Com informações do Movimento Nacional de Direitos Humanos
Com um boneco gigante do Presidente, manifestantes fazem ato contra Bolsonaro e por mais investimento em saúde, nesta terça em Brasília
Na manhã desta terça-feira (12/05), servidores federais, da saúde e ativistas fazem ato simbólico, na Torre de TV de Brasília,
em solidariedade às famílias dos quase 12 mil mortos em decorrência da covid-19 no Brasil.
Os ativistas – que montaram um boneco inflável de 10 metros do Presidente da República – ainda manifestam repúdio ao comportamento de Jair Bolsonaro diante das milhares de mortes no país e contra o seu incentivo ao fim do isolamento social, na contramão das recomendações da OMS.
Os manifestantes exigem mais investimento na área da saúde, fila única dos leitos no SUS e valorização dos profissionais de saúde do país.
Fotos e vídeos: Leonardo Milano / Jornalistas Livres
Na manhã desta segunda-feira (11), dezenas de residentes da saúde fizeram ato em frente ao Ministério da Saúde.
O Fórum Nacional de Residentes em Saúde (FNRS) deliberou por paralisação nacional de residentes em saúde, com início nesta segunda-feira (11), frente o não pagamento integral das bolsas-salários. Muitos já não têm mais nem como se locomover até seus locais de trabalho.
Residentes de todo o Brasil estão há dois meses sem receber suas bolsas-salários, apesar de o ministro da saúde, Nelson Teich ter se comprometido a regularizar a situação. Teich alega inconsistência nos dados das contas bancárias e CPF dos residentes, em cadastro realizado pelos/as próprios/as residentes ou pelas instituições de ensino de milhares de residentes, o que já aponta que a justificativa apresentada é no mínimo inconsistente, rasa e contraditória.
As principais consequências do não recebimento da bolsa-salário são: centenas de residentes em processo de endividamento, sofrimento mental e, em alguns casos, o próprio abandono do Programa de Residência pela impossibilidade de prover o sustento mensal básico e, inclusive, sem condições de ir aos campos de prática a trabalho. Esses, que já seriam transtornos em período típico, são intensificados em contexto de quarentena, no qual as dificuldades de locomoção e compras necessárias se tornam mais limitados e dispendiosos e, com o atraso de pagamentos, insustentáveis. Como se nota, o Governo Federal segue tendo muito pouco eficiência no combate à pandemia, começando pela falta de apoio aos profissionais que estão na linha de frente do combate à Covid-19.
O contágio por COVID-19 em presídios é desenfreada e uma das sugestões da DEPEN (Departamento Penitenciário Nacional) para o combate é colocar presos e idosos em containers, também conhecido como “celas de metal”.
O Brasil é o 4° país com mais mortes em presídios – 16 presos foram à óbito e 369 casos confirmados com COVID-19. (dados Ponte Jornalismo 05/05).
A CNPCP (Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária), em resposta ao Jornalistas Livres, ainda está estudando o tema sobre o uso dos conteiners. “O relator Conselheiro Dr. Gilmar Bortolotto requereu diligências ao Ministério da Saúde a fim de colher subsídios para apresentação da proposta final. Desse modo, o CNPCP está aguardando a manifestação para pautar a matéria e, assim deliberar sobre o tema. Não há data marcada para próxima reunião, mas, em razão da urgência, a reunião será em breve agendada.”
Em nota, DEPEN coloca:
“As estruturas provisórias poderiam ser similares a dos hospitais de campanha, com pré-moldados, barracas de campanha e até mesmo na forma de containers habitacionais climatizados, muito utilizados há vários anos na construção civil.”
Entidades denunciaram à orgãos internacionais. Entre estas entidades, está O Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCRIM) e outras dezenas de entidades.
Link das cartas enviadas a ONU e CIDH. https://www.ibccrim.org.br/media/documentos/doc-28-04-2020-20-15-53-408839.pdf https://www.ibccrim.org.br/media/documentos/doc-28-04-2020-20-16-39-510371.pdf
“Altas temperaturas no interior destas celas, sua insalubridade, seu tamanho reduzido, ambiente sem ventilação, o forte odor de fezes e urina, conformam um local impróprio para habitabilidade, afrontando várias normas nacionais e internacionais configurando-se em pena cruel e degradante”, diz um trecho do documento enviado aos órgãos internacionais.
Foi levantada uma nota por ex-ministros da Justiça e ex-presidentes da CNPC:
“É lamentável que o Estado brasileiro cogite soluções dessa índole”.
Abaixo, segue a nota na íntegra.
Os ex-ministros de Estado da Justiça e os ex-presidentes do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP), abaixo subscritores, receberam com surpresa e perplexidade a informação divulgada pelo Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN), em 20 de abril de 2020, da sugestão encaminhada ao colegiado do CNPCP com a finalidade de permitir a utilização de “estruturas modulares temporárias”, leia-se “containers”, para o alojamento de pessoas presas que apresentem sintomas da COVID-19 e necessitem de atendimento médico.
De acordo com a notícia veiculada pela Agência Brasil, “as estruturas provisórias poderiam ser similares às dos hospitais de campanha, com pré-moldados, barracas de campanha e até mesmo na forma de containers habitacionais climatizados, muito utilizados há vários anos na construção civil”. Tal recomendação ainda carece de deliberação do CNPCP, em face do pedido coletivo de vista solicitada em sua última reunião.
É lamentável que o Estado brasileiro cogite soluções dessa índole. Vale lembrar que no ano de 2009, o mesmo CNPCP, dessa vez fazendo valer seu compromisso institucional e legal, insurgiu-se contra calamitoso “estado de coisas” existente, à época, no Espírito Santo. Naquela oportunidade, descobriu-se a submissão e aprisionamento prolongado de pessoas detidas, adultos e adolescentes, em containers, alcunhados de autênticos “microondas”. A repercussão da gravíssima e intolerável situação redundou na imediata mobilização da sociedade e no oferecimento de denúncias contra o Brasil em organismos internacionais, tais como a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e a Organização das Nações Unidas (ONU).
No difícil momento de pandemia, responsável por afetar a vida de todos os brasileiros, é fundamental que as autoridades constituídas reafirmem sua postura de respeito aos ditames do Estado Democrático de Direito e ao princípio universal de dignidade da pessoa humana, fundamento da República Federativa do Brasil. Nada pode justificar o tratamento de indivíduos em condições subumanas e de precariedade em níveis medievais.
As existentes e conhecidas carências e deficiências históricas do sistema penitenciário nacional não podem ser aprofundadas sob qualquer pretexto. Se a vulnerabilidade dos presos brasileiros se apresenta ainda mais sensível em decorrência da pandemia, o próprio Conselho Nacional de Justiça, mediante Recomendação nº 62/2020, já ali estabeleceu as medidas adequadas a serem implementadas no ambiente carcerário, como a identificação dos grupos de risco e a priorização do cumprimento de pena fora das unidades.Publicamente, portanto, os subscritores manifestam e declaram que outra solução não há ao CNPCP que não a recusa e o veto imediato e peremptório na adoção de quaisquer medidas dessa natureza.
30 de abril de 2020.
Eugênio Aragão, ex-ministro da Justiça
José Carlos Dias, ex-ministro da Justiça
José Eduardo Cardozo, ex-ministro da Justiça
Miguel Reale Júnior, ex-ministro da Justiça
Tarso Genro, ex-ministro da Justiça
Torquato Jardim, ex-ministro da Justiça
Alamiro Velludo Salvador Netto, ex-presidente do CNPCP/MJ
Antonio Claudio Mariz de Oliveira, ex-presidente do CNPCP/MJ
Eduardo Muylaert, ex-presidente do CNPCP/MJ
Eduardo Pizarro Carnelós, ex-presidente do CNPCP/MJ
Geder Gomes, ex-presidente do CNPCP/MJ
Luiz Bressani, ex-presidente do CNPCP/MJ
René Ariel Dotti, ex-presidente do CNPCP/MJ
Sérgio Salomão Shecaira, ex-presidente do CNPCP/MJ
Coronavirus Brasil é um programa de visualização de dados que, tem como objetivo visualizar a difusão da contaminação pelo Covid-19 no Brasil. Um geolocalizador dos dados com fase histórica que nos são apresentados em forma de tabela e, que por estar nesse suporte, não cria imagens na nossa mente e deixa essa questão extremamente abstrata e conceitual.
A função dessas visualizações é responder à perguntas encontradas em uma base de dados gigantesca, especificando qual o tamanho de negócio, e onde ele se encontra, pra onde vai e até quando dura? Acompanho o desenvolvimento dessa crise de forma prática. No início o software levava menos de 30 segundos para ativar, agora leva uns 5 minutos para dar conta dos dados, e até o fim da pandemia vai aumentar.
Importante deixar registrado que o resultado de hoje é uma viagem no tempo, as pessoas com sintomas hoje foram contaminadas pelo menos 14 dias atrás. O abril conturbado só piorou muito o que já era ruim. As curvas que eram interrompidas, mesmo que as amostragens diárias tenham um padrão de ruídos, mas apresentar um padrão randômico mostravam graves problemas na amostragem e diagnóstico. Problemas esses que se acumularam e atingiram a dramaticidade agora por total incompetência, se quisermos ser lenientes com esse desgoverno, ou projeto político dos nossos necrogovernantes.
A leitura da fase histórica traz certos padrões no crescimento dos números: 1. por questões culturais, os número caem todo final de semana, voltam a subir nas terças, e atingem novos patamares nas quintas-feiras. 2. toda quinta-feira, nosso presidente cria um novo factóide. todas suas falas infelizes se deram nas quintas-feiras para desviar a atenção desse novo patamar. Foi gripezinha, cloroquina, falas contra a quarentena, crise com Mandetta, não sou coveiro, etc. 3. 14 dias depois de cada fala há uma explosão de números, com novos patamares para novos casos e mortes.
A tendência é atingirmos o patamar de tragédia com a aceleração da curva e os custos econômicos de não fechar a economia, para diminuir o tempo de duração da pandemia no nosso território. Há que prestar atenção que há uma semana o responsável pelos números da pandemia no MS foi trocado(3) e desde então o número de mortes por covil caíram milagrosamente, mas as mortes por SRAGs mais que decuplicaram comparadas a outros anos(4) segundo dados da Fiocruz. Esses dados também vem milagrosamente reduzindo há uma semana.
Se tivéssemos feito o lockdown em março estaríamos saindo dessa enrascada por volta de 10/5, o provável agora é que saiamos dessa pandemia do coronavirus só em julho.
RoadMap
A primeira incursão nessa pesquisa do Coronavirus Brasil foi uma tentativa de criar um próprio mapa que tivesse a visualização global, como muitos outros que estão rodando a rede, para ilustrar a chamada para a nova edição da Na Borda, uma revista eletrônica de arte com o tema pandemia/virus. Essa visualização me trouxe a necessidade de criar uma versão local, em que tivéssemos tanto o país, quanto os estados brasileiros.
A primeira questão na visualização de dados é encontrar os dados. Esse tipo de visualização precisa de uma fase histórica, isso é, uma planilha com dados diários acumulativos separados por Estados. Encontrei esses dados no GitHub(1) do Wesley Cota, doutorando em física pela UFV que se encontra na Espanha. wcota programou um bot que faz varreduras nos boletins das Secretarias estaduais e municipais, bem antes do Ministério da Saúde centralizar os boletins. A normativa do Secretaria de Saúde para a notificação e centralização dos dados aconteceu só em 31/3(2). O tempo tem mostrado ser mais acertada a busca pelos dados das Secretarias do que do Ministério.
A primeira versão do Coronavirus Brasil surgiu no final de março, 26/3, que teve por objetivo criar a segurança dos dados. Isso é fazer a leitura da tabela de estados, criar a fase histórica de cada estado e plotar um gráfico com as curvas lineares com o total de contaminações e óbitos.
Aquisição, análise sintática e distribuição dos dados
Finalizada a fase de aquisição, análise sintática e distribuição dos dados com segurança, passamos para a segunda fase que é a fase de perguntas e respostas a esse dump de dados. As primeiras necessidades eram, visualizar o lugar no mapa, apresentar as totalizações do dia (total de casos, novos casos e mortes), junto a uma plotagem das duas curvas (tC e nC).
Fase de perguntas e respostas a esse dump de dados
O próximo passo era iniciar a visualização por cidades. A primeira visualização foi a plotagem das cidades no mapa nacional e a visualização dos dados de cada município. Menos abstrato mas ainda sem diferenciação.
Visualização por cidades
A segunda fase dessa visualização por municípios foi a criação de um mapa coreoplético, o que me obrigou a terminar um projeto abandonado de criar um mapa SVG com todos os municípios do brasil em vetor com seu código IBGE. Uma semana depois foi encerrada essa fase, com a visualização coreoplética nacional, estadual e das regiões metropolitanas.
Mapa coreoplético
Estamos na V7.a. do aplicativo. Falta arrumar a visualização dos mapas das cidades, para carregar mapas customizados de acordo com a programação visual do aplicativo e transportar tudo para a web.
Histórico de Abril
Antes de passarmos as leituras dos dados em si, temos no link abaixo uma visualização da fase histórica do Coronavirus Brasil no mês de Abril no Brasil e em todos os estados.
Vemos em cada localidade/dia: Novos Casos (nC) em vermelho, Total de Casos(tC) em verde, Total de Mortes(tD) em cyan, Novas Mortes(d) em azul, População Estimada e Casos/100k habitantes em roxo, Mortalidade/Infectados e Mortalidade/População em cyan. Três curvas históricas. Dois gráficos “pizza” com tC e tD por estados, lista dos 25 municípios mais atingidos.
Mapa coreoplético da infecção.
No alto, à esquerda, temos alguns números de controle. O que interessa é o quinto número, que indica a quantidade de municípios atingidos no momento da leitura de dados. Cada dado aparece com um time stamp, que mostra o horário da leitura dos dados.
Leitura de Dados e Interpretações
Números importantes foram retirados da tabela de dados: casos/100k habitantes que revelam o grau de contaminação de determinada população, mortes/infectados que indicam o grau de letalidade da infecção em cada localidade, e a letalidade em relação a população total da localidade.
A taxa de mortes/infectados locais é um indicador que pode nos dar uma idéia da subnotificação dos dados do coronavirus. A taxa global de mortalidade do vírus é 2% dos contaminados. As taxas de mortalidades brasileiras estão em média 7%, o que indica que temos 3.5 vezes mais gente contaminada há 14 dias do que os números apresentados na foto do dia. Se consideramos que em 14 dias todos os índices brutos cresceram 150% por quinzena desde o início da pandemia do coronavirus, podemos supor que hoje temos 12 vezes mais gente contaminada do que o dado do dia.
Comprovação de provável subnotificação
Rotas de Contaminação
A pandemia entrou no Brasil pelos aeroportos, mas ela se difunde pelas rodovias, essa é a tese do Professor Edmur Pugliesi da UNESP de Presidente Prudente e vem se apresentando correta. Por terra temos como eixo condutores a diagonal no estado de São Paulo Anhanguera, Marechal Rondon, Washington Luis, Imigrantes, Dutra, no Brasil BR-386, BR-101 Curitiba-Porto Alegre e Salvador-Natal, BR-116 entre Feira de Santana e Fortaleza, BR-364 Cuiabá-Porto Velho.
Pandemia difundida pelas rodovias
Estados mais isolados economicamente apresentam menores taxas de contaminação. Os estados da monocultura agrícola para exportação, MT, MS, GO, TO apresentam as baixas taxas de contaminação e difusão do virus. Isso pode mudar na época de escoamento da safra, quando caminhoneiros do país inteiro se dirigirem para lá.
No caso amazônico a contaminação se espalha pelas hidrovias. Na comparação entre as plotagens, vemos surgir o contorno dos Rios Amazonas, Madeira, Tocantins e Araguaia. Para adicionar insulto a injúria, a contaminação da amazônia seguida pelo colapso da saúde pública na região, vai dar mais uma ajuda ao nosso necrogoverno na sua política de extermínio indígena e destruição da amazônia.
Amazônia. Difusão hidroviária
Temos que as rotas comercias são as rotas de expansão do vírus. Não querer parar a economia na hora certa e minimizar o impacto foi um erro fatal. Estávamos diante de um problema de teoria dos jogos e coletivamente escolhemos a pior opção, a opção suicida. A opção em que aquela em que muitos poucos ganham muito e todos perdem muito. Somemos a isso a proposta genocida do nosso governo e temos a tempestade perfeita, depois da pandemia do coronavirus virão as dívidas. Dívidas e mais concentração de renda, mas isso eu deixo para os que entendem de economia.
Próximos Passos
Precisamos e muito que as prefeituras publiquem os microdados sobre o coronavirus seguindo protocolos mundiais. Vou falar do caso de São Paulo, que é onde estou. A Prefeitura jamais publicou os dados distribuídos por distritos, bem como a demografia dos atingidos (idade, gênero, raça), tanto por óbitos como por contaminação. O acesso a esses dados só será feito por requisição via Lei de Acesso a Informação.
Verificamos uma anomalia em Minas Gerais. Pelo seu tamanho e relação com a economia, Minas Gerais se apresenta como anomalia nesse fenômeno. Com mais de 70 mil testes na fila, o segundo Estado mais populoso do país tem números muito baixos. Minas Gerais ou tem uma população muito saudável, ou não está tão inserido assim nas rotas econômicas nacionais. É algo a ser investigado.
Notas:
Padrão noise e padrão randômico:
Padrão noise é um padrão em que existem flutuações em torno e um patamar, isto é, se temos um patamar de 200, os números variam de 180 a 220, o que é uma dispersão normal.
Padrão noise
Padrão randômico é um padrão em que os números não fazem sentido, se temos um patamar de 200, um dia está em 400, outro 20, no seguinte 32, depois 312, assim por diante.
Para o filósofo e linguista Noam Chomsky, a primeira grande lição da atual pandemia é que estamos diante de “outra falha em massa e colossal da versão neoliberal do capitalismo”, que no caso dos Estados Unidos está agravado pela natureza dos “bufões sociopatas que dirigem o governo” liderado por Donald Trump.
De sua casa em Tucson (Arizona) e longe de seu gabinete no Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT), desde que transformou para sempre o campo da linguística, Noam Chomsky repassa em uma entrevista com “Efe” as consequências de um vírus que deixa claro que os governos estão sendo “o problema e não a solução”.
Que lições positivas podemos extrair da pandemia?
A primeira lição é que estamos diante de outra falha em massa e colossal da versão neoliberal do capitalismo. Se não aprendemos isso, a próxima vez que acontecer algo parecido vai ser pior. É óbvio após o que ocorreu depois da epidemia do SARS em 2003. Os cientistas sabiam que viriam outras pandemias, provavelmente da variedade do coronavírus. Teria sido possível se preparar naquele ponto e abordá-lo como se faz com a gripe. Mas não se fez.
As empresas farmacêuticas tinham recursos e são milionárias, mas não o fazem porque os mercados dizem que não há lucros em se preparar para uma catástrofe virando a esquina. E depois vem o martelo neoliberal. Os governos não podem fazer nada. Estão sendo o problema e não a solução.
Estados Unidos é uma catástrofe pela jogada que fazem em Washington. Sabem como culpar todo mundo exceto a eles mesmos, apesar de serem os responsáveis. Somos agora o epicentro, em um país que é tão disfuncional que nem sequer pode prover de informação sobre a infecção à Organização Mundial da Saúde (OMS).
Qual sua opinião do gerenciamento da administração Trump?
A maneira como isto se desenvolveu é surreal. Em fevereiro a pandemia estava já fazendo estragos, todo mundo nos Estados Unidos o reconhecia. Justo em fevereiro, Trump apresenta alguns orçamentos que vale a pena olhar. Cortes no Centro de Prevenção e Controle de Doenças e em outras partes relacionadas com a saúde. Fez cortes no meio de uma pandemia e incrementou o financiamento das indústrias de energia fóssil, a despesa militar, o famoso muro…
Tudo isso diz algo da natureza dos bufões sociopatas que administram o Governo e porque o país está sofrendo. Agora buscam desesperadamente culpar alguém. Culpam a China, a OMS… e o que têm feito com a OMS é realmente criminoso. Deixar de financiá-la? Que significa isso? A OMS trabalha em todo mundo, principalmente em países pobres, com temas relacionados com a diarreia, a maternidade… Então que estão dizendo? “Ok, matemos um montão de gente no sul porque talvez isso nos ajude com nossas perspectivas eleitorais”. Isso é um mundo de sociopatas.
Trump começou negando a crise, disse inclusive que era um boato democrata… Pode ser esta a primeira vez que os fatos venceram Trump ?
A Trump há que lhe conceder um mérito… É provavelmente o homem mais seguro de si mesmo que já existiu. É capaz de sustentar um cartaz que diz “amo vocês, sou seu salvador, confiem em mim porque trabalho dia e noite para vocês” e com a outra mão te apunhalar pelas costas. É assim que se relaciona com seus eleitores, que o adoram independentemente do que faça. E recebe ajuda por um fenômeno mediático formado por Fox News, Rush Limbaugh, Breitbart… que são os únicos meios que assistem os republicanos.
Se Trump diz em um dia “é só uma gripe, esqueçam dela”, eles dirão que sim, que é uma gripe e que há que se esquecer. Se no dia seguinte diz que é uma pandemia terrível e que ele foi o primeiro a se dar conta, gritarão em uníssono e dirão que ele é a melhor pessoa da história.
Ao mesmo tempo, ele mesmo olha Fox News pelas manhãs e decide o que supõe que tem que dizer. É um fenômeno espantoso. Rupert Murdoch, Limbaugh e os sociopatas da Casa Branca estão levando o país à destruição.
Pode esta pandemia mudar a maneira com que nos relacionamos com a natureza?
Isso depende dos jovens. Depende de como a população mundial reaja. Isto nos poderia levar a estados altamente autoritários e repressivos que expandam o manual neoliberal inclusive mais que agora. Recorde: a classe capitalista não cede. Pedem mais financiamento para os combustíveis fósseis, destroem as regulações que oferecem alguma proteção… No meio da pandemia nos Estados Unidos, eliminaram normas que restringiam a emissão de mercúrio e outros contaminantes… Isso significa matar mais crianças estadunidenses, destruir o meio ambiente. Não param. E se não há contraforças, é o mundo que nos sobrará.
Como fica o mapa de poder em termos geopolíticos depois da pandemia?
O que está acontecendo a nível internacional é bastante chocante. Isso que chamam de União Europeia. Escutamos a palavra “união”. Ok, veja a Alemanha, que está gerenciando a crise muito bem… Na Itália, a crise é aguda… Estão recebendo ajuda da Alemanha? Felizmente estão recebendo ajuda, mas de uma “superpotência” como Cuba, que está mandando médicos. Ou chinesa, que envia material e ajuda. Mas não recebem assistência dos países ricos da União Europeia. Isso diz algo…
O único país que tem demonstrado um internacionalismo genuíno tem sido Cuba, que tem estado sempre sob estrangulamento econômico por parte dos EE.UU. e por algum milagre têm sobrevivido para seguir mostrando ao mundo o que é o internacionalismo.
Mas isto não se pode dizer nos Estados Unidos porque o que tens de fazer é culpar Cuba de violações dos direitos humanos. De fato, as piores violações de direitos humanos têm lugar ao sudeste de Cuba, em um lugar chamado Guantánamo que Estados Unidos tomou à ponta de pistola e se nega a devolver.
Uma pessoa educada e obediente supõe-se que tem que culpar a China, invocar o “perigo amarelo” e dizer que os chineses vêm nos destruir, nós somos maravilhosos.
Há um chamamento ao internacionalismo progressista com a coalizão que Bernie Sanders começou nos Estados Unidos ou Varoufakis em Europa. Trazem elementos progressistas para contrarrestar o movimento reacionário que se forjou da Casa Branca (…) da mão de estados brutais do Oriente Médio, Israel (…) ou com gente como Orban ou Salvini, cujo desfrute na vida é se assegurar de que as pessoas que fogem desesperadamente da África se afoguem no Mediterrâneo.
Coloque todo esse “reacionarismo” internacional de um lado e a pergunta é… serão contestados? Eu só vejo esperança no que Bernie Sanders tem construído.
Que tem perdido…
Diz-se comumente que a campanha de Sanders foi um fracasso. Mas isso é um erro total. Tem sido um enorme sucesso. Sanders tem conseguido mudar o âmbito da discussão e a política, e coisas muito importantes que não podiam ser mencionados há alguns anos e que agora estão no centro da discussão, como o Green New Deal, essencial para a sobrevivência.
Não lhe financiaram os ricos, não tem tido apoio dos meios… O aparelho do partido teve que manipular para evitar que ganhasse a indicação. Da mesma maneira que no Reino Unido o ala direita do Partido Trabalhista destruiu Corbyn, que estava democratizando o partido de uma maneira que não podiam suportar.
Estavam dispostos até a perder as eleições. Temos visto muito disso enos Estados Unidos, mas o movimento permanece. É popular. Está crescendo, são novos… Há movimentos comparáveis na Europa, podem marcar a diferença.
Que acha que passará com a globalização tal e qual a conhecemos?
Não há nada de mal com a globalização. É bom viajar à Espanha, por exemplo. A pergunta é: que forma de globalização? A que se desenvolveu tem sido sob o neoliberalismo. É a que se tem desenhado. Tem enriquecido os mais ricos e existe um enorme poder em mãos de corporações e monopólios. Também tem levado a uma forma muito frágil de economia, baseada em um modelo de negócio da eficiência, fazendo as coisas ao menor custo possível. Esse raciocínio leva a que os hospitais não tenham certas coisas porque não são eficientes, por exemplo.
Agora o frágil sistema construído está colapsando porque não pode lidar com algo que tem saído mal. Quando desenhas um sistema frágil e centralizas a produção em um só lugar como a China… Olha a Apple. Fatura enormes lucros e poucos ficam na China ou em Taiwan. A maior parte de seu negócio vai para onde provavelmente têm localizado um escritório do tamanho de meu estúdio, na Irlanda, para pagar poucos impostos em um paraíso fiscal.
Como é que podem esconder dinheiro em paraísos fiscais? Isso faz parte da lei natural? Não. De fato nos Estados Unidos até Reagan, era ilegal. Assim como as compras de ações. (…) Eram necessárias? Reagan legalizou.
Tudo foi projetado, são decisões… que têm consequências que vemos ao longo dos anos e uma das razões que se encontra é o mal chamado “populismo”. Muita gente estava enfadada, ressentida e odiava o governo de forma justificada. Isso tem sido um terreno fértil para demagogos que podiam dizer: sou teu salvador e os imigrantes isso e aquilo, etc.
Acha que, depois da pandemia, os Estados Unidos estarão mais perto de uma previdência universal e gratuita?
É muito interessante ver essa discussão. Os programas de Sanders, por exemplo, previdência universal, taxas universitárias gratuitas… Criticam-no em todo o espectro ideológico. As críticas mais interessantes vêm da esquerda. Os colunistas mais liberais do New York Times, CNN e todos eles… Dizem que são boas ideias, mas não para os estadunidenses.
A previdência universal está em todas as partes. Em toda Europa de uma forma ou de outra. Em países pobres como Brasil, México… E a educação universitária gratuita? Em todas as partes… Finlândia, Alemanha, México… em todos os lados. De modo que o que dizem os críticos na esquerda é que Estados Unidos é uma sociedade tão atrasada que não pode ser colocado à altura do resto do mundo. E isso diz bastante da natureza, da cultura e da sociedade.
A decisão de demitir Mandetta por conta de medidas de distanciamento social é preocupante, mas não surpreendente. De acordo com o presidente, deixar a população trabalhar significa cuidar de seu bem-estar, algo que um Ministro da Saúde centrista não é bem equipado para supervisionar. O ex-bancário Rodrigo Maia, uma pessoa em teoria mais preparada para lidar com questões econômicas, fala de redistribuição de riqueza, enquanto Bolsonaro o ataca por não ter um coração verde e amarelo. Uma resposta mais “patriota” a essa pandemia seria acabar com o distanciamento e reduzir impostos para empresas que contratarem jovens (de 18 a 29 anos) e pessoas com mais de 55 anos. Em outras palavras, botar as pessoas para trabalhar.
Comparar o Brasil com os Estados Unidos é inevitável. Bolsonaro disse que não temos o luxo de não voltar ao trabalho, porque não somos tão ricos quanto os EUA e não podemos deixar que nossa dívida aumente mais um bilhão de reais. Maia, por outro lado, disse que o que não podemos permitir é que os erros dos EUA se repitam aqui, e que os índices de morte cheguem a tal nível.
Se há uma coisa que essa pandemia nos ensinou, é apreciar os dois aspectos mais essenciais da vida: comida e abrigo. Trabalho não é sinônimo disso, já que muitas pessoas trabalham e ainda não tem acesso a essas necessidades básicas. Os países ‘em desenvolvimento,’ que ‘ainda não chegaram a um ponto’ em que comida e abrigo sejam acessíveis a todos e todas, estão se preparando para quando a pandemia os atingir em cheio.
Talvez seja o nosso ‘subdesenvolvimento’ que nos prepara para lidar com uma crise sem acesso a recursos adequados ou apoio do governo, encontrando maneiras criativas de sobreviver nas paisagens mais áridas. Talvez desenvolvemos a capacidade de fazer gambiarra inevitavelmente, como soluções improvisadas de distribuição de alimentos a pessoas em situação de rua, ampliamos nossa rede e redirecionamos nossos recursos.
Mas há um aspecto da distribuição de alimentos que sempre foi inflexível e difícil de resolver — o que as pessoas querem comer?
De acordo com o Guia Alimentar para a População Brasileira de 2014, pelo Ministério da Saúde, a deficiência nutricional deve ser tratada ao lado de doenças causadas pelo excesso de sódio e gorduras animais. Em outras palavras, a desnutrição causada pela pobreza não pode ser mitigada com uma dieta desequilibrada que gira em torno de carnes e alimentos ultra-processados. Eles podem causar um novo conjunto de problemas, como obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares e até câncer. Portanto, toda a campanha que visa ‘alimentar o mundo’ precisa reavaliar o que significa passar fome hoje em dia, agora que comida se tornou acessível, mas mata.
Um dos pratos mais emblemáticos do Brasil é a feijoada. Vem dos tempos coloniais, quando os colonos comiam as partes mais ‘valiosas’ do animal, enquanto pessoas escravizadas recebiam os restos, pés e orelhas. Era uma época em que os escravagistas não queriam que as pessoas consideradas ‘propriedade’ morressem.
Hoje, a feijoada é para todas as pessoas, mas os pobres ainda estão recebendo as sobras dos ricos. O cachorro-quente, por exemplo, servido em molho de tomate salgado e processado é muito popular. São as sobras das indústrias de suínos, vacas e galinhas misturadas com conservantes, antibióticos e corantes, depois pasteurizadas, embaladas e distribuídas para as famílias de menor renda. Nesses agregados familiares, a ascensão social está geralmente e inconscientemente ainda ligada ao modelo colonial de distribuição de recursos, onde provar um pouco da ‘vida boa’ significa comer a ‘carne boa’. Isso significa que as ‘partes boas’ do animal geralmente são enviadas para o exterior, enquanto os restos são oferecidos a nós disfarçados de O Sonho Americano, uma imagem dos filmes de Hollywood, com um nome que nem podemos pronunciar adequadamente sem inventar vogais: ‘hotchi- dogui’.
Houve outra mudança nos últimos séculos: pessoas über ricas não querem mais que pobres sobrevivam.
Tornou-se aceitável permitir que pessoas pobres morram de diabetes, tuberculose, doenças cardíacas, overdose, covid-19 e assim por diante. Não há vídeos de partir o coração de pessoas violentamente magras que, com sua ajuda, serão poupadas da tortura da fome. Existem ‘pessoas pobres e gordas’ que estão doentes ou abusam de drogas devido a suas próprias ‘más escolhas’ e, silenciosamente, morrem aos milhões, sem causar o menor desconforto ao resto do mundo.
Agora que as academias estão fechadas, qual é o sentido de tirar selfies para colocar no aplicativo se não podemos sair de casa? Quem somos nós quando não estamos constantemente no corre, tentando sobreviver? 2020 está transbordando de angústia existencial, compreensivelmente, já que muito mais pessoas do que o normal estão sentindo a fome e a perda de moradia (e morte) se aproximando delas.
Podemos apostar nas iniciativas de apoio mútuo, organizar nossa comunidade, redistribuir recursos e alimentar pessoas em necessidade. Se elas pedem hotchi-doguis, é só responder com um emoji triste e cansado.
Mudar ideias profundamente arraigadas sobre o papel que a desigualdade desempenha em nossas vidas é muito mais difícil do que acessar recursos básicos. Temos os meios para produzir muitos alimentos saudáveis e diversos de forma eficaz, o que não conseguimos fazer é controlar o crescimento da monocultura, que é ineficaz, direcionada ao processamento pesado e à ração. Os alimentos ultra-processados são feitos para serem baratos e durar uma quantidade desconcertante de tempo, e sabemos há anos como são nocivos. Por que tantas pessoas ainda preferem esses alimentos quando recebem uma alternativa pelo mesmo preço?
A resposta instintiva é afirmar que os aditivos que melhoram o sabor e preservam os alimentos são viciantes, e há algumas evidências disso. Mas eu gostaria de focar no lado social das péssimas dietas, porque também há pesquisas para mostrar que “exclusão e marginalização social progressiva” é uma “característica comum do vício humano” (“Time to Connect: trazendo o contexto social para a neurociência do vício”, por Heilig, Epstein e Shaham). Se os aditivos colocados em alimentos baratos são viciantes, a marginalização torna uma pessoa pobre mais suscetível a esse vício do que a falta de acesso financeiro a alimentos mais saudáveis.
Alimentos ultra-processados afetam nossa cultura, tornando os alimentos frescos desinteressantes, especialmente para os jovens. Na página 45 do Guia Alimentar, esse impacto é descrito como:
“A promoção do desejo de consumir mais e mais para que as pessoas tenham a sensação de pertencer a uma cultura moderna e superior.”
Essa é a consequência da ideologia do consumismo, um modo de vida dos Estados Unidos que se infiltra em nossa psique tanto quanto se infiltra em nossos corpos. Ingerimos novos aditivos da mesma maneira que regurgitamos novos sons. Os Big Macs, por exemplo, são tão problemáticos para comer quanto para pronunciar; essas consoantes abertas inevitavelmente se transformam em ‘Bigui Méki,’ à medida que o ritual da refeição se transforma em porções rápidas e individuais para serem consumidas ‘on the go.’ Não há mais necessidade de ter cozinha, a habilidade de cozinhar, acompanhantes ou tempo. Existe apenas uma solução rápida e individualista por um preço baixo.
Tentar mostrar que os alimentos processados estrangeiros não são tão bons quanto os produtos locais é mais difícil do que apenas oferecer esses produtos locais aos pobres. Em escala nacional, nossa produção agrícola é em grande parte direcionada para a manutenção dos hábitos alimentares tradicionais do hemisfério norte (e incorporá-los como nossos), como se pudéssemos ‘comer’ dinheiro estrangeiro. O que não considera que nossa terra é propícia para a produção de alimentos muito mais interessantes do que o que os países europeus minúsculos e frios têm sido historicamente capazes de produzir, e estão atualmente interessados em comprar. Não precisamos viver de linguiça e pão branco como um açougueiro Alemão do século 18.
Este é o Brasil, temos frutas que a maioria das pessoas do hemisfério norte nem sabe que existem. Temos pelo menos meia dúzia de tipos de bananas amplamente acessíveis, abacates do tamanho de bolas de futebol americano, e conhecimento tradicional e milenar sobre relacionamentos sustentáveis com a terra e com o corpo. Pelo menos neste país, alegar que alimentos ultra-processados são mais baratos do que produtos frescos locais não tem base na realidade — ainda. A única maneira disso se tornar realidade é com o marketing mais agressivo dessas empresas, o que aumentará a demanda por esses produtos, tornando outros produtos menos disponíveis.
Uma das principais sugestões do Guia Alimentar é: não veja o marketing como fonte educacional. A “função da publicidade é essencialmente aumentar a venda de produtos, não informar ou, menos ainda, educar as pessoas” (página 120). As vendas de alimentos aparentemente acessíveis são vistas como um sinal de Desenvolvimento, como progresso para o país e para comunidades marginalizadas. Este ‘desenvolvimento’ não tem em mente o melhor interesse da população, tem em mente os lucros do mercado de ações.
A cultura tóxica que somos forçados a engolir é o mais difícil de enfrentar nas iniciativas de apoio mútuo. Mais difícil do que arrecadar dinheiro, distribuir recursos, aprender uma nova habilidade, arregaçar as mangas e sujar as mãos. É aquela coisa escondida nos cantos escuros da psique, esse padrão de comportamento que anos de terapia podem nunca alcançar. Ele sussurra: “Eu não quero que as coisas mudem tanto assim” e dá espaço para a publicidade continuar a nos mudar e a destruir os nossos corpos.
____ NOTAS
Este artigo em Inglês: abeautifulresistance.org/site/2020/4/6/thesystemicchangesneeded