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Categoria: Saúde

  • Em 3 meses, Mais Médicos tem 1.052 desistências de médicos brasileiros

    Em 3 meses, Mais Médicos tem 1.052 desistências de médicos brasileiros

    E o desgoverno Bolsonaro não para de causar estragos na vida dos mais pobres e vulneráveis. Em novembro do ano passado, após declarações ofensivas e ameaçadoras de Bolsonaro, Cuba determinou que médicos cubanos deveriam deixar o Brasil. Depois de tomar posse, Bolsonaro disse que os médicos cubanos seriam substituídos por médicos brasileiros.

    Criado em 2013, no governo de Dilma Rousseff, o Mais Médicos levou 15 mil médicos para as áreas onde faltavam profissionais. O programa chegou a ter, até  2017, 18.240 médicos, garantindo acesso a 63 milhões de pessoas em 4.058 municípios. O formato da “importação” de médicos de outros países foi alvo de duras críticas de associações representativas da categoria, sociedade civil e estudantes da área da saúde, que alegaram que médicos estrangeiros precisavam fazer o Revalida (Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos), uma forma de avaliar a qualidade de médicos estrangeiros que querem trabalhar no país (como se sabe, Cuba tem índices de países desenvolvidos na saúde, apesar dos embargo econômico que sofre há décadas). Como medida emergencial para atender rapidamente os municípios mais carentes, o governo Dilma determinou que os médicos estrangeiros deveriam passar três semanas em uma universidade brasileira, antes de começarem a atender pelo Mais Médicos, o que desagradou o Conselho Federal de Medicina e a Associação Médica Brasileira.

    Antes do Mais Médicos, o Brasil possuía  cerca de dois médicos para cada mil habitantes – índice considerado bom,  mas havia no país uma distribuição desigual de médicos por região: 22 estados possuíam um índice inferior à média nacional e apenas 8% dos médicos estavam em municípios com população inferior a 50 000 habitantes, que somam 90% das cidades brasileiras. Depois de tomar posse em janeiro deste ano, o governo cumpriu sua promessa de colocar médicos brasileiros no lugar dos cubanos: anunciou a abertura de novas vagas para o Mais Médicos. No entanto, em três meses, cerca de 1052 dos novos médicos desistiram da vaga; a maioria foi para cidades maiores ou retornou ao seu lugar de origem. O resultado dessas desistências é que vários municípios carentes estão sem médicos no momento.

    Nota: Em novembro de 2018, a Associação Brasileira de Municípios divulgou nota pedindo a Jair Bolsonaro ações imediatas para reverter a decisão do Ministério da Saúde Pública de Cuba de se retirar do Programa Mais Médicos.

  • 2 de Abril, dia mundial da conscientização do autismo

    2 de Abril, dia mundial da conscientização do autismo

    Por Monica Zillbovicius*
    O autismo é um distúrbio do desenvolvimento que desafia a ciência, mas avanços recentes têm contribuído significativamente para melhor compreendê-lo. Esses avanços contribuiram nao apenas para uma melhor compreensão sobre o autismo mas também para o estabelecimento de um diagnóstico cada vez mais precoce.
    Sabe-se atualmente que o autismo envolve apresentações clínicas variadas, mas a sua principal característica é a dificuldade na interação com o outro e com o mundo ao seu redor. Pessoas diagnosticadas com autismo tem alterações na percepção e na compreensão de sinais sociais, como por exemplo as expressões emocionais e o olhar. A neurociência vem permitindo desvendar cada vez mais os mecanismos cerebrais dessas alterações, sobretudo usando as técnicas modernas de neuroimagem. Estudos recentes revelam anomalias no chamado “cerebro social” em crianças e adultos com autismo.
    Todos esses avanços têm contribuído para o desenvolvimento de novas propostas terapêuticas e de práticas de inclusão.

    É verdade que existe uma epidemia desse quadro?

    Os estudos que analisam a taxa de prevalência, isto é, o número de pessoas doentes em um determinado espaço e tempo são difíceis de serem realizados. No Brasil são quase inexistentes, mas nos países desenvolvidos temos alguns exemplos que atualmente apontam para uma taxa entre 0,5- 1%.

    Esse número representa uma proporção muito mais elevada de pessoas do que se pensava décadas atrás. Isso ocasionou um alerta sobre uma possível epidemia, mas na verdade, o que acontece é que com a mudança no conceito do quadro e a noção mais ampliada de espectro acabamos considerando como pertencentes a esse grupo, pessoas que anteriormente não preencheriam os critérios para o diagnóstico.
    Além disso, houve aumento nas pesquisas, divulgações, informação e reconhecimento do quadro por profissionais, o que também leva a um maior número de diagnóstico. Ou seja, esses indivíduos já tinham autismo, mas não eram identificados. A luta de pais e parentes de indivíduos com autismo em busca de direitos e a política de inclusão escolar também têm favorecido o aumento do conhecimento sobre esses quadros.
    Onde posso buscar ajuda para um autista?
    Instituições especializadas para o tratamento de autistas ainda são insuficientes no Brasil.
    Para as crianças e adolescentes, o Sistema Único de Saúde (SUS) dispõe dos Centros de Atenção Psicossocial Infantis (CAPSi) para o atendimento de crianças e adolescentes com transtornos mentais e comportamentais, incluindo o autismo. Infelizmente, o número de CAPSis é insuficiente para o atendimento de toda a demanda de crianças com problemas psiquiátricos e psicológicos. Para exemplificar, em 2011 existiam 136 CAPSis credenciados no Brasil, sendo 30 no Estado de São Paulo. Para atender suficientemente os autistas, seriam necessários aproximadamente 258 CAPSis somente no Estado de São Paulo exclusivamente para o atendimento de crianças autistas. Outro complicador é que a maioria dos CAPSis não são especializados neste tipo de paciente, pois tratam crianças e adolescentes com vários tipos de transtornos mentais e comportamentais e muitas vezes não utilizam técnicas baseadas em evidência para o tratamento específico dessa população.
    Outra opção são os serviços especializados ligados a Universidades que podem dispor de atendimento médico e multidisciplinar para crianças com problemas de desenvolvimento ou com necessidades especiais. Algumas Universidades, porém oferecem apenas o tratamento médico, ou apenas tratamento psicológico e por isso a família acaba precisando buscar outros tratamentos concomitantes.
    Já para os adultos, a situação é um pouco mais complicada. Os CAPS que atendem adultos, dificilmente aceitam autistas adultos como pacientes. Isso acontece porque os CAPS que atendem adultos não estão preparados para receber e tratar apropriadamente os pacientes com autismo, pois têm como foco principal o tratamento de outras doenças psiquiátricas como depressão, esquizofrenia, transtorno bipolar, etc. Comentaremos mais sobre o autista adulto mais adiante nesse livro.
    Além dos serviços do SUS, a Associação dos Amigos dos Autistas (AMA) vem prestando um importante serviço à comunidade, sendo considerado um dos principais locais especializados no diagnóstico e atendimento de pessoas com autismo (http://www.ama.org.br), apesar do número limitado de unidades e vagas. Outras ONGs (Organizações Não Governamentais) também vêm tentando suprir essa demanda de atendimento.
    Paralelamente aos CAPS e às AMAs, as instituições que atendem pessoas com deficiência, apesar de menos especializadas, costumam ser um bom local para busca de diagnóstico e tratamento de autismo. Cada município e região têm instituições e serviços diversificados, sendo que uma das mais disponíveis são as APAE (http://www.apaebrasil.org.br/)
    Finalmente, o setor privado possui alguns serviços especializados em tratamento de crianças autistas, porém geralmente estão localizados em grandes centros urbanos. E é claro que profissionais especializados em autismo e que atendem em consultórios particulares também são importantes agentes neste campo.
    Gostaríamos de recomendar o site da Organização Não Governamental Autismo & Realidade (www.autismoerealidade.org) para a consulta de diversas informações e manuais no campo do autismo. Particularmente na sessão “a quem recorrer”, é possível consultar uma vasta lista de serviços distribuídos por todos os Estados brasileiros (http://www.autismoerealidade.com.br/a-quem-recorrer/ache-no-brasil/)

    *Depois de terminar sua residência em psiquiatria no Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Monica Zillbovicius iniciou um trabalho de pesquisa pioneiro sobre autismo na França, investigando as alteraçoes cerebrais por estudos com neuroimagem. Atualmente ela dirige um laboratório de pesquisa do Instituto Nacional de Saúde e Pesquisa Médica (INSERM) no hospital Necker em Paris, onde é responsável por diversos projetos de pesquisa em imagens cerebrais nos distúrbios do desenvolvimento infantil. Essas pesquisas resultaram em mais de 70 artigos científicos, publicados em revistas internacionais de psiquiatria e neurociência.

  • Eugênio Aragão: A astúcia da indústria tabagista e o “raciocínio” de Moro

    Eugênio Aragão: A astúcia da indústria tabagista e o “raciocínio” de Moro

    Quando fui ministro da Justiça, recebi, tal qual, agora, o ex-juiz de piso de Curitiba, representantes da indústria tabagista, que me propunham uma ação junto ao ministro da Fazenda para baixar a alíquota de IPI de uma nova classe de cigarros de “baixo custo”, para concorrer com os cigarros paraguaios contrabandeados para o Brasil.

    Sustentavam que os cigarros do Paraguai causavam não só prejuízo à indústria brasileira pela concorrência desleal, como também causavam um rombo na arrecadação.

    A alternativa seria, pois, à indústria nacional entrar nesse segmento de atender tabagistas de baixa renda. Claro, com apoio do Estado, para oferecer um produto muito mais nocivo aos mais pobres.

    Rejeitei a proposta categoricamente.

    A solução para a concorrência desleal do país vizinho seria uma ação mais contundente contra o contrabando, não, porém, estimular a indústria tabagista brasileira, quando nosso esforço em política pública era eliminar, ou, pelo menos, reduzir drasticamente o tabagismo, que não só causa doenças letais muito sofridas naqueles que não conseguem largar o hábito, como também impõe um custo elevado ao sistema de saúde pública.

    Mas isso talvez seja muito complexo para o ex-juizinho da província que hoje senta na cadeira de ministro da Justiça.

    Está querendo vender a ideia de que baixar a alíquota do imposto para cigarros faz bem à indústria, sem se dar conta do mal que faz para a sociedade, que tem que arcar com os custos do tabagismo.

    Querer baixar IPI para uma classe de cigarros de “baixo custo” – e, claro, de baixíssima qualidade – é fazer o governo subvencionar mata-ratos para pobres.

    Só falta o cinismo aqui – “afinal, pobre já não se envenena com mata-ratos paraguaios? Deixe-os se envenenarem com o brasileiro, que, ao menos, traz receita para o Estado e lucro para a indústria!”

    A proposta é indecente e imoral. Que o Sr. Moro se empenhe na repressão ao contrabando. Afinal, reprimir é com ele mesmo!

    Mas não nos faça de idiotas, sugerindo que cigarro barato para pobre faz bem ao Brasil!

     

    Moro explica por que o governo quer reduzir impostos do cigarro

  • Carta para o Prefeito Bruno Covas dos Guaranis do Jaraguá

    Carta para o Prefeito Bruno Covas dos Guaranis do Jaraguá

    CARTA PARA O PREFEITO BRUNO COVAS ENVIADA PELOS GUARANIS DA TERRA INDÍGENA DO JARAGUÁ

    Nós, Guaranis da Terra Indígena do Jaraguá, localizada na zona Oeste de São Paulo, viemos, hoje, 27/03/2019, até a Prefeitura de São Paulo, com 300 pessoas da aldeia, crianças, mulheres, jovens e idosos, com o intuito de denunciar a municipalização da Saúde Indígena.

    Em 2010 os povos Indígenas de todo o país através de conferência, consultas aos Caciques líderes de todo o território nacional elaboraram o projeto da criação da Secretaria Especial de Saúde Indígena – SESAI.

    Com a implementação da SESAI o atendimento nas aldeias passaram a ter um atendimento diferenciado e respeitoso com os indígenas, com sua cultura, língua e toda especifidade dos povos originários.

    O Governo Federal representado pelo Ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, na tentativa de sucatear e boicotar a saúde indígena com a intenção do extermínio dos povos indígenas, apresentou durante 313 reunião ordinária do Conselho Nacional de Saúde Indígena – CNS, realizada em 31 de janeiro e dia 1 de fevereiro ao Fórum dos Presidentes de Condises a proposta de municipalização da saúde indígena e usa como argumento o atendimento do município de São Paulo à Terra Indígena Jaraguá, alegando que a municipalização na Terra Indígena funciona e serviria de modelo para todos os outros povos.

    Nós da terra indígena Jaraguá, viemos por meio desta, manifestar que o Município de São Paulo jamais respeitou nossos direitos garantidos na Constituição Brasileira, não respeita a Lei 8.080 de 19 de setembro de 1990, conhecida como lei Arouca e não respeita a Convenção 169 da OIT que nos garante a consulta prévia de qualquer ação que venha a impactar o nosso dia-a-dia na comunidade. O Estado tem a obrigação de nos consultar sobre qualquer questão que verse sobre nossa comunidade. O município de São Paulo nunca dialogou com nossa comunidade sobre as licitações que envolvem contratações dos servidores que trabalham dentro de nossa comunidade. O contrato feito na área de saúde que atende a Terra Indígena Jaraguá segue um padrão que não leva em consideração as especificidades dos povos indígenas, e de acordo com o artigo 19 E da Lei 8.080, os estados e municípios e outras instituições governamentais e não-governamentais poderão atuar complementarmente no custeio e na execução das ações. Porém, sendo responsabilidade do governo federal no organismo da Secretaria Especial de Secretaria Indígena – SESAI, a atenção primária às comunidades indígenas e as demais ações devem ser articuladas dentro do subsistema de atenção à saúde indígena.

    Afirmamos que a municipalização é um retrocesso à anos de luta, retirando o direito do indígena de ser acompanhado de forma diferenciada, e que respeita o modo de vida de cada povo.

    Temos registros de óbitos que casos que eram reversíveis, e por falta de conhecimento e respeito ao modo de vida da população indígena do Jaraguá, o munícipio não soube atuar de forma correta e vidas foram perdidas. Exigimos que o senhor Prefeito Bruno Covas se manifeste em relação à municipalização e reconheça que os municípios do Brasil não são abertos e preparados para atender de forma diferenciada os povos Indígenas.

    Exigimos que:

    1) que o Prefeito Bruno Covas reconheça e se manifeste de forma pública contrário a municipalização.

    2) que o contrato da conveniada com a UBS Aldeia Jaraguá seja rediscutido com a comunidade, levando em consideração as reivindicações de forma de contratação dos funcionários.

    3) que o modelo de contratação de segurança da UBS volte a ser 12/36,

    4) que a UBS tenha funcionários também indígenas.

    5) que o contrato da SPDM/PAIS seja transferido para SPDM – Saúde Indígena que atua com povos indígenas em várias regiões, inclusive, no Hospital São Paulo.

    6) que os recursos para o financiamento da Saúde Indígena sejam transferidos do governo Federal e que a fiscalização e os processos decisórios tenham participação direta da comunidade indígena.

     

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  • Talco para bebês da Johnson’s escondia amianto

    Talco para bebês da Johnson’s escondia amianto

    As ações da Johnson&Johnson derreteram após divulgação da investigação da agência de notícias Reuters que afirma que a Johnson&Johnson sabia há décadas que seu talco infantil escondia amianto. No final do pregão da bolsa de Nova York a ação caia quase 13% em relação ao preço de fechamento de quinta-feira (13/12). Veja o gráfico com os preços dos últimos 5 dias pelo Wall Street Journal.

     

    A reportagem investigativa da Reuters, por Lisa Girion em 14/12, inicia-se com uma revelação assustadora: “enfrentando milhares de processos que alegam que seu talco causou câncer, a Johnson&Johnson insiste na segurança e pureza de seu produto icônico. Mas documentos internos analisados pela agência Reuters mostram que o pó, às vezes, estava contaminado com amianto carcinogênico e que a Johnson&Johnson mantinha essa informação escondida dos órgãos reguladores e do público”.

    O informativo da Unesp “O fantasma do amianto, um mal invisível” nos ensina que “o amianto é uma fibra mineral natural sedosa, largamente utilizada em vários produtos e presente em quase todos os tipos de construção. Pode ser encontrado em telhas, caixas d’água, guarnições de freios e revestimentos de discos de embreagem em veículos, vestimentas especiais, materiais plásticos reforçados, termoplásticos, massas, tintas, pisos vinílicos, indústrias etc, principalmente por suas qualidades de resistência ao fogo, ao ataque químico e biológico, leveza, durabilidade e preço.”

    Apesar das vantagens que confere a esses produtos, o informativo da Unesp cita a pesquisadora Cecília Binder: “é comprovado cientificamente que uma pessoa em exposição ao amianto, inalando-o constantemente, pode adquirir vários tipos de câncer, entre os quais a asbestose, a mais frequente entre as enfermidades fatais, que ocorre quando as fibras do mineral alojam-se nos alvéolos, comprometendo a capacidade respiratória; a mesotelioma, um câncer da membrana que envolve os pulmões (…) Estes tipos de enfermidades, oriundas do contato com o amianto, podem levar até 20 anos para se manifestar e, em quase todos os casos, não há uma cura concreta”.

    A Reuters aponta que: “a Johnson’s não contou à agência federal de saúde dos Estados Unidos – a Food and Drug Administration (FDA) que, pelo menos, três testes em três diferentes laboratórios, entre 1972 e 1975 tinham encontrado amianto em seu talco infantil – em um dos casos em nível bastante alto”

    A reportagem conta a história de Darlene Coker, 52 anos, que “sabia que ela estava morrendo. Ela só queria saber o porquê.” Darlene desenvolveu mesotelioma, o que revelava exposição a amianto, aparentemente sem nunca ter tido contato mineral. Ela contratou um advogado que suspeitou do talco, ele sabia que o amianto e o talco podem ocorrer juntos na natureza. Como não conseguiram provar que a origem do amianto era o talco da Johnson’s, ele foram obrigados a desistir da ação iniciada em 1997, possivelmente a primeira contra o talco infantil. Darlene morreu sem saber o que havia causado seu mesotelioma.

    Notas

    1 Para ver a reportagem da Reuters em inglês: https://www.reuters.com/investigates/special-report/johnsonandjohnson-cancer/

    2 Para ver o informativo da Unesp “O fantasma do amianto, um mal invisível “:
    https://www.unesp.br/proex/informativo/edicao03dez2001/materias/amianto.htm

  • Ex-Secretário de Assuntos Jurídicos de Campinas  e  dono de jornal são presos em Campinas (SP)

    Ex-Secretário de Assuntos Jurídicos de Campinas e dono de jornal são presos em Campinas (SP)

    A prisão do empresário Sylvino de Godoy, proprietário do Grupo RAC – Rede Anhangüera de Comunicação, uma das maiores empresas de comunicação da região de Campinas – marca  a terceira fase  da Operação OURO VERDE que investiga desvios de recursos públicos do Hospital Ouro Verde, do município Campinas. Foram  expedidos  oito mandados de prisão temporária e onze mandados de busca e apreensão nas cidades de Campinas, Jundiaí, Serra Negra e São Paulo.

    Silvio Bernardin, foi preso na tarde desta quinta-feira (22) por agentes da Polícia Federal ao desembarcar no Aeroporto Internacional de Viracopos em Campinas.

    O ex-secretário de Assuntos Jurídicos de Campinas, Silvio Bernardin, exonerado recentemente após ter  sido expedido um mandato de prisão em seu nome , está sendo investigado e foi preso ao desembarcar no aeroporto de Viracopos quando voltava de Brasília.

    Estão sendo averiguados também dois ex-diretores do Hospital  e quatro empresários. Todos são investigados pelos crimes de organização criminosa, corrupção, peculato e lavagem de dinheiro. Em Jundiaí foi preso Thiago Neves, diretor da Vitale, empresa que administrava o Ouro Verde. João Carlos da Silva Júnior, ligado a empresa Vitale, foi preso na capital e chegou à sede do MP em Campinas por volta das 10h. Também foram presos Danilo Silveira, empresário  e Felipe , dono da lavanderia Greenlav- Lavanderia Clinica e Hospitalar .Todos os detidos foram levados para a 2ª Seccional de Campinas.

    O filho de Sylvino de Godoy , Gustavo Godoy – que também possui  mandado de prisão expedido -conduzia  a Organização Social Vitale e é considerado responsável pelos desvios do dinheiro na gestão do  hospital, ainda não foi localizado.

    A  etapa da operação Ouro Verde, que aconteceu hoje foi batizada de “Reação” e investiga desvios de recursos públicos do Hospital Ouro Verde em Campinas.

    Nesta terceira etapa das investigações foi constatado desvio de mais de R$ 2 milhões de reais de recursos públicos.  O esquema envolvia fraude na contratação de fornecedores com preços superfaturados e a entrega de vantagens indevidas a agentes públicos.

    Segundo o GAECO (Grupos de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) que é um braço do Ministério Público do estado de São Paulo, na 1ª e 2ª fases da Operação Ouro Verde que ocorreram  em novembro do ano passado e em março deste ano, foram apurados  desvios de cerca de R$ 7 milhões.

    SAIBA MAIS ABAIXO ****

    Sylvino de Godoy usava sua influência como proprietário da RAC

    O empresário, proprietário do jornal Correio Popular e outros meios de comunicação foi interceptado em  ligações telefônicas  pelo Ministério Público onde exercia “pressão” junto ao Prefeito de Campinas Jonas Donizette e ao secretário de Assuntos Jurídicos de Campinas, Sílvio Bernardin, para liberar mais verba através de um aditamento ao contrato da Vitale .

    Em outras gravações, Godoy não só tenta impedir que a Rádio CBN Campinas cite o nome do seu filho, em notícia sobre a Operação do MP como manda que funcionários do Correio Popular levantem factoides que possam abalar a imagem de vereadores da oposição.  Entre os vereadores citados estão Marcelo Silva (PSD) , Tenente Santini  (PSD) e Pedro Tourinho (PT) considerados inimigos de Sylvino pela cobrança nas investigações em relação o escândalo que envolve a administração da Vitale no Hospital Ouro Verde. Marcelo Silva (PSD)  e Pedro Tourinho (PT)  fazem parte  do grupo de vereadores que pediram a abertura de CPI para apurar as denúncias  envolvendo OS Vitale. O requerimento foi rejeitado pelo vereadores da base do prefeito Jonas Donizette (PSB).

    Segundo vereador Pedro Tourinho, o Ministério Público ao ter conhecimento das gravações onde Sylvino usava  seu poder  de proprietário  de veículos de comunicação para constranger os vereadores resolveu alerta-los para assim os vereadores. “ Como muitas vezes os veículos de comunicação se esquecem da neutralidade e agem como um ator político influenciando no cenário, o MP  decidiu nos alertar.  Pois era de baixíssimo nível a ordem para promover a descredibilidade política de nossa atuação como vereadores.” – afirma Pedro Tourinho que completa “ A indústria fraudulenta promovida pela administração do prefeito saqueou e destruiu o Hospital Ouro Verde tendo como  conivência  o papel corrupto de uma imprensa manipuladora a serviço e do processo político de um grupo”

     

    ****Após denuncias ao Ministério Público, o Hospital Ouro Verde foi alvo de operações do Gaeco ( Grupos de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado ) em novembro do ano passado. Na primeira fase, foi constatado que um grupo ligado à  OS Vitale usava a entidade para desviar recursos por meio de consultorias que nunca existiram. Vários empresários investigados  foram presos, entre eles Fernando Vitor Torres Nogueira Franco, que teve dois carros, modelos Ferrari e BMW, apreendidos.  A Promotoria ainda aponta que os donos da Vitale eram ligados à Pró-Saúde, instituição que administrou unidades de saúde no estado e teve problemas de estrutura e gestão.

    Na 2ª fase que aconteceu em março deste ano, o ex-diretor da Secretaria de Saúde de Campinas Anésio Corat Júnio e o ex-servidor comissionado Ramon Luciano Silva  e um médico de São José do Rio Preto, Osvaldo Perezi Neto,  também foram presos. Todos têm ligação com a OS Vitale. Três veículos foram apreendidos até o momento, sendo uma BMW e duas motocicletas – uma Ducati, de luxo, e uma Burgman.

    A operação de hoje (22) teve intensa repercussão em toda a imprensa nacional.

    Fontes:  ACidadeON Campinas, G1,