    No DF, todos os dias morrem pessoas por não conseguirem atendimento médico. As escolas públicas vivem de contribui- ção de mães e pais para fazerem reformas básicas. O alto preço da passagem de ônibus nos obriga a pagar para trabalhar.

    Este é o cenário de caos em que se encontram as mulheres, maiores atingidas pela política econômica de restrição de bens e direitos. Enquanto isso, Ibaneis militariza as escolas e constrói um projeto de educação cada vez mais conservador, seguindo o caminho de Bolsonaro, que quer calar a educação crítica e emancipatória. Neste 8 de Março, lutamos porque somos todas trabalhadoras. Nenhum direito a menos!

    Contra a destruição do planeta e o genocídio dos povos indígenas!

    A lógica exploratória que coloca a ganância acima
    da vida humana e animal e da preservação do meio ambiente também ocupa o Palácio do Planalto. As tragédias de Brumadinho e Mariana não foram acidentes. Foram crimes, com danos ambientais e humanos irreparáveis, impostos pelo grande capital em busca
    de lucro. A explosão de queimadas na Amazônia e os inúmeros assassinatos de lideranças indígenas precisam ser responsabilizados com vigor. Neste 8 de Março,
    nós, mulheres do campo, do cerrado, das águas e das florestas, quilombolas, indígenas e ciganas, as principais responsáveis pela agricultura e pecuária familiares e
    que mais sofremos com as grandes empresas em nossos territórios e com as desigualdades produzidas pela economia capitalista, estaremos nas ruas! Exigimos o direito à terra e ao território das comunidades indígenas, quilombolas e tradicionais. Lutamos por soberania popular e para não sermos expulsas de nossas terras. Pelo reconhecimento do acúmulo das vivências das nossas ancestralidades africana e indígena!

    Pela vida de mulheres lésbicas, bissexuais e trans!

    Nossas identidades de gênero e nossas sexualidades não são ideologias. São identidades genuínas. A luta por sua valorização não é doutrinária, mas libertária, para que ninguém sofra ou tenha direitos cerceados só por ser quem é. Nossa ideologia é o respeito às diferenças.
    A famosa “ideologia de gênero” nada mais é do que
    a doutrina de que “meninos vestem azul e meninas vestem rosa”, negando, desde a infância, nosso direito à autonomia e à singularidade. Neste 8 de Março, lutamos pela visibilidade LesBiTrans. Por uma educação laica e inclusiva às pessoas LGBTI! Por políticas de fomento à empregabilidade para pessoas trans e travestis!

    Pela legalização do aborto!

    Mulheres continuam abortando, mulheres continuam morrendo. O aborto clandestino é uma das principais causas de morte de mulheres no Brasil, vitimando uma de nós a cada dois dias. Esse grave problema de saúde pública mata sobretudo quem não pode pagar por uma intervenção segura: mulheres pobres, negras e menos escolarizadas. Lutamos por direitos reprodutivos e contra a criminalização das mulheres. Pelo reconhecimento à voz da mulher, para que ela possa ser ouvida em seu clamor pela vida! Que a decisão da mulher sobre seu corpo seja respeitada!

    Por mais mulheres feministas nos espaços de poder!

    Em 2020, teremos eleições municipais no Brasil, exceto no DF, nas isso não impede que as mulheres daqui se engajem em candidaturas de feministas no Entorno
    do DF, fortalecendo seus projetos e atuando pela eleição dessas companheiras. Segundo o IBGE, o Brasil ocupava em 2018 a vergonhosa posição de 152° colocado em um ranking de 190 países na representação das mulheres na política. Vivemos o crescimento da extrema direita e de uma onda conservadora que pode levar ao redesenho
    do papel social das mulheres, retrocedendo nossas conquistas emancipatórias. Precisamos de mais de nós na política para lutar por nossas causas e defender nossos direitos. Balas não vão nos intimidar. O assassinato covarde de Marielle nos transformou a todas em sementes que clamam por justiça e igualdade. Queremos mais mulheres feministas ocupando os espaços de poder e decisão! Democracia sem a participação de mulheres não é democracia.

    Por justiça para Marielle, para todas e todos!

    Em 2020, completam-se 2 anos da execução política da vereadora Marielle Franco (PSOL), uma mulher, negra, bissexual, da favela da Maré, brutalmente assassinada junto com seu motorista Anderson Gomes. As investigações têm mostrado que o mandante

    e envolvidos neste bárbaro crime são vizinhos de condomínio do presidente Bolsonaro. A execução de Marielle é um crime político grave e sua resolução é de extrema importância para nossa democracia.Exigimos saber quem mandou matar Marielle e por quê! Também lutamos pelo fim da desigualdade na atuação do Poder Judiciário, que criminaliza os socialmente marginalizados. O Brasil é hoje o 3o país em número de encarcerados, o 4o em mulheres presase tem uma taxade aprisionamento superior à maioria dos países, de 335 pessoas presas a cada 100 mil. Pelo fim do encarceramento das lactantes e pela ressocialização das/os detentas/os.

    Por liberdade de expressão e por outra comunicação no Brasil!

    Somos um dos países com maior concentração
    nos meios e com menor representação de nossas diversidades na mídia. Uma mídia que, quando não silencia nossas lutas, nos criminaliza; que não respeita a laicidade do Estado e que, nos programas policialescos (fundamentais para o crescimento do fascismo no Brasil), legitima uma cultura de violência contra mulheres, pobres e jovens negros. Uma mídia que respalda a ambição da elite econômica e desconsidera os impactos dessa política na vida da população. No 8 de Março, levantamos nossa voz por outra comunicação!

    Por uma cultura viva!

    A cultura representa geração e circulação de renda, bem estar social e formação de identidade cidadã e individual. É um espaço de diversidade e equidade,
    de liberdade de expressão. É uma indústria potente,
    que fala globalmente e que se fortaleceu através das políticas públicas. Mas, desde o início, o governo atual tem desmontado as políticas de desenvolvimento, fomento e promoção à cultura, prejudicando o sustento de milhares de famílias e atacando a sociedade em sua dimensão simbólica. Um país sem cultura é um país sem identidade e soberania. Queremos a volta das políticas públicas para a cultura e mais mulheres nestes espaços! Pelo direito à memória!

    Nossa solidariedade internacional!

    Aos povos que sofrem e que resistem aos golpes de estado e às políticas neoliberais, aos nossos irmãos e irmãs chilenas, equatorianas, haitianas, panamenhas, colombianas, hondure- nhas, bolivianas,externamosnossasolidariedadeeveemente repúdio aos governos opressores. Repudiamos as sanções eco- nômicas dos EUA impostas aos povos de Cuba e da Venezuela. A autodeterminação dos povos é fundamental. Não à invasão da Venezuela; não em nosso nome! Repudiamos também o acordo proposto por EUA e Israel. A Palestina não está à venda! E defendemos a libertação de Julian Assange, que revelou in- formações sobre a intervenção dos EUA na soberania de vários países, entre eles o Brasil.

    Não podemos continuar pagando o preço de um pensamento fundamentalista e viver neste cenário de retrocessos e de terror que se instalou no Distrito Federal e no Brasil. É em cima do corpo das mulheres que o autoritarismo de Ibaneis e Bolsonaro se manifestam. Lutamos por uma sociedade com justiça social. Em, honra daquelas
    que tombaram por sua liberdade e a das futuras gerações, seguiremos na defesa da democracia! Enquanto uma de nós estiver de pé, marcharemos contra essa ofensiva conservadora e a política econômica ultraneoliberal.

    No dia 8 de Março, vamos ocupar as ruas de todo o país. Pela vida de todas as mulheres, contra o racismo, o machismo e
    o fascismo. Vamos juntas!!! Mulheres contra Bolsonaro!

    Nossa agenda de lutas em março

    Nossa luta não termina no dia 8 de Março. Diante da grave conjuntura em que, se aprofundam os ata- ques à democracia, à soberania e aos nossos direitos, também estaremos nas ruas nos dias:

    • 14 de março, quando completam dois anos do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes
    • 18 de março, quando as centrais sindicais e entidades da classe trabalhadora realiza- rão um Dia Nacional de Luta em Defesa dos Serviços Públicos, da Educação e Contra as Privatizações

     

  • Mulheres vão protagonizar unidade progressista contra Bolsonaro

    Mulheres vão protagonizar unidade progressista contra Bolsonaro

    Mulheres de mais de 50 organizações vão marchar unidas contra os ataques do governo Bolsonaro em todo país, neste 8 de março. Oito partidos progressistas, incluindo diversas organizações sindicais, populares, sociais e civis, estarão unidas para enfrentar o projeto ultraneoliberal em vigor no país. Para expressar essa unidade, elas lançaram uma convocatória unificada em defesa das vida das mulheres e dos direitos sociais e trabalhistas

    Mulheres do PTPCdoBPSOL, PSTU, PCR, PCB, PDT e PSB assinam o documento ao lado de companheiras de organizações como a CUT, CSP-Conluntas, IntersindicalMSTMTST, MNU, MMM, MML, UBM,  UNEUBES, UJS, UJR, DEFEMDE, Consulta Popular e ABLGT, entre outros movimentos, organizações como UJR, RUA,  UP, Afronte!, ABL, ANPG, ANTRA, Artjovem LGBT.

    Na abertura do diálogo em relação ao feminismo e religião, destaque para Católicas Pelo Direito de Decidir e Evangélicas Pela Igualdade de Gênero, que fazem parte da marcha unificada e estarão unidas contra a violência e os ataques do governo Bolsonaro.

    Foto: Leandro Molina

    Também estão presentes os coletivos Círculo Palmarino, Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro, Coletivo Juntas, Coletivo Negro Minervino Oliveira, Coletivo Para Todas e organizações como CONTAG, Feministas Anticapitalistas, Instituto Plurais, Juventude Rebeldia, MAMA, MMN de São Paulo,  Movimento de Mulheres Olga Benário, MCONEN, MLB, Rede Afro LGBT, Rede Emancipa de Cursinhos Populares, Resistência Feminista, União de Mulheres do Município de São Paulo e Unidade Classista.

     

    Todas às ruas no dia 8 de março: Contra o governo Bolsonaro e pela vida das mulheres

    Em 2018, milhões de mulheres ocuparam as ruas do Brasil para dizer de forma sonora que o projeto político ultraneoliberal e conservador apresentado por Bolsonaro não nos representa e ameaça nossas vidas e nossa liberdade. O movimento #EleNão reuniu mulheres trabalhadoras, do campo e cidade, das florestas, das águas, negras, indígenas, bissexuais, travestis, transexuais, lésbicas, com deficiência, brancas e amarelas que estiveram nas ruas do país contra a rede de  Fake News organizada para distribuir mentiras durante o processo eleitoral.

    Neste ano, o movimento de mulheres vai às ruas pedir o fim deste governo e lutar contra os desmandos e desmontes praticados por Bolsonaro. Não admitimos as tentativas autoritárias do presidente e seus apoiadores de acabar com as condições democráticas no nosso país.

    Por esse motivo, convidamos as mulheres de todas as organizações, coletivos, partidos políticos e movimentos feministas e sociais do país, bem como todas as ativistas independentes, para marcharmos juntas neste 8 de março em defesa da democracia e dos nossos direitos, pela nossa liberdade, pela vida das mulheres e contra este governo conservador, reacionário, racista, machista, xenófobo e LGBTfóbico e que já declarou inúmeras vezes que tem o movimento de mulheres organizado como seu inimigo.

    Estamos de pé na defesa dos avanços dos direitos conquistados pela classe trabalhadora que vêm sendo retirados. Vamos lutar contra a violência e o corte de verbas promovidos pelo governo Bolsonaro aos programas sociais, que fragilizam e colocam em risco a vida das pessoas mais pobres. Caminharemos juntas contra todas as formas de violência, pelo direito à
    diversidade, à autonomia, à liberdade, pelo direito e soberania de nossos corpos, pelo direito de existir.

    Somos contra a reforma trabalhista, a reforma da previdência, a Emenda Constitucional 95 que congelou os investimentos públicos por vinte anos e contra a “nova” proposta de reforma administrativa desse governo. Defendemos uma aposentadoria digna, o direito às políticas sociais, políticas públicas que defendam nossas vidas e o direito de viver com dignidade, pois somos nós que sustentamos a maioria das famílias neste país.

    Marchamos contra a opressão histórica que silencia mulheres de diversas formas e contra o  machismo, o racismo, a lesbofobia e a transfobia que nos mata todos os dias.

    Denunciamos o genocídio e o encarceramento em massa da população negra e indígena. Estamos nas ruas pela vida de TODAS as mulheres, brasileiras e imigrantes.

    Em cada estado do país iremos ressoar a luta por demarcação de terras indígenas e quilombolas, denunciando os desastres ambientais que vimos se espalhar pelo país, em especial na Amazônia,  Brumadinho e no Nordeste.

    Nossas vozes também ecoarão alto em defesa da Petrobrás, em solidariedade à greve dos Petroleiros e pela garantia da soberania nacional, ameaçada diariamente pela obsessão de Bolsonaro em entregar nossas riquezas e patrimônios para os interesses estrangeiros.

    Ocuparemos as ruas em defesa do Estado laico e pelo respeito a todas as religiões e aos que não tem nenhuma, por uma convivência harmoniosa e respeitosa. Lutaremos pelo direito à pluralidade de vozes, em defesa de todas as formas de organização da classe trabalhadora e da sociedade civil.

    Nós não esquecemos que, há dois anos, foi executada Marielle Franco, parlamentar mulher, negra, favelada, que amava mulheres e era de esquerda. Marielle foi assassinada pelo projeto político que representava em seu próprio corpo e até hoje não temos respostas. Exigimos justiça para Marielle e punição aos mandantes de seu assassinato.

    Atentas, mobilizadas e organizadas para defender o Brasil e o nosso povo, neste mês de março mostraremos toda a nossa força. Convidamos todas a se somarem aos atos convocados em todos os estados do país neste dia 8 de março, Dia Internacional de Luta da Mulher Trabalhadora. Também nos incorporamos ao chamado dos atos que acontecerão no dia 14 de março, data que marca dois anos da execução da vereadora Marielle Franco, e ao dia 18 de março, quando iremos às ruas em defesa dos serviços públicos de qualidade.

    É por nossas vidas, democracia e direitos!

    Mulheres Contra Bolsonaro

    A democracia não será silenciada! Ditadura nunca mais!

    #EleNão #EleJamais

    Fascistas não passarão!

    Assinam essa convocação:
    Ação da Mulher Trabalhista – PDT
    PCdoB
    PCB
    PCR
    PSOL
    PSTU
    Secretaria Nacional de Mulheres do PT
    Secretaria Nacional de Mulheres do PSB
    UP – Unidade Popular pelo Socialismo
    Afronte!
    ABGLT – Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis, Transsexuais e Intersexos
    ABL – Articulação Brasileira de Lésbicas
    ANPG – Associação Nacional de Pós-Graduandos
    ANTRA – Associação Nacional de Travestis e Transsexuais
    Artjovem LGBT
    Católicas pelo Direito de Decidir
    Círculo Palmarino
    Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro
    Coletivo Juntas
    Coletivo Negro Minervino Oliveira
    Coletivo Para Todas
    CONTAG – Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura
    Consulta Popular
    CSP-Conlutas
    CUT – Central Única dos Trabalhadores
    EIG – Evangélicas pela Igualdade de Gênero
    Feministas Anticapitalistas
    Intersindical
    Instituto Plurais
    Juventude Rebeldia
    MAMA – Movimento de Mulheres da Amazônia
    Marcha das Mulheres Negras de São Paulo
    Marcha Mundial das Mulheres
    Movimento de Mulheres Olga Benário
    Movimento Mulheres em Luta
    MCONEN – Mulheres da Coordenação Nacional de Entidades Negras
    MLB – Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas
    MNU – Movimento Negro Unificado
    MST – Movimento dos Trabalhadores Sem Terra
    MTST – Movimento dos Trabalhadores Sem Teto
    Rede Afro LGBT
    Rede Emancipa de Cursinhos Populares
    Rede Feminista de Juristas – DEFEMDE
    Resistência Feminista
    RUA – Juventude Anticapitalista
    UBM – União Brasileira de Mulheres
    UBES – União Brasileira de Estudantes Secundaristas
    UNE – União Nacional dos Estudantes
    UJR – União da Juventude Rebelião
    UJS – União da Juventude Socialista
    União de Mulheres do Município de São Paulo
    Unidade Classista